A Casa Dividida escrita por Redbird


Capítulo 42
Norte e Sul


Notas iniciais do capítulo

Hey seus lindos!
Tia Red aqui com mais um capitulo. É, milagres acontecem (menos na minha conta bancária hhahaha); Anyway.... vocês viram que a fic tá de cara nova? Cortesia do pessoal do Nyah Design. Eles são demais. Se alguém quiser pedir uma capa para eles é só acessar essa page:https://www.facebook.com/pages/Nyah-Design/958255264202505
Enfim... vamos para o capitulo que é o que importa. Espero que gostem



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Katniss já tinha visto coisas inimagináveis nessa guerra. Já tinha estado em inúmeros campos de batalha. Mas ela não conseguia nem imaginar o que estava acontecendo no centro da cidade e sua mente estava a mil por hora para entender o que tinham sido os barulhos que ela ouvira. Ela fez menção de ir até o local, mas Peeta a segurou.

–Katniss temos que ir embora daqui. A essa hora eles já estão nos perseguindo.

–Mas...

–Sim, foram gritos que você ouviu.

Ela sentiu as pernas fraquejarem. Estava ferida, cansada e queria gritar até que o mundo acabasse. Ela não sabia de quem eram os gritos, ela não queria saber. Peeta a encarou firme.

– Vamos. Você consegue andar ? Eu sei que você está preocupada, mas temos que sair daqui.

Katniss sabia que Peeta tinha razão. Ela sabia que tinham que buscar um lugar seguro o mais rápido o possível. Não adiantaria nada ela ter escapado de Snow se fosse direto para o centro da batalha. Peeta explicou brevemente que eles iriam para casa de Plutarch, um dos principais chefe do grupo abolicionista do estado. Segundo Peeta era um homem excêntrico vindo de Los Angeles, no sul do estado. Ela esperava que a casa não ficasse muito longe, sua perna doía a cada passo.

O Barulho ia ficando cada vez mais distante, mas Katniss tinha a sensação de que eles não iriam escapar do conflito tão facilmente. Se ao menos sua perna estivesse boa. Amaldiçoou sua sorte. Katniss adorava livros, mas sempre odiava o jeito como as protagonistas eram estúpidas e nunca lutavam. Ela estava se sentindo exatamente assim.

Caminharam cerca de 20 minutos dentro da abundância de árvores até a margem do rio. Katniss começou a relaxar quando sentiu a brisa que ela amava tanto. A escuridão começava a envolvê-los como um manto precioso e pesado. A adrenalina que a guiava a cada passo estava lentamente baixando, embora o desespero a tomasse toda vez que lembrava que os amigos estavam dou outro lado da cidade lutando.

Assim que avistou a casa, um grande edifício branco com arquitetura espanhola, ela olhou para Peeta que sorriu e apertou sua mão com mais força.

–Estamos chegando- Assegurou.

Assim que subiram o primeiro degrau Katniss sentiu que havia algo errado. Ela pisou em um pedaço de porcelana e quase escorregou. Peeta a segurou e quando ele viu o pequeno caco ficou pálido.

–Há alguém aqui- sussurrou.

O sangue de Katniss começou a correr mais rápido. Ela pensou em se esconder, mas achou que essa não seria uma alternativa muito viável. Não sabiam se a casa estava cercada. O melhor era lidar com o que estivesse esperando por eles do lado de dentro e deixar o caminho livre de uma vez por todas. Peeta fez menção de ir se esconder em um dos lados da casa, mas Katniss fez um sinal para ele. Havia um cavalo amarrado ali. Peeta entendeu e os dois foram subindo silenciosamente os degraus.

A porta estava entreaberta e Peeta olhou para Katniss apreensivo. Os dois entraram. O local estava uma bagunça. O santuário que ficava no hall de entrada estava todo destruído. Katniss sentiu um arrepio quando viu a Virgem Maria caída, com a cabeça separada do corpo. Essa cena era tão familiar que ela se segurou para não vomitar.

–Katniss- ela ouviu a voz preocupada de Peeta e se obrigou a se manter firme. Ela segurou a mão dele como se fosse o único ponto de apoio que existisse no mundo.

–Minha avó... quando ela morreu... eu encontrei a casa dela assim. A virgem Maria estava exatamente assim. Todos os santos, todos os seus pequenos santos, cristãos ou pagãos, estavam caídos Peeta. Exatamente assim.

