My Happy Pill escrita por Gabby


Capítulo 31
O Sol e a Nuvem


Notas iniciais do capítulo

Olá, cupcakes! Estranham em me ver tão cedo? Bom, estou aqui para postar outro capítulo, sim (não é mentiraaaaa! É pra louvar ao pé da Igreja, meu Deus, essa autora não está enrolando!). Este milagre é graças ao Lord das Sombras, que me deixou uma MP super legal pedindo para adiantar o capítulo.
Agradecimentos também á: Kevyn Valdez, e Narumi-chan



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Orihime fazia ondinhas com a mão, o braço para fora da janela da Kombi alugada. O grupo de jovens havia feito uma vaquinha para aluga-las, e agora Ichigo a dirigia: o som de rock clássico no ar —que ele se recusava á tirar— os dedos tamborilando no volante, o corpo vibrando, a voz rouca cantando junto com o vocalista. Rukia estava á seu lado, cantando junto. Inoue queria estar no lugar da amiga, mas era covarde demais para isso... Se ao menos Tatusuki tivesse vindo junto... Tatsuki, a pessoa mais corajosa e forte que conhecia. Tatsuki, a menina que a inspirava... Tatsuki, que daria bronca em Orihime se ela continuasse escrava de suas ilusões. Pensou em Matsumoto: Então o torne seu namorado, ela dissera. Inflou o peito com infinita coragem...

E desinflou imediatamente. Tinha que ser quando eles estivessem sozinhos. Inoue, sua idiota!

Virou para o lado, para Neliel e para Grimmjow. Nell conversava animadamente, com gestos amplos; Grimmjow, ela percebeu, não prestava atenção em nada do que ela dizia, mas sim nela: em suas mãos, nos cabelos que se moviam com o vento que vinha da janela do carro, nos lábios carnudos que abriam e fechavam muito rapidamente.

Olhou então para outro lado, porque não queria invadir a privacidade do casal: olhou para trás, pela fresta na junção dos dois assentos. Ulquiorra e Loly. Sentiu-se vermelha de raiva. Loly não merecia Ulquiorra, sendo que o moreno era tão calmo —até gentil —e Loly, bom, Loly a agredira. Era uma pessoa horrível, que nada combinava com Ulquiorra.

Desviou o olhar para a janela, aborrecida. Viu o céu azul claro, e, lá longe, as dunas. E— prendeu a respiração— o mar.

—Inoue, está tudo bem? —perguntou Renji. —Você está estranha.

Ela olhou para Renji, no assento atrás de Grimmjow e Neliel, dividindo espaço com as malas dos garotos. Inoue colocou a mão na cabeça, e fingiu uma expressão boba e desconcertada:

—Ah, é mesmo? Nem percebi!

Renji a olhou desconfiada, e, em um salto, saiu de onde estava e se sentou ao lado dela. Começaram uma conversa sobre os animais do oceano profundo, e, por um momento, Orihime se sentiu bem melhor do que se sentia há horas.

.

A casa de praia era um bonito chalezinho com dois quartos, com uma sala/cozinha grande o suficiente para dois sofás e um balcão. Não havia eletrônico nenhum, e o sinal era horrível. Mas a vista compensava. Ela ficava quase que na frente do mar, e o chão ao redor do chalé era areia fofa e branca. O som das ondas —se fizessem silêncio— podia ser ouvido suavemente, como um ruído de fundo.

No primeiro dia, eles não foram nadar no mar. Estavam cansados e só foram sair de tardezinha. Todos os jovens caminharam pela praia, o sol na linha do horizonte, banhando a todos com uma luz tão alaranjada quanto o cabelo de Orihime. A areia era branca e brilhante, e seus pés afundavam gostosamente nelas. Era tão confortável quanto andar nas nuvens.

A cidade era pequena, cheia de lojinhas com lembrançinhas de praia. Pequenos bonequinhos de biscuit, e cartões postais de alguns lugares da praia. Ulquiorra levou um; não se lembrava de alguém para quem quisesse escrever, alguém que amava e que não estava ali com ele —no entanto, adorava escrever e a imagem era muito bonita. Ele era um observador, e agradava-se bastante olhando paisagens —mais até do que pessoas.

