Star Wars 3,5 - a ascensão dos Rebeldes escrita por Raphael Redfiel


Capítulo 8
Dualidade




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A tempestade havia chegado com força, molhando a areia, machucando e flagelando sua alma. Estava sozinho, como em todos os dias da sua vida, sozinho. Queria realmente entender porque foi abandonado, porque logo ele. Merecia mesmo aquele destino?

Conseguia se lembrar dos gritos, do fogo e do sangue, ainda podia sentir as cicatrizes queimarem, mas o pior era o que todos diziam quando o viam, "aberração", não era algo a se dizer para uma criança, tão jovem, tão inocente e tão maldoso. A vida havia lhe ensinado a fazer o errado, a se vingar sempre, a lutar pelo que achava ser seu de direito e além do mais ensinou a ser egoísta.

A vida continuou assim por anos, até que ele apareceu, o homem de manto marrom, a primeira pessoa que sentou do seu lado, que quis saber seu nome, coisa que nem ele mesmo sabia. A melhor imagem que tinha era seu sorriso e a mão erguida esperando uma resposta. E essa resposta foi sim.

O mestre, assim como aprendeu a chama-lo, o ensinou tudo que o haviam negado, deu amor que nunca pode sentir, aprendeu a ler e a escrever, mas o mais importante o ensinou a ser alguém.

Finalmente ele havia ganhado um nome, Krull Hutgar, agora ele tinha uma identidade, algo que pudesse provar sua existência.

Depois disso só o que havia para lembrar, eram as dores, as chagas impostas pelo passado, as cicatrizes que abriam todos os dias, sangue, sofrimento, tudo sendo sustentado por uma insana vontade de mostrar ao mestre do que era capaz e pela ânsia aterradora de nunca mais voltar a ser o que era. Um pobre garoto estranho. Um pequeno monstro que ninguém sabia de onde veio.

Com o tempo ele aprendeu o que fez se tornar uma religião, usou e abusou disso, se tornando poderoso ao longo dos anos, criando força e perseverança. Apesar de o mestre parar de velo com tanta regularidade, ele sabia que não havia desistido dele, apenas estava dando o espaço necessário para que crescesse e se tornasse o que o mestre queria, um guerreiro, um lutador, aquele que realizaria os desejos do mestre e aquele que se sacrificaria para atender os anseios dele.

Assim que conseguiu se tornar um guerreiro, ganhou finalmente um nome por seus inimigos, suas pobres vítimas, que o chamavam de, A morte laranja.

O tempo passou e ele foi ganhando a cada dia experiência, ganhando temor pelos outros e além de tudo, ganhou uma nova vida. Finalmente o mestre decidiu que ele merecia um segundo nome, algo que realmente desse medo nas pessoas, algo forte, e esse nome foi Darth Raven, A morte laranja, o assassino de mil braços.

Porém a cada novo passo, seu egoísmo se tornava pior e ele desejava ter tudo cada vez mais, mesmo que precisasse tomar medidas drásticas. Quando o mestre foi lhe fazer uma nova visita, ele conheceu algo que fez seus olhos brilharem, um segredo tão bem guardado que apenas os Jedi mais importantes deveriam saber. Um sabre de luz com um poder tão arrasador que nenhum Jedi conseguiu colocar as mãos, mas ele não era um Jedi qualquer, ele era um Sith, um ser muito mais poderoso. Seu mestre então o levou em uma jornada de cem dias, a procura do lugar exato, tão distante do mundo que ele conhecia e tão bem protegida para encontrar a arma perfeita.

A lágrima de Ragnos, era o nome do sabre, o mais poderoso deles. Devido a profanação do vale dos Jedi perto do planeta Ruusan, causados pelo Ex-Jedi Jerec, os sentimentos de ódio e destruição ficaram encravados no coração do vale, onde anos mais tarde conseguiu produzir um cristal bem pequeno, mas com uma imensa energia negativa. Esta pedra maligna deu origem a um sabre, que possuía uma luz única, um violeta escuro, próximo ao preto, mas havia um risco para o possuidor, sua lâmina produzia interessantes efeitos, fazia florescer sentimentos como o ódio, tristeza e vingança. Características típicas dos Sith. Muitas lendas contam que poucos foram os sobreviventes que empunharam sua lâmina e evitavam sempre falar sobre o assunto.

