Pov. Bella

Ok Bella, só mais 30 minutos. Hoje é o ultimo dia de aula, só mais 30 minutos.

Estava repetindo isso para mim mesma desde que entrei na Forks High School. Férias de verão iam começar. A última aula era de inglês, e eu odiava o professor. O tédio me consumiu e o sono me atingiu, então deitei na mesa por alguns minutos. Fechei os olhos e tentei dormir. Quando eu era criança era tudo tão fácil, tão simples que até mesmo a escola era diversão para mim. Eu tive a impressão de que tinha alguém me chamando, mas resolvi ignorar.

- Senhorita Isabella?

Somente uma pessoa poderia acabar com meu momento de nostalgia, e somente essa pessoa poderia estar me chamando nesse exato momento.

- Isabella Swan, você está dormindo na minha aula? – Perguntou pela segunda vez o Sr Lutz, ou melhor, o tio Francisco.

Levantei a mão direita, ainda com a cabeça na mesa, e resolvi responder.

- Não, estou treinando para morrer.

Não demorou muito para que todos caíssem na gargalhada e eu já imaginava que o tio Francisco estava pensando em...

- DETENÇÃO! – Gritou.

Levantei a cabeça, com a cara toda amassada e encarei a criatura na minha frente. Óculos fundo de garrafa, calça social preta e camisa social branca acompanhada por uma gravatinha borboleta. O cabelo do tio Francisco estava de dar nojo, parecia que uma vaca passou ali e resolveu dar uma lambida. Segurei o riso para não piorar a situação.

- Ah, qual é tio Francisco? Dá um desconto, beleza? Hoje é o último dia de aula, estou cansada, o senhor também, então, por um dia, deixa de ser monótono.

Ele respirou fundo e arrumou os óculos, depois apertou mais a gravatinha ridícula.

- Depois das férias. – Apontou para minha cara.

Levantei as sobrancelhas sem entender o que ele quis dizer com isso e ele me deu as costas, voltando a papear coisas que ninguém prestava atenção.

(...)

- FINALMENTE. – Me joguei na cama.

Tinha acabado de chegar em casa e só de saber que ia ficar longe dos sebosos da FHS meu humor já melhorava. Já eram 18:20. Olhei para o lado e sorri ao ver minha guitarra Chrome Boy JS10th. Levantei da cama e peguei meu bebê. Ela era minha única amiga, sei que parece estranho, mas era um fato real. Batizei minha guitarra de honey pelo fato que eu adorava mel. Sei que parece ridículo, mas fiz isso quando tinha 12 anos e eu era uma tremenda idiota. Minha relação com a honey estava se tonando cômica. Sorri com meus próprios pensamentos embaraçosos.

Já eram 19:00 quando me chamaram para jantar. Eu me recusei afirmando que queria ficar sozinha, mas meu pai disse que queria falar com todos e que queria que eu estivesse presente. Tomei um banho rápido, penteei meus cabelos com os dedos, vesti um jeans apertado com alguns lugares rasgados, dando a impressão que eu tinha ido para a guerra. Calcei meu all star cano longo e por fim uma camisa folgada, mas tremendamente confortável. Desci as escadas e todos já estavam sentados na enorme mesa de jantar. Me sentei ao lado esquerdo de Alice, e infelizmente tive que encarar o Edward que estava de frente para mim, Emmett estava ao seu lado direito brincando com o macarrão e Rosalie do lado esquerdo. Esme estava ao lado direito de Alice e Carlisle na ponta da mesa, aonde todos poderiam vê-lo. Fiz uma careta ao ver Emmett enfiar macarrão no nariz e o Cullen riu. Revirei os olhos e fitei meu pai.

- Bom, quero dar um aviso para vocês. – Todos fitaram Carlisle.

- Se for coisa boa, prossiga... – Balbuciou o bisonho do Emmett.

- Cala a boca, Emmett. - Disse Rose.

- Sim, é coisa boa. – Sorriu. – Bom, eu e Esme estamos planejando uma viajem já faz um mês então...

- Boa sorte e aproveitem. Não se preocupe, eu vou sobreviver. – O interrompi já me levantando para voltar pro meu quarto.

Todos me olharam e meu pai estendeu a mão, fazendo um gesto para que eu me sentasse.

