“Mesmo a mulher mais sincera esconde algum segredo no fundo do seu coração.”

Emmanuel Kant

Pov Charlie

Sentada no sofá da sala, arregalei meus olhos havia esquecido um diário em cima do balcão do Mystic Grill, era um de capa azul de couro ganhara da minha tia quando fiz 13 anos, continha minha vida inteira ali.

E principalmente instruções das minhas armadilhas e algumas folhas soltas com anotações importantes sobre mim mesmas, já que às vezes eu sentia que não era mesmo filha do meu pai.

–Droga, droga, droga – xinguei a mim mesma, aquilo não poderia cair na mão de ninguém e muito menos ser aberto, caso contrário eu perderia tudo que eu havia feito.

POV Jeremy

Charlie havia esquecido o seu diário no Mystic Grill, Damon enchera tanto a sua paciência que o caderno que trazia nas mãos havia ficado no balcão.

Eu o peguei em cima da bancada da mesa e então uma folha caiu nos meus pés, abaixei e peguei a folha amarela, inevitavelmente olhei quando a palavra caçadora estava grifada e rosa.

Como sempre fora curioso, decidi ler apenas a página.

Eu não aguento mais isso, não aguento mais viver atrás desses demônios, meu pai não me deixa mais viver, eu não quero mais caçar nada, não quero mais ser caçadora. Pergunto-me todos os dias se ele é mesmo meu pai.

Eu não quero mais mentir, não quero mais ser essa Charlie.

Será que há outros no mundo como eu? Sei que faço parte de um grupo especial? Há outros?

Era um discurso que dava agonia e dó de Charlie, sábia que seu pai era muito exigente, mas, caçadora?

Charlie Winslet era uma caçadora?

POV Charlie

Havia ligado para o Matt e ele dissera que o Jeremy tinha pegado o diário, meu coração disparou como nunca tinha disparado antes, Jer era a única coisa boa que eu tinha ganhado aqui em Falls.

De repente alguém bateu na porta me levantei graciosamente e abri, revelando o Jeremy sem expressão, em suas mãos estava o meu diário.

–Oi Jer – disse com medo.

–O que você é Charlie? – perguntou ele ignorando meu cumprimento.

–Como assim o que eu sou? – disse mentindo – Sou humana, duas pernas dois olhos…

–Para de mentir Charlie, o que você é? – perguntou novamente.

Convidei-o para entrar e então nós dois nos sentamos no sofá.

–Jer, você não tinha o direito de ler meu diário – disse me defendendo.

–O papel caiu Charlie e eu li – disse ele nervoso – Eu pensei que você confiasse em mim Charlie.

–Como se você confiasse em mim Jer, eu sei dos segredos que você esconde – ele sábia que eu me referia aos vampiros.

–Eu não iria de te dizer, Hey Charlie sabe eu sou cercado por vampiros.

–E eu não iria te dizer que caçava eles – disse nervosa – Eu não queria estragar as coisas com você.

–E nem eu com você Charlie, você é a única pessoa em que eu consigo ser só o Jeremy.

–Eu matão vampiros Jeremy não humanos.

–Eu tenho amigos vampiros

–Eu não tenho culpa, eu é eles ou é eu – disse – Meu pai não me dá a opção de escolher amigos, você viu aquele dia e muito menos os vampiros, você acha que a Caroline merece morrer? Não, mas, eu não posso fazer nada.

–A escolha é sua – rosnou.

–Não Jeremy não é – gritei – Eu não posso tomar minhas decisões sozinha.

–Eu não vou deixar você matar meus amigos.

–Você é como eu Jer, os odeia tanto quanto eu, eu sinto isso em você, minha família é de uma longa linhagem de caçadores e a sua também somos feitos com um sangue diferente com habilidades incríveis.

–Eu não mato quem eu amo – disse.

–Ai está o meu problema, eu não amo ninguém nessa cidade, eu não amo ninguém em lugar nenhum.

–Você mentiu sobre tudo Charlie – disse – Eu sei que mentiu, nem sei se esse é mesmo o seu nome.

–Se quiser ir a porta está aberta, você não é o primeiro que me deixa mesmo, eu estou acostumada a confiar só em mim mesma, eu não me importo – menti nas ultimas palavras.

–Eu pensei que você seria a minha melhor amiga, que me salvaria desse mundo louco em que sou obrigado a viver, sei que você é só mais um envolvida nisso.

–Eu é quem me enganei pensando que você fosse diferente mas, fique sabendo que sei o suficiente sobre você e sua irmã, sei que ela mente para você e suborna os Salvatore para fazer você esquecer as coisas que ela que.

–Ela só me protege – argumento sem certeza

–Não Jer, você não vê ela não deixa você viver – disse.

–Minha vida não é como você pensa

–E a minha não é como você pensa, eu não tenho escolha, eu sou criada para matar não sirvo para nada além disso.

Ele ficou surpreso, mas, manteve a frieza, pela primeira vez em anos meu coração batia descompassado e uma vontade de chorar me inundava.

Jeremy se levantou para ir embora e quando estava na porta, uma lágrima caiu do meu rosto e ele estava nitidamente triste.

–Hey Jeremy – ele se virou para me ouvir – Eu não menti quando disse que você era meu melhor amigo.

–Eu também não Charlie

E então Jeremy saiu me deixando sozinha, me joguei no sofá deixando que as lágrimas saíssem do meu rosto, como eu era idiota, tinha deixado meu único amigo saindo pela porta, à única pessoa em quem eu confiava.

–Sua idiota – gritei comigo mesma, em meio às lágrimas e soluços.

POV Jeremy

Eu estava quebrado em milhares de fragmentos, eu gostava da amizade da Charlie das nossas conversas juntos e mesmo com tão pouco tempo nós ficarmos tão próximos.

Havia estragado tudo, julgando minha melhor amiga ela era como eu nós partilhávamos a mesma raiva.

Deitado no quarto de barriga para cima encarava o teto com um bolo na garganta, que me impedia de chorar, ninguém além da minha melhor amiga me entendia e agora tudo estava acabado.

Mas, ela era fria e calculista não se importava comigo.

–Seu idiota, idiota – gritei comigo mesmo com raiva, por ter jogado fora minha amiga que me prendia a realidade.