Perdão? (em hiatus por tempo indeterminado) escrita por Samantha Grace


Capítulo 3
Capito?


Notas iniciais do capítulo

Gente, mil desculpas pela demora para postar! Eu sei, é horrível quando você gosta de uma fanfic e a pessoa parece que morreu e para de postar. Mas é que primeiro vieram as provas, depois com as férias veio o bloqueio criativo...Enfim! Desculpem MESMO. Mas agora eu juro pelo Rio Estige que postarei com frequência. ~le trovões~
Curtam o capítulo! E não me matem nas reviews! Eu sou legal!
Ah, alguém estaria interessado em fazer a capa para a fic? Se estiverem interessados, mandem um MP ou uma ask no meu tumblr.



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– Grazie.

Luke estendeu a mão e pegou as chaves dos dedos pálidos da moça que trabalhava na recepção. Apesar de usar roupas nada apropriadas para a cidade (roupas completamente brancas, que pareciam pijamas), estar descalço e portar uma expressão cansada e confusa, ela não o olhou estranho. Muito pelo contrário: sorriu amavelmente para ele enquanto tentava entender as explicações em inglês do que ele queria e prontamente arranjou um quarto para o garoto. Ele nunca se sentiu tão grato em toda sua vida.

Subiu as escadas e chegou a um extenso corredor com carpete vermelho. Portas de madeira escuras com números dourados na frente estavam espalhadas por toda a extensão do corredor. Luke começou a procurar ansiosamente por seu quarto. Felizmente, não demorou muito para achar. Parou em frente a uma das portas, esta com o número 203 na frente. Ele colocou rapidamente a chave na fechadura e abriu meio desesperado o quarto. Trancou a porta e analisou o cômodo a sua volta. Era um quarto simples. Havia um ar condicionado, logo acima da cama de solteiro com lençóis brancos. As paredes eram de um tom creme tranquilizador. Havia um pequeno banheiro próximo à porta e um grande espelho. Uma televisão ficava em uma mesinha em frente à cama. O garoto suspirou aliviado e se jogou sobre os lençóis, inalando seu aroma de sabão. Estava mais cansado do que imaginava.

Colocou a cabeça sobre o travesseiro, esperando tirar pelo menos uma soneca, mas não conseguiu. Pensamentos invadiam sua mente e o impediam de dormir. Quanto tempo teria se passado desde que ele havia ido para o Mundo Inferior? Lá, não havia a noção tempo. Haveriam se passado meses ou anos? Difícil de prever. Não conseguindo pregar o olho, Luke se sentou na cama e começou a pensar. O que deveria fazer primeiro? Certamente, quanto tempo havia se passado desde que havia sido mandado para os Campos de Asfódelos. Pegou o controle ao lado da cama e ligou a televisão. Começou a procurar nos canais alguma coisa que pudesse entender. Como já era previsto, todos só falavam italiano. Suspirou sem esperanças, mas por acaso encontrou um jornal. A mulher usava um terninho preto. Seu cabelo era escuro, cortado na altura dos ombros. Luke ficou tentando entender alguma coisa que ela falava. Estava prestes a mudar de canal quando notou, no canto da tela, o horário e a data. Ele deu um pulo para se aproximar mais da tela. Suspirou aliviado. Não havia se passado muito tempo desde que ele havia ido para o Mundo Inferior. Apenas alguns meses. Eram 14:30 da tarde. Ainda era cedo.

Após isso, ele precisava pensar no que faria em seguida. Não tinha dinheiro. Nem dracmas mais ele tinha, além de que seriam inúteis naquela situação. Um pensamento o assombrou: ele estava em Roma, o que tecnicamente significava território inimigo. Devia haver monstros bem maiores por lá. Ele estava em perigo constante, bem maior do que quando estava em Manhattan. Precisava dar um jeito de voltar para Nova York o mais rápido possível.

