A Casa Dividida escrita por Redbird


Capítulo 16
Amor e culpa


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, desculpem a demora. Bom, eu espero que vocês gostem do capitulo (E fiquem tão emocionados com ele quanto eu *-*) Enjoy it...



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Peeta não entendia por que Katniss tinha ficado tão preocupada com o encontro com Snow, mas obviamente ele sabia que esse reencontro não tinha sido nada bom.  O fato de Snow ter poder na cidade agora deixara Katniss apavorada.  Já Margareth, parecia feliz na casa do sobrinho e duas semanas haviam se passado sem que ela mencionasse querer voltar para Nova York.  O professor sabia que ela logo voltaria para cidade natal, a tia amava aquela cidade, mais do que qualquer coisa na vida.

Katniss fazia o possível para ser simpática com Margareth. Peeta estava tremendamente agradecido por causa disso por que sabia o quanto custava a Katniss ficar ouvindo as barbaridades que a velha senhora dizia. E ele sabia que, apesar de Katniss ser uma moça bem educada, ela era verdadeira demais para aguentar alguém que não gostasse por muito tempo sem dar sinais de desagrado.

Além disso, havia outras preocupações. Fevereiro trouxera noticias aterradoras, os Estados do Sul tinham decidido se separar dos seus irmãos do norte.  Eles finalmente tinham seguido a Carolina do Sul e elegido Jefferson Davis, do Mississippi, como presidente do novo país, os Estados Confederados da América. Os confederados já tinham até uma Constituição e uma capital, Montgomery, no Alabama.

Com todas essas questões, Peeta sabia que a política havia deixado o país cada vez mais divido e as coisas estavam fervilhando, principalmente em Nova York. Ele não podia pedir para sua tia voltar para lá.  Depois de Washington, era obvio que o local seria o mais visado pelos sulistas.  Peeta agradeceu pela milésima vez o fato de ter decidido se mudar para o Oeste.

São Francisco podia ser perigoso, com todo o ódio racial escorrendo como esgoto, com seus homens que brigavam diariamente pelas pequenas pepitas de ouro, mas pelo menos, ele sabia que não seria tão afetado pela guerra, ao menos não como Nova York, o Alabama ou a Virginia.

 Pela primeira vez, o Oeste se parecia o local mais amigável para se estar, o que era uma grande ironia pensou Peeta.   Ele sabia que essa segurança também era temporária, já que o envolvimento da Califórnia em um conflito, caso houvesse um, seria inevitável. Peeta  sinceramente esperava que não houvesse nenhum conflito.

-Obrigado por você estar sendo tão simpática com minha tia- Peeta falou em uma tarde em que Margareth estava tirando uma soneca e ele e Katniss liam calmamente na varanda.

-Ah, sem problemas.

-Não de verdade, ela não deve ser fácil- disse ele sorrindo.

Katniss riu com gosto.

-Ah Peeta, é o mínimo que posso fazer por você.  Não posso esquecer que você me defendeu da minha mãe e bem... não deve estar sendo fácil para você fingir ser meu marido.

Peeta arqueou as sobrancelhas.

-Acho que não deve estar sendo fácil para você fingir ser minha esposa também.

Katniss abriu a boca para dizer algo, mas foi interrompida por tia Margareth que entrou na varanda.

-Ah aqui estão vocês.  Meus pombinhos queridos.  Uma bela tarde não.

-Sim, tia com certeza- disse Peeta ainda com os olhos voltados para Katniss.

-Querido, precisamos conversar. Temos que organizar minha partida para Nova York.

-Mas tia... a senhora vai voltar para Nova York?  Agora está muito perigoso. Você sabe que o país está à beira da guerra desde que Lincoln foi eleito. Por que não fica mais um tempo por aqui enquanto essas desavenças se resolvem. Tenho certeza de que elas vão se resolver.

Margareth deu um sorriso triste para Peeta.

-É muita gentileza sua querido. Mas eu realmente preciso ir. Nova York é minha casa. Se as coisas estão ruins, preciso estar lá para ajudar a arrumar.

Katniss olhou para a senhora espantada. Peeta percebeu que a amiga estava começando a ter um certo  respeito pela senhora. Ele sorriu internamente com isso.

-Tia, você tem certeza?- perguntou preocupado.

-Claro querido. Você poderia me acompanhar até a estação de trem amanhã?

-Claro, será um prazer- disse Peeta gentilmente.

