Volverte A Ver escrita por Raquelzinha


Capítulo 6
Cartas Na Mesa


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo!!!



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Quando desci para o café minha mãe me olhava com a expressão de quem estava totalmente contrariada comigo e ia começar com aquela conversa de achar que Jacob era o culpado de tudo, disse a ela que  fui pq quis,  que quem me convidou não foi ele,   que quem me levou a La Push também não foi ele.

- Caso você não lembre,  fui com meu noivo e com a minha cunhada. – conclui saindo da mesa e largando o café pela metade, Ana tentou me fazer voltar e comer, mas não quis, queria ir até a cidade, perguntei se  o motorista poderia me levar, Renee estranhou o fato e quis saber se eu não estava bem, na verdade estava um pouco zonza e não queria me envolver em mais um acidente, mas falei simplesmente que não estava com paciência para dirigir.

Contrariando o inicio do dia, tudo foi como eu esperava, fui até a cidade, encontrei o presente que eu já tinha imaginado dar a pequena Sarah e depois voltei para casa.

Não topei com Jacob durante a manhã por ter estado  todo o tempo fora de casa, mas quando cheguei tinha um recado dele com Ana, ele passara mais cedo para saber como eu estava e depois fora para La Push. Ele agora passava todo o tempo lá, pensei triste, sentindo meu coração apertado, desde que chegara, não ficara um só dia inteiro aqui.

Agradeci pelo recado enquanto ela me olhava séria, e depois perguntou:

- Você melhorou mesmo, ou está enganando sua mãe?

Sorri diante da preocupação dela e garanti que estava me sentindo bem melhor, o que era verdade, mas nem poderia ser diferente, foi apenas um tombo e nada mais, não houve batidas fortes, foi apenas o movimento que meu pescoço fez quando cai que me desnorteou, tentei explicar e tranquilizar minha amiga.

 Ana pareceu acreditar em mim e me liberou, antes de sair da cozinha pensei em perguntar se ela abrira a porta para Jacob na noite anterior, mas não fiz isso, se tivesse sido sonho ficaria muito encabulada com a resposta dela.

Jake não voltou aquela noite também, esperei ver as luzes da moto dele por horas e já de madrugada acabei por desistir, chateada fui para a cama. No dia seguinte  soube pq ele não voltara, Becca  dera a luz, Billy também fora para o hospital acompanhar o parto da filha na tarde do dia anterior,  mas eu só soube disso naquela manhã, ela  ganhara a menina no final da tarde, e no dia seguinte iria para casa.

Quis ir logo visita-la, mas Ana me garantiu que seria melhor esperar um pouco, pois o grupo de pessoas que deveria  estar na volta dela era enorme. Tive que rir do comentário, mas acabei por concordar, deveria ser mesmo, e barulhento complementei, a julgar pelos rapazes naquele dia do jogo.

Entrei no meu quarto e me atirei na cama, totalmente entediada, Edward fora para Seatle e eu não sabia exatamente o dia que voltaria, estava solta, teria que me organizar e fazer alguma coisa, o tédio de ficar parada em casa não dava mais para aguentar, voltei para a cozinha e ajudei Ana com o almoço apesar das reclamações dela, precisava me movimentar, ficar parada cansa também.

Jake não voltou aquele dia, nem Billy, meu pai se desdobrou fazendo tudo o que precisava, só a noite ouvi os dois conversando no escritório, o novo vovô estava muito feliz com a chegada da netinha, parabenizei-o dizendo que logo iria visitar as duas.

Ele garantiu que Becca já estava em casa, então pensei em aproveitar o dia seguinte para fazer isso, meu pai achou uma ótima ideia, mas evitei falar sobre isso com minha mãe, ou acabaríamos tendo uma discussão.

No dia seguinte foi exatamente isso o que fiz, depois do almoço fui para La Push, dirigindo desta vez, já me sentia tranquila o suficiente para isso.

