–Daniella-

Essas coisas me deixam confusa, muito confusa. Primeiro beijei David, ou melhor, fui impulsionada por mim mesma. Depois descubro que sou filha do Sr. Dos Deuses e sou poderosa. E para completar, eu não sei quase nada sobre lutas e missões, e vou sair numa.

Será que falta algo mais para me deixar um pouco mais avoada?!

– Ei, pensando em que ? - David falou entrando no Chalé 1.

– Em tudo. E você lembra de algo, daquela viagem... Sabe, para cá... Que tem... haver comigo?

– Não... Por que?! Você parece estranha... Aconteceu algo que não sei?!

– N-n-nada. Vou dormir, amanhã saímos cedo.

Ele foi para o Chalé 3. Tentei dormir, virava para um lado, para outro. Até que decidi fazer uma coisa arriscada, ir até a praia, pensar melhor. Saí com meu pijama de raios e verifiquei se alguém estava acordado pelo Acampamento. Ninguém.

Fui caminhando e refletindo sobre tudo. Como minha vida era com minha família adotiva e meus dois irmãos pequenos, que a essa hora deviam estar desesperados comigo. Cheguei e sentei-me perto do mar.

– Pensando... Você pensa demais, não acha que já chega?! – Falou uma voz que reconhecia.

– Pensar nunca é demais... Em meus sonhos era o que uma coruja me dizia.

– Corujas não falam...- Danillo acomodou-se a meu lado.

– Em sonhos tudo pode acontecer. Não acha?

– Não sou de sonhar muito, quando sonho, nunca é com algo interessante, sempre pesadelos.

– Como poderia ajudá-lo?

– Não sei... Tudo é muito duvidoso. Não vai dormir?

– Dúvidas.

Nos viramos ao mesmo tempo, chegando perto demais. E fomos nos aproximando, quando um raio caiu ao nosso redor. Rimos e lhe dei um beijo na bochecha. Ele me levou ao Chalé de Zeus, de mãos dadas e ao chegar na porta, soltamos e fui dormir. Esta noite meus sonhos continham uma deusa que vivia aprontando comigo, Afrodite. Este foi maravilhoso, com pégasos e o beijo que não acontecera.

Eu acordei antes de todos. Troquei minha roupa e arrumei a mochila branca com um raio vermelho sangue. Fui ao Chalé 9 e percebi que uma pessoa não estava lá, Danillo, sorri. Saí do Chalé 9 e encontrei algo inesperado, ninfas desmaiadas no chão, uma névoa espessa, o rio com uma gosma preta e sátiros desnutridos.

– Vocês tem que ir o mais rápido possível! Está afetando todo o mundo e os deuses não sabem o motivo. Como está uma grande confusão a partida foi adiada para a tarde, logo após o almoço.

– Obrigada.

– Vamos conversar?! No mesmo lugar de ontem. – perguntei.

– Claro. Vamos aproveitar e analisar a situação.

Fomos andando e observando, flores murchas, a névoa espessa que, às vezes, nos deixava sufocados, e assim que chegamos na praia, ela estava intacta.

– Estranho.

Conversamos por uma hora. E fomos chamados para o almoço e dissemos que já íamos. Danillo disse que havia uma coisa que ele queria me falar e inclinei a cabeça na direção do arbusto.

– O que foi?

Ele se aproximou de mim e me beijou. Meu pensamento estava a mil. Xingava Afrodite de todos os palavrões que conhecia, ela fazia isso comigo, mas por que logo comigo?!

Senti pelo último segundo seus lábios quentes, levantei e corri. Ninguém, absolutamente, ninguém, saberia disso, era o que eu esperava.

Cheguei ao pavilhão e decidi almoçar sozinha na mesa do meu Chalé. Estava muito confusa, em relação à tudo. Terminei e fui pegar minhas coisas no Chalé 1. Virei - me e levei um susto com Rebecca me encarando nervosa.

– Por que está assim?! Vamos em uma missão, era para estar feliz, e os meninos... vão conosco.

– Vamos, te conto depois.

Entramos na van e tudo que vi antes de adormecer, foram dois rostos, as fontes de minha cruel indecisão, David e Danillo.

O sonho foi péssimo. Perdia os que mais amava e percebia que eu os matava, porque tinha que escolher o que queria, quem salvaria e não conseguia, escolhia um e matava o outro. Eu tinha três objetos, um arco de prata cintilante, uma taça cheia de um líquido mortífero e uma lira que quando era soprada, uma pessoa explodia em sangue.

Três belos deuses, sendo uma mulher, me pediam para recusar tudo, para levar até eles aqueles objetos, mas eu sedia e acabava matando um.

Acordei gritando e percebi que havíamos batido em algo grande que não era normal. O que eu sabia é que iria aos confins do mundo para achar aqueles objetos e entregar a quem quer que seja, mas teria de ser breve, senão todos nos iríamos morrer.