Levantou-se da cama e começou a andar de um lado para o outro, pensado no que devia fazer. Tinha que arranjar dinheiro, isso era óbvio. Também tinha que arranjar novas roupas, que não se parecessem pijamas. Caminhou até a varanda do quarto e começou a observar a rua. O trânsito era caótico, o perturbava profundamente. Levantou um pouco mais o olhar e viu que havia muitas lojas do outro lado da rua. Uma em especial chamou sua atenção. Era uma loja de roupas. Perfeito! Poderia invadi-la à noite, pegar as roupas e o dinheiro de que precisava. Nessas horas, era ótimo ser filho de Hermes.

A próxima coisa a se pensar era o jeito de voltar para Nova York. A resposta para essa pergunta também era bem óbvia. Precisava pegar um avião. Teria de ver os horários dos voos para o dia seguinte. Para isso, precisaria ir ao aeroporto. Ou veria os horários online. Luke desceu saiu o quarto e desceu as escadas, dirigindo-se rapidamente ao saguão do hotel. Esperava encontrar a moça graciosa e gentil que o havia atendido mais cedo, mas infelizmente ela não estava mais lá. Em seu lugar, havia um homem baixinho e barrigudo, com um grosso bigode e uma expressão raivosa em seu rosto. Como se fosse atacar qualquer um que o incomodasse com perguntas idiotas. Provavelmente consideraria a pergunta de Luke bastante idiota. Um garoto de pijamas que não sabe falar italiano, procurando saber se há internet no hotel. Ele estava frito.

Virou um pouco a cabeça e viu alguns livros em uma mesinha perto do sofá. Dentre eles, havia um dicionário inglês-italiano. A sorte estava ao lado dele! Pegou o dicionário e se aproximou do balcão, ainda um pouco hesitante. O homem lia atentamente uma revista, e não notou quando Luke chegou ao balcão. Não sabendo outro jeito de chamar sua atenção, o filho de Hermes pigarreou. Erro seu. O homem levantou os olhos da revista com uma nítida expressão de ódio. Por que aquele garoto estava interrompendo sua leitura? Luke começou a procurar no dicionário as palavras que precisava usar para formular uma frase.

– Per favore ... dimmi ... se ... l'hotel dispone di internet ...? (Por favor, poderia me dizer se no hotel tem internet?) – ele disse, sem certeza de havia pronunciado corretamente.

O homem bufou impacientemente. Abaixou-se atrás do balcão e voltou com uma chave nas mãos.

– Seconda porta a sinistra, lungo il corridoio. Vi è una sala con i computer. se si verificano problemi, chiama la polizia. (Segunda porta a esquerda, seguindo esse corredor. Há uma sala com computadores. Se causar problemas chamarei a polícia.)

– Grazie. (Obrigado)

Ele pegou a chave e saiu correndo para o corredor indicado. Pode ouvir o homem bufando mais uma vez atrás de si. Luke chegou rapidamente à porta que procurava. Suas mãos estavam tremendo levemente enquanto tentava enfiar a chave na fechadura. Ela se encaixou perfeitamente. Girou-a e a porta de abriu. A sala era bem grande. Paredes de um branco quase incômodo aos olhos. Diversas fileiras de mesas com cadeiras estavam dispostas. Havia um computador em cada uma. Ele se sentou em uma mesa um pouco afastada, certificando-se antes se havia trancado a porta. Apertou um botão e esperou enquanto o aparelho se ligava, a tela se iluminando de modo mecânico. Ele logo abriu a internet e começou a procurar passagens nas empresas aéreas que conhecia. Seu pai sendo o deus dos viajantes, logo ele conhecia diversas empresas. Havia muitos horários disponíveis. Havia um que parecia ser bom o suficiente. Sete da manhã no dia seguinte.

Após a decisão, caminhou até a porta e saiu da sala. Jogou as chaves no balcão sem olhar para o homem e tratou de voltar para seu quarto. Enquanto caminhava pelo corredor em direção ao seu quarto, uma conversa chamou sua atenção. Havia duas garotas com mais ou menos quinze anos conversando. Uma era alta e esbelta, seu cabelo loiro trançado de modo desleixado, com alguns fios fora do lugar. Ela possuía profundos olhos azuis e uma pele bem clara. A outra era mais baixa. Tinha a pele mais escura, mas não chegava a ser morena. Seu cabelo castanho estava solto nos ombros. Ela tinha olhos cor de chocolate e lábios bem vermelhos. A primeira falava rapidamente e gesticulando bastante. Luke pode perceber que elas falavam em inglês, o que facilitava bastante para seu entendimento. Ambas pareciam agitadas e aflitas. Elas usavam camisetas roxas com águias na frente.