Quando cheguei perto da casa de Becca vi que havia um grupo de pessoas na frente, conversando animadamente, reconheci dois dos garotos com quem joguei naquele dia, parei ali e cumprimentei  a todos e especialmente os rapazes que quiseram saber se eu estava bem, garanti que sim e pedindo licença  passei entrando na casa, Rachel foi me receber novamente e me levou até o quarto onde eu estivera no outro dia, totalmente arrumado, agora ocupado por sua dona.

Becca estava parada ao lado do berço, ao me ver sorriu e me chamou:

- Venha conhecer minha princesa!

Segurei a mão que ela me estendia e me aproximei do berço, uma pequena, bronzeada e muito fofa criança dormia enrolada numa manta branca as mãos gordinhas perto do rosto, os olhos pequenos estavam fechados e as bochechas levemente rosadas, sorri diante dessa imagem, encantada com a beleza dela.

- Ela é linda Becca! Parabéns!

Os olhos de Rebeca se encheram de lágrimas e estendendo a mão a lhe dei o pequeno presente que trouxera.

- Bells! Obrigada! – falou me abraçando.

Sorri observando seu rosto belo que me lembrava em muito Jake  e desviando a atenção  acariciei delicadamente o rosto da pequena:

- Quis trazer uma coisa que ela possa usar para sempre.

Rebecca me olhou sem entender bem o que era, e abriu a caixinha.

- Uma pulseira! Ah Bells, é linda, obrigada. Você mandou gravar o nome dela!

Estava tão encantada olhando a pequena Sarah que não cheguei a responder o comentário da mãe dela.

- Você quer segurar? – ela me perguntou sorrindo ainda.

Segurar?  Observei a menina novamente pensando pq não?

- Sim. – falei por fim.

Becca tirou-a do berço e a colocou no meu colo, caminhei  com ela até perto da janela e conversei baixinho com a pequena:

- Oi Sarah! – ela se moveu fazendo um leve som e eu sorri – Seja bem vinda! Você tem uma família linda.

Ela permaneceu quieta e então lembrei de algo que tinha que falar a Rebecca, ela estava calada me olhando e sorrindo:

- Quando a pulseira ficar apertada você me passa que vou mandar colocar outros elos.

- Está certo. – ela se aproximou sorrindo e colocou no pulso da filha o mimo que eu trouxera.

Nesse momento o marido dela chegou e também o parabenizei pela linda filha, ele sorriu feliz e veio para perto, estava totalmente babão, depois os dois saíram e eu sentei na cadeira com Sarah nos braços.

Estava tão entretida brincando com os dedinhos dela que não percebi a presença de outra pessoa perto da porta. Ergui o rosto e vi Jacob que se aproximava lentamente com um leve sorriso no rosto, meu coração disparou diante daquela imagem, muito tranquilo ele se ajoelhou perto da cadeira onde eu estava sentada e  falou  sorrindo:

- Ela é a cara do tio não é?

Tive que sorrir também e concordei, voltando a olhar para a pequena e Jake continuou falando:

-Vou fazer muita bagunça com ela.

- Acredito! Pobre Becca ficará com cabelos brancos logo!

Ouvi o som da risada dele bem perto do meu ouvido e me virando topei direto com os seus olhos  colados nos meus. Me arrepiei, meu coração disparado abafou o som da voz dele e mal consegui ouvir um convite:

- Quer dar uma volta?

- Quero! – concordei imediatamente,  levantei e lentamente coloquei a pequena no berço,  Jake foi avisar a irmã e saímos, o grupo do lado de fora estava desfeito, fomos em direção a praia caminhando lado a lado, em silêncio num primeiro momento, então, querendo quebrar aquele clima pesado e tentando esconder meu nervosismo, puxei assunto, falei a primeira coisa que me veio:

- Este lugar é muito tranquilo.

- Algumas vezes cansa de tão tranquilo que é. – seu tom parecia de brincadeira quando continuou: - Mas quando o pessoal se reúne é aquela bagunça!

- Percebi no domingo. – falei sorrindo.

Ele riu mas logo mudou de expressão,  enfiou as mãos nos bolsos da calça, ficou calado por alguns segundos e logo perguntou:

- Seu noivo ficou muito irritado?

- Um pouco. - confirmei olhando para o chão, não havia razões para mentir.

