Plus Que Ma Propre Vie. escrita por Isabella
Naquele momento, nada mais importava, além do fato de que minha filha estava em perigo. Eu ouvi antes de ver, enquanto Renesmee caía no chão com um baque surdo e murmurava coisas sem nexo como “faça parar” ou “não, eu não posso deixar!”. Ainda seguindo o cheiro, que se afastava aos poucos, como se procurasse fugir e não desistir de seu objetivo, eu o ouvi dizer.
- Criatura intrigante. – A voz áspera comentou. – Seu coração bate, mas seu sangue não me é atraente. – Raiva me inundou ao ouvir suas próximas palavras. – Acho que vou te usar apenas para testar meus poderes, que tal? Ando treinando muito pouco, com a sede que sinto.
De repente, experimentei a mesma sensação de quando Jane tentava machucar a minha família, doze anos antes. Puro ódio. Alguma parte do meu cérebro me alertou que o poder daquele vampiro provavelmente afetava a mente, e não custava nada eu arriscar meu palpite. Aspirei o ar, procurando pela exata localização de minha filha, e estiquei meu escudo até ela, sentindo a tensão de cada centímetro. Não fui até ela, no entanto, porque minha prioridade era destroçar a criatura que a fizera sofrer. Dei impulso em algumas árvores e finalmente pude vê-lo.
Tinha pelo menos dois metros de altura, e os ombros mais largos que os de Emmett. Seus olhos rubros brilhantes me encararam por apenas uma fração de segundo antes de ele abrir um sorriso brilhante, convidando-me a me aproximar.
- Companhia! – Ele parecia genuinamente feliz. Não era óbvia a expressão de fúria em meu rosto?! – Vamos ver quais são seus problemas, querida…
Senti uma pontada como a de uma faca tentando penetrar meu escudo, e sorri diabolicamente para ele. A expressão em seu rosto mudou de triunfante para confusa, e eu resolvi me aproveitar da situação. Ele tinha feito minha filha sofrer. Não merecia uma morte rápida e sem explicações.
- Chateado? – Eu me aproximei. – Não vai torturar mais ninguém, eu receio.
- Torturar? – Ele sorriu ironicamente. – Eu não torturo criaturas tão belas, querida.
A depreciação em sua voz começou a realmente me irritar, e eu me concentrei para não ataca-lo bem ali. Morte lenta, eu lembrei, sendo assaltada pelas lembranças dos gritos de minha filha. Procurei pelos sons ao meu redor e percebi que alguém já estava com ela, provavelmente Jacob, e ela chorava baixinho no ombro dessa pessoa, eu presumi pelo som abafado. Essa criatura iria pagar por fazer isso com ela.
- Não me chame de querida.
Ele olhou para minhas mãos e sorriu de novo. Cada sorriso seu era como um soco no meu estômago, e meu ódio crescia a cada segundo.
- O maridinho não gosta?
Veneno ensopava minha boca, e tudo o que eu queria era arrancar a cabeça dele ali mesmo. Então me perguntei o motivo de não estar fazendo isso… Talvez eu pudesse primeiro arrancar a orelha, depois os dedos. Senti o cheiro de Edward a apenas alguns metros de mim, escondido entre algumas árvores, e entendi que ele estava me dando liberdade para agir. Emmett e Rosalie deveriam estar com ele, e eles me ajudariam se fosse necessário. Não será, eu prometi a mim mesma, eu vou acabar com ele.
- Se eu fosse você, ficava quieto. – Posso aliviar pra você. Ou não.
Ele deu mais uma risada de escárnio, e eu decidi que aquela seria a última. Lancei meu corpo para frente. Ele parecia já esperar meus movimentos, mas eu havia sido treinada por um leitor de mentes, e sabia me cuidar muito bem. No último segundo possível, desviei de seus braços preparados para defesa e aterrissei atrás dele, a apenas dois centímetros de suas costas. Estiquei o braço, me aproveitando de seus segundos de confusão, e arranquei sua orelha direita. Pude ver a fúria em seus olhos e isso me motivou a machuca-lo cada vez mais. Ele podia ter o dobro do meu tamanho, mas eu era mãe.
- Querida, você acabou de arranjar encrenca. – Ele começou a correr atrás de mim enquanto eu ganhava espaço e tempo.
Ugh. Revirei os olhos. Eu queria muito vê-lo sofrer, mas aquilo já estava me dando nos nervos. Retirei meu escudo por apenas um segundo e pensei para que Edward escutasse “mande alguém trazer fogo. Estou terminando”. Pude ouvir enquanto uma pessoa leve – provavelmente Rosalie – se locomovia em direção à casa. Ainda desviando de seus ataques, preparei minha próxima investida. Uma pedra parecida com aquela na qual eu tinha vencido minha primeira queda de braços estava coberta de musgo à minha frente, e eu decidi que ela me serviria de apoio. Deixei que ele passasse a minha frente, desacelerando sem que ele percebesse e, quando ele se virou de costas, eu estava em cima da pedra. Ele correu na minha direção e eu saltei, aterrissando em seu pescoço. Mordi a orelha restante e arranquei-a fora. Seus braços se remexiam tentando me tirar me minha posição, mas graças aos treinamentos com Alice, meus pés também eram ágeis. Ele mordeu minha perna e foi aí que eu avistei Edward e Emmett entrando no largo espaço onde acontecia a luta. Tudo o que eu podia pensar era “ele é meu”, então ignorei a dor e apoiei meus pés em seu peito, ainda com meu corpo por trás de sua cabeça. Nessa posição, tudo o que precisei fazer foi puxar levemente para arrancar a cabeça dele. E então eu pulei, evitando cair com seu corpo.
Rosalie chegou com o fogo e jogou na cabeça do vampiro o mais rápido possível. Edward correu até mim e me abraçou, e eu dei um beijo em seus lábios. Ele murmurou algo como “minha garota”, mas eu o interrompi, demonstrando que precisava ver minha filha. Ele esticou a mão direita e corremos juntos até o pedaço da floresta onde nossa filha ainda chorava, abraçada com Jacob.
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