No outro dia eles acordaram cedo para levar Margareth  até a estação principal da cidade. A senhora estava estranhamente quieta, não falou muita coisa durante o caminho.  Depois de comprarem a passagem se posicionaram na frente do próximo trem que partia para Nova York.  Peeta achara a estação de São Francisco sombria, mas ele não podia negar que ela era bem moderna. Como a maioria das estações ferroviárias da América, essa era novíssima em folha.  E como as ferrovias do restante do país recebia sempre centenas de imigrantes todos os dias. Irlandeses, italianos, japoneses, chineses, de todas as partes do mundo.  Margareth deu uma olhada na estação e se virou para o sobrinho e para a “esposa”.

-Bem, querido, muito obrigada. Fico feliz que tenha conseguido passar um tempo com você e com sua esposa.

-Também fico feliz que tenha vindo Tia. Foi realmente muito bom ver a senhora- Peeta tentou evitar o rubor que lhe passou pelas faces ao pensar nele dividindo o quarto com Katniss, tinha sido  semanas difíceis.

Margareth sorriu para o sobrinho e lhe entregou um pequeno pacote.

-Querido, aqui tem uma carta. Peço que a leia depois que eu me for. Seria muito grata se concedesse com aquilo que lhe peço nela.

Peeta nunca havia visto a tia tão séria assim.  Os olhos dela tinham uma tristeza que Peeta nunca vira em ninguém.

-Claro Tia- disse ele tentando evitar a curiosidade crescente.

Margareth deu um abraço no sobrinho e se voltou para katniss.

-Katniss querida, foi realmente um prazer conhecer você.  Fico feliz que meu sobrinho tenha se apaixonado por você, ao invés de uma daquelas sulistas preguiçosas.

Katniss riu.

-Obrigada senhora Evans.

-Eu sei que essa guerra vai afetar todos nós. Eu realmente gostaria de esperar que vocês ficassem longe dela, mas acredito que para dois jovens como vocês isso vai ser impossível. Eu espero que vocês sejam felizes.  Obrigado por tudo.  E não esqueça de manter contato Peeta.  Sou sua única tia, não me esqueça.

-Não vou Tia- disse Peeta ajudando a senhora a subir no trem- Obrigada pela visita.

Ao saírem da estação, Peeta resolveu dar um passeio pela cidade e levar Katniss até o museu principal de São Francisco. Ele sabia que Katniss adorava lugares como esse e eles tinham um final de semana todo pela frente.

-Para onde estamos indo Peeta?- perguntou ela rindo desconfiada.

-Você vai gostar – diz ele enigmaticamente

Assim que chegaram ao local, ele ficou satisfeito ao ver a felicidade de Katniss .

-Peeta fazia muito tempo que eu não ia há um museu.  Quer dizer, minha mãe sempre gostava de fazer esses passeios, para mostrar que era bem educada mas ...

-Deixa eu adivinhar, ela não se importava em verificar a sessão sobre nativos americanos que você adora. E ela não se importava realmente com história.

Katniss sorriu radiante para ele.

-É verdade.

-Gostaria que Rue e Tresh tivessem vindo conosco. Não que Tresh fosse apreciar a visita- disse Peeta comprando as entradas.

Katniss riu com gosto, mas de repente ficou muito séria.

-Acho que nem ele nem Rue apreciariam. Ela mostra algumas fotos de negros sendo aprisionados na África, de um jeito como se isso fosse... certo.

-Então- disse Peeta pegando o braço de Katniss e o colocando gentilmente sobre o dele- Vamos evitar essa seção.  

Ele nem percebera que colocara o braço dela sobre o dele até sentir ela tremer levemente.

-Vamos apenas fingir ser um casal normal tudo bem?- Disse ele, sem evitar uma nota amarga. Ele odiava o jeito como Katniss podia ser arisca de vez em quando.  Ela assentiu fracamente.

Assim que entraram no museu no entanto, os dois começaram a se divertir muito.  Katniss, percebeu Peeta, estava diferente.  Ela parecia haver se esquecido de todos os problemas  e seus olhos brilhavam toda vez que via um novo objeto. Katniss simplesmente não parava de falar, e Peeta ficou impressionado com o quanto ela sabia de história.   Peeta não conseguia evitar admirá-la.  Ali, livre de toda a pressão, ele conseguia realmente vê-la, do jeito que ela era.  E ele teve que admitir, gostou do que viu.

Os dois estavam rindo e conversando sobre os índios apaches, quando perceberam uma figura no outro canto do saguão olhando diretamente para eles.  Peeta percebeu, antes de tudo, a pela de Katniss tremendo contra seu braço. Depois, que ela parara abruptamente de falar.