Esta arma foi guardada pelos Jedi em um lugar misterioso que o mestre não ousou mencionar, ele claro obedeceu e chegou ao lugar sem problemas, a partir dali tudo seria um teste atrás do outro, primeiro assassinar todos os guardas, depois chegar até o objeto e conseguir fugir com ele. Mas havia algo errado, ele pressentiu que não havia guardas o suficiente, mas já era tarde, ali bem na frente dele um emaranhado de Jedi apareceram e conseguiram deter o Sith, ele jamais se esqueceria do pequeno Jedi verde, que ele subestimou e acabou perdendo a batalha. Seu mestre apareceu nas sombras com uma cara preocupada. Nesse momento seu ódio cresceu, como o seu mentor poderia deixar aquilo acontecer com ele, agora ele iria ser levada para um prisão no lugar mais distante do universo, tudo graças a ambição do mestre. Mas ele era inteligente, antes dos Jedi se aproximarem ele desmontou o objeto e engoliu a pedra, ele pode sentir como se um vulcão explodisse e antes que desmaiasse, montou novamente o objeto. Quando acordou vomitou uma massa negra e gosmenta, sua garganta queimava, tudo a sua volta era sujo e precário, havia apenas uma porta com uma minúscula janela. Ele estava aprisionado. Mas tudo estava bem, ali brilhando no vomito estava a pedra, somente sua.

 

 

 

Como se fosse puxado novamente a realidade Krull Hutgar voltou ao presente. Assim que recobrou tudo que havia acontecido até agora, visualizou o jovem Jedi a sua frente, avançando com cautela para golpea-lo. Mas ele foi mais rápido dando uma rasteira e chutando seu abdómen.

Druvanii caiu rolando, gemendo quando finalmente parou. Levantou com dificuldade observando o Sith. Krull havia retirado seu traje revelando a aberração abaixo dele. A primeira coisa que se destacava eram sua pele alaranjado, depois os seis pares de olhos em um rosto oval, cabelos vermelhos como sangue e onde deveria haver braços e pernas, ele apenas encontrou oito pares de tentáculos. Seu rosto mostrava um sorriso demoníaco que faria qualquer criança chorar.

--- Esse será seu fim Jedi! --- urrou o Sith.

A batalha então começou de verdade, o Sith atacava de um modo feroz e rápido, porem Druvanii não ficava atrás, conseguindo prever todos os golpes, mas não conseguia ter tempo de contra atacar. O problema real era aquele maldito sabre negro, toda aquela energia negativa que ele emanava, não deixava ele se controlar, era como se a todo momento levasse um susto. Krull era muito rápido e tinha uma flexibilidade impecável, porem Druvanii tinha uma resistência bem mais forte e possuía uma visão perfeita o que tornava a batalha mais emocionante. Uma coisa que preocupava Grataeel era que tanto Midrael quanto Goldfield ainda não o haviam encontrado. Será que eles estavam bem?

--- Esta distraído Jedi --- disse o Sith atacando com um salto.

--- Não mesmo Sith --- respondeu Druvanii repelindo o ataque a tempo.

O Sith atacou novamente, mas desta vez fez algo diferente, com um tentáculo atacou com o sabre e com o outro acertou Druvanii. O Jedi sabia que estava em desvantagem quanto a membros, mas se essa fosse sua fraqueza, ele teria que destrui-la. Krull continuou com o ataque, mas não previu que desta vez o Jedi havia mirado o ataque em seu outro braço. Um dos tentáculos foi decepado, deixando uma poça de sangue amarela no chão.

--- Desgraçado! --- urrou o Sith.

--- Vamos, tente me acertar novamente e eu decepo outro --- provocou o Jedi.

Nesse momento Midrael apareceu.

--- Cheguei a tempo? --- perguntou Midrael preparando para atacar o Sith.

--- Sinto muito Jedi --- respondeu o Sith acertando ele com uma rajada de raios roxos, que fez Midrael voar além de onde Druvanii podia ver.

--- Seu maldito! --- urrou atacando o Sith.

Krull defendeu os ataques de Druvanii e parecia muito confiante com um sorriso no rosto. Mas a luta já estava cansando ambos e Druvanii parecia muito preocupado.

--- Ele morreu rapaz --- provocou o Sith --- Ninguém pode aguentar um ataque desses direto no peito.

--- Cala a boca!

--- Nervosinho.

--- CALA A BOCA!

Nesse momento Druvanii usou toda sua fúria, partindo para cima do Sith que não pode deter o ataque, fazendo perder mais um dos seus tentáculos.

--- Chega! --- urrou Krull --- Cansei de brincar com você!