- Milagre ele não ter vindo junto hoje, conferir se você não sofreria nenhum acidente. – a voz era irônica.

- Ele viajou. – respondi rápido.

Ele não respondeu, deu dois passos lentos e parou um pouco a frente, depois se virou  me encarando e comentou rapidamente:

- Fiquei surpreso quando soube do seu noivado. - e com a voz mais baixa completou:

- Você não gostava dele.

Me virei em direção ao mar e suspirei antes de continuar:

- As coisas mudam Jake.

Ele se moveu e falou áspero:

- Eu que o diga! Passei de melhor amigo para “mais” um amigo.

Isso não era verdade, precisava esclarecer, me virei e encarei seu rosto sério falando:

- Não é verdade!

- Então por que estamos assim? – suas mãos mostraram o espaço entre nós -  Nos olhando e nos comportando como se fossemos estranhos?

 Encarei seu rosto sério pensando: - Que direito ele achava que tinha para me dizer essas coisas? Principalmente depois dos últimos acontecimentos, aquelas acusações estavam me irritando então perguntei:

- Eu tratei você como estranho desde que você chegou?

- Não. – seu tom de voz era duro – Você me ignorou. – falou asperamente e eu me perguntei quando aquela conversa tomara aquele rumo tão áspero e não me contive:

- Então estamos empatados porque também fui ignorada. – quase gritei sentindo as lágrimas já travarem minha voz.

- Você pode me dizer quando ignorei você?  - falou estendendo a mão na minha frente:  - Uma única vez que eu tenha feito isso.

- Posso lhe citar não apenas uma, mas muitas. – desta vez sim eu gritei.

Ele deu um passo e parou na minha frente, me olhando como se eu estivesse mentindo,  e continuou:

- Só pode ser brincadeira isso! – o tom de voz era de ironia, vi ele se movimentar e fechar levemente os olhos antes de continuar: - Eu sempre estive com você, para o que fosse preciso, em qualquer hora, como um capacho seu, fazendo tudo o que fosse possível para te ver feliz.

Botei para fora tudo que estava trancado na minha garganta desde o jantar:

- Isso inclui quando você gritou que me odiava? Inclui quando você parou de falar comigo? Inclui quando você foi embora sem se despedir?  Inclui ter me ignorado na noite do meu jantar de boas vindas?

- Seu jantar de noivado! – ele falou entre dentes  – Naquela noite você também não me ignorou? Mandou sua cunhadinha ficar me fazendo de bobo, conversando e rindo para mim. – virou as costas e continuou as acusações: -  Você conversou com todos e não veio uma única vez onde eu estava. - e voltando a me encarar perguntou:  - Por que que raios você me convidou Bella?

Foi a gota d’água, as lágrimas escorreram fartas antes que eu pudesse falar, mas reuni minhas forças e continuei:

- Convidei alguém que considerava meu amigo e que eu acreditava que estivesse feliz em me rever...- tomei ar e continuei, aquela acusação estava doendo : -E quem você acha que eu sou para mandar a Alice dar em cima de você?

- E quem você acha que eu sou para garantir que iria me despedir e não fazer isso?  Eu por acaso nunca cumpri o que prometi a você? Mesmo que me arrebentasse eu fazia.

Não consegui responder, as lagrimas escorriam e eu não conseguia falar, estava soluçando, ele chegou perto e continuou sem piedade da minha dor:

- Você também por acaso não me ignorou por dias quando éramos crianças? Não me escorraçou do seu grupo de amigas? – ele tinha muitas acusações a fazer ainda:

- E depois,  foi para o maldito colégio interno, nunca me mandou um recado, um bilhete, nada.

-Você... foi  você que foi embora e não se despediu, nem um bilhete me deixou. – consegui falar por fim.

- Eu não fui a lugar algum. – ele gritava agora, furioso, as veias no pescoço dele saltaram, fiquei parada vendo-o chutar o chão.

Uma vontade incontrolável de rir me fez soltar uma risada alta e ele me encarou com mais raiva, mas desta vez era minha vez de falar, passei as mãos no rosto, secando as lágrimas e erguendo o rosto comecei:

- Naquele dia eu soube o quanto você se importava comigo, o quanto você era meu amigo.

