A Mortal, Filha De Dois Deuses. escrita por Amortecência


Capítulo 4
A Guerra De Tróia.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/281898/chapter/4

– Olá Percy, Annabeth! Sabia que mais cedo ou mais tarde, vocês viriam – disse Quíron.

– Olá Quíron! Espero que as defesas deste lugar estejam mais seguras do que nunca, porque, se eu estiver certo, uma montanha de monstros está vindo aqui neste instante! – disse meu pai com se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.

– Como assim? Por quê?

– Bem, segunda uma ker – no momento em que ele disse isso, todos ali pareceram confusos como se não soubessem do que ele estava falando, apenas Quíron pareceu ligeiramente surpreso – e duas górgona, Helena é muito poderosa. Minha filha herdou o dom dos seus dois avós: Atena e Poseidon. O cheiro dela deve ser suficiente para encobrir o de todos os outros aqui. Quando o primeiro sinal de seu poder se manifestou, apenas uma pequena onda numa poça, vários monstros a seguiram. Tivemos que matar essa tal de ker, Esteno e Euríale no caminho até aqui.

Quando meu pai terminou seu pequeno “discurso”, não houve nada; apenas o nada infinito. Apenas um silêncio mortal. Um silêncio tão grande que parecia fazer barulho. Todos estavam nos olhando como se tivéssemos acabado de falar que o Olimpo não passa de uma ilusão de ótica e que tudo isso é mentira. Percebi que algumas pessoas estavam com os grafos a caminho da boca, mas pararam no meio da “estrada”. Parecia que todos estavam esperando ele falar “Brincadeirinha gente! Eu tava só zoando! Vocês não acreditaram, não é mesmo?!”. Mas eu sabia que isso não ia acontecer, e me dei conta do quanto estava pondo a vida de todos em risco. O silêncio esmagador se expandia cada vez mais, deixando impossível alguém não corar, pois era muitíssimo constrangedor. Até que Quíron falou, rompendo o silêncio:

– Percy, eu garanto, com o Velocino de Ouro que você trouxe para cá e o Peleu guardando o Pinheiro nada vai entrar neste Acampamento! E, afinal, mesmo que entrasse daríamos um jeito, temos grandes guerreiros aqui!

Todos se moveram, parecendo terem despertado de um transe com o elogio feito por Quíron. Ele falou algo no ouvido de meu pai e ele assentiu uma vez com a cabeça, respondendo a pergunta que eu não sabia. Então nos encaminhamos à mesa de Poseidon. Mas, antes que Mayana pudesse sentar, apareceu sobre sua cabeça um símbolo: uma chave cruzada sobre um caldeirão, ele exibia uma luz verde e preta. Ela parecia muito assustada. Todos a olhavam, mas não pareciam tão surpresos, isso acontecia toda hora. Mas eu sabia que era um aviso de que ela devia ir para a mesa com seus iguais.

– May – eu disse com o apelido carinhoso e meloso que eu só usava em horas difíceis com aquela –, esse é o símbolo da sua mãe, Hécate. Significa que você vai ter que sentar com as outras pessoas, com seus irmãos na verdade – ela me olhou com os olhos arregalados, como se eu estivesse ficando louca. – Mas se você não quiser precisa ir. Eu vou pedir pro Quíron deixar você ficar aqui.

Eu fui até a mesa principal disfarçadamente, ignorando muitos olhares pousando sobre mim.

– Quíron, Mayana acabou de chegar. Será que ela não pode ficar na nossa mesa por enquanto, só até ela fazer amizade com alguém – ele me lançou um olhar de censura.

– Tudo bem Helena, mas é só no jantar de hoje. Ela também não poderá dormir no mesmo chalé que você.

– Tudo bem – respondi. Voltei-me para Mayana e acenei para ela se sentar. Ela pareceu aliviada.

Jantamos e depois nos reunimos na fogueira cantando músicas. Foi uma noite agradável, não fosse a permanente sensação de que algo estava errado. Eu sentia que algo estava para acontecer, e era grande. Após terminar a cantoria dos filhos de Apolo, fomos nos deitar. Mayana ainda parecia assustada, mas concordou em dividir o chalé de Hécate. Eu mesma cuidei para que ela fosse muito bem recebida.

