A Casa Dividida escrita por Redbird


Capítulo 17
Uma noite em Paris... uma carta anos depois


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Mais um capitulo. Espero que gostem desse. Beijão



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O mundo parecia estranhamente modificado na manhã seguinte. Havia muitas coisas que ela queria entender, muitas perguntas no ar, Katniss pensou que as respostas poderiam esperar dessa vez. Controlar seu destino nunca fora algo que lhe fosse permitido, sempre havia mudanças. Mas pela primeira vez, Katniss não se preocupou com elas.

E ver a figura de Peeta sentado calmamente lendo e sorrindo ao perceber que ela entrara na sala era definitivamente algo com que ela poderia lidar. Ele se dirigiu a ela rapidamente dando lhe um beijo. Katniss voltou a sentir o cheiro morango e baunilha de Peeta. A moça se perguntou se todos os dias seriam assim agora e percebeu que há certas coisas com as quais nos acostumamos facilmente.

–Bom dia- diz Peeta sorrindo- Eu espero que você tenha dormido muito bem, porque eu dormi maravilhosamente.

Katniss riu, sentindo seu coração ficar leve. Esse era o feitiço de Peeta, tudo nele era plácido. Quando estava com ele era como se tudo estivesse certo, em paz. Era como se ela tivesse tomado um calmante. Exceto quando ele a tocava. Quando ele pegava na mão dela, era como se Katniss sentisse o calor de mil fogueiras, ardendo uma por uma. Katniss nunca havia se sentindo assim antes. Era assustador, mas sinceramente, dessa vez a jovem não iria ceder ao medo ou a desconfiança.

–Muito bem. Apesar da caminhada longa. Poderíamos ter voltado normalmente de coche.

– E perder uma caminhada agradável como aquela? A noite estava linda... A lua, as estrelas, uma mulher linda do meu lado. Um homem tem que aproveitar não é?

–Peeta – diz Katniss corando- Eu..

Peeta riu.

–Um dia eu faço você acreditar que é bonita.

- E como você pretende fazer isso senhor Mellark?- Diz Katniss levantando a sobrancelha.

-Tem certeza que quer que eu fale? Sabe, não somos casados oficialmente ainda- Diz Peeta com um sorriso travesso.

–Peeta!- diz Katniss batendo forte no braço dele.

–Ai! Era brincadeira. Lembre-me de usar armadura todas as vezes que eu brincar com você. E eu estava pensando mais nisso- diz ele beijando Katniss suavemente.

– Peeta, hoje é segunda- disse Katniss sentindo toda a felicidade afundar- você precisa falar com Snow.

Katniss percebeu o sorriso de Peeta sumindo.

–É verdade. Estou me preparando para ir lá. Vamos ver o que ele tem para me dizer.

–Peeta, eu...

–Ei, não se preocupe, tudo bem? Vamos lidar com isso não é sua culpa. Neste momento não me preocupo muito com Snow. Com tanto que você continue segura aqui, lidaremos com o que ele tiver preparado para nós.

E, como se para provar que estava tudo bem ele beija Katniss novamente. Simplesmente não havia como lutar contra isso.

– Eu me perguntei quanto tempo isso ia demorar para acontecer e devo dizer, vocês são lentos demais- diz Haymitch observando o casal com um olhar divertido no rosto.

–Haymitch – diz Katniss corando violentamente. A garota não pode deixar de se sentir ridícula, o que havia de errado afinal?

–Então Haymitch alguma novidade?

– Bom, para falar a verdade nenhuma por enquanto. O país ainda está em suspenso, esperando como Lincoln vai reagir.

–Bom, teremos que esperar para ver então. Preciso falar com Snow hoje, talvez consiga extrair alguma coisa dele.

Haymitch franziu o cenho

–Você tem que falar com Snow?- Perguntou calmamente, embora Katniss pudesse sentir a tensão por trás das palavras.

–Sim, mas não se preocupem. Acho que ele só quer demonstrar que tem poder sobre nós. Não vou dar esse gostinho a ele.

–Fico feliz que você esteja aprendendo algumas coisas com Katniss. Mas tinha que ser justamente arranjar encrenca com o homem mais poderoso de São Francisco?

– Eu não arranjei encrenca com ele Haymitch.

Haymitch apenas dá de ombros.

–Boa sorte com ele.

–Obrigada – Diz Peeta educadamente.

Haymitch se aproxima da mesa e pega um papel que estava cuidadosamente dobrado sobre ela.

– O que é isso Peeta?

–É uma carta da minha tia.