- O que eu prometi a você Isabella?

Fechei os olhos ao ouvir a voz dele relembrando o que falara naquela tarde, baixinho, enquanto minha mãe enumerava os dias de castigo: “ eu venho depois, a noite, aí a gente combina um jeito de se ver.” Lembro de ter concordado com a cabeça.

- Mas  não veio, eu esperei na janela. – agora era minha vez de fazer acusações.

- Meu pai me pegou, antes que eu tivesse saído de casa. – ele falou me olhando nos olhos.

Aquela frase me desarmou, mas ainda havia muitos dias para que ele fosse até minha casa.

Ele sorriu ao me ouvir falar nisso e comentou:

- Na minha segunda tentativa Billy fez minha mochila e me levou para La Push, dizendo que eu e você ainda faríamos uma loucura e que ele ainda perderia o emprego e o amigo.

Seus olhos me olhavam de forma diferente agora, era mágoa, fiquei firme, ele poderia estar magoado, mas ele me magoara também, me mantive calada com o coração aos pulos, esperando a explicação para uma coisa que eu tentara justificar tantas vezes.

- Ele prometeu que me traria de volta antes de você ir se eu me comportasse.

- E por que não trouxe? – a pergunta saiu rápida.

Ele fez um leve sorriso com o canto da boca, antes de continuar:

- Quando o carro do pai de Embry entrou na estrada de casa, o do seu pai estava saindo.

Minha cabeça estava dando mil voltas, meus pais, Billy, mentiram para mim, suspirei e falei baixinho:

- Você estava em La Push mesmo?

Ele ergueu a cabeça e riu alto como se estivesse sem paciência e depois se virou  falando:

- Por que eu iria mentir? Isso é coisa que seu noivo costuma fazer, não eu. Ele que costumava mentir para que fizéssemos o que ele queria. Tocava o terror em todos. – e erguendo as mãos esbravejou:  -  E você ainda fica noiva desse cara!

Edward nada tinha a ver com essa conversa, ela era sobre nós.

- Ele me ama!

- Ele ama você? Aquele cara não sabe o que amar.

- E você sabe Jake? Sabe o que é amar alguém?

Ele veio sobre mim, parou muito perto do meu rosto e com a voz rouca e muito irritada falou:

- Acho que você é que não sabe o que é amar alguém Isabella...mas vou lhe informar...

- Eu sei sim...- falei tão baixo que acho que ele não ouviu, se ouviu não deu atenção e continuou falando:

O rosto quase colado no meu, os olhos escuros apertados me encarnado firme:

- Amar alguém Isabella é querer o bem,  a felicidade de uma pessoa, é fazer de tudo para estar perto, é sentir falta do sorriso, do jeito, é respeitar suas vontades, é gostar do seu toque, é sentir o coração quase sair do peito quando se está perto, é nunca abandonar, é estar sempre perto para qualquer coisa, é nunca desistir...é confiar...

Senti um baque, como um soco, cobri meu rosto com as mãos e voltei a chorar com toda a intensidade dos momentos anteriores, acabara de desvendar que tudo o que eu escondia de mim era o amor por ele, pelo meu amigo.

- Desde quando? Me perguntava,  minha cabeça não parava de se preguntar, desde quando? E logo a resposta veio certa e segura, desde sempre, sempre fora amor.

 Jake não me tocou, apenas continuou falando, alheio ao que eu acabara de descobrir:

- E quanto a sua ultima acusação, eu deixei sim um bilhete com Rachel, para ela lhe entregar, para que quando eu chegasse não...mas isso não importa mais, eu o joguei fora.

Reuni o restante de forças que ainda tinha e falei:

- Você não tinha o direito de  fazer isso, o bilhete me pertencia...eu queria ler... – disse por fim tentando esconder dele como me sentia.

- De nada adianta isso agora. – ele falou baixinho. - Depois desta conversa vejo que não tem como...

