My Hero. My Light. escrita por Ankoku Mayoi


Capítulo 2
A super – e única – nova soldada.


Notas iniciais do capítulo

HEY, PICOLÉTES! ♥ Como vão?
Cá está o capítulo um... espero que gostem dele! *o*
Vamos a leitura!



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Um ano antes...

— Agente Grey, quer realmente fazer isto? — pergunta Howard Stark, não fitando a mulher de cabelos castanhos, que estava sentada em uma cadeira atrás de si. — Não deve ser muito agradável sentir várias agulhas perfurarem seu corp... — a tentativa de Stark de fazer a mulher mudar de ideia não conseguiu se concluir.

— ... Meu corpo e raios de extremo perigo adentrando em minha pele. — o interrompe, com o tom de voz um pouco rude. — Conheço bem o procedimento, Sr. Stark. Fui uma das fundadoras e adaptadoras do mesmo, caso tenha se esquecido. — completa, andando em passos determinados em direção aos relatórios que eram segurados por Howard. Não era comum para ela falar desse jeito com as pessoas, duramente. Mas em momentos como esse, era realmente necessário; não poderia agir como uma garotinha boba, ou mostrar uma personalidade frágil. Tinha que agir com coragem e determinação, e, também, com um tanto de arrogância.

— Óbvio que não esqueci, madame. — Stark lhe entrega os papéis que estava segurando, a olhando com um sorriso cínico nos lábios — É impossível com você citando isso à cada vinte minutos. — murmura para si mesmo, virando-se de costas e fixando sua atenção nas máquinas que ali tinham.

O lugar onde a Agente Grey, talvez, mais conhecida como Déborah Grey, e Howard Stark, o gênio dos EUA, o futurístico, o homem da tecnologia moderna, o senhor das armas estavam não podia ser considerado muito comum para estar centrado dentro de uma casa velha, que estava quase, literalmente, caindo. Por fora, a pintura da casa estava se desfazendo. Levando junto os detalhes de madeira, que pareciam ter sido feitos à mão, por volta do século dezenove. Em alguns lugares, a cor amarelada misturada com o preto do mofo podia ser facilmente vistos de longe; o telhado escuro – e mofado – aparentava que, se alguma coisa mínima se escorasse no mesmo, tudo ia abaixo. Mas não podemos dizer o mesmo sobre dentro da casa: a sala gigantesca ocupava todo o lugar, sem nem mais um cômodo; suas paredes cobertas por uma tintura branca que quase cegava; as pilhas de papéis enumeradas por cima de estantes velhas e, surpreendentemente, limpas; as várias máquinas ocupavam metade do espaço, perdendo somente para os relatórios e as mesas, que estavam lotadas de anotações e pequenos frascos de cores diferentes.

— Desculpe se fui grossa, Howard. — pede a mulher de vinte e um anos minutos depois, tirando sua atenção do microscópio, para poder encarar o Stark. — Mas é que parece que todos acham que não sou capaz. — lamenta, e Howard deixa de fitar os frascos para lhe encarar, com o rosto sério. — Até mesmo meu avô! E bem, eu não apoio essa ideia maluca que você e o Coronel Phillips consideram adequada para a situação. — Howard ergue sua sobrancelha esquerda, a fitando sarcasticamente, e Déborah devolve o olhar, cética. — Não me olhe desse jeito, Stark. Sabe que eu conseguirei muito bem passar pelo processo. Muito melhor que um soldado qualquer, selvagem e brutamontes. — volta sua atenção para o microscópio, frustrada por ainda não ter conseguido convencer seu colega de trabalho que poderia muito bem ser a nova e primeira cobaia do projeto “super soldado”; Howard sorri divertido pelas costas da Grey, andando em sua direção com suas anotações feitas recentemente em mãos.

— Eu te apoio, Déborah. — a mulher ergue seus olhos e o encara, descrente — Mas não acho que a reação do governo seria muito boa ao ver uma mulher tomando a dianteira em uma guerra, ultrapassando seus melhores soldados em um piscar de olhos, ou, mais especificamente colocado na nossa situação em um piscar de raios, não é? — seu tom divertido ao final da frase faz a mulher revirar os olhos e dar um pequeno sorriso.