Deitei em um beliche que havia de sobra no chalé três, já que Percy e Tyson eram os únicos filhos de Poseidon do acampamento e meu tio não estava aqui. Assim que deitei senti o corpo relaxar, não havia percebido que estava tão cansada. Minha última visão é a de meu pai e minha mãe entrarem no quarto se beijando

Em meu sonho, primeiramente, eu estava vendo imagens de meu dia conturbado. Taisa caindo da escadaria, a ker do orgulho, Esteno virando pó, etc. Mas, de repente, o cenário mudou bruscamente. Agora eu estava em uma linda clareira, cercada por árvores que davam as mais belas frutas e cheias de flores.

Havia uma grande arcada feita de flores e uma espécie de “palco” onde havia um homem já velho e uma mulher muito bonita, eu podia perceber que ela era uma ninfa. Sua pele era alva e ela parecia transmitir frescor, então deduzi que era uma ninfa do mar. Parecia uma grande festa. E quando digo grande não estou aumentando nada, pois até os deuses estava lá. Havia comida em um balcão bem no centro da clareira. Tinha de tudo: desde frutas suculentas, passando por carne assada, até ambrosia e néctar.

Então reparei em algo estranho. Entre algumas árvores, escondida do olhar de todos, estava a mulher mais linda que já havia visto. Sua pele era muito branca com bochechas levemente rosadas, mas se percebia que era natural. Seus lábios eram vermelhos, mas também naturais. E seus cabelos de um negrume profundo, só não era mais escuro que o meu. Se eu não soubesse quem ela era, podia jurar que era a Branca De Neve. Ela tinha um olhar azul profundo, que só não ganhava dos olhos do meu pai. Parecia um imenso mar no qual poderíamos mergulhar e ele não tinha fim. Mas como qualquer mar, nós nos afogamos se ficarmos muito tempo nele – tirando meu pai, e agora provavelmente eu, claro. E foi assim que eu me senti ao olhar por tanto tempo nos olhos dela, afogada. Por trás de tanta beleza, havia uma frieza e uma maldade devastadora. Como se um terrível demônio de aparência muito pior a qualquer fúria, górgona ou ker, estivesse prestes a assumir o lugar daquela eximia dama.

Ela saiu do meio das árvores e se dirigiu até uma bancada onde estavam sentadas três lindas mulheres – Afrodite, Hera e Atena. Todos abriram a boca em um perfeito “O” ao vê-la. Apenas Zeus fechou seus lábios em uma linha rígida e trincou os dentes.

Parou em frente a bancada onde estavam sentadas as deusas. Com a postura ereta, a cabeça levemente erguida e o olhar frio, exalava tanta auto-confiança que, quem estivesse ao seu redor, com certeza seria atingido por um impulso de acreditar que ali ninguém era melhor que ela – assim como eu me senti. Os olhos das três brilharam a visão do que ela segurava em sua mão. Ao ver, acho que a minha reação foi a mesma. Era uma maçã linda, dourada. Mas não como no jardim das Hespérides, não era de comer. Era quase como um troféu, para se guardar e polir diariamente.

– Este Pomo pertencerá à mais bonita das três – todos se entreolharam como se antecipassem uma briga. As deusas fuzilaram umas as outras com o olhar. – Para se justo, alguém deve escolher uma de vocês. Peçam para Páris, um pastor que está nas montanhas. Ele é príncipe de Tróia mas não sabe. Ele poderá julga-las corretamente.

E dizendo isso, Éris, a deusa da discórdia, se transformou em fumaça e desapareceu. Elas saíram andando, como se tivessem todo o tempo do mundo – e tinham – e eu as segui. Andaram por alguns vales e morros até chagarem a um rebanho de ovelhas. Entre elas, com um cajado de madeira a mão, estava um rapaz com seus 20 e poucos anos, era loiro de olhos claros, bonito. Elas se apresentaram e se apressaram a suborna-lo: Hera ofereceu riquezas, Atena ofereceu poder na batalha e sabedoria e Afrodite ofereceu o amor da mulher mais bela de todas, Helena – minha xará – esposa do rei de Esparta, Menelau. Ele estendeu sua mão com o Pomo na palma para Afrodite, ganhando assim a proteção da mesma. No entanto, no mesmo momento era visível que ganhara duas inimigas poderosíssimas.

Depois disso o sonho se transformou novamente. Flashes da Guerra de Tróia perpassavam pela minha mente, até que percebi algo diferente: entre as imagens da Guerra, havia outras, imagens de pessoas comuns, comerciantes, empresários, donas de casa, professoras, todas brigando entre si. E no fim vi a cidade de NY destruída e o Empire State completamente esburacado. Infelizmente, eu sabia o que aquilo significava.

Tam, tam, tam! Acordei com batidas na porta.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Mortal, Filha De Dois Deuses." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.