Into Your Arms escrita por AnaSabel


Capítulo 11
Capítulo 10




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Na manhã seguinte, me arrastei para fora da cama, dei uma passada rápida no banheiro e coloquei uma roupa. Fui até a cozinha e percebi que minha tia já havia ido trabalhar. Sentei a mesa, despejando o cereal em uma tigela. Dei duas colheradas - sem fome - querendo ir logo para a escola. Peguei minha bolsa e sai de casa, fechando a porta atrás de mim.

Ao olhar para a estrada, meu coração disparou. Andrew estava apoiado em seu carro com as mãos no bolso, despreocupado.

– Quer uma carona comigo? – Perguntou, divertindo-se com minha surpresa.

Abri a boca sem saber o que dizer e sorri.

– Claro.

Desci os degraus da varanda um pouco aturdida ainda e me aproximei dele. Seu cabelo estava – como sempre – bagunçado, seus olhos eram cautelosos. Andrew subitamente curvou-se em minha direção, deslizou a mão por meu pescoço e me beijou.

– É bom ver você. – Falei.

Ele riu.

– Vamos então? – Disse Andrew.

– Uhum.

Entrei no carro e Andrew deu a partida. As paisagens da cidade passavam rápidas demais por nós e logo o estacionamento do colégio criou forma pela minha janela.

Caminhei ao lado dele, com alguns olhares curiosos pairando sobre nós.

– Acho que estão olhando um pouco mais do que deveriam. Há algum problema em eu pegar uma carona com você? – Sussurrei.

– Ainda não está acostumada com isso?

– Não estou falando só de mim. Você sempre foi mais... Reservado? – Falei indecisa, tentando o descrever.

Andrew abriu um sorriso torto e disse:

– Está querendo dizer que não posso namorar a garota mais popular da escola?

Olhei para ele e ri.

– Você é impossível!

Andrew me acompanhou até minha primeira aula e depois se despediu, indo para a sua.

Depois de passar torturantes horas sentada em uma cadeira fazendo as listas de exercícios que a professora de cálculo havia passado, segui para o refeitório com Sarah.

Ela perguntou sobre tudo que havia acontecido na noite passada e eu contei.

– E então? – Sarah perguntou.

– Eu gosto dele. – Falei, segurando um sorriso.

– Estou procurando a novidade, Lissa. – Disse rindo.

– Eu realmente gosto dele. – Esclareci.

Sarah olhou pra mim abrindo um sorriso malicioso.

Pegamos nossa comida, sentamos-nos à mesa de sempre e logo Andrew se juntou a nós.

– Oi Sarah. – Cumprimentou ele.

– Oi.

Ele se virou para mim.

– Como foram suas primeiras aulas?

– Entediantes. – Respondi. – E as suas?

– Seria melhor se você estivesse nelas.

Sorri e desviei o olhar. Ao fazer isso, meus olhos pararam em quem estava passando pela porta do refeitório. Meu sorriso desmanchou. Kate usava uma calça justa que fiquei imaginando quanto tempo ela deveria ter ficado para conseguir coloca-lá, e uma blusa de seda rosa. O cabelo preto e liso tinha contraste com a pele clara e, por onde passava, atraia olhares para si.

Sarah me cutucou e até então não havia percebi que agarrava a lata de refrigerante com tanta força que estava quase a amassando.

– Eu vou sair daqui. – Disse para Andrew.

Eu e Sarah nos levantamos indo na direção oposta de Kate. Antes que pudéssemos sair do refeitório, Kate disse:

– É bom ver você também, Hathaway.

Vire-me para encara-la. Kate estava a alguns passos longe de mim e era alguns centímetros mais baixa que eu.

– O que você está fazendo aqui? Achei que essa escola não fosse boa o suficiente para você.

A expressão de Kate tornou-se fria.

– Seus pais não deveriam colocar sua filha em um colégio mais... Popular? – Continuei.

– Fico impressionada porque seus pais não transferirem você. Ah, espere. Eles estão mortos.

Olhei para ela indignada e um nó se apertou em minha garganta. Agora todo o refeitório olhava para nós.

– Que foi? Vai dizer que eu estou mentindo? Eles morreram, é a verdade. Aliás, por que você já não aproveitou para ir junto?

Aquilo me atingiu de forma inesperada. Andrew, Sarah e todos podiam me fazer esquecer a morte dos meus pais por algum tempo, mas sempre, em algum momento aquilo voltava à tona e de modo mais intenso, como se nunca fosse capaz de me sentir completamente bem, sempre haveria algo faltando.

O sinal tocou e sai em disparada do refeitório. Vaguei pelo colégio até chegar às arquibancas, subi os pequenos degraus e sentei no mais alto deles. Abracei minhas pernas e apoiei a cabeça nos joelhos. Sem conseguir mais me controlar, deixei as lágrimas descerem por minhas bochechas.

– Liss?

Olhei para cima e vi Andrew já subindo as escadas. Ele sentou ao meu lado, colocando seu braço ao redor de mim. Aproximei-me dele, repousando a cabeça no vão de seu pescoço, ainda chorando.

– Como ela pode ter tanta falta de sensibilidade? – Perguntei, me referindo a Kate.

– Não ligue para o que ela diz. Kate não sabe pelo o que você passou.

– Ninguém que está lá entende, todos apenas fingem se preocupar, mas eles não sentiram, não sabem.

– Você vai ficar bem. – Disse me apertando mais contra seu peito.

– Como? – O encarei. – Isso é culpa dela. Hoje deveria ser um dia como qualquer outro, eu iria acordar, vim para escola... Eu a odeio!

Andrew mexeu em meu cabelo e disse:

– Vamos, vou fazer você esquecê-la.

Abri um sorriso triste.

– Só quero ir pra casa.

– Não vou te deixar sozinha. Venha, eu vou te levar.

Ele se levantou e estendeu a mão para mim. Sequei minhas lágrimas e descemos os degraus da arquibancada. Ao chegar à lateral do campo, Andrew parou abruptamente.

– Antes que eu me esqueça...

Ele colocou a mão dentro do bolso e de lá tirou um pequeno embrulho branco. Abriu a palma de minha mão e botou o pacote ali.

– O que é isso? – Perguntei sorrindo.

– Abra. – Ordenou, seu sorriso erguia ligeiramente mais o canto direto da boca.

Puxei a fita e retirei de dentro do embrulho uma corrente dourada. A levantei , fazendo-a balançar no ar.

– É linda! – Falei observando o pingente, que apresentava a forma da palma de uma mão, onde no centro havia o desenho de um olho.

– Significa proteção. Esse é o “olho que tudo vê”, dizem que é para combater o mal.

– Andrew, obrigada.

Estendi o colar para ele e me virei, retirando o cabelo de meu pescoço. Andrew o colocou com cuidado.

– Obrigada, de verdade. – Disse olhando para ele.

Andrew se curvou e rapidamente seus lábios encontraram os meus. Suas mãos agarraram minha cintura e passei os braços ao redor de seu pescoço, me entregando completamente ao beijo e a ele.

– Deveríamos ir embora. Acho que beijos assim são proibidos em escolas.

Eu ri e ele apertou sua bochecha contra minha testa e depois depositou um beijo na mesma. Peguei sua mão e saímos do colégio sem tentar chamar muita atenção.

– Minha tia vai me matar. – Falei quando já estávamos em minha casa.

– Ela vai entender.

Olhei para o espelho que havia no hall de entrada, observando meus olhos ainda vermelhos e inchados por culpa das lágrimas.

– Você deveria ter me avisado que eu estava assim.

Segui Andrew até a sala e ele me puxou, me fazendo sentar ao seu lado no sofá. Dei um suspiro pesado e ele me fitou.

– Você está bem?

– Uhum. – Ele sabia que era mentira.

– Acho que deveríamos ver um filme. – Andrew sugeriu.

Sem esperar por minha resposta, ele se levantou indo até a estante ao lado da TV. Seu dedo seguiu as centenas de filmes que havia ali e retirou um. Ele ergueu uma sobrancelha e mostrou o DVD de “Guerra é guerra”.

– Boa escolha. – Disse. – Vou fazer pipoca.

Fui até a cozinha e coloquei o saco de pipoca no microondas. Depois de encher dois copos de refrigerante, Andrew apareceu.

– Deixa que eu levo. – Falou pegando os copos e indo para a sala novamente, enquanto eu despejava a pipoca em uma vasilha.

Andrew se esparramou no sofá e eu peguei o controle para passar os créditos de abertura do filme. Ele passou os braços em minha cintura e me puxou para seu peito, quase me fazendo derrubar a pipoca. Aninhei-me no calor de seu corpo, que me fez relaxar um pouco. O filme prendeu minha atenção, mas os dedos de Andrew, suaves em minha pele, desenhando pequenos círculos em meu braço e seus lábios em meu cabelo, eram uma distração em tanto.

A cada minuto eu me aconchegava mais em Andrew. Minha respiração foi ficando tranquila e minhas pálpebras foram ficando pesadas. Tudo ficou calmo. Eu não escutava mais as vozes dos personagens no filme, apenas o movimento de seus lábios. E logo as imagens desapareceram em uma névoa sombria. Meus olhos se fecharam e me entreguei à escuridão.




A música baixa ecoou pelo cômodo e uma mão roçou por minha bochecha. Abri os olhos lentamente e a imagem de Andrew se formou em minha frente. Ele abriu meu sorriso torto preferido e disse:

– Eu sei que meus braços são muito confortáveis, mas não achei que você fosse dormir neles.

– Desculpa. – Abri um sorriso envergonhado e tentei me afastar dele, mas ele me prendeu.

– Tudo bem. Foi bom ver você dormir. Mais interessante que o filme.

– Não com a Reese Witherspoon sendo protagonista. – Falei rindo.

– Para que eu deixe minha opinião bem clara, eu prefiro você. – Ele sussurrou em meu ouvido.

Minhas mãos automaticamente alcançaram seu cabelo e ergui a cabeça olhando diretamente para Andrew.

– Prefere? – Sorri para ele mordendo meu lábio inferior.

– Com certeza.

Andrew alcançou rapidamente meu estado de espírito e então sua boca quente e atrevida, encontrou a minha. Minha perna automaticamente atravessou sua cintura, sentando em seu colo. Uma de suas mãos agarrava minha cintura enquanto a outra deslizava e apertava minha coxa. Seus lábios pressionavam com força os meus e minha unha arranhava sua nuca.

– Liss... – Andrew sussurrou com a voz rouca em meu ouvido.

Ele veio para cima de mim, me fazendo deitar no sofá. A sensação de seu corpo quente sobre o meu era maravilhosa. Sem querer, suspirei de prazer, o estimulando. Ele roçou seus dedos pela lateral da minha coxa e subiu até chegar a minha barriga, me causaram leves arrepios. Eu soltei uma risada contra sua boca.

– O que foi? – Perguntou.

– Isso me faz cócegas.

Andrew riu e deslizou novamente seus dedos.

– Não faça isso de novo. – O alertei.

Ele continuou com a caricia e eu tentei desviar indo em direção ao chão. Andrew caiu sobre mim e soltei uma gargalhada.

– Pare, é sério!

Andrew me observou e o puxei novamente para mim. Dessa vez seus lábios vieram intensos e apaixonantes no meu. Ele sabia exatamente como me tocar.

Prendi minhas mãos em sua camiseta e o empurrei. Suas costas bateram no chão e eu sentei sobre ele. Aproximei-me, minha boca a centímetros da dele.

– Você precisa ir embora.

Andrew deu um suspiro pesado, mas não se redimiu. Seus lábios alcançaram os meus de modo voraz.

– Com toda certeza precisa ir. – Falei com a respiração entrecortada.

– Sua tia já está chegando?

– Sim, e não seria legal se ela me encontrasse em cima de você.

Ao me dar conta disso, fiquei de pé. Olhei para Andrew, sentado no chão. Seu cabelo estava mais bagunçado que o normal. Seus olhos verdes me fitaram. Ele se levantou e foi em direção à porta.

– Você vai à festa da cidade amanhã? – Perguntou, quando já estávamos na varanda.

– Sim. Verei você lá?

Andrew assentiu, colocando uma mecha de meu cabelo para trás.

– Obrigada por hoje. E pelo colar.

– Fico feliz que tenha gostado. E Lissa, - Seu olhar me atravessou - Kate é um dos seus menores problemas agora.

– Eu sei, mas toda essa situação do acidente sempre acaba voltando para o mesmo ponto, a mesma pergunta. Quem me salvou?

– Você precisa esquecer um pouco isso.

– Como? Pensa se fosse você no meu lugar, não iria querer saber?

Ele desviou o olhar e voltou a encontrar o meu.

– Iria, mas não se esqueça de que tem alguém atrás de você.

– E é bem por isso que preciso descobrir quem é. Talvez seja o único jeito de fazê-lo parar. Mas ao mesmo tempo eu sinto tanto medo. Andrew, ele era diferente...

– Lissa, apenas pare de pensar nisso. Por mim, está bem?

Suspirei e assenti.

– Você acredita em mim? – Sussurrei.

Andrew se aproximou e pegou meu rosto entre as mãos, segurando meu olhar.

– É claro que acredito. - Seus lábios roçaram em minha testa. - Eu preciso ir. Se cuida.

– Até amanhã. – Falei.

No momento que o carro de Andrew saiu da minha rua, vi o de tia Rose chegar.

Depois de jantar e de uma longa conversa com minha tia, onde apenas me rendeu mais alguns sermões, subi para meu quarto. Tomei banho, coloquei um pijama e bocejei. Já andando para ir para cama, parei. Havia uma folha de papel em cima de meu criado mudo ao lado da cama. E não estava lá antes.

Peguei o papel e notei que minhas mãos tremiam. A mensagem parecia ter sido escrita às presas com uma caneta preta. A folha - que era exatamente igual a do meu caderno estava amassada e nela havia escrito:

Será em vão tentar se distrair. Você estará à procura. Sempre o mesmo ponto. Sempre a mesma pergunta.


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Notas finais do capítulo

Não me matem. Sei que estou demorando horrores para postar os capítulos, mas prometo escrever mais rápido!
Espero que tenham gostado e comentem, estou precisando MUITO da opinião de vocês.
Beijos :*



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