(Big City Dreams - NeverShoutNever)

22h40 PM - As luzes da cidade pareciam mais fortes e o calor da noite me deixava ansiosa. O táxi andava devagar demais, como se fosse tudo planejado. Percebi que o moreno não queria falar muito, porque estava curtindo os últimos momentos comigo. Não vou mentir, eu também estava aproveitando a presença do Logan enquanto eu podia. O moreno colocou a mão sobre a minha, mesmo que estivesse hesitante. Lancei um sorriso sem graça para o dono dos olhos claros, que foi retribuiu com outro sorriso maior que o meu. Encostei a cabeça no vidro do carro e olhei para as luzes da cidade. O que seria de Oklahoma sem o Logan? Tudo bem que nesses últimos dias eu parecia não me importar, mas como eu disse, eu nutria um carinho especial por aqueles olhos - e talvez pelo dono deles também.

" – Humpf, qual é?! - Fiz um coque frouxo no cabelo - Não gosto de você, Logan!" lembrei dos meus primeiros momentos com o moreno e de quando tudo começou. Uma lágrima teimosa desceu pela minha bochecha, mas tratei de limpa-lá rapidamente. " – Você se acostuma, te garanto! - Deu uma piscadela. " 

- Ei, o que foi? - Apertou meus dedos contra os seus. - Shiu, eu ainda estou aqui.

- É esse o problema, Steiner. - Suspirei. - Você ainda está aqui. Depois de algumas horas, você some daqui para sempre!

Logan deu uma risada abafada, parecendo gostar de saber que eu vou sentir a sua falta. O motorista do táxi nos olhou de lado e pareceu querer falar algo, mas logo voltou os olhos para analisar os carros que se acumulavam na sua frente. Logan abriu o vidro ao seu lado e deixou o vento bagunçar os meus fios vermelhos.

- Não é bem assim, Hooper. - Acariciou minha mão esquerda com o polegar. - Eu preciso ir! Experimentar coisas que Oklahoma não pode me dar, entende?! Preciso de novas experiências, conhecer pessoas novas. - Segurou meu queixo. - Mas nada que me faça te esquecer. Isso jamais vai acontecer, certo? E quem sabe um dia, eu não volte?! - Olhou para as nossas mãos. - Quem sabe eu conheça seus filhos com o Josh, não é? E mesmo que passe mil anos, eu não conseguiria esquecer de você. 

- Eu devo admitir que - Afastei o cabelo do olho, para olhar melhor para aquelas órbes claras que oscilavam -, eu não me arrependo de nenhum momento que passei com você. Já fomos um casal um dia e as vezes eu lembro de como éramos felizes. - Comprimi os lábios. - Só espero que encontre a garota certa e, por favor, guarda todo esse amor e dá para quem realmente merece. 

O homem que dirigia o táxi extremamente amarelo murmurou um "Chegamos" timidamente. Percebi que já estávamos na frente do aeroporto a uns dez minutos, mas o motorista com as bochechas rosadas gostava de assistir aquela cena melodramática que se passava no banco de trás do seu táxi. Era como uma novela mexicana, mas ele podia assistir através do pequeno espelho.

- Acho que é isso. - Logan hesitou abrir a porta do carro e ir embora. - Seja feliz em Oklahoma, baixinha!

Aquele apelido me atingiu de alguma forma, fazendo todas as lembranças virem a tona. Senti uma lágrima escorrer pela minha bochecha e dessa vez, não tentei impedir que viesse mais outras depois dela. O moreno se ajeitou no banco de trás, pronto para mais outro discurso moralista de que nunca esqueceria de mim e por isso, eu não precisava chorar. Percebi que o motorista não se incomodava com a nossa demora e se afundou no banco da frente, aproveitando para espiar pelo espelho.

- Mas o que é isso, Hooper? - Logan juntou as sobrancelhas e limpou todas as lágrimas que escorriam pela minha bochecha. - Não faz isso comigo, por favor! Está me enlouquecendo. Não vou conseguir ir embora tranquilo, sabendo que você está chorando por um motivo tão bobo!

