O retorno foi tão tranquilo quanto a ida, aproveitei o tempo para ficar próxima dele, nos dois últimos dias tivemos pouco ou quase nada desses momentos, na expectativa da conversa com Edward, evitamos maiores proximidades, estava sentindo muita falta.

Jake reduziu a velocidade e segurou minha mão que estava sobre o peito dele, levemente acariciando minha pele, é incrível como um simples toque como esse faz meu coração disparar, e me faz ter vontade de ficar ainda mais colada nele.

Quando chegamos em casa, a noite já caíra e um frio gostoso começava a imperar, desci da moto, tirei o capacete e pegando a mão de Jake chamei.

- Venha, vamos comer alguma coisa.

Ele sorriu e afirmou:

- Sua mãe não vai gostar disso.

- Não faz diferença isso agora. - falei firme e logo conclui: - Ela nunca gostou muito mesmo. – ele riu alto e passando a mão pela minha cintura me acompanhou, assim que entramos na cozinha, de mãos dadas, rindo um para o outro, recebemos um olhar atravessado de Ana, que ao nos ver entrar assim, tão próximos, se assustou e logo depois comentou:

- Vocês não acham que estão brincando com fogo?

Sentamos a mesa como fazíamos antigamente, lado a lado e encarando o rosto rosado da cozinheira ergui minha mão e falei:

- Agora minha cara, sou livre e totalmente desempedida...posso namorar quem quiser.

- Namorar? – ela falou pela primeira vez abrindo um sorriso – Vocês finalmente resolveram essa situação?

- Está tudo resolvido Ana. – desta vez era a voz de Jake que confirmava o assunto – Esta doida aqui, agora é minha, e ninguém vai tirar ela de mim.

Ri feliz em ouvir isso e puxei seu rosto para um beijo, assim que me virei percebi o sorriso ainda maior no rosto de Ana e logo o comentário:

- Desde que vocês eram crianças, toda vez que eu via vocês assim, encostados, conversando, cochichando, eu via o futuro...não me enganei. – a voz dela parecia emocionada, me levantei e a abracei, suspirando.

- Você sempre foi nossa amiga! Nossa aliada – falei lembrando das muitas enrascadas em que nos metíamos e ela nos ajudava, Jake logo concordou enquanto Ana continuava a falar:

- Eu sempre soube que vocês se amavam, e esse tipo de sentimento não morre com o tempo, ele fica mais forte.

Jake nos olhava admirado e sorrindo também, acho que ele estava ouvindo aquilo que ele vivenciava, encarei seus olhos que brilhavam e sorri de volta, ali, estampada naquela face bronzeada, de forma clara e brilhante estava a minha felicidade.

- Você é muito sábia Ana, e ótima cozinheira. – conclui beijando seu rosto e mudando de assunto perguntei:  - Tem alguma coisa aí para dois esfomeados?

Ela me deu um tapinha na mão e foi em direção a geladeira falando:

- Temos uma torta de frango, bolo de cenoura com chocolate e suco de laranja, ou vocês preferem outra coisa?

- Isso está bom. – ouvi Jake falar enquanto eu pegava os copos, rápido ele se levantou e pegou dois pratos e talheres, nos acomodamos e comemos, ele como sempre esfomeado,   Ana então  não deixou isso passar, falou em tom de brincadeira:

- Ainda bem que dá para ver onde vai parar tudo o que você come.

Jake riu alto dizendo que estava tudo delicioso e que ele não resistia, logo depois, limpamos tudo o que tínhamos sujado  apesar da reclamação dela, e depois, saímos em direção ao balanço, nosso eterno ponto de encontro.

