A Gaiola de Prata escrita por Débora Falcão


Capítulo 6
Rilley




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Olhei para aqueles olhos vermelhos, sabendo que eu deveria correr o máximo que eu podia, mesmo sabendo que não adiantaria. Mas eu não conseguia mover um centímetro. Eu não conseguia respirar, apesar de ter consciência daquele perfume maravilhoso me rodeando. Eu não conseguia parar de olhá-lo, com aquele rosto bem desenhado, aquele cabelo dourado caindo em cachos em sua testa.

"Olá" ele disse com sua voz musical.

Eu não pude deixar de responder. Por mais que eu soubesse o que ele era e que eu devesse tentar fugir. Foi automático.

"Olá."

Ele sorriu. Seus dentes eram perfeitos. E aterrorizantes também. Eu sabia o que eles podiam fazer.

Ele aproximou o seu rosto do meu, e eu fiquei imóvel. Meu coração estava quase parando de bater. Então, ele falou próximo a mim, como se fosse me beijar. Eu senti uma eletricidade percorrendo o meu corpo.

"Venha comigo, sim?"

Eu me senti... tonta... talvez, deslumbrada. Era assim que Bella se sentia quando Edward a deslumbrava de propósito? Eu não podia saber. Eu só sabia que segurei sua mão de pedra estendida para mim e o segui pela rua abaixo, ficando cada vez mais longe de meu carro com as compras que eu havia feito.

Ele conversava comigo, tranqüilamente. Era como se eu não fosse quem eu sou e ele não fosse quem ele era. Era como se eu estivesse inconsciente do que ia acontecer. Era como se fôssemos um casal passeando no início da noite. Pelo menos, para as outras pessoas que cruzavam nosso caminho, era assim que parecia.

"Qual é o seu nome, moça?" ele dizia despreocupadamente.

"Lisa" eu não consegui segurar minha língua.

"Hum, Lisa. É um bonito nome, sabia?"

"Obrigada."

Nós continuávamos a caminhar até uma outra rua. Uma rua escura e deserta. Ele continuava com seu tom casual.

"Meu nome é Rilley. É um prazer conhecê-la, Lisa."

"Rilley." repeti o nome. Eu sabia quem era. E sabia agora o que estava acontecendo.

Com minha solidão e abandono, acabei por me esquecer de me concentrar no curso da história. Aquela era a história em que Victoria fazia um exército de recém-nascidos. Justo em Seattle. E era justamente lá que eu estava.

Hora errada.

Hora errada para arrependimentos. Rilley segurava minha mão suavemente, mas eu tinha certeza absoluta de que, se precisasse, ele esmagaria meus ossos num piscar de olhos.

A simples lembrança de James fazendo isso me arrepiou a espinha.

Eu não pensava em morrer. Nem em matar. Nem em lutar. Mas eu estava fadada àquilo naquele momento.

O mais intrigante de tudo era que eu tinha como sair dali. O peso do camafeu em meu pescoço triplicou, mas eu não tinha forças para acioná-lo. Eu não queria fazer.

Será que eu estava num total estado de depressão a ponto de permitir que Rilley fizesse aquilo comigo?

Ele me encostou numa parede, como se fosse me beijar. Novamente aquela sensação. Era boa. Ele me olhava no fundo dos olhos.

"Você está com medo?" ele perguntou.

Eu examinei meus sentimentos.

"Não" eu disse, surpresa com a verdade.

Ele beijou o canto de meus lábios. Era maravilhoso o toque de seus lábios frios e duros contra minha pele quente. Ele continuou beijando minha face, aspirando meu cheiro, até chegar ao lóbulo de minha orelha.

Eu fechei os olhos, esperando o que viria.


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