- Se pensar bem - Solucei e sorri, ao mesmo tempo. -, o motivo não é tão bobo. Eu não deveria ter vindo com você até o aeroporto, só isso. Não que eu me arrependa em ter vindo, mas eu acho que já estraguei as coisas demais para você! E olha, estou fazendo de novo. - Suspirei. - Eu não acho normal sentir falta de uma pessoa que ainda está perto. Acho que estou chorando porque estou com saudades. 

Logan pousou as duas mãos na minha bochecha e me olhou frustrado. Talvez ele também sentisse saudades. Sua expressão estava confusa demais para que eu a decifrasse. Funguei e murmurei um "Desculpe" baixinho. Eu tinha mestrado em estragar as coisas para o moreno. 

- Está certo. - Cocei os olhos. - Quer ajuda com as malas? 

Ele balançou a cabeça positivamente, ainda desnorteado por eu ser tão idiota. Abri a porta do carro e esperei até que o motorista se tocasse de que a novela mexicana acabou - definitivamente. Aliás, não deve acontecer todos os dias esse tipo de coisa em um banco traseiro de um táxi em Oklahoma. Assim que o porta-malas foi destravado, Logan pegou as duas malas maiores, me dando apenas uma pequena sacolinha colorida. 

- Então é adeus? - Perguntei, cedendo. 

- Já percebeu como "adeus" é uma palavra tão feia?! - Cruzou os braços. - Eu prefiro "até logo". 

- Até logo, Logan Steiner. - Dei uma risadinha e entreguei a pequena sacolinha para o moreno.

- Não! - Balançou a cabeça. - Isso é para você, baixinha. Abra quando chegar em casa. Vai, Oklahoma te espera! - Beijou minha testa.

[...]

Provavelmente, sai do aeroporto frustrada o suficiente para pegar o mesmo táxi e receber o olhar curioso do motorista baixinho, com as bochechas rosas. Encostei a cabeça no vidro da janela e fiquei olhando as luzes da cidade. Em um momento de tédio, quando paramos no semáforo, o homem que dirigia o táxi não se conteve.

- Você e o garoto - murmurou, mas eu pude ouvir -, eram namorados ou algo do tipo? A julgar pela quantidade de tempo que chorou, creio que deve ser difícil para você deixar um namorado que parecia que realmente gostava de você, ir morar bem longe. 

- Não éramos namorados. - Olhei para as minhas mãos, evitando olha-lo - Na verdade, ex-namorado é uma colocação ótima. Como ele disse, já fomos um casal um dia...

- Não dá nem para acreditar! - Pousou as mãos no volante e deu uma risadinha baixa. - Com certeza, vocês ainda se gostam! Está na cara, não acha? Não teria feito aquele discurso todo se não gostasse dele. - Deu uma pausa e me analisou. - Não me leve a mal, mas o garoto parecia estar bem apaixonado também. 

- Ah, não! - Sorri. - Não, eu definitivamente não estou apaixonada por ele. Eu namoro, veja! - Estiquei a mão esquerda. - Mas você não ia entender, é complicado demais. Às vezes, nem eu entendo!

Minutos depois dessa conversa totalmente desnecessária e desagradável, o táxi parou em frente a casa dos Steiner. Eu senti que se não desse notícias para o Josh, ele iria enlouquecer. Peguei a pequena sacolinha colorida que estava no meu colo e desci do carro. O calor da noite me incomodava, meus olhos provavelmente estariam vermelhos pelos longos minutos que passei chorando e eu não queria falar sobre Logan Steiner por um bom tempo. Assim que entrei, percebi o pirralho andando de um lado para o outro, na sala. "Droga", pensei.

- Meu Deus, que bom que chegou! - Me abraçou, me apertando forte. - Achei que o Logan tinha te sequestrado e te levado para a Alemanha junto com ele! Imagina perder você assim? - Suspirou.

- Não fale besteiras, Josh. - Me livrei dos seus braços que envolviam meu corpo. - Ele jamais faria isso. E você sabe, eu não iria com ele de forma alguma! Estou cansada demais para falar sobre isso, na verdade. Vamos esquecer que tudo isso aconteceu, certo?