As ruas eram estreitas, com paralelepípedos cinzas. As lojinhas eram pequenas, mas charmosas. Começou a escurecer, e luzes coloridas iluminavam o jardim por onde passavam.

A cidade era pequena, mas na temporada enchia de pessoas. Ele havia visto uma massa saindo da praia, e agora a maioria das pessoas se concentrava em um restaurante. O grupo seguiu a multidão, entrando no restaurante também.

A maioria das mesas era no ar livre. A grama era aparada e verde no jardim. Havia algumas plantas espalhadas artisticamente, fazendo a decoração do local. A luz da lua iluminava com seu brilho esbranquiçado os móveis feitos de bambu. Eles se sentaram.

Neliel usava uma bermuda jeans até o joelho, e uma regata decotada azul turquesa que combinava com o cabelo. Estava linda, com os cabelos grossos e ondulados caindo pelas costas, e o sorriso animado no rosto. Mesmo como irmão dela, Ulquiorra podia ver sua beleza singular como se ela fosse uma pedra preciosa. Houve um tempo em que ele estava muito preocupado com ela, mas agora —agora sentia que ela estava muito mais feliz. Talvez sair daquele orfanato, que mesmo cheio de lembranças boas, era um lembrete permanente de que ela havia perdido os pais, a tivesse ajudado. Ela cutucou Grimmjow com o pulso, que prontamente se levantou.

—Vamos ao quiosque tomar um refresco. —ela avisou. O quiosque era uma espécie de bar, feito de bambu e palha no teto, e parecia uma cabana.

—Vamos pedir carne de sol. —disse Renji. —Está bom para vocês?

—Claro! —exclamou Neliel —Nem sei qual foi a última vez que comi carne de sol!

E então eles se retiraram: Grimmjow com um sorriso maroto no rosto, uma mão nas costas de Nell e outra no cós da própria calça.

Ulquiorra deu uma olhada no resto das pessoas: Renji, contando uma piada qualquer —e interna, com certeza, já que não fez sentido para mais nenhum da mesa —para Rukia, que ao mesmo tempo ria e tampava o rosto com as mãos, envergonhada. Acho que os dois são melhores amigos, ele pensou. Frequentemente via uma série de cochichos, risadinhas e piadas secretas entre os dois. Eles tinham uma relação de companheirismo, cumplicidade, que Rukia não tinha nem com Orihime, Tatsuki ou mesmo Ichigo.

E o Kurosaki revirara os olhos em sinal de tédio, a bochecha apoiada na palma da mão. Dedinhos finos e delicados envolveram o pulso de Ichigo, chamando atenção. Era Orihime Inoue, que começou a conversar imediatamente com ele. Sua gentileza e bondade eram opressoras para Ulquiorra, como para o Diabo no Paraíso de Milton. Sentia-se mal por amá-la —ela era muito melhor do que ele. Eram opostos: Inoue era cheia de qualidades louváveis, bondade e simpatia sem igual, brilhava como o sol, linda com seus cabelos laranjas e seu sorriso reconfortante —e Ulquiorra era como uma nuvem: cinza, sem graça, e que estraga o dia de todos. Sentia-se um lixo —mais clichê do que se apaixonar por ela não dava para ser. Mas, mesmo assim, se sentia dolorosamente bem: o sorriso de Inoue era reconfortante, e Ulquiorra já se sentia sortudo demais em apenas vê-lo.

Olhou para o céu —sem as várias luzes da cidade, o céu era mais escuro e as estrelas eram mais marcantes: pequenos diamantes brilhando aqui e acolá. Era um dos céus mais maravilhosos que ele já havia visto. A lua pendurava-se como o sorriso do gato de Cheshire de Alice no País das Maravilhas, livro que Orihime lia pacientemente, e que era o seu favorito desde pequena.

—Ulqui-kun? —ele despertou brevemente de seus devaneios, pensando que esta era a voz de Orihime. —Ulquiorra? —Era Loly. Será possível que ele estava tão maluco a ponto de imaginar a voz de Orihime o chamando pelo apelido?