— Você é um idiota, Howard Stark. — fala divertidamente, pegando com uma força desnecessária as anotações da mão do gênio. Os dois já trabalhavam há mais de um ano e meio juntos, e por isso uma meia-amizade alastrara-se entre eles. Não uma amizade tão forte como a de Steve e Bucky, que a Agente Grey sempre admirou, mas, mesmo assim, uma grande amizade. Já estavam acostumados com algumas zombarias, brincadeiras e várias trocas de conversas durante o trabalho. Tinham sido apresentados um para o outro pelo grande cientista Abraham Erskine, avô da mulher, em uma feira futurística há um ano e nove meses. Durante esse tempo desde que se conhecem, Déborah deixou a timidez um pouco de lado, e não tem mais o grande medo de falar com os homens, pelo menos, os homens que não se chamam Steve Rogers.

— E você é uma delicada madame, Srta. Grey. — responde sarcástico e com um sorriso sanaca ocupando seu rosto. — Não, não vamos apelar para as agressões físicas, darling. — completa ao sentir um caderno de trinta centímetros passar de raspão de sua cabeça.

— E eu ainda não descobri como você e o Phillips conseguiram convencer meu avô de que era muito perigoso para mim servir de cobaia para o projeto. — ela resmunga minutos depois, saindo da cadeira que estava sentada e indo em direção a uma das telas que estavam do lado do Stark.

— A única coisa que precisamos fazer, Grey, foi citar um pequena frase que ele mesmo inseriu no projeto, e que não queria admitir que poderia acontecer a você: — ela o encara ansiosa, esperando por uma resposta. — “risco de morte.”

A mulher não aguenta, e revira os olhos mais uma vez, bufando.

— Patético. — resmunga ela, emburrada. Enquanto Howard somente sorri acomodado, pensando no quanto era bom irritar sua colega de trabalho; divagando em suas lembranças, lembra do dia em que começaram a trabalhar. Uma mulher bela adentra pela porta da casa aparentemente velha, carregando alguns livros e observando o lugar com curiosidade, enquanto ele mesmo a fita da cabeça aos pés com um sorriso malicioso pesando em seu rosto. Ele sempre encantava as mulheres e pensava que, dessa vez, não seria diferente.

Ah, mas como estava errado. Em menos de uma hora de trabalho e pesquisa, tinham pelo menos se alfinetado por volta de umas sete vezes, e também tinham se ameaçado – de um modo não muito claro – mais de cinco! Isso estava longe do que Howard esperava.

Com o passar dos meses, as pequenas discussões se tornaram brincadeiras e motivos de risada. Howard passou a se sentir menos atraído pela mulher, e começou a encontrar nela um grande sentimento de amizade. Ele nunca tinha tido uma tão forte assim, pelo menos, com uma mulher. E para ele, até agora, a única que o realmente o deixara admirado era ela, e outra de seus tempos de faculdade... Mas nunca admitiria isso publicamente.

Ainda tinha seu orgulho.

Ele a admirava por sua inteligência, coragem. Ela era uma mulher com quem ele nunca teria um relacionamento amoroso. Ela era alguém certa para ter uma amizade duradoura por anos.

Uma de suas poucas e únicas amizades verdadeiras.

— Não se esqueça de testar a bonificação do adamantium, Srta. Grey. — ele levanta-se de seu assento, e manda-lhe uma piscadela. — Talvez uma mulher não tenha a inteligência necessária para fazer esse serviço. — implicou, fazendo-a ranger os dentes, e ir a passos pesados de raiva em direção à prateleira onde ficava o adamantium. Chegando lá, ela segura dois frascos, um em cada mão, e os balança com um sorriso cínico e desafiador preso nos lábios.

E logo ela volta à sua cadeira, fazendo um barulho gigantesco ao sentar-se, ainda com raiva pela demonstração de machismo do Stark, que ainda achava graça da situação.

Ah, céus, como ele adorava irritá-la.

[...]

O cômodo estava escuro, quase nada podia se ver. Uma pequena luz vinda da lua adentrava pela janela, clareando levemente o lugar e dando ao local um aspecto um pouco assustador e fantasmagórico.

Mas a mulher que trajava uma capa escura sabia que não havia nada a temer, afinal, ela conhecia aquele laboratório como ninguém. Fora ali que seu avô a ensinara tudo que hoje ela tinha conhecimento. Desde pequenas teorias de cientistas pouco conhecidos até muito mais além do que amanhã colocariam em prática. O soro. Ah, como ela tinha se dedicado a esse projeto e amanhã ele, finalmente, iria se concretizar. Com ela. Nela.

