Edward ergueu a sobrancelha direita, surpreso. Antes que eu pudesse continuar a falar, meu estômago roncou. Malditas necessidades humanas.

– É melhor voltarmos. Tenho certeza de que Alice está colocando em prática suas habilidades culinárias ao fazer seu jantar – suas palavras me fizeram perceber que estava anoitecendo.

– Nem quero vê-la quando ela vir o que você fez com esse lindo vestido – comecei a andar em direção a casa e ele me acompanhou – e para de olhar!

Ele riu. O som era lindo, espontâneo, suave. Fez muito bem aos meus ouvidos.

– Desculpe Bella, mas não pude resistir – ele falou, e aposto que teria corado se fosse humano. Imaginei como seriam as suas bochechas coradas. Definitivamente bem mais maravilhoso.

– Tudo bem... Como vamos fazer para entrarmos sem ninguém nos ver desse jeito?

– Pelos fundos.

Não entendi sua resposta, pois de qualquer forma todos naquela casa iriam escutar a nossa chegada. Ele parecia confiante de que ninguém viria nos ver. Começamos a correr e ele foi paciente quanto ao meu ritmo. Me deixou ir na frente, o que fez eu me sentir nervosa, mas não demorou muito para chegarmos a casa. Ele me indicou uma porta de ferro, logo depois de abri-la sem nenhum esforço.

Passei, entrando numa garagem, cheia de carros de marcas famosas que eu não sabia identificar. Ele andou na minha frente, guiando-me a um lance de escadas que nos levou até um dos corredores da casa. O segui até o quarto de Alice, onde ele se despediu, dando um beijo na minha testa pálida, prometendo segurar Alice na cozinha para que eu pudesse ter meu momento de privacidade.

Tranquei a porta e fui ao closet, escolhendo outro vestido da Alice e um casaco, pois eu ainda tinha um pouco de frio. Eu tinha que comprar roupas novas, resolveria isso amanhã. Fui em direção à cozinha (que logo achei devido o cheiro ótimo de lasanha). Avistei logo Alice lavando as mãos.

– O cheiro está ótimo...

– AH BELLA, MINHA CUNHADA – ela me interrompeu, enxugando as mãos em um segundo e no outro me abraçando. – eu sabia, EU SABIA!

– Shh, Alice! – murmurei, completamente vermelha – receio que já sabe, bom... Do incidente na floresta. E, er... Aquilo não foi nada, sabe como é...

– Como nada, Bella? Edward já está cheio de expectativas em relação a você – ela falou, menos animada.

– Alice, eu realmente não quero falar sobre isso agora...

– Tudo bem, tudo bem – ela desistiu, servindo um pedaço da lasanha para mim – ficou lindo em você – apontou para o vestido.

– Juro que vou parar de usar suas roupas, Alice - falei, envergonhada - Amanhã irei fazer compras em Port Angeles.

– COMPRAS! EU VOU JUNTO – ela se animou, batendo palminhas. Ri e comecei a comer a lasanha, que estava tão boa quanto o cheiro.

Depois Emmett chegou, me desafiando para uma partida de super Mário. Jogamos por algumas horas e ele quebrou o controle após sua quinta derrota. Ri como nunca com Emmett e quando ele substituiu o controle para outra revanche, o deixei vencer.

– QUEM É LINDÃO? EU! E QUEM SEMPRE VENCE NO SUPER MÁRIO? EU!

– Ok, Emmett, você perdeu pra ela cinco vezes seguidas... – Edward disse.

– MAS GANHEI AGORA!

– Mas perdeu cinco vezes segui-

– MAS GANHEI-

– Calem a boca vocês dois – Alice os interrompeu – parecem dois malucos, por Deus.

Nunca tinha visto um maluco tão bonito como o Edward, pensei.

Estava cansada, e um bocejo escapou pelos meus lábios. Eu não sabia como eu podia estar cansada depois do tanto que dormi recentemente. Acho que estava mais cansada mentalmente do que fisicamente. Tantas coisas rondando minha cabeça, tantos pensamentos em relação a Edward. Aquilo deveria mesmo ter acontecido? Como eu posso me sentir assim em relação a um vampiro que eu mal conheço?

Eu merecia um descanso antes de resolver qualquer coisa.

– Já cansada, Bella? Mas mal começamos... – Emmett disse, desapontado.

– A gente está nisso há duas horas, Emmett.

– O que eu disse? Mal começamos!

– Olhe, prometo que jogo mais com você depois. O que posso fazer se sou meio-humana? Tenho que dormir.

– E se você não dormir? – Edward perguntou. O encarei intensamente.

– Ela morre de asfixia, essas doenças humanas... Você não sabia, Edward? – Emmett disse. Alice balançou a cabeça, e eu ri.

– Não foi a isso que eu me referi... er... – Edward gaguejou novamente e novamente achei estranho.

– A que você se referiu?

– Nada.

Resolvi esquecer a conversa, o sono era quase insuportável.

– Tanto faz. Vou indo, boa noite – disse enquanto subia as escadas.

– Vou te acompanhar até o quarto – Edward disse, um segundo depois estava ao meu lado.

– Eu sei onde fica – disse, na defensiva.

– Não posso te acompanhar?

– Não acho necessário.

– Por quê?

Não sei por que, eu só não queria ficar sozinha num cômodo vazio com Edward. Talvez fosse pelo seu olhar suave e hipnotizante, seu cheiro embriagante, sua voz doce, quando ele falava o meu nome...

– Por que... Não.

Ele parecia desapontado. Alice riu.

– Deixe a garota ir, Edward – ela disse, divertida.

Ele ignorou-a, me olhando atentamente. Aproximei-me de seu rosto e sussurrei:

– Amanhã.