– Mas não é possível! Reyna não pode ter dito uma coisa dessas!

– Sim, ela disse isso. Pode ter certeza. Mandou abandonarmos a missão e nos dirigirmos o mais rápido possível para Nova York. Disse que era um assunto urgente. – a loira falou.

– Sabe sobre o que se trata?

– Não exatamente, mas sei que ela está trabalhando com Octavian. O que já é, em si, muito esquisito. Deve ser algo grave. Disse alguma coisa sobre semideuses.

A mais baixa cobriu a boca com as mãos, para demonstrar sua surpresa.

– Semideuses? Em Nova York?! Como é possível?

– Não sei. Há algo de suspeito nisso. Vamos, temos de nos apressar.


As duas atravessaram o corredor e desceram rapidamente as escadas que davam para o saguão. Luke saiu de seu esconderijo atrás de um carrinho de uma camareira e se pôs a pensar no que havia acabado de ouvir. Aquelas definitivamente não eram semideusas gregas. Seria possível haver outro acampamento sem ser o Acampamento Meio Sangue? E por que uma delas ficou tão surpresa com a informação de que existiam semideuses em Nova York? Sem chegar a nenhuma conclusão, Luke entrou no quarto e começou a observar o movimento da rua. Ainda teria de esperar algumas horas antes de por seu plano em ação. Ainda era cedo.

Havia duas horas que as lojas haviam fechado. Era meia noite. Não havia muitas pessoas nas ruas. Deviam estar mais concentradas no movimento do centro de Roma. Luke passou para o cautelosamente para o lado de fora da varanda de seu quarto. Ainda bem que estava no segundo andar. Desceu pela grande corda que havia feito com os lençóis do quarto e correu para as lojas do outro lado da rua. Como era de costume, a loja era em um prédio antigo. O filho de Hermes se posicionou em frente à vitrine e tirou de seu bolso um grampo. Sim, ele usaria o velho truque do grampo. Poderia ser velho, mas ainda funcionava. A porta se abriu facilmente. Luke entrou na loja e fechou a porta. Não se preocupou com câmeras ou sistema de segurança; já havia dado um jeito naquilo mais cedo. Havia ido à loja e, depois de muito tempo fingindo que estava tentando decidir entre uma calça jeans ou uma calça social, conseguiu ir para os fundos da loja sem que ninguém percebesse. Precisava se garantir para que ninguém o pegasse à noite.


Ele começou a caminhar por entre as fileiras de roupas. Escolheu algumas poucas; apenas o suficiente para a viagem do dia seguinte e mais alguns dias, só para garantir. Duas camisetas, uma preta e outra verde clara. Duas calças jeans. Pegou algumas cuecas, por mais que aquilo fosse constrangedor. Também pegou um par de sapatos. Escolheu uma bolsa estilo carteiro e enfiou as roupas lá dentro. Olhou para trás para ver se não havia ninguém do lado de fora, observando-o. Ele estava sozinho. Voltou sua atenção para a coisa que faria em seguida. Pulou o balcão e abriu a caixa registradora. Mesmo não querendo, tirou dinheiro suficiente para a passagem e para alguma emergência. Depois, pulou novamente o balcão e voltou rapidamente para o hotel. Jogou-se na cama e olhou para o relógio. Meia noite e quarenta e cinco. Ele tinha que dormir, para estar disposto para o voo no dia seguinte. Nem precisou fazer esforço. Quando viu, seus olhos já estavam se fechando. Ele dormiu um sono tranquilo e sem sonhos.