- Você não joga uma dento, hein pirralha?! – Disse o Cullen, com aquele sorriso torto que eu tanto odiava.

- Não sou jogadora de futebol, seu infeliz. – Lhe mostrei o dedo médio com um sorriso sarcástico no rosto.

- Parem os dois. – Disse Esme, já perdendo a paciência.

Calei-me e voltei a fitar meu pai esperando pela explicação.

- Bella, acho que não entendeu. Estamos planejando uma viagem para todos nós. Vamos ficar na nossa antiga casa que temos em Londres.

- AAAAAAAAAAH, Londres, não acredito! Me belisquem, me belisquem. Eu só posso estar sonhando. – Gritou Alice, pulando sentada na cadeira. Belisquei a pintora de rodapé e ela me encarou séria. – Era brincadeira!

Sorri sarcástica e voltei a ficar séria, encarando Carlsile.

- Não preciso dizer que não vou, certo?

- Ainda bem. – Disse o Cullen.

- Já imaginava que ia dizer isso, mas comprei seis passagens. – Respondeu meu pai.

- Então arrume a sexta pessoa para ir, porque eu vou para a casa da minha mãe. – Tentei passar um ar de não to nem ai, mas não adiantou nada.

- Falei com sua mãe, ela vai viajar para a Itália e disse para você se controlar e ir conosco para Londres.

PUTA QUE PARIU. PUTA QUE PARIU. PUTA QUE PARIU.

Não acredito que minha mãe, minha própria mãe tinha feito essa trairagem comigo. Eu não iria sobreviver um dia com aqueles bocós em outro país.

- Carlisle, não vai rolar. – Indaguei.

- Pai, fale a palavra pai, Isabella. – Eu tinha crescido longe de Carlisle, por isso ainda não tinha acostumado a lhe chamar de pai. – E mais, você vai sim, assim como todos que estão nessa mesa também vão. Vamos passar dois meses em Londres.

- DOIS MESES? – Gritei.

Ok, eu estava sonhando. Preciso morrer! Que caia um cometa na minha cabeça nesse exato momento, por favor.

- Querida, percebemos que a convivência de vocês está sendo muito difícil. Precisam de um tempo juntos para perceberem a qualidade de cada um aqui para que possam se dar bem, e um tempo fora de Forks parece ser uma boa opção. – Esme sorriu.

- Agente pode ir até pra pu...

- Isabella. – Carlisle interrompeu meu lindo palavrão.

- Continuando, não importa aonde agente vá, sempre vai ser a mesma coisa! Não adianta agente querer mudar os fatos e é só aceitar isso, seus filhos são um fracasso, Esme. – Falei sem medo.

- Isabella, chega. Suba agora e vá arrumar suas malas que nós vamos partir amanhã às 6 horas. – Carlisle disse um pouco alterado.

Olhei para todos indignada e me levantei furiosa, marchando até meu quarto. Não me preocupei com o jantar já que estava mesmo sem fome. Tranquei a porta e me sentei no chão, me encostando na parede.

O destino só podia estar querendo me pregar uma peça, mas eu nunca fiz mal a ninguém para merecer isso. Ok, talvez só um pouco, mas não precisava disso tudo. Preferia ter sido atropelada por um caminhão ou até mesmo por um trem. Percebi que não tinha mais escolha, pois nunca ia ficar nessa casa sem ninguém. Peguei minha mala que estava encostada na parede e coloquei em cima da cama. Abri meu closet e fui jogando as peças dentro da mala sem me preocupar em dobrar nada. Quando terminei, fui fechar a mala, mas a maldita não fechava. Sentei em cima daquela praga e consegui fechar após 10 minutos de tentativas frustrantes.

Guardei a honey e olhei no relógio, que já marcava 23:46. Deitei-me na cama e fiquei fitando o teto por alguns minutos. Quando será que ia acontecer algo de novo e de bom na minha vida? O que, afinal, eu era? Uma pirralha que ainda era sustentada pelos pais? A resposta era SIM, mas e dai? Quem liga? Foda-se o mundo!

Fechei os olhos com força para que o sono viesse logo, o que não adiantou nada. Peguei meu MP3 e aumentei no último volume. Quando o sono chegou, deliguei e joguei para o lado.

Continua...