O jovem Jedi não teve como se preparar para o ataque, uma rajada de raios avançou contra ele, mesmo desviando de alguns, um deles acertou a mão em que segurava o sabre. Este voou longe caindo no chão, onde começou a queimar o tapete, que pegou fogo no exato momento.

Krull Usou seus tentáculos remanescentes para prender cada membro do Jedi.

--- Devo dar os parabéns, ninguém conseguiu me enfrentar com tanta fúria --- Levantou o sabre e apontou diretamente para a cabeça do Jedi --- Tudo bem que estou um pouco enferrujado, mas você foi esplêndido, por isso, vou deixar que escolha como quer morrer.

--- Sinto muito, mas eu não vou perecer aqui!

Dizendo isso, Druvanii usou a força trazendo seu sabre caído, girando ele no ar como um bulmerange afim de decepar o braço do Sith, com isso acabou atirando ambos os sabres longe. Krull urrou de dor novamente e no momento que se distraiu, Druvanii deu uma cabeçada e conseguiu levantar em tempo de usar a força e fazer o sabre voltar para suas mãos. Mas havia algo de errado, quando ele viu uma luz negra saindo do sabre ele se assustou. Nesse momento uma onde de raiva, ódio e vingança tomou seu corpo, algo estava corroendo sua alma, fazendo ele ter pesadelos e visões de coisas que não haviam acontecido. Tentou soltar o sabre, mas não conseguia, tentou procurar o seu, mas a única coisa que avistou foi uma janela quebrada. Seu sabre havia se perdido.

Então o Sith começou a rir, uma risada maléfica.

--- Coitado, tão puro para usar esta arma, vai perecer por essa insolência Jedi.

--- Fique calado miserável! --- urrou Druvanii perdendo o controle, seus olhos em chamas.

Druvanii ficou de frente para o Sith, sentindo tanto ódio por aquela besta, tanta vontade de mata-lo, de cortar ele em milhões de pedaços, fazer aquela coisa sumir para sempre que não pode se controlar.

--- Morra aberração! --- Druvanii golpeou com o sabre a cabeça do Sith, apesar de reparar em uma lágrima cair ao dizer a palavra aberração, ele não conseguiu sentir nenhuma gota de pena, o ódio falou mais alto.

Midrael apareceu junto de Goldfield que estava zonzo. Ambos estavam apreensivos com a situação, viam nos olhos de Druvanii o sangue.

--- Grataeel! --- chamou Midrael boquiaberto --- Solte isso antes que seja tarde!

Druvanii não obedeceu, estava obcecado com o objeto, a luz da lâmina hipnotizava sua mente.

--- Midrael espere --- cochichou Goldfield --- Ele não esta raciocinando, você o conhece bem, converse com ele sobre o passado, talvez ele acorde do transe.

Entendendo o que deveria fazer, deixou Goldfield apoiado na parede e seguiu com cuidado até o amigo.

--- Druvanii, nunca vi você assim perdido em pensamentos desde que te ensinei a dirigir uma nave, você lembra?

Druvanii não mexeu um músculo.

--- Amigo, vamos, tenho certeza que quando tudo acabar, você vai poder ve-la novamente, quanto mais cedo terminarmos essa missão, mais cedo você vai poder correr para os braços dela.

Ele havia pego no ponto certo, Druvanii acordou do transe, desligando o sabre, com uma lágrima nos olhos saiu andando para o corredor de onde haviam vindo. Goldfield piscou para Midrael e fez sinal para não falar mais nada. Druvanii estava tento uma batalha interna, amor e ódio, duas linhas de sentimentos que andam juntas. Entraram na sala destruída pela explosão, Druvanii já estava onde antes havia a porta que levava ao Hall do castelo. Quando ambos se juntaram sentiram como se o Jedi estivesse exalando algo, perigoso e mortal, uma aura negra expelindo qualquer coisa próxima. Desceram os escombros com cuidado chegando até o portal onde antes ficava a porta de entrada do castelo.

--- Esperam --- pediu Midrael analisando o clima --- Clones!

Não era difícil perceber isso, passos vinham com força do lado de fora. Todos já estavam prontos, Midrael escondido atrás do que havia sobrado de um pilar, Goldfield atrás de um amontoado de entulho apoiando as armas nele, para se proteger dos disparos e por fim Druvanii que não havia movido um músculo e continuava olhando fixamente para a porta.

--- Rapaz se esconda! --- urrou Goldfield apavorado vendo os primeiros clones surgirem.