–Não é um pouco cedo para correspondência? Ela saiu daqui ontem. Ela não ficou preocupada de você estar envolvido com uma mulher tão perigosa como Katniss ficou?

–Muito engraçado Haymitch, mas não- diz Peeta pegando a carta, antes que Haymitch pudesse chegar nela- Além disso, acho que você não precisa se preocupar com a carta da minha tia.

–Se você diz- Diz o homem dando de ombros- Não estou interessado. Só vim pela comida mesmo. Infelizmente acordei muito cedo hoje.

Katniss acharia esse jeito de Haymitch muito engraçado, embora ela devesse admitir, se preocupava com a falta de educação dele. Desde que ele confessara que o pai havia feito com que ele prometesse cuidar dela, Katniss também se sentia responsável por ele.

–Certo senhor educação, vamos ver o que teremos no almoço.

Depois que Katniss deixou Haymitch tocando banjo calmamente na sala, esperando impaciente pelo almoço, ela se dirigiu para o quarto de Peeta. Ele estava se arrumando para sair falar com Snow.

–Peeta, está tudo bem? Eu senti que você estava preocupado. Não é por Snow não é?

–Não. Na verdade não. É a carta da minha tia.

–O que tem ela?- Perguntou Katniss preocupada. Eles não estavam precisando de mais um problema, não agora.

–Leia- disse Peeta entregando um fino papel cor de salmão.

–Peeta eu não posso. Não sei se Tia Margareth gostaria disso.

–Não se preocupe. Você merece ler esta carta, afinal, mora aqui e bem... agora...

Katniss sorriu para ele. E abriu o delicado papel.

Querido Peeta

Espero que você entenda, quando terminar de ler esta carta, o quanto foi difícil para mim escrevê-la. Meu coração se alegrou por você ter encontrado uma boa moça como Katniss. Tenho plena certeza de que ela o fará o feliz. Ver o amor jovem é algo extremamente revigorante.

Estar com vocês me lembrou de como é ter uma família. Eu não tive essa chance. Ainda hoje, contar sobre isso faz com que meu coração se parta. Mantê-lo inteiro nunca foi uma tarefa fácil, mesmo agora. Dizem que o tempo pode curar qualquer coisa. Ele pode, mas sempre há cicatrizes. No meu caso, elas continuam ardendo, ardendo e ardendo. Espero que algum dia eu não sinta mais essa ferida.

Eu tinha apenas 22 anos. Estava tão assustada, tão feliz. Estava viajando pela Europa pela primeira vez. Graças aos esforços de papai, eu consegui uma bolsa de estudo na universidade Sobornne, em pleno coração de Paris. Fui morar com uma tia. Ela era uma mulher excepcional. Às vezes acho que nunca teria sobrevivido aquela provação se não fosse ela.

Patrick era dois anos mais velho que eu. A primeira vez que eu o vi tinha saído chorando da sala de aula. Só de lembrar o motivo, tenho uma vontade louca de rir. Jovens ás vezes perdem o senso de perspectiva. Elizabeth havia dito que eu não seria convidada para a festa de final de ano na casa dela. Corri como se fosse uma tonta até a portão da universidade.

Eu não percebi ele se aproximar, até ouvir alguém se dirigindo a mim.

– Mademoisele, acho que você precisa de um lenço.

Então eu o vi. A primeira coisa em que reparei foram seus cabelos ruivos. Seus olhos eram tão verdes que eu poderia jurar que deus tinha posto todo o verde do mundo nos olhos dele, o resto era apenas uma pálida imitação. Patrick. É engraçado o quão doce o nome dele soa em meus pensamentos, mesmo depois de tanto tempo.

Para meu pai ele vai ser sempre um irlandês morto de fome, alguém que viajava o mundo sem destino. Para minha mãe, ele sempre seria o homem bruto, alguém que não valia um centavo. Para mim, ele foi a salvação. O homem que mudou a minha vida. E o meu único e primeiro amor.

Foram dois meses. Vivi todos os dias com ele como se fossem um presente. E eram. Meu pai nos descobriu um dia, quando estávamos em uma praça. Patrick havia acabado de conseguir um emprego melhor. “Para mudar para a América” Ele dizia. “Para ficar com você”.

Assim que nos viu meu pai ficou enlouquecido. Nunca tive tanto medo de ninguém como tive dele naquela dia. Fiquei trancada durante duas semanas sem saber o que fazer. Minha únicas companhias eram o sono, as lágrimas e o enjoo. No terceiro dia vi Patrick de relance pela janela. Ele me olhou e foi embora. Eu soube naquele momento que ele estava desistindo de nós.

