Christmas Love escrita por Duda Ribeiro


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Apenas postando o capítulo.



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Ao entrar na sala com a bandeja nas mãos, Daisy não pôde deixar de sorrir. Sentada num sofá, ao lado da arvore de Natal, a sra. Hamilton olhava embasbacada para a neta.

– Essa menina é mesmo uma gracinha, filho.

– Eu também acho. Sabe que... – Matt interrompeu a frase ao ver Daisy. E, imediatamente, foi pegar a bandeja. Ela, que não esperava por aquele gesto tão cavalheiresco, ficou muito vermelha, fato que não passou despercebido a ele.

– Você está com algum problema circulatório? – Matt perguntou num tom meio brusco.

– Mas é claro que não. Por quê?

– Um jeans tão apertado como esse que está usando, só pode causar problemas circulatórios.

– Não vejo nada de errado com esse jeans.

– Mas eu vejo. Ele está apertado demais.

A sra. Hamilton, entretida com Sophie se mostrava totalmente alheia á conversa que se estabelecera entre os dois.

“ O que deu no Matt? Ele nunca falou comigo assim antes. E essa calça, comparada ás que Paige usava, até que está bem folgada. E eu passei meses economizando para comprá-la! “

– Quer dizer, então, que você não gostou da minha calça? – resolveu provocá-lo.

– Não, não gostei. Como acabei de lhe dizer, ela está justa demais.

– Sinto muito, mas é o modelo que está na moda.

– E desde quando você começou a se preocupar com a moda?

– Desde que eu cresci.

– É, realmente você cresceu muito desde a ultima vez em que a vi.

– Pensei que você não tivesse notado.

– Pois eu notei, sim. E acho que não deveria se vestir de maneira tão provocativa. Você pode se arrepender.

– Arrepender? – ela perguntou espantada.

– Sim, senhora. Se arrepender.

– Você está muito diferente, Matt. Suas palavras parecem de um homem bem mais velho.

– Acontece que hoje eu me sinto um homem bem mais velho. E acho que não deveria usar roupas como essa.

– Como é? Vocês não vão me servir esse chá? – a sra. Hamilton reclamou. – Desse jeito ele vai esfriar.

Sem dizer mais nada, Matt colocou a bandeja sobre a mesinha de centro e serviu o chá.

Daisy, que havia se sentado numa poltrona, disfarçadamente observava-lhe cada movimento. E não foi difícil perceber que ele havia mudado muito. Apesar da aparência muito jovem, Matt estava bem mais compenetrado.

“ Matt está mais frio e agressivo também. O que ele viveu nesses últimos tempos o marcaram profundamente. Em um ano, casou, teve uma filha e ficou viúvo. Paige faleceu um mês depois que Sophie nasceu... “

Matt estava conversando com a mãe sobre a vida em Nova York. E Daisy viu que os gestos dele eram bem mais contidos que antigamente.

“ Antes Matt mais parecia um furacão. Quando entrava nesta casa, trazia junto com ele muita luz e alegria. Tudo o que sou, devo a esse homem. Era ele quem me indicava os livros que deveria ler, os filmes aos quais eu deveria assistir, os museus que deveria visitar... E eu adorava quando me contava sobre as inúmeras viagens que já fez.” Daisy sorriu de maneira triste. “ E agora... Por que será que ele resolveu criticar a calça que estou usando? Matt sempre foi muito liberal. Se não fosse, não teria se casado com Paige Hill. “

A conversa entre Matt e a mãe continuava. Daisy se perguntava quando fora exatamente que havia começado a se interessar por ele. E não soube responder a pergunta.

“ Matt Hamilton jamais, nem remotamente, pensou em mim como mulher. Para ele fui e vou continuar sendo a irmãzinha que ele nunca teve! “

– Quer que eu segure a Sophie um pouco, mãe? – ele perguntou.

– Não, estou adorando ficar com a minha neta no colo. Faz muito tempo que aguardava este momento.

– Mas assim não dá para a senhora tomar o chá. Depois eu a devolvo.

– Devolve mesmo? – a sra. Hamilton ainda continuava muito encantada com Sophie.

– Pode estar certa de que sim.

– Entao, pode pegá-la.

Matt colocou na bandeja a xícara que tinha nas mãos e pegou a filha no colo. Ao vê-lo, Sophie sorriu. Inspirando profundamente, ele também sorriu para a filha.

Pela primeira vez desde que Matt havia chegado, Daisy notou que o rosto dele descontraía totalmente.

“ Ele parece adorar essa garotinha. Mas também não é para menos: Sophie é um bebê incrivelmente lindo. E, apesar de ter perdido a mãe quando tinha apenas um mês, ela me parece muito tranqüila. “

A sra. Hamilton serviu-se de uma xícara de chá e perguntou:

– Daisy, não vai tomar mais chá?

– Não, obrigada, ainda tenho um pouco aqui na minha xícara.

– Você está muito calada. Aconteceu alguma coisa errada?

– Não, está tudo certo. – “ Só estou me sentindo absurdamente perturbada com a presença de uma certa pessoa “, ela teve vontade de dizer.