- Ei, espere. - Segurou meu pulso. - Não precisa ficar assim porque seu ex-namorado foi embora. Eu não tenho culpa nisso! 

- Não se trata do meu ex-namorado, pirralho! - Gritei. - Ele é o seu irmão! E sabe, em nenhum momento você se importou se ele ia embora ou não. Afinal, quanto menos obstáculos, melhor. Não é? 

- Droga, eu não vejo o Logan como um obstáculo! - Engoliu seco. - Só não acho certo que você pense nele o tempo inteiro. É desagradável, sabe?! Ele está num voo para a Alemanha e parece que sua mente está lá também! 

- Não. - Murmurei. - Eu não penso nele o tempo inteiro. Aliás, eu nem penso nele! Olhe para isso. - Estendi a mão esquerda sobre o seu rosto. - Somos mais importantes, baby. Só não entendo o que está acontecendo com a gente.

- Shiu, não está acontecendo nada demais. - Me abraçou e afagou os fios cor de fogo. - Já vai passar. Eu não vou deixar que nada estrague o nosso "nós". Estou me esforçando, eu prometo, baby.

[...]

00h10 AM - Era evidente que depois de um dia como esse, precisaríamos de um banho quente - e da presença um do outro. Enquanto Josh enchia a banheira com água quente, aproveitei para dar uma espiada no que havia dentro da sacola colorida. Um livro. A julgar pelo título e a capa, era alguma coisa que envolvia romance. Eu não pretendia ler ou assistir coisas relacionadas a romance tão cedo, mas na parte interna da capa, uma coisa me chamou a atenção. Uma pequena dedicatória com uma caligrafia relativamente bonita para um garoto. 

" Sabe, acho que nunca te disse que uma das minhas paixões era a leitura - além de você, é claro. Acho que esse romantismo bobo veio da leitura, principalmente dos romances. Aquelas frases clichês vieram deste livro. Aposto que quando ler, vai lembrar de nós. Há algumas frases que eu fiz questão de marcar. Foram algumas táticas de conquista que eu usei com você. Agora me diga você: Funcionou? Espero que sim."

- Baby, está tudo bem aí? - Acordei do transe assim que ouvi a voz aguda do moreno. 

- Sim, está. - Guardei o livro na sacolinha colorida. - Já estou indo. 

Caminhei devagar até o batente da porta e observei o pirralho por um tempo. Logo minha blusa e meu short foram parar no chão do banheiro e eu acompanhei o moreno até a banheira. Ele me colocou entre as suas pernas de forma que as minhas costas ficassem sobre o seu peito nu. Ficamos calados por um bom tempo, tentando relaxar.

- Acho que estamos uma confusão por dentro. - Beijou meu ombro. - Não acha, baby?

 - Eu tenho certeza. - Assenti.

[...]

Na manhã seguinte, acho que as coisas já começara a se estabilizar. Observei as pedrinhas sendo atiradas com força do penhasco e baterem com violência na água do mar. Tyler estava ao meu lado, rindo de alguma besteira que eu acabara de falar. Desde que Amy Parker não fazia mais parte do seu catálogo de prioridades, o moreno tem passado mais tempo comigo. Muitas vezes, íamos até o penhasco falar besteiras e atirar pedras lá de cima - como estamos fazendo agora. 

- Foster, está vendo aquele casal lá embaixo? - Perguntei, apontando para algum lugar da praia. - Não são bonitinhos?

- Está brincando? - Riu. - Aquilo são pássaros. Um casal de pássaros!

- Certo, mas não pensa em se apaixonar de novo? - O cutuquei levemente. - Só para variar, sabe?!

- Na verdade, eu não sei. - Pareceu pensativo. - Eu não quero me apaixonar de novo, porque de uma forma, é horrível. Não quero nem pensar em me apaixonar outra vez. - Jogou outra pedra no mar. - Questão de segurança pessoal. - Disse, me fazendo rir.