Hermann Hesse uma vez disse que sem amor por si mesmo o amor pelos outros é impossível. Eu sabia que cada palavra daquela frase era verdade. Porque assim que eu me amei, Edward passou a me amar e conseguimos pelo menos ter um diálogo. Andando pela Central Park eu ficava pensando na minha vida, na nossa história e numa conversa que tive com Alice ontem depois que cheguei em casa.

- Alice acha que isso vai dar certo? Quero dizer... se ele... eu..

- Bella você acha que Jasper e eu formamos um lindo casal? – fiquei confusa com aquilo.

- Sim, você são... um casal unido...

- Bella quando eu conheci ele o safado estava saindo comigo e mais duas. Ele terminou com uma e disse que estava quase terminando com outra. Quase Bella não é terminar e eu dei um prazo que ele não cumpriu. Depois de um mês ele ainda saia com ela e isso cortou meu coração ao meio. Eu fiquei pensando que não era o suficiente e nunca seria. Imagina... ele tinha três eu era mais uma! Uma delas até sabia de tudo acredita? Só que eu não ia ficar agüentando isso. Bella eu me mudei, troquei de faculdade para não ver aquela baixaria mais.

- Você se mudou por causa dele?

- Sim, e foi a melhor coisa que eu fiz. Três meses depois ele estava morando no apartamento ao lado. Ficou mais cinco meses para me convencer a sair com ele de novo.

Aquilo me surpreendeu.

- Casamento, relacionamentos de todos os níveis são tão complicados... não conseguimos entender perfeitamente a mente do outro e na busca desse conhecimento tiramos conclusões precipitada, nos magoamos magoando o outro... nos fazemos fortes não sendo... é tudo tão complicado e difícil... mas o que importa no final é lutar pelo outro com unhas e dentes, é não desistir.

- Isso me deixou tonta agora Alie.

- Bella, imponha-se. Diga como quer e quando quer. Ele vai ter que respeitar se não for assim caia fora. É complicado, mas não é impossível.

Eu estava sentada agora olhando um pequeno lago. A história de Alice me fez ver que nem tudo é lindo como nos filmes e as histórias de amor são escritas com lágrimas e suor. Precisamos lutar por nós mesmo, lutar por quem amamos sem nos deixar no meio do caminho... isso tudo eu deixei de lado. Eu me concentrei em Edward, eu só via ele e nada mais. Quando ele me deixou eu me vi sem nada. Vazia e oca. Perdida num mundo que não existia mais. Eu queria algo melhor que um castelo de vidro ou príncipe que me resgataria numa torre. Eu queria realizar meus sonhos, eu queria curtir meus filhos e minha independência recém adquirida, eu queria aproveitar e respirar o ar frio de Nova York andando de mãos dadas com ele e falando besteiras até cansarmos. No final, eu queria uma realidade que além dele me incluísse também.   

Continuei andando e andando pensando nele e em amanhã. Era o último dia. O que ele tinha pensado nesse tempo? Eu me mostrei para ele, seus danos e tudo que aconteceu comigo depois que ele resolveu simplesmente ouvir a irmã. Rose e seu coração de pedra. Edward e sua imaturidade. Eu e minha falta de amor. Mistura perfeita para confusão.

- É bom te ver aqui. – a voz atrás de mim. Reconheceria em um milhão de vozes. Me virei.

- Está aqui também?

- Pensando na gente Bella, pensando em tudo.

- Eu também. – ele disse de cabeça baixa. Olhei ao redor e sorri.

- Foi aqui que você me pediu em casamento lembra? –disse olhando ao redor.

- Foi mesmo. Por isso vim... esse lugar me lembrava tanto nos dois... numa época feliz. Nós fomos felizes Bella.

Olhei para ele. Sobretudo, jeans e cabelos que nunca ficavam no lugar. Fones de ouvido.

- O que está ouvindo?

- Brandon Flowers – crossfire.

http://letras.mus.br/brandon-flowers/1697619/traducao.html  

- Hum.. . Posso ouvir?

E ele me entregou seu ipad e sentamos num banco próximo. E deixei a musica invadir minha alma. Chorei e ele me abraçou porque eu o amava. Porque eu queria que voltássemos a ser o casal de namorados que ria, brincava, se escondia dos pais e que fez a July numa noite de paixão.  Chorei porque aquele do meu lado era o Edward com que me casei... que amei.

- Eu senti tanto a sua falta Edward... você quase me matou.

- Eu sei... e nem com mil pedidos eu vou conseguir me redimir.

- Eu estou perdida... não sei o que fazer... Eu te amo. Você me ama... mas o que fazemos com o resto? O que fazemos com Rose? Ela... você... isso é muito...

- Vamos fazer o seguinte Bella... vamos recomeçar. Do zero. Do nada. A gente faz terapia de casal, vive em casas separadas até sei lá... a gente estar pronto. Roma não foi construída em um dia e eu esperaria anos para tê-la e amá-la mais uma vez... mais uma vez Bella... a gente precisa disso meu amor...

E nessa hora a musica da gente mudou. Andamos de mãos dadas pelo parque e conversamos, ficamos ali curtindo a presença um do outro, sem intenções futuras ou expectativas elevadas. Naquele momento o importante era aproveitar a presença um do outro.

http://letras.mus.br/coldplay/64278/traducao.html

Eu e Edward fizemos exatamente aquilo porque para mim foi o que pareceu mais sensato. Fomos devagar, vendo o que funcionava ou não. Ele e eu fizemos terapia de casal, choramos feito dois idiotas na frente do terapeuta, nos acusamos, nos surpreendemos com a quantidade de coisas debaixo do tapete e voltamos a dividir uma cama como dois namorados que precisam de mais e mais um do outro. Tínhamos noites quentes e noites em que só deitar estava bom porque era um do outro que precisávamos.

Saímos para jantar, fomos ao cinema, nos divertimos na Disney com as crianças. Eu abri uma nova filial da livraria com Jacob em Seattle e precisei viajar um pouco no início já que os gêmeos eram prioridade na vida de Jacob e eu entendia isso. Edward ficava com as crianças e seu escritório agora era uma creche de tantas coisas deles lá, eu fui algumas vezes para vê-los de surpresa e me surpreendia como ele conseguia trabalhar com a bagunça deles. Só que ele agora adorava aquilo e se divertia com Brian e suas novas descobertas. Ele queria ser igual Edward, se vestir como ele e imitava o jeito dele falar com July, o que a irritava profundamente.

Ele e eu estávamos avançando em nossa relação, tratando as feridas, fechando as brechas e reavaliando cada palavra dita ou não dita. É claro que ele me pediu em casamento de novo. E eu aceitei. Precisamos esperar quase uma ano para isso acontecer porque eu queria casar na mesma data do primeiro e queria que meus filhos estivessem lá para entregar as alianças. Não foi ninguém da família dele, só os nossos amigos e para mim foi muito mais significativos do que as duzentas pessoas que haviam no nosso primeiro casamento.

Nossa primeira dança foi linda. Let me try again – Frank Sinatra  e dançamos a luz de velas na frente deles. Jacob e Nessie, Alice e Jasper. Angela e seu namorado Ben. Um grupo seleto e pequeno, mas que significa tudo para a gente. Edward cantava no meu ouvido a musica e eu chorando porque eu queria tentar de novo todos os dias da minha vida com ele.