Luke Castellan havia passado por mais coisas do que imaginava em um só dia. Havia saído dos Campos de Asfódelos, descobriu que estava em Roma, conheceu uma moça agradável na recepção do hotel, conheceu um senhor definitivamente nada agradável na mesma recepção, viu duas garotas desconhecidas falando sobre semideuses e assaltou uma loja. Para seu desespero, suas aventuras fora do Mundo Inferior estavam apenas começando.

Ele se levantou cedo, por volta das cinco e meia da manhã no dia seguinte. Havia dormido melhor em uma noite do que havia dormido em...ele não se lembrava a última vez que havia dormido tão bem. Nem se lembrava de quando havia visto uma cama descente pela última vez.

Luke se levantou e tomou um banho rápido. Vestiu uma calça jeans escura, a camiseta verde clara e calçou os tênis. Apoiou a bolsa estilo carteiro no ombro e desceu as escadas. O café da manhã já estava posto. Ele começou maçãs, uvas, pães e queijo. Estava com tanta fome. Depois da refeição, ele foi até o balcão para pagar e devolver as chaves do quarto. A moça gentil estava lá. Ela lhe dirigiu um largo sorriso. Ele retribuiu e tirou do bolso o dicionário.

– Sono qui ... per pagare ... la camera. Checkout. (Estou aqui para pagar pelo quarto. Checkout.)

A moça riu. O garoto começou a ficar nervoso. Será que havia falado alguma coisa errado? Ele mexeu nervosamente no cabelo. Percebendo seu desconforto, ela logo tratou de tentar acalmá-lo.

– Calma. Está tudo bem. Eu falo sua língua. Não falei ontem?

Relembrando um pouco, Luke achava que ela havia dito algumas coisas em inglês.

– Ah... é mesmo. Devo ter esquecido.

Ela sorriu novamente.

– Tudo bem. Mas terá de treinar mais seu italiano, capito?

– Sim. Treinarei. – ele sorriu de volta.

Luke pagou pelo quarto e chamou um táxi. Por sorte, as ruas não estavam muito agitadas. Tinha medo daquele trânsito caótico. Temia mais ainda estar dentro de algum daqueles carros que corriam loucamente pelas ruas, como se estivesse constantemente atrasado para alguma coisa. Chegou logo ao aeroporto. Comprou a passagem para Nova York e se sentou em um banco próximo às grandes janelas de vidro. Dali, ele conseguia ver a pista onde estavam vários aviões. O filho de Hermes começou a pensar o que faria quando chegassem à cidade. Definitivamente, pegaria o primeiro táxi que visse e iria para o Acampamento Meio Sangue. Também precisava informar à Quiron a conversa que havia ouvido das meninas de blusas roxas. Havia também um problema. O que as pessoas pensariam quando o vissem? Seria possível que o atacassem? Depois de todas as coisas que fez, Luke achava que elas estavam certas de temê-lo. Mas e se...

Seus pensamentos foram interrompidos por uma visão perturbadora. Um grande navio se aproximava da pista de pouso. Era enorme, parecendo um daqueles antigos navios gregos. Luke olhou em volta. Ninguém havia notado aquilo. Todos estavam ocupados com suas próprias malas e passagens. O navio pousou com facilidade entre os aviões. Uma escada de cordas apareceu. Os passageiros começaram a descer. Havia rostos conhecidos. Percye Annabeth! Eles estavam lá! Por que estavam lá? Também havia rostos que ele nunca havia visto. Uma garota com pele escura, olhos dourados e cabelos cacheados. Um garoto loiro e de olhos azuis elétricos, com uma cicatriz próxima à boca. Ambos usavam aquelas camisetas roxas que as garotas do hotel usavam. O filho de Hermes tentava raciocinar e encontrar uma ligação entre aquelas pessoas, quando ela apareceu. Usava uma calça preta, um casaco leve e botas de caminhada. Seus cabelos pretos continuavam rebeldes do mesmo jeito. Um arco e uma aljava de flechas pendiam de suas costas. Sua postura confiante também continuava a mesma. A bolsa estilo carteiro caiu do ombro de Luke. O dinheiro talvez tivesse feito barulho em sua bolsa, mas nada mais importava. Porque ela estava lá. Thalia Grace estava em Roma.



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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam?