Lia estava na casa de Fera, eles tinham acabado de chegar. O garoto estranhou não ver a mãe no local, era pra ela ainda estar em casa.

— E a sua mãe? - Lia perguntou, soltando a bolsa em cima do sofá.

— Não sei... - Ele respondeu, logo viu um bilhete na mesa, o surfista pegou o papel e começou a ler.

"Frederico, meu filho, tive uns imprevistos de trabalho e ter de passar alguns dias fora.. Você está acostumado a se cuidar, então, espero que fique bem e lembre-se que a vida é muito mais que só surf. Eu te amo, beijos da mamãe."

Assim que terminou de ler ele agradeceu mentalmente por sua mãe ter viajado, ela com certeza não iria se importar se Lia estava na casa dela porque era liberal e pensava mais no trabalho do que em qualquer outra coisa, mas, Fera gostava de ficar sozinho.

— Ela foi viajar. - Ele disse, sorrindo. Lia assentiu meio confusa e logo os dois foram almoçar, Lia decidiu preparar algo já que Fera estava sendo um amigo e tanto. Ela fez uma lasanha ao molho sugo que tinha aprendido com Paulina. Os dois sentaram e começaram a conversar enquanto comiam.

— Quanto tempo pretende ficar escondida? - Fera perguntou, curioso.

— Não sei... Mas se for preciso eu vou pro hostel da Fatinha, sei lá, só não quero ir pra casa...Só de pensar em ver a Raquel já dá raiva. - Explicou a menina.

— Que isso, Lilita! Cê pode ficar aqui o tempo que quiser, só que cê sabe, eu surfo muito.. Quer ir?

— Não. Quero ficar aqui mesmo, se importa? - Ela indagou, sem jeito. Ele negou com a cabeça e continuaram conversando. Enquanto isso na casa de Lia, todos já estavam preocupados, era de tarde e a menina não voltava da escola nunca.

— A Lia costuma sair tão tarde da escola? - Perguntou Raquel.

— Não. Você não percebeu que a culpa é sua? - Lorenzo falou e logo pegou o telefone pra telefonar pro colégio. Mathias explicou que eles já tinham saído faz tempo fazendo Lorenzo ficar ainda mais preocupado. Ele ligou pra todos os amigos de Lia, inclusive pra Ju, que ficou se sentindo meio "culpada" por tal ato que tinha feito, ela achava que a culpa era dela, mas o sentimento logo passou pois ela sabia que estava se dando bem na história.

— Não vem colocar a culpa em mim. Sua filha tem idade o suficiente pra ser responsável e calcular as consequências de tais atos. - Disse Raquel, Tatá estava na escola e não sabia de nada,o que fez Paulina agradecer, não ia ser nada bom ver os pais discutindo ou a irmã sumida. Paulina resolveu sair dali e deixar os dois discutindo a vontade, eles precisam daquela conversa.

— Ahh, agora é "minha" filha? - Ele perguntou, irônico.

— Lorenzo, por favor, vai me julgar até por uma expressão mal compreendida? - Ela retrucou.

— Não é julgar, é falar a verdade. Você foi uma total sem noção por ter voltado sem avisar, nossa família está afetada. 

— Eu avisei Lia, ela não acreditou. Não é totalmente minha culpa. - Ela disse, cruzando os braços. Lorenzo estranhou Lia não ter avisado, mas sabia que a culpa não era da menina, ela sempre foi muito magoada com Raquel.

— Não coloque a culpa na Lia, ela não está aqui pra se defender. - Ele disse, em tom alto.

— Você fala como se algo muito horrível tivesse acontecido! - Ela falou no mesmo tom de voz que o homem.

— Se acontecer alguma coisa a culpa vai ser toda sua, ouviu!? - Ele gritou, Raquel ficou pasma.

— A Lia foi MUITO mal educada! Vocês a mimaram demais! - Gritou Raquel também, Lorenzo estava querendo fugir dali, mas tinha de ser forte.

— Talvez porque ela não tenha tido uma MÃE de verdade pra educá-la, não é, Raquel?!!

 (...)

Ju acordou meio sonolenta em meio as cobertas macias de sua cama, ela levantou meio sem vontade e criou o make para o dia de hoje, era uma maquiagem mais simples, estilo Nina Dobrev. A garota postou o Dicas da Ju do dia e tomou café com o irmão, logo seguindo para o colégio. Assim que chegou no portão se juntou aos amigos que estavam conversando sobre alguma coisa que parecia ser importante.

— Bom dia, pessoal.. Sobre o que falavam? - A it girl abordou, simpática.

— Bom dia... Sumiço da Lia, ficou sabendo?! - Morgana respondeu, Ju bufou. Não queria ter de ouvir nada sobre Lia agora,mas parecia impossível já que todos do colégio só sabiam tagarelar sobre tal assunto. Dinho estava preocupado desde ontem, na hora do telefonema de Lorenzo, o garoto estava com Orelha.

— Onde será que a Lia se meteu, hein? - Ele perguntou, Orelha suspirou.

— Ela tava andando muito com o Fera...- Disse Orelha, Dinho assentiu, meio chateado.

— Você acha que ela e o Fe....

— Vai saber. - Orelha cortou e o sinal bateu, os dois foram pra aula junto com todos os outros alunos do colégio,assim que chegaram na sala Mathias veio avisar que se alguém soubesse de algo sobre Lia era pra informar na diretoria, Fera estava quieto demais, o que fez Fatinha também estranhar. Assim que Mathias saiu, Cézar começou a dar sua aula.

— Reprodução humana consiste na possível continuidade das espécies, possuindo duas espécies: Sendo a sexuada, que é a reprodução humana, onde é necessário que duas pessoas do sexo oposto se unam, de forma que o espermatozóide do homem irá se reproduzir no óvulo da mulher, elas produzem megásporos ou óvulos .Ou seja, é o momento onde o pai e mãe dão início ao processo de iniciarem a reprodução de sua descendência.(N/A: peguei de um site, o resumo não é meu) - Cézar explicou, fazendo os alunos rirem e fazerem algumas piadinhas de mal gosto.

— Tipo, quando um carinha paga de melhor amigo pra fazer a reprodução da sua descendência com uma espécie de rebelde gostosa? - Orelha foi direto, Dinho fuzilou-o com o olhar.Fera fez o mesmo.

— Bom, senhor Álvaro Gabriel, dúvidas sobre minha matéria serão explicadas sim, mas indiretas pessoais para colegas ou brincadeiras maldosas serão totalmente ignoradas. - Cézar disse, pode-se ouvir alguns "Uhhh" de todos. O nerd ficou quieto. Assim que a aula acabou e Cézar se retirou Fatinha puxou Fera para um canto da sala, Orelha ficou observando.

— Cê sabe onde a Lia tá né? - Ela perguntou, Fera engoliu seco.

— Eu?! eu hein garota, se soubesse eu ia contar. - Ele se defendeu, Fatinha franziu o cenho e não acreditou.

— Sei... - Fatinha chegou mais perto do menino, se aproximando cada vez mais, Fera estava prestes a beijá-la ali mesmo, mas a professora Belinha chegou, atrapalhando o momento. As aulas passaram e todos foram pra casa, Fera fez questão de ser um dos primeiros a ir embora logo, assim que chegou em casa viu Lia deitada no sofá olhando pro teto.

— Lilita?

— Hey, Fera! Como foi lá? - Ela se sentou no sofá, numa posição correta. 

— Estão desconfiados de mim. - Ele confessou, Lia ficou apreensiva.

— Você falou alguma coisa? - Ela perguntou, ele negou com a cabeça e ela suspirou aliviada. Na casa de Gil, Ju estava fazendo alguns deveres com o menino, os dois conversavam faz tempo mas Gil parecia triste.

— Tá tudo bem, Gil? - Ju perguntou, preocupada.

— Só tô preocupado com a Lia... Você não tá?

— Ah, Lia, Lia, Lia e Lia. Sempre ela, né?! - Ju disse irritada, Gil estranhou. - Desculpa, eu tô cansada dela ser sempre o centro das atenções.

— Hum... É... O Dinho já veio tirar satisfações com você? - Ele perguntou, Ju ficou pensativa.

— Não.. Bom, acho que ele está focado no sumiço da Lia, sabe... - Ela explicou. 

(...)

1 DIA DEPOIS.

Todos já estavam desesperados com o sumiço de Lia, Lorenzo já havia ido até na polícia mas nada de novidades sobre sua filha, Tatá já estava triste e Dinho pior ainda. Agora o sinal acabara de bater, Ju e Gil estavam indo embora quando Dinho chamou Ju, ela estranhou mas ficou feliz, Gil fez sinal que para ela ir e avisou que ficaria esperando-a.