Não tinha certeza se o que ela faria agora, nesse momento, sozinha no laboratório, mudaria de alguma forma o resultado de amanhã. Mas ela sabia que isso era preciso.

Em uma estante, ao lado da mesa lotada de anotações, lá estava: os fracos onde estavam contidas a substância do soro. A sua obra prima. Sua e de seu avô, Abraham Erskine. Tomou-os em suas mãos, e neles colocou pequenas doses de adamantium.

Tinha descoberto recentemente que o adamantium poderia reduzir as mudanças especificamente físicas que o soro causava. Ela tinha conhecimento do acidente que tinha acontecido a Schmidt ao ter usado o soro em si próprio – sem o mesmo estar concluído – há cinco anos. E não queria que nada desse errado desta vez. Não poderia haver falhas. O que irá acontecer amanhã será uma revolução, apesar de ser somente um teste do projeto “supersoldado”. Por isso ela era chamada de cobaia.

Tinham certeza que ficaria viva, muito ao contrário de Abraham, Howard e o Coronel Phillips, que ainda a avisavam sobre os riscos com mais frequência que há cinco meses. Eles só não a forçavam a desistir, pois sabiam que ela tinha o perfil certo para a “missão”.

Dando um sorriso satisfeito, a Agente Grey sai silenciosamente do local e sem ser notada, sumindo na escuridão da noite.

[...]

Todos já estavam em seus lugares. O Coronel Phillips sentado em uma das poltronas escuras, olhando para toda a situação apaticamente; Howard em frente às maquinas, atento a qualquer atividade irregular que fosse delatada; Abraham ao lado do Stark com sua atenção nos sinais vitais de sua ne... Cobaia, e, finalmente, Déborah deitada na cápsula que ainda estava aberta.

O grande dia havia chegado.

O dia em que a tecnologia mundial daria um passo gigantesco, mesmo que somente menos de dez pessoas soubessem desse fato.


O projeto “supersoldado” entraria em teste, depois de alguns anos de pesquisas feitas por Abraham, Déborah, entre outros vários cientistas, que já haviam falecido. Ah, não podemos esquecer-nos de Howard, que também ajudou deveras na consistência da fórmula, trabalhando por dias – sem dormir –, mas é obvio que assim que conseguiu o resultado esperado, foi, digamos... Tirar o atraso, como ele mesmo diz, sempre com um sorriso presunçoso ocupando os lábios.

Típico de um Stark.

— Espero que viva, Agente Grey. — Howard diz com um sorriso torto, fazendo Abraham lhe mandar um olhar repreendido e meio angustiado.

— Eu sobreviverei, Stark. Ainda tenho muito do que infernizar da sua vida. — responde Déborah, sem deixar-se abalar. Segundos depois, a mulher deitada na cápsula manda um olhar significativo ao avô, antes de o mesmo dizer:

— Boa sorte, Debby. — seu olhar mostrava o quanto estava com medo, enquanto pegava a injeção de penicilina e a injetava na neta. Segundos depois, vira-se em direção a Howard, e fala apreensivo: — Sr. Stark... Comece.

— Começando em... cinco... quatro... três... dois... um. — e as pequenas alavancas são levantadas, dando inicio ao teste.

[...]

Dias atuais...

P.O.V Déborah

O alistamento tinha começado há menos de um mês por ordem do Coronel Phillips, depois da rejeição do governo. Não entendo como o mundo pode ser tão machista assim. Um ano atrás, o projeto “supersoldado” tinha tido êxito. Mas, como eu havia tido a brilhante ideia de colocar adamantium na fórmula do soro que seria injetado em mim, eu aparentei não ter nenhuma mudança física ao final do processo, e isso significava que a minha teoria estava certa.

Pena que o Senador não achava o mesmo.

Ele teve uma reação indignada ao pensar em ver uma mulher, que não apresentava de nenhuma forma física que o soro havia dado certo, tomando dianteira – segundo ele – na guerra contra Hitler. Ele humilhou quase que publicamente o Coronel e a meu avô.

