Essas são as lembranças mais dolorosas que alguém poderia ter. Que uma mãe poderia ter.

Ver seu pequeno bebê, que passou nove longos meses sendo protegido de tudo e todos por você dentro de sua barriga, e crescendo a cada segundo que se passa.

Thomas foi meus melhores quatro anos.

Cada dancinha inventada por ele antes de dormir. Sua maneira hiperativa de ficar pulando em cima de mim para me acordar toda manhã pedindo por panquecas.

Meu homenzinho. Lembro-me do quão orgulhoso ele ficava ao me ouvir dizer que ele era o homem da casa. O que cuidaria de mim para sempre.

Meu pequeno anjo, até o último momento você lutou como um homem do exército.

Eu me lembro da última vez que beijei seu rosto e susurrei em seu ouvido "Eu te amo daqui até a Lua".

Os meses que se seguiram foram os piores de toda a minha existencia. Ver meu pequeno anjo guerreiro sofrendo daquela forma, naquela cama de hospital.

Memórias On

Acordei cedo em uma segunda e fui em direção ao banheiro. Lavei meu rosto forçando-me a acordar. Coloquei uma roupa apresentável e fui acordar meu bebê.

– Querido - O chamei balançando de leve seu corpinho agora tão frágil
Ele se levantou e me olhou um com aqueles seus lindos olhinhos azuis, assustados. Mas ao se dar conta de que era apenas eu deu uma risadinha gostosa.

Era notável que meu filho não estava mais tão saudável como antes.

Andando em seu rítimo lento, ele me puxou até seu armário e apontou pra uma roupinha do homem-aranha que eu tinha comprado para que ele usasse no Halloween

– Você quer mesmo ir com essa?

– Quero sim mamãe - Ele balançou a cabecinha positivamente

Eu troquei sua roupa. Em seguida saimos de casa, entramos no carro e eu coloquei Thomas em sua cadeirinha no banco de traz.

Chegamos ao médico e todas as enfermeiras e médicas logo foram falar com ele, pois todas são loucas pelo meu pequeno anjinho.

É com pesar que digo que ele já ficou conhecido por aqui. Desde o diagnóstico já se passaram três meses.

Fomos em direção à sala do Dr. Edward e entramos. O doutor me explicou que apartir de hoje ele precisaria ficar internado.

Eu não queria aceitar aquilo. Só uma coisa significava com aquele informação.

Ele não estava mais reagindo como o esperado à quimioterapia. Teria que partir para a radioterápia ou até mesmo a cirurgia.

Mas acabei aceitando a ideia e assenti com a cabeça enquanto Thomas se distraía com os brinquedos presentes no consultório.

Deixei ele conversando com Edward enquanto o mesmo o preparava para a internação e fui em direção à lanchonete do hospital. Comi sem muita vontade e retornei ao quarto depois de um tempo.

Naquele quarto, já devidamente instalado, meu Thomas parecia mais branco que o normal (se é que isso é possível) e no momento que eu entrei ele vomitou.

Tinha que me preparar para o que viesse daqui pra frente, disse a mim mesma mentalmente.

Ajudei Thommy a ir ao banheiro para que ele pudesse se limpar e voltei pra o quarto.

O doutor já não estava mais e a enfermeira me explicou que ele precisou sair e que qualquer problema eu ligasse. Agradeci pela informação e voltei a dar atenção ao meu pequeno que já dormia. Seria uma longa noite.

Memórias Off

Depois daquele dia, a minha rotina era dentro daquele quarto de hospital, aproveitando o máximo possivel do meu pequeno anjo.

Edward passou a frequentar o leito do pequeno Thomas e lia a melhor história todas as noites trazendo felicidade ao meu pequeno.

Lembro que ele ficava a noite toda segurando a pequena mãozinha de Thommy, enquanto esporadicamente ajeitava o quepe de soldadinho que ele vestia.

E como de costume os olhinhos azuis, não mais brilhantes e sim cansados o pedia uma história.

E naquela noite ele pediu uma história de principes e princesas. No começo eu estranhei pois ele nunca foi de gostas desse tipo de história.

Mas a explicação do meu pequeno herói mecheu de uma forma absurda com o meu coração.

"Quero essa porque é de um príncipe que se apaixona por uma princesa que vive sozinha"

E apois ele explicar, olhou nos meus olhos e nos de Edward e o som da voz fraquinha dele foi-se ouvido ele pedindo para que Edward fosse o tal príncipe e que jamais deixasse sua mamãe.

Dois dia depois daquele fraco pedido, meu pequeno Thomas se foi. Lembro-me do choro de Edward em coro ao meu, nossas mãos juntas, afundando juntos em um abismo de dor.

Nossas lágrimas não puderam aquecer a pele já gelada do pequeno homem, valente soldado, que havia lutado até o último minuto.

"Venha comigo, querido...
Vamos voar para longe daqui...
Você foi os meus melhores quatro anos"

E foi na tarde chuvosa após o enterro do meu pequeno homem valente, que me sentei ao lado de sua cama agora vazia e escrevi aquelas palavras que agora viraram essa canção.

Thomas foi minha inspiração. Minha luz. Os meus melhores quatro anos.

Agora, eu e Edward, diariamente ficamos sentados lado a lado, compartilhando histórias e lembranças daquele que havia sido o melhor durante quatro anos.

Desde que ele se foi, acusei a Deus por tudo o que aconteceu, por não ter feito um milagre e ter trago o meu pequeno de volta. Mas acabei entendendo que o melhor milagre, foi ter passado maravilhosos anos com ele.

– Thomas me pediu e eu vou cumprir a promessa que fiz a ele e a mim. Irei cuidar de você

Fechei os olhos e chorei porque sabia que ele cumpriria sua promessa. Não estaria mais sozinha. Teria a ele e a todas as lembranças da minha pequena vida que se foi.

O príncipe se apaixonou pela princesa, que jamais ficará sozinha. Ele lutaria como o pequeno soldado.

Não durante quatro anos apenas, mas sim por uma vida inteira apartir de agora.

FIM