Ele sentou no balanço me puxando para perto, fiquei entre suas pernas com o tronco dele colado no meu e sua cabeça repousando no meu peito. O assunto do galpão voltou a minha mente:

- Se você fosse embora e não me entregasse aquele bilhete, é provável que nós nunca mais voltássemos a nos ver. – aquela constatação me doeu, imaginar isso, ficar eternamente sentindo a ausência dele sem ter conhecimento dos sentimentos dele,  casada com Edward e amando Jacob. Como seria minha vida? Um tormento com certeza, acabaria sendo uma mulher amarga,  totalmente infeliz, fazendo daqueles que me rodeassem infelizes também.

- Provavelmente. –  ouvi Jake falar depois de um suspiro – Eu estava disposto a ter aquela conversa com você e decidir depois dela, mas ela não nos levou a nada, foram muitas acusações e eu percebi que você estava tão magoada comigo, quanto eu estava com você.

Apertei mais meus braços a volta dele sentindo seus cabelos macios entre meus dedos.

- Eu não sabia pq me sentia assim com relação a você. – confessei enquanto ele continuava:

- Então lancei mão da única coisa que talvez pudesse fazer alguma diferença.

- O bilhete? – perguntei serenamente.

- É, achei que talvez ele fizesse você descobrir que me amava.

Sorri e beijei sua cabeça com carinho falando:

- Sabe quando descobri que amava você?

Ele se afastou um pouco, só o suficiente para me olhar e me puxou para sentar na sua perna me perguntando:

- Quando?

Passei as mãos pelo seu rosto indo em direção aos cabelos e o mantive assim conectado a mim enquanto falava:
- Quando você falou sobre o que era amar, como era amar de verdade, cada uma das suas palavras iam abrindo um buraco em mim e tinham eco no meu peito, descobri que era isso o que eu sentia, não por Edward, mas por você.

Seus olhos brilharam ao perguntar:

- Por que você não me falou?

- Pensei que você não me amava do mesmo jeito. – estava envergonhada em admitir isso.

Ele fechou os olhos por alguns instantes depois sorrindo falou:

- Sempre pensei que meus sentimentos estivessem claros para quem quisesse ver.

- Jake, se nem meus sentimentos estavam claros para mim, quanto mais os seus! – falei sorrindo e ele colou a testa na minha continuando:

- Então o bilhete nos salvou?

- Sim. – concordei. - Foi ele quem me mostrou que você me amava! Vou guarda-lo como a um tesouro, que na realidade ele é.

Ele sorriu novamente me acariciando e perguntando:

- E agora?

- Agora? – perguntei e logo emendei – Agora tudo o que eu quero é fazer você feliz, todos os dias, para compensar todo o sofrimento que causei.

Lábios quentes e macios vieram sobre os meus, e braços fortes me colaram no corpo dele, podia sentir as batidas rápidas do seu coração de encontro ao meu peito, meu corpo todo reagiu imediatamente, a respiração acelerou, meu estomago sumiu, minhas pernas bambearam,  essas eram sensações até então desconhecidas, sensações que faziam cada parte por menor que fosse do meu corpo reagir, tão forte que travava minha garganta e lágrimas escorriam pelo meu rosto, quando Jake sentiu o gosto salgado delas se afastou me olhando assustado:

- O que foi? Pq você está chorando?

Fechei meus olhos e senti as lágrimas escorrerem grossas pelo meu rosto, mas contrastando com elas meu peito parecia que ia explodir de tanta felicidade e sorrindo falei:

- Você não faz ideia, não tem noção do quanto estou feliz...

Ele me apertou com força colando mais nossos corpos e sussurrou com a voz rouca:

- Eu sei o que você sente...sei como você se sente...pq vejo em você um reflexo de mim.

- É isso que eu sou...- falei com meus lábios sobre os dele – Uma extensão de você, sei agora que sou feliz através de você, a sua felicidade é também a minha.

- E a sua...é também minha...sempre foi assim Bells, quando você sorria, quando ficava feliz por alguma coisa que eu fazia, eu era feliz...foi muito dolorido imaginar que outra pessoa era o motivo da sua felicidade... - outra vez a dor na voz dele, precisava acabar com isso e emendei:

- Aquilo que um dia eu pensei que fosse felicidade Jake não se compara com esta que sinto agora, aqui, junto com você.