Ele... Aliás, ninguém sabia da minha pequena alteração na fórmula, e também, eles queriam um super sol-da-DO. Não uma super sol-da-DA que aparentava ser fraca, – mas eu não era, como disse antes, o soro tinha dado certo – e cientista. Então, o projeto havia sido aberto novamente, mas, dessa vez, o escolhido seria um homem – um soldado, não uma Agente mulher –, que passaria por testes para ser escolhido. E é obvio que eu não colocaria adamantium na fórmula – que foi refeita –, dessa vez. E a partir dele, se tudo fosse como previsto, um exército de “supersoldados” seria criado.

Howard e Abraham tinham tido bastante tempo para descobrirem o que tinha de errado com o soro, e assim foi. Lógico que eu fui acusada pelos dois, pois eles sabiam que eu conhecia a pedra adamantium como ninguém. Mas, como castigo, a única coisa que me deram foi um sermão, dos dois. E por isso afirmo que não é nada agradável ver e ouvir Abraham Erskine e Howard Stark irritados. É realmente assustador ver os nervos quase se sobressaindo de suas peles.

Mas, diferentemente daquele dia, Howard estava bastante alegre hoje. O motivo? Hoje teria uma feira futurística e de tecnologia moderna em New York, e como ainda Howard era Howard, ele não iria perder essa feira, não mesmo. Afinal, ele iria apresentar sua ideia “brilhante” de carros flutuantes – que ele trabalhava e estudava há anos –, para os visitantes da feira.

E eu não perderia esse dia, já havia me cansado de ver suas apresentações ao governo de armas e bombas, que ele sempre me chamava para ver. Porém, dessa vez era diferente: eu tinha quase certeza de que ele pagaria um grande mico.

— Fala sério, Stark. Carros flutuantes? Acha que estamos em que século? — indaguei sorrindo debochadamente para o moreno que estava à minha frente. Estávamos tomando café da manhã, no trabalho. Tínhamos passado a noite no laboratório, com a proximidade com que o projeto se realizaria, eu e Howard tínhamos que terminar de refazer a fórmula o mais rápido possível.

— Você não conseguirá acabar com o meu bom humor hoje, Agente Grey. — ele responde, surpreendentemente calmo, levando a xícara de café à boca. — Daremos um grande passo para o futuro, e isso faz com que qualquer voz soe como música para meus ouvidos. — reviro meus olhos, também levando a minha xícara de café preto à boca. — Até mesmo a sua. — adiciona com um sorriso maroto, pegando o jornal que estava ao lado da mesa e começando a lê-lo, sem dar atenção a careta de indignação que havia tomado conta de meu rosto.

— Se você não fosse quem é, Howard, tenho certeza que conseguiria uma brilhante carreira como comediante. — comento ironicamente, vendo em seguida por cima do jornal a sobrancelha esquerda de Howard se erguer.

— Alguém já lhe disse que é demasiadamente atrevida para uma mulher, Déborah? — sua sobrancelha continua erguida, enquanto ele depositava o jornal por cima da mesa, e fixava seu olhar em mim, como se me desafiasse a respondê-lo.

— Claro. — respondo não dando importância à pergunta, que poderia parecer desrespeitosa para outra mulher, abanando minha mão direita. — Foi o senhor mesmo que me informou esse fato, Sr. Stark. — levanto-me da mesa, andando lentamente em direção à quase concluída fórmula do soro.

— Não me entenda mal, Agente Grey. — ele levanta-se da mesa e para ao meu lado, fixando, também, sua atenção nos frascos de cor azul elétrico. — Gosto dessa sua personalidade. — nos dois nos encaramos, e sorrimos um para o outro, antes de começarmos a rir.

— Nossa! Vindo de você Howard, posso considerar isso uma declaração. — ri, fazendo-o me acompanhar. — Porém, não posso dizer o mesmo de você. — gargalhamos, mas, alguns minutos depois, pararmos para respirar, ofegando.

— Então... Posso contar com sua presença hoje na feira, Grey? — ele me pergunta, passando-me alguns frascos transparentes que eu acreditava que seriam pequenas doses de penicilina.

— Claro que pode, é óbvio que eu não ia perder a cena de Howard Stark pagando mico em frente de toda New York. — respondo divertida, lhe dando uma piscadela, enquanto Howard somente revirava os olhos, mostrando claramente, que não havia me dado mais atenção a partir do "claro que pode".


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Notas finais do capítulo

Sinceramente, depois de tudo isso que eu escrevi, esse foi um dos melhores capítulos, tenho que admitir! Espero que tenham gostado tanto quanto eu, meus lindos! ♥
Beijos!