—Que é? —ele falou, mais rispidamente do que gostaria. A expressão de Loly fragmentou-se apenas por um momento, como um espelho quebrado com o reflexo borrado. Em seguida, voltou ao normal. Ele sentiu-se mal por dentro, pois a garota não merecia ser magoada novamente por um homem. O pai dela havia sido horrível: um trauma quase insuperável, que havia ocorrido á menos de dois anos. Ulquiorra não sabia se conseguiria ser tão forte como ela, para ainda agüentar os reflexos do que o pai fizera. Subitamente, se sentiu sortudo por nunca ter tido pais.

—É que estava olhando para o Céu, como se houvesse algo lá.

—Eu estava apenas distraído. Desculpe-me.—ele falou, tentando fazer com que Loly entendesse que a desculpa era para a grosseria anterior. No entanto, soou errado. Ela deu de ombros, e Ulquiorra não sabia o que ela pensava. Ele olhou para trás, para Neliel e Grimmjow que tomavam refrescos com cores vivas. Desejou que a irmã estivesse aqui na mesa, pois ela diria a coisa certa.

.

As 10:00 da manhã, pareciam uma tropa indo em direção á uma guerra: tinham armas —guarda-sóis e cadeiras de praia— e vestiam seu uniforme: biquínis, calções de banho e cangas. Os pés protegidos por sandálias de dedo afundavam na areia quente, enquanto eles iam pertinho do mar. Montaram acampamento ali mesmo: colocaram suas cadeiras de praia, estenderam a canga e por fim instalaram o guarda-sol.

Loly deitou-se na canga, o maiô roxo de corte criativo deixando suas costas livres para serem bronzeadas. Abriu uma revista e começou a ler. Ficava muito bonita de maiô, como uma modelo de capa de revista. No entanto, ela era muito mais: era dona de uma personalidade intrigante.

Renji, Neliel, Grimmjow e Orihime foram dar um mergulho no mar. Chamavam atenção por onde passavam: aquelas duas garotas com corpos lindos, e cabelos coloridos e compridos; e os meninos de corpo escultural, com sorrisos e olhos selvagens.

Ulquiorra estava sentado em uma cadeira, lendo um livro de filosofia. Era mais branco que a areia da praia, com cabelos pretos como pixe, e o corpo magro. A sombra do guarda-sol escurecia seus olhos verdes, que estavam concentrados no livro abaixo deles.

Quando Ichigo e Rukia saíram de lá, subindo as dunas, Neliel e Grimmjow estavam se beijando calorosamente. As crianças brincavam na praia, e dois universitários jogavam a bola um para os outros com as raquetes. Eles se sentaram no topo da duna, onde árvores o davam sombra e o escondiam. Observaram a bola cair na água, as ondas indo e voltando, e os dois universitários correrem para pega-las. Beijaram-se ali mesmo, em um ritmo não frenético e contínuo que se igualava ao ritmo das ondas do mar.

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Grimmjow pegou Neliel no colo, e a garota soltou berrinhos de surpresa e excitação. As ondas batiam em suas coxas, fortes e constantes, enquanto Neliel dava um beijo molhado com seus lábios macios nele. Ela estava usando um biquíni preto, e uma bermuda masculina estampada com temas de praia. Não questionou o por quê da roupa, tampouco se importava —Nell era uma menina irreverente, e isso refletia em sua escolha de roupas. Ele amava isso nela, assim como tudo mais.

—Venham almoçar! —Gritou Ulquiorra, em pé e perto da margem. Ele estava com uma bermuda, e uma regata azul marinho.

Grimmjow foi caminhando para fora do mar, as pernas vencendo a força das águas.

—Vamos comer espetinhos! —falou uma Orihime animada, com um biquíni amarelo, e uma sandália bonita que combinava com o biquíni. Havia se secado parcialmente, e o cabelo ainda estava molhado, caindo pelas costas.

—Por que cismaram com carne de churrasco? —perguntou Ulquiorra, com a mão na testa.

—Porque é bom! —respondeu Orihime, automaticamente.

Ulquiorra olhou para ela, depois escondeu a face novamente.

.

Já era finalzinho de tarde quando o grupo de amigos decidiu jogar vôlei. No entanto, Ulquiorra decidiu ficar sentado na cadeira, pois alguém precisava ficar cuidando das coisas —principalmente no finalzinho de tarde, onde as sombras davam apoio para os ladrõezinhos de celulares. Orihime apiedou-se de Ulquiorra, que havia ficado ali praticamente o dia todo, e decidiu fazer companhia á ele. No começo, ele tentou expulsa-la —mas ela era insistente, e ele não gostaria de verdade que ela se fosse.