Nossos lábios se procuraram com rapidez e gentilmente as mãos dele me puxavam para mais perto, com o coração aos saltos e a voz trancada na garganta me afastei olhando em seus olhos e confessando:

- Amo você! 

- Também te amo! – ouvi num sussurro.

Ele voltou a me abraçar e suspirando falou:

- Amanha vou passar quase todo o dia com Embry, vamos acertar umas coisas da oficina... por isso eu não estava ficando muito aqui ultimamente, não era por sua causa. – ele nem precisava mais esclarecer nada, mas mesmo assim continuou falando:  - Temos que conferir um material que foi encomendado e chega amanhã, e depois temos que concluir o negocio do galpão.

Sorri entendendo que ele me dizia que não poderia ficar o dia todo comigo.

- Você vai para Lá Push? –  perguntei.

- Cedinho. – foi a resposta enquanto  suas mãos me seguravam cada vez mais firme, como se eu estivesse me afastando.

- Posso ir com você?

Ele se afastou e me olhou sorrindo:

- Você iria comigo? Vou estar ocupado, mas você pode ficar com Becca, ela vai adorar, e aí nos vemos no almoço.

- Claro! – concordei sorrindo e ele veio sobre mim me beijando novamente.

Naquele momento ouvi a voz da minha mãe me chamando, Jake se levantou, ficando firme e segurou minha mão, iriamos até ela juntos, como ela nos veria a partir de hoje, gostasse ou não.

- Boa noite Renee. – ele falou sendo gentil.

- Como você está Jacob?

- Estou bem, eu queria conversar com você e com Charlie sobre Bella e eu. – me aproximei mais dele, segurando sua mão com força tentando mantê-lo tranquilo e minha mãe foi direta:

- Imagino sobre o que você queira conversar, mas você e minha filha são adultos, tomam as decisões que acharem melhor.- e sem nos dar chance para falar continuou: - Preciso de você Bella. Com licença Jacob! Boa noite!

Sem falar mais nada ela se retirou, ficamos parados, lado a lado vendo-a se afastar ereta e irritada.

- Ela nunca vai gostar de mim. – ouvi Jake falar.

- Isso não faz a menor diferença. Charlie adora você.

Ele sorriu e me olhou admitindo que era verdade, meu pai sempre gostou de Jake, desde que eramos pequenos, eles se davam muito bem.  jake se aproximou me abraçou apertado e me beijou falando:

- Vai agora! Ou sua mãe vai acabar ficando ainda mais irritada comigo. Vou te esperar amanhã cedinho. Boa noite!

Eu não queria ir, mas sabia que devia então falei suspirando:

- Está bem! Boa noite!

Ficamos nos olhando e então ele ergueu a mão e disse:

- Vai! Vou ficar olhando você ir.

Sorri e beijei seus lábios rapidinho e sai correndo.

Assim que entrei na em casa Renee estava me esperando, me olhando com aquela cara de sempre, de irritação. Tentei ignorar isso e perguntei:

- O que você deseja querida Renee?

Foi pior, ela logo emendou:

- Você já vai sair por aí com esse garoto? Para quem quiser ver! Até hoje você estava noiva de Edward e agora anda aos beijos com o filho do amigo e funcionário do seu pai.

- Ninguém tem nada com a minha vida. E depois, todos devem ter percebido que eu agora estou feliz, coisa que não estava durante meu noivado.

Ela se aproximou me olhando nos olhos e falou:

- Não esqueça que Carlisle, pai de Edward é sócio do seu pai. – quase não acreditei nisso, ela estava mesmo achando que haveria problemas por causa disso, ou estava querendo me amedrontar? Fui direta:

- O que eu sei do Carlisle é que ele é um homem inteligente, não faria uma bobagem por um noivado rompido. Tenho certeza que ele prefere isso a ver o filho dele infeliz pelo resto da vida. Ao menos eu acho que os pais querem ver os filhos felizes. – conclui encarando minha mãe e ela logo retrucou:

- Você quer dizer com isso que eu não quero sua felicidade?

