POV Bella Swan

Dormir foi meio impossível essa noite. Estava revoltada demais para simplesmente descansar. Olhei no relógio e ainda não tinha passado das nove horas. Nesse momento estou revirando na cama esperando que um milagre aconteça e eu consiga ter força de vontade para encarar o lindo dia que já começou lá fora.

Comecei a filosofar sobre quanto tempo levaria para que eu começasse a sentir fome, quando eu escuto a campainha tocar. Será que o milagre encontrou meu endereço?? Essa foi tão boa...Só que não.

Levantei pesarosamente da cama e fui praticamente rastejando pela casa até encontrar a porta. Não me importei com minha aparência porque provavelmente seria Alice me atazanando logo de manhã.

— Pelo amor de Deus, Alice, nem no domingo você vai me deixar descansar? — reclamei enquanto destrancava a porta e me dei de cara com um ser três vezes maior do que eu esperava: Edward.

—Bom dia, Bella! Se você quiser eu posso voltar mais tarde... — ele me respondeu sorrindo torto. Impressionante como um sorriso de certa pessoa faz meu mau humor desaparecer.

— Não, tá tudo bem. Só que...o que você tá fazendo aqui?— perguntei.

Tá, Bells, não surta! Não surta!

— Bom, é que ontem eu me senti um pouco culpado por não ter — ele hesitou, pigarreou e finalmente completou a frase — te trazido em casa.

Observei que suas bochechas coraram levemente e que ele passava as mãos pelos cabelos nervosamente. Ele é tão fofo!!

— Oh, tá tudo bem. Você não precisava ter se incomodado e ter vindo até aqui.

— Não foi incômodo algum, afinal, não moramos tão longe assim. Bom, ontem eu iria te fazer um convite, mas fomos interrompidos por aquela criatura e eu não consegui — respondeu falando em uma velocidade surpreendente, se eu não estivesse prestando muita atenção, não teria entendido absolutamente nada. Sorri internamente ao perceber a forma com que ele se referiu a loira.

— Ah sim nos encaramos por um tempo até que eu não resisti —Então, qual é o convite?

—Eu queria saber se você não gostaria de tomar um sorvete e andar um pouco por aí?? Sei lá, talvez pra gente se conhecer melhor. — Ele perguntou todo fofo abaixando a cabeça e corando de novo.

— Hum...Agora? —perguntei para ter certeza de que não se tratava de um sonho ou de alguma pegadinha.

—É, isso se você não tiver planos, é claro.

— Tudo bem! Eu só preciso pegar a minha bolsa e...— entrei no apartamento seguida por ele e comecei a procurar a minha bolsa, mas fui interrompida por um pigarro.

— Bella, não que você não esteja bonita, mas eu acho que pijamas não são a última moda em Paris —Edward disse tentando conter o riso. Foi quando eu percebi que ainda estava como acordei.

— Oh meu Deus!! Eu devo estar parecendo uma Zumbi ou algo do tipo. Ai, que vergonha!! Edward, me espere aqui na sala!

Corri para o quarto me arrumar. Ainda pude escutar um murmuro baixo, mas estava concentrada demais em fugir para tentar entender. Quando me olhei no espelho eu percebi que eu estava parecendo a medusa! Ai, que vergonha!

Ah, quer saber? Que se dane!! EU VOU SAIR COM O MEU NINHO LINDO!!!

Tomei o banho mais rápido da minha vida e coloquei uma roupa confortável para um dia ensolarado, porém frio. Prendi meu cabelo e saí do quarto em tempo record. Edward estava sentado no sofá da sala distraído.

— Estou pronta! — disse chamando sua atenção.

— Nossa você está linda! — ele me elogiou e eu, obviamente, corei.

—Obrigada! Me diga, Sr. Cullen, onde vamos?— perguntei mudando de assunto.

—Na melhor sorveteria da cidade! —ele respondeu se levantando.

Fui até a porta e ele me seguiu. Descemos as escadas conversando animadamente sobre sabores de sorvete. O que mais me surpreende é que Edward é uma pessoa extremamente agradável e carismática. Tá, talvez isso não me surpreenda tanto já que ele é conhecido com o Sr. Perfeição. Seguimos até a rua e entramos em seu carro.

— Então, essa sorveteria fica muito longe? —perguntei curiosa. Enquanto ele dava partida com o carro.

—Você é sempre assim tão questionadora? — questionou em um tom brincalhão.

— Normalmente, sim. Não gosto de surpresas —respondi e ele sorriu em resposta. Ok, ok, respira, Bella, respira!

—Sim, fica um pouquinho longe. Eu gosto de ir lá desde quando eu era criança.

— Você é daqui de Seattle, Edward?

— Não, sou de Chicago, mas minha mãe gosta de paz e tranquilidade, então quando eu tinha dez anos nos mudamos para Port Angeles. Quando decidi fazer medicina veterinária eu achei que seria melhor voltar para Chicago, mas acabei me arrependendo de me afastar dos meus pais e decidi vir para cá, onde é mais perto e sempre posso fazer uma visita surpresa.

— Me fale um pouco dos seus pais. Acredito que para você ter voltado de Chicago só para ficar mais perto deles, eles devem ser muito especiais —comentei querendo saber mais sobre ele.

—Meu pai, Carlisle Cullen, é Neurocirurgião. Minha mãe, Esme Cullen, quando conheceu meu pai tinha uma empresa de decorações, agora ela só decora como um hobbie. Eu e Jasper sempre fomos muito ligados a família, para mim não há nada mais importante do que aqueles que nos criaram e deram educação.