—Eu não vi você tomando banho de mar hoje. —comentou Orihime.

—Talvez porque eu não tenha tomado. —respondeu Ulquiorra simplesmente, umedecendo o dedo para virar mais uma página do livro.

—Você não tomou?! —Orihime gritou, como se ele a houvesse ofendido.

—Não. —ele respondeu, com desinteresse.

—Pois precisa!

—Não é algo vital, como respirar e tomar água. —Ulquiorra disse, a olhando. —Posso viver sem banho de mar, Orihime.

Ela estremeceu: Orihime? Desde quando ele a chamava assim? Ela olhou para ele, incrédula, e viu ele perceber atrasado do que a chamou.

—Eu gosto da sua voz dizendo o meu nome, Ulquiorra-kun. —falou Orihime, docemente. Uma brisa melodiosa passou, bagunçando ainda mais o cabelo seco e duro de Orihime por causa do mar. Os olhos dela estavam enormes, e Ulquiorra gostava como o baixo sol deixava seus olhos.

Um leve rubor passou por suas bochechas, e ele escondeu o rosto com o livro.

—Continuo a chamando de Orihime se você me chamar de Ulquiorra. —ele resmungou. —Odeio sufixos.

—É, eu sei. —falou Orihime, muito suavemente. Ela era o tipo de pessoa que nunca poderia pronunciar a palavra “odiar”. —Que tal tomarmos um banho de mar? Só um, e prometo que irá gostar. Rejuvenesce a alma.

—Esse é o seu segredo? —falou Ulquiorra, com um tom divertido. Ele abaixou o livro, e havia um pequeno sorriso em seu rosto. —Para se manter jovem para sempre.

Orihime sorriu, e deu a mão para Ulquiorra, o ajudando a levantar. A mão dela era morna e macia, como veludo, e enviou um choque por seu corpo inteiro.

—Sim. —ela sorriu, com uma felicidade simples. —Já tenho 600 anos, só com essa técnica.

—Que velha. —comentou Ulquiorra, e sorriu ao ouvir a risada deliciosa de Orihime.

Os dois deixaram as sandálias pertinho da cadeira, sem se preocuparem com as tralhas dos outros —aliás, não se preocupavam com nada: apenas eles existiam, e mais nada. E caminharam até a praia: a areia fofa e seca se tornando dura e molhada á medida que chegavam perto do mar. Ulquiorra tirou a regata, e a jogou na direção das suas tralhas, sem se preocupar se atingiu ou não seu destino correto.

Pisou vagarosamente na água, procurando registrar o rosto ansioso de Orihime olhando para ele. Fez uma careta ao perceber que a água estava gelada, e Orihime riu da cara dele.

—Não ria! —ele pediu, apesar de resquícios de uma risada percorrerem seu corpo.

—É sensível demais ao frio para alguém que tem mãos tão geladas. —comentou Orihime, divertida. Ulquiorra colocou mais um pé na água, as ondas atraindo-o para o fundo.

—Não é minha culpa se tenho mãos tão geladas. —ele fez uma careta quando a água subiu por suas canelas. —Essa água não deveria estar mais quente, não?

—E estava. Quando era cedo. Mas você inventa de tomar banho só agora, quando o sol já está se pondo.

—Eu não inventei nada; foi você. —ela riu, e ele também.

Ulquiorra tentou capturar todos os detalhes do momento: a melodia da risada dela; o cabelo laranja escuro e seco; a água azul e gelada; a espuma das ondas; o sol tingindo de laranja, amarelo e vermelho o céu, e, pertinho dele, uma nuvem cinzenta. E ele mal pôde documentar a sensação de felicidade ao perceber que a nuvem e o sol se encontravam.


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Notas finais do capítulo

Bom, eu gostei bastante desse capítulo. Acho que foi um dos melhores que eu já escrevi. Comentem e recomendem, e isso provavelmente irá tornar o capítulo seguinte mais legal!
PS: Ainda falta o terceiro dia, em? Fiquem ligados, porque no terceiro vai dar m*rda.