Como eu não melhorava dos enjoos meu pai mandou chamar minha mãe. Assim que ela me viu começou a gritar. Ela avançou em Tia Elizabeth que tinha cuidado de mim durante aquelas duas semanas, tentando em vão amenizar a fúria do meu pai.

–Você sabia, você sabia! Você é imunda,deixou minha filha arruinar a vida dela.

–Marcele! O que está acontecendo? – Eu só me lembro de meu pai perguntando incessantemente para as duas mulheres na sua frente atônitas.

–Sua filha, a menina que você criou como uma princesa. Está grávida! De um irlandês imundo

Grávida. Eu estava grávida. Fiquei em Paris durante um ano. Eles não me deixaram nem mesmo ver a criança. Assim que dei a luz meu pai me mandou de volta para Nova York, para um casamento arranjado. Cinco anos depois descobri que meu pai havia colocado a criança em um orfanato irlandês. Só consegui encontrar meu filho muitos anos depois, ele já era um belo rapaz de 18 anos.

Peeta, eu nunca pediria isso se não tivesse visto com meus próprios olhos sua família. O potencial acolhedor que senti nela. E eu não pediria isso se não estivéssemos prestes a entrar numa guerra.

Meu filho está indo para São Francisco, como milhares de imigrantes, esperando por uma vida melhor. Imploro que o acolha, sem mencionar minha verdadeira identidade. Para ele, sou apenas uma madrinha que o acolheu quando ele chegou nos Estados Unidos. Talvez esteja pedindo muito, mas afinal de contas, é isso que a família é. Uma lembrança de que se pode acolher e amar alguém, com todas as suas falhas, com todas as dificuldades. Não tenho palavras para lhe dizer o quanto seria grata se pudesse recebê-lo. Essa seria uma divida que eu nunca poderia pagar.

Ele estará chegando na cidade na próxima semana. Caso aceite, lhe mandarei uma pequena quantia mensalmente. Por favor, aceite-a. Quero que você, sua esposa e meu filho tenham o melhor. Você foi o filho que ele teria sido para mim.

Com amor

Margareth


Katniss ficou um tempo olhando para a carta, emudecida. De repente ela se deu conta que Peeta ainda a observava.

–Peeta, meu deus, pobre Margareth!

–Eu sei- disse Peeta pensativamente- Eu nunca soube que ela teve um filho. Tudo isso é...

–Chocante demais- Disse Katniss sabendo exatamente o que ele queria dizer- E o que você vai fazer?

– Vou aceitar é claro!

– Por que eu sabia que você diria isso?- Disse Katniss revirando os olhos- Peeta você sabe o que essa casa vai parecer? Você já tem dois negros libertos, um mestiço bêbado que entra e sai todo dia e... bem eu. Que todo mundo sabe, é a garota mais problemática de São Francisco.

–Sabe o que parece- diz ele terminando de arrumar a gravata- Que estamos realmente agindo como um casal. “Peeta não gaste mais que suas economias, eu já disse para você comprar batatas, não feijões” e essas coisas...

Katniss teve que rir

–É bem diferente, e você sabe.

–Eu sei, mas como você deve entender, eu não tenho escolha.

–Não, não tem. Mas como é mesmo o nome do filho... digo, do moço irlandês? -Pergunta Katniss.

– O nome é Finnick Odair. Tem uma foto junto com a carta.

–Ah, melhor assim- diz Katniss inconscientemente arrumando a gravata de Peeta

Os dois riram

–Ok, estamos realmente parecendo um casal- diz Katniss enrubescendo um pouco.

–Porque nós somos. Do tipo feliz e tudo. Agora tenho que ir . Que tal um beijo de boa sorte?

–Peeta...

–Qual é!

Katniss fez o que ele pediu. Quando Peeta saiu ela não pode conter a preocupação que tomava conta dela. Saber que Peeta estava com Snow, lutando contra um poder maior que ele era simplesmente assustador. A manhã passou calmamente, mas Katniss esperava ansiosamente para ter noticias. Quando ele chegou Katniss mal pode se conter.

– O que houve Peeta, como foi lá?- perguntou nervosa.

Os olhos de Peeta estão opacos quando ele responde.

– Digamos que Snow agora está de olho em mim. E você está olhando para o mais novo professor desempregado de São Francisco.





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Notas finais do capítulo

O que acharam? Gente, por favor, desculpem os erros, como de costume estou postando de madrugada. Eu realmente quero saber a opinião de vocês, então, deixar um review faria muito bem para o meu coração (odeio quando dizem isso, mas é um fato. Deixa a gente alegre, alegre). Beijoos e espero vê-los na próxima.