— Preciso conversar sério com você, já é hora. - Ele disse, Ju franziu o cenho.

— O que você quer? Falar da Lia? - Ela suspirou.

— Meio óbvio, afinal, metade da culpa do que tá acontecendo é sua. Pra que você me beijou quando ela entrou no quarto? - Dinho foi direto, tentando manter o tom de voz leve. Ju gelou.

— Eu não sou vidente, não fiz aquilo porque eu sabia que ela estava vindo...

— Como eu posso acreditar!? Você esbarrou em mim justo quando eu tava no celular, detalhe: alguém me ligou e era desconhecido. Depois você "trocou" os aparelhos sem querer e a Lia chegou na minha casa justo quando você inventou de me beijar. - Ele disse em tom alto, Gil percebeu e ficou fitando os dois.

— É o destino, Dinho. Não acredita? - Ela provocou, sorrindo.

— O que eu não acredito é no quão mal carácter você está se tornando, Juliana. Você era uma garota legal. - Ele disse, exaltado. Gil chegou e se infiltrou no meio do Dinho e Ju.

— Hey, não fala assim com ela.- Gil disse, afastando Dinho com a mão no peito dele, Ju ficou curiosa com tal atitude mas preferiu optar pelo silêncio.

— Alguém te chamou aqui? - Dinho perguntou, ironicamente.

— Ninguém precisa me chamar quando é pra defender uma amiga.-Ele respondeu em tom bravo, Ju tentou pronunciar algo mas as palavras mal saiam. Orelha chegou ao local e ia lançar as indiretas (um tanto diretas) mas, pelo jeito ia ter "briga" e ele optou por pegar seu celular para gravar.

— Ah! Claro! Com certeza você fez parte desse plano sem noção da Ju de armar pra mim e pra Lia, não aguenta saber que perdeu pra mim, grafiteiro? - Dinho disse, Gil sentiu o sangue borbulhar de ódio e num ato involuntário ele saltou pra cima de Dinho, o primeiro golpe havia sido "leve" perto do que Dinho revidou, alguns alunos tentavam apartar a briga enquanto outros colocavam pilha para continuar. Robson chegou ao local com o apito logo seguido de Mathias e Mocotó. 

— PAREM AGORA OU SERÃO EXPULSOS SEM MAIS DELONGAS! - Mathias berrou, os dois pararam de se golpear mas continuaram se encarando, Ju estava desesperada assistindo a cena. - Creio que os dois rapazes irresponsáveis saibam o ato de suas atitudes, não tenho tempo para resolver qualquer problema que seja agora e não vou deixar por conta de Robson ou Alexandre, mas, amanhã quero os pais dos dois aqui, teremos uma séria conversa. E agora, façam o favor de se retirar do Quadrante como pessoas civilizadas. - O diretor falou e se retirou, bravo. Mocotó e Robson começaram com os apitos até os alunos sairem do colégio, contra vontade. Quando estavam no portão, Ju chegou perto de Dinho e o puxou pelo braço.

— Eu vou te explicar tudo, prometo! Dá pra ser na minha casa? - Ela sussurou, Gil já tinha ido embora com Marcela que estava furiosa.

— Não, seu irmão não vai com minha cara. Pode ser na minha casa, ok? Mas por favor, sem "planinhos" bobos. - Ele disse sério, Ju assentiu sincera. Fera já tinha chegado em casa e estava conversando com Lia sem saber da tal briga pois estava evitando ficar muito tempo socializando com os colegas e suas indiretas que alguma hora iriam fazê-lo abrir a boca e contar tudo.

— Acho que sua família tá super preocupada, não vai ligar pra eles?

— Eu também acho, mas eu tinha que esclarecer tudo primeiro.. - Lia suspirou,- Acho que tenho que conversar com Dinho. - Ela confessou, Fera ficou pensativo.

— Não é melhor com a sua mãe primeiro? - Ele indagou, Lia arrumou uma mecha do cabelo que insistia em cair sobre sua testa e negou com a cabeça.

— É melhor ir por partes, vou ouvir a versão da história pelo Dinho, acho que aquele dia eu tava com muita raiva pra isso, mas é mais que necessário. - A roqueira disse e sorriu,Fera assentiu.