Druvanii não obedeceu, continuou olhando ameaçadoramente para os inimigos.

--- Grataeel isso é uma ordem direta do seu mestre! --- exclamou Midrael --- O que você pensa que esta fazendo, venha aqui agora!

Ele olhou diretamente para Midrael que ficou exaltado ao ver os olhos do amigo em chamas, voltou a posição original e ficou como um samurai pronto para desembainhar a espada. Os clones amontoavam-se do lado de fora, naves pairavam acima deles ameaçadoramente.

Os clones dispararam, levantando poeira. Druvanii continuava na mesma posição apenas se defendendo dos disparos, dos quais com uma habilidade notável retornava para o atirador. Midrael e Goldfield estavam impressionados com a coragem do amigo, ele deveria ter perdido toda a sanidade. Devido a poeira que tapava boa parte do cenário, os clones pararam os disparos e entraram no Hall para terminar com aquilo depressa. Midrael já havia se preparado quando sentiu alguém puxando-o.

--- Goldfield! --- exclamou reconhecendo o Jedi --- O que você pensa...

--- Olhe! --- interrompeu Goldfield.

Os dois observaram o cenário, no centro Druvanii permanecia parado com o sabre de luz agora desligado. Quando os clones se aproximaram mais uma coisa inacreditável aconteceu, Druvanii soltou o sabre e disparou raios roxos contra os clones. Uma onde elérica correu por cada um dos corpos dos clones que estavam dentro do castelo, o cheiro de carne humana queimada tomou o lugar. Quando perceberam que o raios haviam se dispersado, viram agora o amigo atacando os clones do lado de fora, com uma fúria mortal e precisa. Como uma tempestade os raios iluminavam o lugar ameaçadoramente, apenas havia um vulto do lado de fora como o senhor dos raios, destruindo tudo a sua volta. As naves antes prontas para atirar, voavam como cometas batendo com força no chão. Quando tudo pareceu acabar uma nova onda tomou o lugar, uma grande explosão como a que haviam criado no hospital, mas não tão poderosa.

--- Mestre devemos ir? --- questionou Midrael boquiaberto.

--- Vamos esperar mais um pouco.

Ficaram de olhos bem abertos observando todo o local, esperando ver algum sinal da vitória do amigo ou da sua derrota. Quando a neblina que havia se formado, devido a neve derretida pelos raios começou a se dispersar no meio do local, avistaram Druvanii caído. Ambos deixaram suas posições e correram para acudir o amigo, procuraram sinal dos clones, mas não sentiam presença alguma, provavelmente estavam todos mortos.

--- Grataeel meu amigo --- disse Midrael agachando ao lado do discípulo, segurando sua mão --- Não desista agora.

Goldfield verificou o pulso, o coração ainda batia bem fraco, mas batia.

--- Ele vai sobreviver, precisa apenas descansar um pouco.

--- Me...mestre --- Druvanii disse baixinho virando a cabeça pra Midrael --- Eu ia matar vocês, tive que gastar toda minha energia destruindo eles, quase fui levado para o lado negro, me desculpem.

--- Não fale --- pediu Midrael --- Apenas descanse, conversamos depois.

--- Tudo bem --- disse Grataeel sorrindo e aos poucos perdendo a consciência até adormecer profundamente.

 

 

 

Como é bom sonhar, viajamos longe onde não imaginamos poder alcançar. Um campo florido, uma linda jovem andando pelas flores sorridente e feliz. O Sol brilhando, dando destaque a linda mulher. A noite começa a cair de vagar, tornando o lugar escuro, a dama não mais anda pelo campo, esta quieta olhando para as estrelas, com lágrimas nos olhos. Um vendaval vem e toma essa imagem trazendo outra. A escuridão total.

--- Sinto sua falta --- sussurrou Druvanii para si mesmo --- abriu os olhos esperando ve-la do seu lado, mas não havia ninguém.

Estava na nave, todos os aparelhos ligados. Um vento entrou trazendo um ar seco. A nave estava aberta, com um olhar mais cuidadoso percebeu que não havia ninguém na nave, não querendo ficar mais deitado, levantou sentindo o corpo inteiro doer a cada músculo utilizado no processo. Soltou um guincho baixo.

Nesse momento Midrael entrou na nave.

--- Fico feliz que tenha acordado --- disse Midrael dando um forte abraço no amigo --- Alias você dormiu muito, já estamos a algum tempo em Concord Dawn.

--- Onde?

--- Nossa última parada, salvar Ashy Dusthawk.


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