– Pensei que fosse ficar mais contente por rever Matt.

– E estou muito contente. – Daisy respondeu, torcendo para não ficar vermelha.

– Eu também. Também estou muito contente por rever o meu filho e por, finalmente, conhecer a minha netinha. – A sra. Hamilton tomou um gole do chá e se levantou. – Bem, preciso fazer uma ligação.

– Por que não liga daqui, mãe? – Matt perguntou.

– Prefiro fazer a ligação lá na outra sala, assim você e Daisy podem conversar á vontade. Afinal, faz tempo que não se encontram.

Antes de deixar a sala, a sra. Hamilton deu um beijo no rosto de Sophie e comentou sorrindo:

– Minha netinha é a coisa mais linda que Deus pôs neste mundo.

– Eu, pelo jeito, perdi o lugar no coração de Pattie Hamilton – Matt disse á mãe.

– Não, meu filho, você jamais vai perder o seu lugar dentro do meu coração. Mas a Sophie é a alegria que estava faltando na minha vida.

Emocionada, a sra. Hamilton saiu da sala.

– Sua mãe estava muito ansiosa com a vinda de vocês – Daisy disse.

– Só a minha mãe?

– Claro que não. Eu também estava louquinha para conhecer a Sophie.

– E o que você achou dela?

– Uma gracinha.

Matt olhou para a filha e perguntou:

– E aí, querida? Que tal tomar um pouquinho de água? Você deve estar com sede.

Sophie abriu um amplo sorriso pro pai.

– Daria pra você abrir aquela bolsa azul e pegar a mamadeira com água para mim, Daisy?

– Mas é claro que sim. – Ela levantou-se, abriu a bolsa, pegou a mamadeira e, meio trêmula, a entregou a ele. Depois, voltou a se sentar.

– Por que está me olhando dessa maneira estranha, Daisy?

– Estou olhando para você como sempre.

– Não, algo no seu jeito, no seu olhar, está diferente. – Ele deu a mamadeira á filha.

– É impressão sua.

– Será que está espantada ao ver um magnata cuidar de uma criança?

– Não, estou espantada de ver você cuidando de uma criança. Para mim você sempre foi e sempre será o Matt, não um magnata.

– É muito bom ouvir isso. Detesto ser tratado como um ser diferente só porque sou rico.

– Nunca me impressionei com dinheiro, Matt. E você sabe disso.

– Esta viagem me deixou muito cansado. – Ele esticou as pernas.

– Sophie deu trabalho durante a viagem?

– De jeito nenhum. Mas eu a trouxe no colo de Nova York até aqui.

– Agora estou entendendo o porquê de ela ser um bebê tão tranqüilo.

– Daria para me explicar melhor o que acabou de dizer?

– Sophie é tranqüila assim porque se sente uma criança muito amada. – Daisy deu um profundo suspiro e disse: - Você já se recuperou da perda de Paige? Deve ter sido terrível para você tudo o que lhe aconteceu. Fiquei muito preocupada, mas a carta que lhe escrevi foi totalmente inadequada.

– Não, muito pelo contrário, gostei muito de receber aquela carta.

– Sua mãe e eu queríamos muito ter ido ao funeral, mas você não parecia disposto a conversar com ninguém. Aí, resolvemos ficar por aqui mesmo. Nós...

– Daisy – ele a interrompeu e, em seguida fez uma pausa. Parecia estar escolhendo as palavras para terminar a frase. - Bem, não quero falar sobre o passado, não quero falar sobre Paige. Não faria bem a mim, nem á Sophie. O que eu quero agora é tocar a minha vida para frente.

– Certo. Não quis ser indiscreta.

Daisy, continuou conversando com Matt. Mas a conversa não corria solta, leve, como nos velhos tempos. E um silencio muito grande se fez entre os dois. E foi inevitável pensar no passado.

Desde que Matt havia se mudado para os Estados Unidos, tinha sido poucas as vezes que ele viera para a Inglaterra. Numa dessas vezes, o contentamento da sra. Hamilton com a vinda do filho foi tanta, que resolveu fazer um baile em comemoração.

Ao saber da novidade, Daisy ficou eufórica. Era o primeiro baile do qual iria participar. E o melhor de tudo: Matt estaria presente. Ela, então, comprou um vestido longo adorável em musseline cor-de-rosa. Porém, quando quis comprar os sapatos, o dinheiro não foi suficiente. Mas uma amiga, ao emprestar-lhe um par de sapatos preto, resolveu o problema.

No dia do baile, em que seria realizado ali mesmo na mansão dos Hamilton, Daisy mal podia conter a ansiedade. Depois do almoço, tinha ido ao cabeleireiro e de lá havia saído com as unhas dos pés e das mãos feitas, além de um belo penteado.

Uma hora antes do horário previsto para a chegada de Matt ela estava pronta.

Aos poucos, os convidados foram chegando e nada de Matt. Daisy temia que ele tivesse desistido da viagem de ultima hora, como já acontecera uma vez. Foi aí que o telefone tocou. Era Matt, já em Londres, avisando que iria se atrasar por causa de um problema que tinha acontecido com o avião um pouco antes de saírem dos Estados Unidos.