Ele se calou e ficou de lado, olhando o mar, meu coração doía vendo-o me ignorar mais uma vez, não perceber o que eu sentia, mesmo assim confessei colocando para fora toda a dor acumulada:

 – Eu justifiquei sua ida, disse a mim mesma que você tinha tido alguma razão muito forte para ir, tentei entender de todas as formas o que aconteceu...mas...quando eu voltava você não estava, não vinha, e a desculpa já não era suficiente para reforçar o que sua ausência me provava.

Ele respirou fundo e concluiu:

- Acho que nossa amizade não era tão forte como chegamos a acreditar, porque pensei o mesmo de você, você nunca estava quando eu vinha...ia viajar com os Cullen...estava com sua avó...

- Ela estava doente Jake...

Ele ficou calado como se isso já tivesse servido de desculpa alguma vez. Me aproximei e falei baixinho olhando  seu rosto com carinho:

- Você sempre foi meu amigo, nunca foi esquecido, nem abandonado... sentia muito a sua falta por isso não conseguia ficar em casa...-  agora eu sabia porque sentia tanta falta, porque apesar de tudo eu ainda sentia falta, mas esse sentimento não me parecia ser correspondido, e era melhor manter assim, apenas para mim.

Jake se virou me olhou e esboçou um leve sorriso antes de falar:

- Você sempre foi e sempre será muito importante para mim, dividi com vocês os melhores anos da minha vida...- sua voz engasgou – sempre vou lembrar disso.

- Eu não quero perder sua amizade. – confessei  baixinho

Sem falar nada ele olhou para o chão, depois puxou minha mão com carinho e beijou fazendo meu coração quase sair do peito e concluiu:

- Ela sempre será sua.

Ficamos calados por alguns instantes, depois ele me abraçou e voltei a chorar, quando se afastou tirou a carteira do bolso, abrindo retirou dela um pequeno envelope amarelado e me entregou falando:

- Você tem razão, ele pertence a você. Foi para isso que eu escrevi. Leia em casa e depois me dê a resposta.  – me olhou carinhosamente e passou a mão pelo meu rosto lentamente, se ele soubesse como me sentia, se imaginasse como aquele gesto significava muito para mim. Tentei  sorrir e confirmei com a cabeça, não conseguia mais falar.

A tarde lentamente se ia, observei o envelope na minha mão, sete anos ele estivera guardado, finalmente eu ia ler o que ele me escrevera. Sorri  e o abracei com força. Mesmo que ele não me amasse como eu o amava, eu sabia que nós tínhamos algo forte e real, algo que ninguém nunca ia tirar de nós, nossa amizade. Não depois de hoje.

Fui para casa depois de me despedir das garotas, tenho certeza que elas devem ter achado  estranho meu rosto vermelho e inchado, mas nem Jacob nem eu tivemos a condição de explicar, gentis e discretas, nada falaram, agradeceram a visita e fui em direção ao carro. Antes que eu saísse ele se aproximou da janela e sorrindo segurou minha mão, gentil e carinhoso como sempre foi, fiquei alguns segundos olhando aqueles olhos, desejando identificar neles o mesmo sentimento que eu com certeza mostrava nos meus.

Mas foi muito rápido assim como se aproximou, ele se afastou e eu dei a partida, indo em direção a minha casa, com um bilhete que fora  guardado por sete anos queimando no bolso da calça, desejando chegar logo e ler o que ele continha.

Dei a sorte de não topar com ninguém ao entrar em casa, seriam muitas respostas a serem dadas, mas principalmente pq eu queria correr para o meu quarto e ler, ler a carta mais importante da minha vida.

Assim que passei a chave me joguei sobre a cama, rasguei o envelope com facilidade, ele já estava gasto e amarrotado, pelo jeito tinha sido amassado muitas vezes.  O papel dentro não era grande, nem havia muitas coisas escritas, mas a medida que eu lia, meu coração acelerava, batendo com força e fazendo meu corpo formigar, minhas pernas tremerem e meus lábios se abrirem num imenso sorriso regado a lágrimas.

Com a letra ainda infantil que tantas vezes eu vira em meu caderno e no dele, estava escrito, me parece que as pressas:

“Bells

Meu pai vai me levar para La Push, eu não quero ir, não quero ficar longe de você.