Katniss não contou a Peeta que fora ela quem achara o corpo da avó quando tinha apenas 12 anos. Tão pequeno e frágil, encolhido em um último olhar de desespero e protesto. Uma senhora idosa que fora morta por ter tido relações com um homem branco e por ter tido um filho com ele. Não contou que a assassinaram com a mesma faca que a mãe dela se matara, não contou que ela estava segurando um dos livros que Katniss lia para ela. A única pessoa além do pai que a amara de verdade, envolta em uma piscina de sangue. Não contou que os assassinos nunca tinham sido pegos. Ela não contou. Mas cada detalhe estava implícito em seu corpo e sua alma, então Peeta apenas a abraçou.

–Vamos- incitou Peeta para que os dois continuassem. Katniss deixou de lado as lembranças ruins e continuou com Peeta.

A casa apresentava o mesmo nível de destruição do Hall. Katniss percebeu que o local deveria ser muito bonito. Infelizmente a louça quebrada não acompanhava o espirito da casa. A mente de Katniss estava girando a mil por hora.

–Deve ter sido algum outro escravagista Peeta. Alguém que sabia que esse homem... o dono dessa casa, estava envolvido com os abolicionistas-murmurou Katniss e Peeta assentiu, uma grande marca de interrogação no rosto. Quem?

Eles sabiam que o culpado deveria ainda estar lá então continuaram explorando em silêncio. De repente Katniss sentiu um frio subindo por sua espinha e percebeu que alguém estava com a arma apontada para as costas.

–Senhorita Everdeen, não sabia que estaria aqui. Fique quietinha por favor, não quero machucar você.

Coin. Uma fúria cega tomou conta de Katniss, ela queria virar e fazer a mulher em pedacinhos, mas se controlou ao ver o olhar assustado de Peeta.

–É uma coincidência. Também não esperava você por aqui- Katniss esperou que a raiva que sentia transparecesse em suas palavras.

Ela sentiu um empurrão e teria caído se Peeta não a segurasse.

–Não se preocupem, eu não vou machucar vocês. Não se cooperarem claro- garantiu com um sorriso frio que fez o sangue de Katniss gelar.

–O que você quer Coin?- Perguntou Peeta.

–Ora, o mesmo que os abolicionistas. Exceto que bom... como você percebeu estamos do lado oposto.

–Como você sabia o que eles iriam fazer? Tem mais algum espião com eles?- Katniss não queria prolongar por muito tempo a conversa com a mulher, mas ela precisava saber,

–Nossa quanto drama. Fique tranquila. Eu sabia que Plutarch era o cabeça dos abolicionistas então apenas subornei um dos empregados dele. Você sabe "São Francisco, a terra da corrupção" e toda essa baboseira-Disse ela, dando de ombros.

O alivio só não foi maior porque Coin ainda estava com a arma apontada para eles. Não haviam traidores entre os abolicionistas. Um homem entrou na sala em que estavam. Katniss reconheceu um dos soldados que lutavam na companhia que estava como enfermeira.

Nunca tinha prestado muita atenção nos soldados, tinha um foco apenas, conseguir chegar até Snow. Agora ela sentia que estava pagando por sua desatenção. Ela deveria ter sabido que Coin tinha seus capangas. Ela não era tão diferente de Snow no fim das contas.

O soldado trazia um punhado de documentos em suas mãos. Coin sorriu para ele. Não um sorriso caloroso, mas o sorriso que se dá para um cãozinho particularmente obediente.

–Conseguiu encontrar os documentos que precisávamos?

O homem assentiu prestativamente, sem olhar para os dois que estavam ali sobre a mira de Coin. A mulher pegou alguns dos documentos e os avaliou.

–Perfeito, é exatamente disso que precisávamos.

Katniss aproveitou que Coin não parecia querer matá-los realmente e estava distraída com a pequena vitória para questioná-la.

–Para que você quer esses documentos Coin? Porque você traiu os abolicionistas? O que você ganha com isso?

Coin levantou as sobrancelhas para Katniss com expressão descrente.

–Eu não trai os abolicionistas. Trai a união. Eu estou aqui a pedido do general Lee em pessoa.

Katniss não acreditava no que estava ouvindo. Coin não só os traíra, como traíra o país inteiro. Snow dissera que ele não era confederado. A mente de Katniss corria para processar todos os detalhes.

–Você nunca trabalhou com Snow- Afirmou Katniss encarando a mulher completamente perdida.

Coin soltou uma gargalhada. Katniss tinha certeza de que, se a risada de Coin pudesse ser capturada seria transformada em cubinhos de gelo.