Daisy, sorrindo, tentou disfarçar a decepção. Mas, pelo menos, iria vê-lo ainda naquela noite.

Ela então aguardou e fez de tudo para que o tempo passasse mais depressa: mesmo sem fome, comeu vários salgadinhos, tomou duas taças de champanhe e, mesmo sem a menor vontade, dançou com vários jovens presente no baile. Porém, o tempo todo olhava para a porta de entrada por onde, de repente, Matt iria surgir.

Em um dado momento, temendo que a maquiagem não estivesse boa, ela foi para o quarto. Quando voltou para o salão onde se realizava o baile, seu coração quase parou. Matt estava lá: lindo, fantástico, num smoking impecável. A vontade de Daisy fora correr para abraçá-lo e dizer-lhe o quanto estava com saudades. Mas, profundamente emocionada, se conteve. E fora naquele momento que havia percebido que Matt estava acompanhado por uma das mulheres mais lindas que um dia já vira. Daisy, apesar de não reconhecer logo a acompanhante de Matt, tinha certeza que aquele rosto lhe era muito familiar. Naquele instante, ela ouviu um comentário de uma das convidadas:

–É inacreditável! A moça que está com Matt é Paige Hill! Jamais pensei que fosse vê-la um dia usando um vestido tão sofisticado!

Ao ouvir aquele nome, Daisy sentiu as pernas fraquejarem. Era por isso que havia achado muito familiar o rosto daquela jovem de estonteantes olhos azuis.

Matt, muito á vontade, começou a apresentar Paige Hill aos convidados. Daisy, então, resolveu se trancar na biblioteca onde ficou por mais de uma hora. Ao voltar para o salão, deu de cara com Matt.

– Como você está linda! – ele disse ao cumprimentá-la. – Mas acho que não estou lhe dizendo nenhuma novidade. Todos os rapazes presentes aqui devem ter lhe dito a mesma coisa.

– Onde está Paige?

– Paige foi retocar a maquiagem. Portanto, teremos tempo de sobra para dançarmos. – Ele colocou o braço sobre os ombros delicados dela.

Daisy quis recusar o convite, mas se sentiu incapaz. Quando deu por si, estava na pista dançando com o homem com quem sonhava noite e dia.

“ O que estava esperando? Que Matt chegasse aqui, me visse toda arrumada e me dissesse que nós íamos nos casar? Não, mas é claro que ele não faria isso. Mas eu, idiota, sonhei. Sonhei e fantasiei muito. Agora tenho que enfrentar a realidade! E a realidade é só uma: Matt está namorando a mais famosa cantora de todos os tempos. E parece estar apaixonado por ela! “

Os dois continuaram dançando. Cerca de quinze minutos mais tarde, foram interrompidos por uma voz macia, com um forte sotaque americano:

– Matt, querido... Procurei você por todos os cantos dessa casa.

– Paige...

– Não acha que ela é muito jovem para você? – A cantora sorriu de maneira sedutora.

– Ela é muito jovem, sim, mas hoje a minha quase irmãzinha está parecendo gente grande.

– Quase irmãzinha? – Paige perguntou com muita segurança, uma segurança que Daisy nunca tinha visto na vida.

– Essa é Daisy. Ela mora aqui conosco há muitos anos. Eu, praticamente, a vi crescer. – Matt terminou as apresentações: - E essa, Daisy, é Paige Hill.

– Oi... – ela havia dito, certa de que Matt não a enxergava mais. Ninguém era páreo para Paige Hill.

– Você é muito bonita, Daisy.

– Obrigada, eu sou sua fã.

– E quem não é? – ele perguntou, orgulhoso. – Você está com fome, querida?

– Faminta.

– Bem, então, vamos comer. Vejo você depois, Daisy.

Os dois tinham se afastado. E, naquela noite, Daisy não havia tido mais contado com Matt. Apenas o fitara de longe, vendo seus sonhos de menina caírem por terra. E não tinha sido nada fácil ver o homem amado nos braços de outra mulher. Três dias mais tarde, Matt acompanhado da bela Paige Hill, havia voltado para os Estados Unidos.

– Não vai compartilhar comigo os seus pensamentos? – Matt perguntou, tirando Daisy dos seus devaneios.

– O que foi que disse?

– Perguntei se não vai compartilhar os seus pensamentos comigo.

– Não estava pensando em nada importante.

– Será que não? – ele duvidou.

– Só estava pensando se lavo ou não os meus cabelos.

– Para mim eles estão ótimos assim.

– Mas acho que vou lavá-los, sim. Tenho uma festa hoje.

– Uma festa? – Matt estava espantado.

– Por que o espanto? – Daisy se levantou. – Cheriton não é Nova York, mas aqui também nós temos uma vida social bem agitada.

– Será? – Matt ironizou.

– Temos sim. Agora, se me der licença, vou me retirar.


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Notas finais do capítulo

Amanhã, talvez, estarei postando mais alguns capítulos. E por favor, deixem reviews.
Beijos.



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