Ele me prometeu que eu volto antes da sua viagem, e eu quero perguntar uma coisa, eu não sei se você gosta de mim, mas eu gosto de você, eu queria, se você quiser, ser seu namorado.

Eu amo você. Você me ama?”

Deitei sobre aquele papel chorando e rindo ao mesmo tempo, me achando a mais idiota de todas as pessoas do mundo, a mais estupida, e ao mesmo tempo, a mais feliz e sortuda de todas. Mas, de repente uma duvida me assaltou, e se isso não estivesse mais valendo? Se fosse só naquela época? Tentei repassar na minha mente o que ele tinha dito depois que me entregou o envelope, que era para eu ler e responder.

- Responder? Isso quer dizer que a pergunta ainda vale. – falei sentando na cama rindo e apertando o bilhete contra meu peito e depois levando-o aos lábios o beijei desejando que Jake  voltasse logo para casa. Não queria um dia a mais dessa angustia, nem magoa-lo mais, nunca mais.

As horas se arrastaram, Ana veio me chamar para comer, recusei, falei que já tinha feito um lanche, ela me olhou com aquela cara que faz quando não acredita em mim, mas fui firme, e sem outra alternativa teve que acreditar e se foi.

Abri a janela e fiquei ali sentada, lendo e relendo o bilhete até decorar o que estava escrito, cada letra, cada formato da letra, sorrindo para mim mesma como quando era criança e ficava esperando ele vir me chamar para irmos contar historias no porão.

Mas o tempo passava e a estrada permanecia no escuro, algumas vezes fechei os olhos, me concentrando no silêncio tentando ouvir ao longe, o som de um motor, mas tudo o que eu ouvia eram animais e o som das folhas das árvores se movimentando. Minha casa ficou lentamente em completo silencio também,  e o desespero se apoderou de mim, comecei a caminhar pelo quarto, com o coração saindo pela boca de ansiedade. Até que de repente, fiquei totalmente quieta, não podia ver as luzes ainda, mas sim, era um motor, eu conhecia esse som, era ele.

Olhei pela janela e lá vinha a moto, corri saindo do quarto tentando fazer o menor ruído possível, sai como antigamente pela porta da cozinha e em disparada sentindo o ar frio da noite bater contra meu rosto atravessei a distancia da nossa casa até a de Billy, quando cruzei pelas árvores meu coração estava acelerado pela corrida e pelo nervosismo, Jake estacionava a moto perto da garagem do pai, ao me ver largou o capacete sobre o banco e me olhou, não conseguia ver seu rosto direito, ele estava contra a luz da casa,  tentando ser coerente falei:

- Aquele bilhete...- ele permaneceu calado dificultando tudo, me deixando com a responsabilidade de falar, respirei fundo e perguntei : - Ele ainda...quero dizer o que está escrito ali...aquela pergunta ainda...ainda vale? – perguntei finalmente.

Sem dizer nada ele se aproximou passou as mãos pelo meu rosto e segurou meu pescoço firme falando:

- Eu pedi uma resposta, você tem uma resposta para me dar Bella?

As palavras quase não saiam, sussurrei baixinho bem perto dos lábios dele:

- Sim Jacob Black, eu tenho uma resposta... eu amo você, muito, e ser sua namorada é tudo o que eu mais quero. – voltei a chorar ele se aproximou e falou com os lábios já colados nos meus sorrindo:

- Também amo você... Não chore.

Foi a ultima coisa que eu ouvi, porque assim que os lábios dele vieram sobre os meus macios e quentes, tudo o que eu ouvi era meu coração batendo de encontro ao peito dele, com força, e aquela sensação, aquela  nunca mais sentida depois do beijo que não foi beijo, voltou, forte, me sufocando, passei meus braços pelos ombros dele enquanto ele me erguia do chão, me segurando colada nele, apertando seus braços na minha cintura, com paixão.


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Notas finais do capítulo

Bjs Jessy, espero q vc goste minha amiga!!! Obrigada pelo carinho e pelos coment´rios



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