–Snow? Ah ele sabia que eu estava espionando os abolicionistas. Foi fácil ganhar a confiança dele. Ele não faz ideia de que esteve ajudando o exército confederado todo esse tempo. E você... sempre tão disposta a desconfiar do velho né? Não a culpo.

Se havia algo no mundo que Katniss odiava era ser feita de boba. Toda infância a mãe passara afirmando que achava que a filha não fosse inteligente o suficiente pois não conseguia se portar direito. Foi por isso que ela caíra de cabeça nos livros. Por isso se atirara com afinco no treinamento de Haymitch e tinha certeza agora, esse fora o motivo para ter se candidatado tão prontamente para servir de isca para Snow. Ela odiava quando as pessoas a olhavam com um olhar superior. Seja por ela ser jovem, mulher ou pequena. E Coin tinha esse mesmo olhar para ela agora.

–Então você está indo se encontrar com os Confederados?- Perguntou Katniss deixando que a fúria a guiasse.

A mulher assentiu com a cabeça, o rosto uma máscara de escárnio.

–Isso é obvio não? Sabe, os confederados podem estar perdendo minha cara, por enquanto. Lincoln é um homem muito inteligente, mas não é forte o bastante. Esses documentos podem ser a ajuda extra que os confederados precisam.

–Para que? Para transformarem nossa nação num paraíso escravagista?- Perguntou Peeta,encarando furioso a mulher.

–Professor, quanta ingenuidade para um homem tão inteligente. Isso nunca teve nada a ver com a escravidão. O norte estava acabando com nosso sistema de vida. Nossas lavouras não davam mais lucro nenhum. Eles queriam nos impor seu estilo . Fábricas, industrias, estrangeiros... veja no que transformaram a Califórnia. Não professor, a escravidão é apenas a gota d'àgua.

obviamente, pensou Katniss. Escravidão nunca fora o motivo principal da guerra. Se tratava de ver qual América vencia. A América dos fazendeiros, algodoeiros e escravagistas ou a das metrópoles, da indústria e dos grandes magnatas. Katniss não sabia qual das duas era melhor, mas de uma coisa ela tinha certeza, não deixaria Coin ajudar escravagistas.

Katniss se adiantou para lutar pelos papeis com Coin, mas a mulher foi rápida e a derrubou no chão. Ela viu Peeta dando um soco no soldado que estava junto com Coin e que se adiantara para pegá-la. O homem caiu com um baque no chão desacordado. Ela estava caida, mas os papeis também. Então ela os agarrou antes que a adversária pudesse fazer qualquer coisa.

Coin aproveitou que Katniss estava desatenta e apontou a arma Peeta. Oh não, de novo não, implorou Katniss. A mulher estava focada em se proteger e Katniss aproveitou sua desatenção para discretamente pegar a arma do guarda que estava caído. "Pense, se concentre. Deixe o inimigo pensar que tem você sobre controle. "

–Está vendo professor- comentou Coin como alguém que ensina um aluno desobediente- Isso é o que você ganha por se deitar com alguém de sangue negro.

–Coin, deixe ele em paz- ordenou Katniss, sentindo a perna machucada latejar.

–Oh menina. Você acha mesmo que vai ganhar essa guerra? Mesmo que nós percamos, sempre haverá pessoas que odeiam os negros. Acha que seus amigos vão se aceitos tão fácilmente pelos brancos? Não seja ingênua. Eles nunca serão livres. Estão presos por uma corrente muito maior do que você pode enxergar.

–Você tem razão Coin. Centenas de anos de escravidão, centenas de anos de preconceitos não acabam de um dia para o outro. Mas a ingênua é você. Quando essa guerra acabar o país não será mais o mesmo. O sul que você ama não vai existir mais, pelo menos do modo que você quer que ele exista.

–Não brinque comigo menina. Você não sabe com quem se meteu. Eu sou muito mais inteligente e mais forte que você. Se quer seu professor vivo, faça o que eu mando. Me devolva esses papeis.

Katniss fez um aceno negativo com a cabeça.

–Sempre tão desobediente. Por que Katniss, você não consegue seguir uma simples ordem? Seria muito mais fácil. Viu professor, ela não se importa com sua vida.

Peeta tinha os olhos congelados em Katniss e parecia entender exatamente o que a menina estava pensando, se mantendo completamente imóvel.

–Diga adeus ao seu namorado mestiça.

–Adeus Coin

E no minuto seguinte Coin jazia no chão com um tiro na cabeça.


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Notas finais do capítulo

Então? O que acharam do capitulo? Espero que tenham gostado. Nem acredito que já estamos na reta final. Obrigada por lerem. Beijooos



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