Corríamos a toda velocidade, e eu já estava começando a ofegar por falta de fôlego. Estava tentando acompanhá-los em sua velocidade vampiresca a pouco menos de um minuto e já estava quase desmaiando. Quando isso iria acabar? Hoje à tarde eles foram pacientes diante de minha corrida meio lenta. Custava fazer isso agora? A cordialidade exagerada sumira quando eles assumiram a forma de caça. Parei repentinamente, colocando as mãos nos joelhos para respirar.

Uma gota de suor frio desceu pelo lado esquerdo do meu rosto avermelhado por causa do esforço.  Minha respiração que até agora era ofegante, voltou ao normal e eu voltei a seguir o rastro fresco deles, que pairava pela floresta. Eu estava confusa, não sabia qual era o motivo deles ao me deixar para trás. Ah, Alice iria me pagar.

Corri na minha velocidade e, ao passar dos segundos, considerei voltar para a casa e fazer companhia para Esme. Não era a melhor opção, por que pelo o que eu conhecia de Alice, ela me faria passar por isso de qualquer jeito, e eu já estava longe demais da casa. Estava meio cansada, pensei até em obrigar um desses vampiros convencidos a me carregar no caminho de volta.

Algum tempo depois avistei Edward e Alice observando Emmett ao lado de um urso gigante que estava caído no chão molhado.

- Não sabia que tinha ursos em Forks – falei, enquanto via os três lentamente se virarem para olhar para mim, curiosos.

- Esse é um dos poucos que achamos por aqui – Edward disse, o rosto tranquilo – Alice o viu antes de você chegar hoje à tarde, e Emmett estava louco para caçar.

- Tá legal, mas o que eu estou fazendo aqui mesmo, Alice? Não vou comer sangue de animal, não sei por que concordei com essa loucura. E vocês não podiam me esperar? Não corro tão devagar assim... – reclamei, com a voz grossa.

- Me desculpe Bella, Emmett estava muito ansioso. E er- Bom... – Alice hesitou.

- O quê? – perguntei, curiosa.

- Não queríamos que você estivesse muito perto enquanto ele estava caçando. Você ainda tem um cheiro bom, Bella. E Emmett é imprevisível. – Ela falou. Imprevisível para Alice, rá. Muito engraçado.

- Tudo bem – murmurei.

- Mas não fuja do assunto, é a sua vez de caçar! – Alice disse e bateu palminhas. Bufei. – Edward vai lhe explicar como é, não se preocupe. – ela disse antes que eu pudesse argumentar.

- Bom, tudo o que você tem que fazer é seguir seus extintos. Se deixar levar pelo cheiro do animal, sem pensar em qualquer outra coisa. Mate-o rapidamente, antes que ele possa pensar em tentar se defender... – Edward falava, gesticulando com as mãos e eu pude perceber os contornos dos seus braços musculosos, a forma gentil como ele se movia, como os lábios dele eram hipnotizantes quando ele falava. Pensei naquela história de ser carregada durante o caminho de volta. Se fosse com ele eu não protestaria, pensei. A quem eu estou tentando enganar, eu morreria de vergonha.

- ...Onde está a melhor presa. Entendeu? – Ele parou e eu percebi que ele esperava uma resposta. O que ele tinha dito mesmo?

- Pode repetir a última parte, por favor? – falei, confusa. A risada de trovão de Emmett ecoou pela floresta.

- Você precisa se concentrar nos cheiros, farejar onde está a melhor presa. – Ele repetiu, segurando o riso.

Concentrei-me nos cheiros, como ele recomendou, e alguns segundos depois senti um cheiro adocicado a leste. Era um animal, sem dúvidas. Um puma, talvez? Era adocicado, mas comparado com o de humanos não era nada.

- É um puma a leste?- perguntei, ainda em dúvida.

- Sim. – ele sorriu.

- O que eu faço agora?

- O que quer fazer? – ele questionou de volta.

- Voltar e comer o bolo de chocolate que Esme comprou...

- Bella, eu sei que você sente falta do sangue. Isso não pode ser sangue humano, mas é um pouco parecido, e acredite em mim, você vai gostar. – Alice disse.

E eu comecei a correr. Seguia a rastro do animal, deixando os extintos de vampira que existiam em mim me guiarem. Vi um rio a pouco mais de cem metros e o pulei, deixando a adrenalina tomar conta dos meus músculos. Podia sentir os três me seguindo mais atrás, mas não estava concentrada neles.

De repente vi o puma e sem hesitar pulei em cima das suas costas peludas, cravando meus dentes em seu pescoço. Ele não teve nem tempo de reagir e seu sangue já estava aplacando a dor em minha garganta. Espera, dor na garganta? Ah, não.

Desde que eu começara a comer comida humana a dor na minha garganta tinha deixado de existir, o que me deixou feliz. E agora tinha voltado com toda a força. Droga. Deixei o animal seco ao meu lado, a dor me incomodando demais. Cocei a garganta, como isso fosse fazer diferença.

Mas antes que eu pudesse pensar em qualquer outra coisa, uma brisa bateu em meu nariz eu senti um cheiro extremamente doce e que fazia a minha garganta queimar mais do que já estava. Um humano. Não pensei duas vezes e corri o mais rápido que pude, seguindo cheiro. Eu estava louca, enlouquecida pela sede que voltara. Eu precisava daquele sangue. E eu o teria.