— Nossa, é muito bonito ver você falando dos seus pais.

—É, obrigado. Chegamos! — ele disse enquanto estacionava o carro enfrente a uma sorveteria estilo anos 50.

Saímos do carro e andamos lado a lado até entrarmos. O lugar era fantástico, tudo muito colorido, prevalecendo os tons de rosa e verde, as garçonetes deslizavam sobre seus patins e serviam os clientes animadamente. Parecia que tínhamos passado por um túnel do tempo.

Edward me guiou até uma mesa perto da janela e ali nos sentamos. Não demorou muito e uma garçonete loira e bonita se aproximou e praticamente se jogou em cima de Edward que parecia distraído escolhendo o sabor de seu sorvete. Fizemos nossos pedidos e reiniciamos a conversa:

—E você, Bella? Como são seus pais? —ele me perguntou suavemente. Sorri enquanto lembrava do casal de malucos que eu tinha como pais.

— Acho que uma palavra que defina meus pais é loucura. Sério, meus pais não são nada normais. Minha mãe, Renée Swan, é totalmente pirada. Ela é pediatra e tem um pequeno consultório. Meu pai, Charlie Swan, é chefe de polícia de Forks, onde nasci e cresci, não é muito diferente —respondi rindo e lembrando dos meus pais.

—Imagino...— ele disse rindo, provavelmente piada interna— E onde você conheceu a turma do prédio?

— Eu e Alice nos conhecemos desde pequenas, nossas mães também são amigas inseparáveis. Quando comecei a estudar eu conheci Emmett e Rosalie e depois quando Alice entrou na escola ela entrou para o nosso pequeno grupinho e nos apresentou Jacob. Mesmo Alice e Jacob sendo mais novos nunca houve nenhum problema entre a gente. Leah entrou para o nosso grupo no ensino médio e desde então nunca mais nos separamos. Quando eu disse que iria fazer faculdade em Seattle todos resolveram me acompanhar, por ser perto de casa e possuir todos os cursos que queríamos. O prédio onde moramos iria ser vendido, mas depois de tanta insistência nossa, o dono do prédio acabou concedendo o prédio pra gente alugar. Assim nos tornamos o grupo do prédio.

Terminei de contar e ele me olhava meio esquisito, talvez por eu ter falado por um longo período de tempo

— Me desculpe, devo estar falando demais. Minha voz pode parecer irritante depois de um tempo.

— Nada disso! Sua voz é linda, assim como você. — Ele disse sorrindo e eu, obviamente, corei. Para minha sorte nossos pedidos chegaram e desviaram sua atenção do meu rosto que deve estar parecendo um pimentão.

Tomamos nossos sorvetes em meio a brincadeiras e conversas. Era incrível o modo como ele falava sobre como amava os animais e não entendia o por que das pessoas serem tão cruéis com os bichinhos. Contei um pouco sobre a minha paixão com a mente humana e seus mistérios, expliquei o meu amor por psicologia Quando percebemos já era quase onze horas da manhã. Decidimos que iríamos até uma praça próxima e depois iríamos almoçar em algum lugar. Edward me proibiu de pagar a conta da sorveteria e eu fiquei indignada com isso. Em que século que ele pensa que está? XIX??

Saímos da sorveteria e fomos andando até uma linda pracinha, havia uma linda fonte onde os pássaros tomavam banho, havia idosos sentados jogando cartas, havia casais apaixonados. Sentamos em um banco que tinha por ali e ficamos em silêncio.

— O que foi, Bellinha? — ele falou com uma voz engraçada, eu não acredito que ele ficou com isso na cabeça. Olhei mortalmente para ele, que levantou as mãos em sinal de rendimento e eu sorri.

—Nadinha, Edzinho!! —disse me referindo ao apelido tosco que a loira falsa colocou nele. Logo o sorriso que ele tinha no rosto foi se desfazendo. Sorri mais ainda. Malvada eu nem sou.

— Agora você pegou pesado, — ele resmungou se fazendo de coitado — acho que você merece até uma punição! Ele me olhou perversamente.

— O que você vai fazer?— perguntei um pouco amedrontada.

— Eu vou...fazer cócegas em você até que você não consiga respirar direito!! — ameaçou enquanto se preparava para o ataque. Levantei imediatamente.

— Não, não! Pode ficando paradinho aí... — comecei a andar de costas lentamente enquanto Edward se levantava em câmera lenta, parecia que ele tentava achar os meus pontos fracos.

Antes que ele fizesse qualquer movimento perigoso demais, eu saí correndo pela praça igual uma louca, logo pude perceber que Edward corria atrás de mim e não demoraria muito para que ele me alcançasse. Corri o máximo que pude, mas ele me alcançou e caímos na grama e começamos a rir, aos poucos nossas risadas foram acalmando e nossos rostos estavam muito próximos. Parecia que uma corrente elétrica passava por toda a extensão do meu corpo.

Edward me olhava intensamente, como um imã nossos rostos se aproximaram, nossas respirações ficaram aceleradas, meu coração parecia que iria explodir e quando nossos lábios iriam finalmente se tocar, ouço o maldito toque do meu celular. Edward pareceu acordar do transe e saiu de cima de mim e me olhou sem graça.

Eu vou matar quem atrapalhou esse momento!! Ah, se vou!