- Se você entendeu assim.

Já ia sair da sala quando ela continuou:

- Você é minha única filha, eu te amo, e quero o melhor para você.

Suspirei e falei encarando seu belo rosto:

- Então não faz isso mãe. Eu amo o Jake e ele me ama, nos permita tentar.

Ela suspirou também, eu entendi que aquela situação não estava  sendo fácil para ela e falei baixinho:

- Ele é maravilhoso mãe.  Você ainda tem aquela ideia dele, do garoto levado que vivia aprontando comigo, mas ele cresceu, é um homem, e eu o amo e ficarei com ele enquanto ele quiser ficar comigo.

Renee ficou calada por alguns instantes, depois me olhou seria ainda, mas com uma expressão menos irritada no rosto.

- Será que esse relacionamento não será passageiro? Será que você não abandonou um homem que ama você de verdade por uma aventura? Jake nunca fincou o pé em nada, ele nem vinha nos verões, nos últimos nem apareceu, e seu pai contava que Billy dizia que ele não parava com namorada, que achava que o filho nunca ia se casar.

Soltei um suspiro longo e falei:

- Jake me amava mãe, assim como eu o amo, e se ele fosse embora, se me deixasse, eu não conseguiria amar outra pessoa como o amo, nunca mais seria igual com ninguém, acho que não conseguiria ter um relacionamento serio pq todos seriam comparados a ele. Era assim que ele se sentia, você compreende?  Por isso nunca ficou com ninguém por  muito tempo. – olhei bem em seus olhos e pedi: - Dê uma chance  a ele.

- Eu não gosto dele Bells.

Ela estava muito difícil, não seria nada fácil ter a aprovação dela, eu saiba o quão chata Renee poderia ser quando contrariada e fiz mais uma tentativa:

- Pense mãe, ele não teve mãe,  foi criado pelo pai e pelas as irmãs...ele vai adotar você.

Ela fez um sorriso leve e me falou:

- Você está querendo fazer um joguinho comigo Isabella? Saiba que vou ficar de olho em vocês. Ouviu?

Ela se retirou, e vi meu pai aparecer na porta do escritório me olhando, sorrindo ele me chamou, beijou minha testa e me abraçou falando:

- Estou feliz por vocês, por você e por Jake.

Apertei meus braços em torno do corpo dele sentindo uma leve paz e agradeci:

- Obrigada pai! Seu apoio será importante para Jake.

- Eu sei, na primeira oportunidade vou falar com ele.

Era tudo o que eu queria, que Jake se sentisse bem, que soubesse que alguem está nos apoiando. Agradeci mais uma vez e beijando seu rosto dei boa noite indo em direção ao meu quarto.

Mas apesar do apoio de meu pai, as palavras de minha mãe não saiam da minha cabeça, achei que não tinha jeito, ela estava irredutível, meu coração se apertou ao pensar em Jake, eu queria muito que ela o aceitasse, isso o faria muito feliz, e tudo o que eu queria era a felicidade dele.

Sai dali e fui para meu quarto, separei as roupas que pretendia usar no dia seguinte, não iria mais pensar em Renee, ela ia acabar percebendo que era sério e sem volta.

Tomei um banho e me deitei, sonhando, imaginando como seria meu dia em La Push, junto com Becca, Rachel e Sarah, e como elas reagiriam ao saber que agora eu não era apenas e tão somente amiga de Jake, mas também namorada dele, meu coração disparou, estava tão feliz, tão feliz, que não conseguia dormir, fiquei um bom tempo me virando na cama e quando dormi, sonhei com ele.