Bê’s POV

Passaram-se alguns dias do jogo de futebol . Danielly e eu não tocamos no assunto “clima de beijo que rolou aquele dia”. Alias, nos evitávamos, sempre que podíamos. Afinal, ela estava noiva, dude, provavelmente de algum engomadinho chato e boiola, pelo jeito que todos falavam dele. Eu não o conhecia, pois quando ela vinha para casa eu arrumava uma desculpa que não podia sair da faculdade, e quando o povo ia visita-la em Los Angeles, eu realmente ignorava todo e qualquer convite. Por isso fiquei sem ve-la por anos e não conheci o namorado certinho dela. Mas, por mais que a Dani fosse uma chata, eu nunca a imaginaria ficando com um certinho. Digo, ela mesma era uma irritante certinha, mas ela nunca gostou de caras assim. Todos falavam do tal Edward, Edwiges, alguma coisa assim, como se ele fosse o príncipe da Inglaterra. E ela nunca se interessou por príncipes. Ela gostava de bruxos, vampiros (Não os que brilham e andam saltitando pela floresta, aquilo são fadas, ok? Ela sempre teve uma queda por vampiros sarcásticos, malvados, bad boys, etc.) ou alguma coisa do tipo.  Me pergunto o porquê dela estar com um filhinho de papai, como me parecia ser o tal McPhee.

Eu tentava não pensar na Danielly durante o ensaio da nossa banda na casa de Carlos, mas estava difícil. Carlos deve ter reparado que eu estava estranho, pois eu fui até a cozinha e ele me seguiu.

- Bê, que tá acontecendo com você?

- Nada Carlito, tá louco? – Tentei disfarçar, mas ele era perspicaz demais. Droga de amigo semi-nerd.

- Fala sério Bianchinni. Nunca te vi assim. Anda meio desligado, meio aéreo. Dude, nem pegar gatas você tá pegando mais! Faz uns bons dias que nem vejo teu celular tocar com a ligação de alguma menina perguntando por que você deu o bolo nela.

- Não tô com vontade de pegar ninguém, só isso.  – Mentira, eu queria pegar alguém, mas era A ALGUÉM.

- Ok Bernardo, quem é ela?

Fudeu.

- Ela quem, pirou na batatinha?

Ele arqueou as sobrancelhas: - Só se você tivesse apaixonado você não iria querer pegar alguém.

- Você enlouqueceu de vez, só pode – Sai da cozinha, deixando ele sozinho.

Apaixonado, será?

Quando terminamos o ensaio, fui até a casa do Robbie, pegar minha carteira que tinha esquecido, pois era minha vez de pagar a rodada de cerveja da semana. Quando subi as escadas e passei pelo quarto de Danielly, percebi que a porta estava entreaberta, e que Ashley estava com ela lá dentro.

- A Sam disse a mesma coisa, que não vê animação minha com o casamento. Estou começando a achar que é verdade.

- Me diga com sinceridade Dani, você o ama? Porque eu sei que ele é lindo e tudo mais, mas vocês dois não combinam amiga.

- Eu não posso te dizer que eu amo o Ed. Não do jeito certo sabe? Eu sempre pensei que eu iria me empolgar, iria gostar dele de verdade, e que ele seria o marido perfeito. Mas ultimamente eu estou duvidando mais ainda disso, principalmente depois que...

- Depois que? – perguntou Ash, curiosa. Eu também estava curioso. Podia imaginar Danielly ficando corada.

- Depois que voltei pra casa – Ela não estava dizendo a verdade. Eu sentia a hesitação em falar alguma coisa pra Ash. Por quê? O que ela esconderia da amiga? Talvez... ? Não, não é possível. Eu estaria mexendo com ela?

Dani’s POV

Ele estava mexendo comigo. Mais do que isso, eu não parava de pensar nele e naqueles lábios. Como eu me segurei pra não beija-lo naquele dia do jogo.  O que eu estava sentindo, por que eu estava tão confusa?

Mas eu simplesmente não poderia falar isso pra Ash nem pra ninguém. Também, o que eu falaria? “O Bianchinni é um gostoso, e eu estou me apaixonando por ele”? Apaixonando, essa palavra também não queria sair da minha cabeça. OH DROOOOOGA VIU!

Desviei o assunto, antes que eu falasse demais.  Conversamos sobre algumas coisas, ela me contou que o Danny não via a hora da Samantha chegar, e que não parava de falar nisso. Que o Robbie e ela estavam firmes mesmo.            Que o Carlos e a Annie estavam praticamente namorando. E falou que Bernardo era um galinha, e que não estava nem ai pra ninguém. Valeu Ashley, você realmente é um doce e sabe como me colocar pra cima!

O dia passou sem mais nenhuma novidade. Não vi o Bê o dia todo, pois ele e os meninos haviam ido jantar fora.  Só ouvi ele chegando depois do jantar, e eu já estava no meu quarto, assistindo um filme. O filme era sobre uma menina, que conheceu um cara, brigou com ele logo no começo do filme e se apaixonou por ele. Sério mesmo TV? Você tá de palhaçada comigo, só pode! Mudei para um outro filme, com esperança de dormir. Mas nada. Rolei ‘prum lado, rolei pro outro, e nada. Já passavam da meia-noite. Resolvi descer até a cozinha e tomar alguma coisa. Chegando lá, abri a geladeira e peguei um suco, me servindo dele e sentando de costas pra porta.

- Sem sono?

Senti meu corpo arrepiar todo. E não era somente pelo susto, e sim pela voz que tinha falado aquela frase.