-Ora vejam só- disse Snow se aproximando deles- o jovem casal Mellark.

Peeta rapidamente segurou a mão de Katniss.

-Olá senhor, como vai- disse Peeta calmamente.

-Muito bem, muito bem- disse Snow sem tirar os olhos de cima de Katniss. Peeta sentiu uma estranha fúria se abater sobre ele- Aliás, queria mesmo falar com o senhor.  Preciso que passe no meu escritório na segunda.

Peeta sentiu como se tivesse esquecido o casaco em casa no mais frio dos invernos.

-Claro, com certeza.

-Estou reformulando o sistema educacional de São Francisco, como sabe.  Nossos professores precisam ter a ficha limpa entende.  Fui informado que o senhor tem muito contato com o movimento abolicionista e Lincoln. Mas não se preocupe, são só investigações rotineiras.  Nada que o senhor deva temer.

-Passarei no seu escritório na segunda senhor Snow, obrigada- disse Peeta friamente.

Snow deu um sorriso satisfeito, pra mostrar que tinha todo o poder sobre a situação.  Assim que ele saiu, Peeta viu Katniss soltar um suspiro longo e sair  em direção a entrada do museu antes que Peeta pudesse fazer qualquer coisa.

Antes que ele pudesse perceber, a garota já estava correndo. O desespero começou a tomar conta de Peeta e ele saiu correndo gritando o nome de Katniss na rua. A garota finalmente parou perto do rio que circundava a cidade, em um dos bancos da praça. Peeta chegou e viu que ela estava chorando.

-Peeta eu não posso mais fazer isso.

- Katniss o que houve? Por que você...

-É minha culpa – ela começou a gritar de repente- Eu sabia que Snow iria descontar em você, eu sabia que ele iria querer te prejudicar e mesmo assim... Eu não fiz nada. Eu não pude...

-Ei, Katniss se acalme está bem.  Tudo vai ficar bem.

-Não vai Peeta. Eu estraguei a sua vida... eu...

-Katniss...

-Eu não devia ter aceitado ficar na sua casa, eu deveria ter te desmentido. Eu... há Peeta sinto muito.  Não queria que você tivesse que passar por tudo isso. E eu ainda tive que dormir no seu quarto. Você deveria levar moças bonitas para o seu quarto não eu... Eu

-Katniss...-

-E  fazer sua tia acreditar que eu era sua mulher...

Peeta finalmente perdeu o controle e pegou as mãos da garota.

-Katniss, me escute, olhe para mim- Diz ele da forma mais branda que conseguiu, levantando o queixo da garota de modo que ela olhasse diretamente nos seus olhos- Foi realmente difícil ter que dividir o quarto com você, não porque você fosse feia, ou por que eu não quisesse. Mas por que eu tinha que me controlar o tempo todo para não olhar para você, por que você é a coisa mais linda que eu já vi na minha vida.

-Peeta...

- E eu ficava o tempo todo me dizendo que eu estava agindo errado, que eu deveria te enviar para sua mãe para casar com um homem rico, ter um futuro promissor e ficar longe da guerra ou do movimento abolicionista. Mas eu não consegui.  Por que eu estava feliz Katniss. Se tivesse que fazer tudo de novo eu faria e você não pode me impedir.  Eu vou enfrentar os escravagistas, vou enfrentar Snow.

-Ah Peeta- disse Katniss.

Peeta percebeu que os olhos da garota estavam brilhantes. Sem avisar, sem mais delongas, como se fosse um dos movimentos mais naturais do mundo, e era, os lábios dos dois se encontraram. Peeta já havia beijado antes, ele já lera tudo o que havia para se ler sobre o amor e beijos, mas naquele instante ele percebeu que, por mais que alguém tentasse, nunca conseguiria captar sua real dimensão.  Ninguém nunca conseguiria captar o jeito com que a língua de Katniss se encaixava na sua ou o modo como ele sentia que o universo pertencia perfeitamente aos dois. Cedo demais o beijo terminou.

-Vem- sussurrou Katniss- Vamos para casa.

 E foi o que fizeram.  Caminharam calmamente até a casa de Peeta, como se naquele instante não houvesse mais nada no mundo, apenas os dois, como se não houvesse Snow, escravidão ou uma guerra iminente. E, por um instante, não houve nada disso. 


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Notas finais do capítulo

E ai *_*. Ok, eu sei tenho problemas. mas eu realmente estava esperando por isso há capitulos (Eles são lentos ¬¬) Beijoos espero que tenham gostado.



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