Simplesmente Elementar escrita por Rakeel


Capítulo 16
O teatro




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/273437/chapter/16

Levantei-me torcendo para ter mais um bom dia, olhei pela janela e o tempo estava nublado, me arrumei e desci para tomar café, e me surpreendi por encontrar meu tio ainda em casa.

___Bom dia querida. Disse ao me ver, mas com uma voz um tanto rouca.

____Bom dia tio... Respondi dando lhe um beijo no rosto ______... está doente? Perguntei pondo a mão sobre sua testa.

____É só uma gripe. Respondeu depois tossiu.

_____Eu bem que falei para ele se vacinar quando teve a campanha de vacina contra gripe para idosos. Brincou minha tia.

____Vamos ver quem é velho Disse puxando-a para seu colo___... agora vou lhe passar gripe. Continuou, tentando beija-la, enquanto ela ria esquivando se.

___Ai, pelo menos esperem eu sair. Disse rindo, pegando minha bolsa, gostava que meus tios fossem tão felizes depois de tantos anos de casados e mesmo que suas demonstrações de afeto não fossem frequentes podia se sentir que se amavam muito. Sai de casa ainda rindo e pude ouvir minha tia gritando para que eu me cuidasse. Cheguei ao ponto cedo tanto que tive que esperar um pouco até que Victor e Hugo aparecessem subindo a rua, um vento frio começou a bater e eu começava a me arrepender por não ter colocado uma blusa, mas se voltasse para casa, buscar uma perderia o ônibus por isso resolvi simplesmente ignorar o frio.

 Hugo e Victor chegaram ao ponto e pararam ao meu lado dei um oi desmotivado para Hugo depois me virei para Victor cumprimentando-o e comecei.

___Essa sexta já é a apresentação do trabalho de artes, nos temos que ver oque vamos fazer. Disse mas antes que ele pudesse responder o carro do senhor Betone parou a frente do ponto.

____Deveriam ter esperado antes de sair vou para cidade levo vocês. Disse abrindo a porta, era obvio que o convite não me incluía e alias mesmo que incluísse nem que me pagassem eu entraria no carro. Hugo entrou sentando no banco da frente e Victor também se aproximou para entrar enquanto eu fiquei parada.

___Vamos. Disse estendendo a mão para mim, o senhor Betone me lançando um olhar fulminante, mas na frente de Victor ele fingia ser amigável.

____Entra ai Rachel. Disse forçando um sorriso mais ainda com o mesmo olhar

____Não obrigada acho melhor eu ficar aqui. Respondi

____Porque não. Perguntou Victor confuso, mas eu não podia dizer que era porque seu pai era maluco, mas antes mesmo que eu respondesse o senhor Betone se manifestou.

____Ela já disse que não quer, então entra e vamos. Disse ligando o motor do carro

___Pode ir tudo bem. Falei tentando sorrir.

___ Se você não quer eu fico também. Concluiu descendo do carro fechando a porta e pondo se ao meu lado, oque só fez o senhor Betone me olhar mais ferozmente antes de sair com o carro, deixando nós dois ali parados lado a lado, uma onda de vento bateu forte me fazendo tremer um pouco e pude sentir meus pelos se arrepiarem me virei segurando os braços na frente do corpo para conter um pouco o frio e olhei para o fim da rua para ver se o ônibus já estava vindo, foi quando algo pousou sobre minhas costas olhei surpresa para Victor que acabava de ajeitar sua jaqueta sobre meus ombros.

____Não precisa você vai ficar com frio... Comecei a dizer  me preparando para devolver lhe a jaqueta mas ele me interrompeu pondo as mãos sobre meus ombros impedindo que eu a tirasse e a ajeitando novamente

____Não se preocupe não costumo sentir frio. Disse olhando para mim por um momento antes de desviar o olhar, sorri em agradecimento sem saber oque lhe dizer era estranho como às vezes eu ficava completamente sem ação diante das suas atitudes, embarcamos no ônibus e ele se sentou ao meu lado, olhei para ele algumas vezes, mas ele permaneceu calado pensativo, pensamentos esses que gostaria de conhecer, caminhamos juntos até o colégio onde Lucas e Bia estavam ao portão nos aproximamos deles e cumprimentei os, mas pude perceber que seus olhos estavam voltados para jaqueta sobre as minhas costas, senti minhas bochechas esquentarem e abaixei instintivamente o rosto antes de começar.

___Então Lucas se sente melhor? Perguntei, então levantando o rosto e sorrindo, Lucas assentiu com a cabeça, mas olhando para Victor, que permanecia como sempre quieto e com a cabeça baixa.

___Vieram juntos? Perguntou num tom que achei um tanto estranho

___Sim ele é meu vizinho nós pegamos o mesmo ônibus para o colégio. Respondi sem entender muito bem o porquê da pergunta.

___É acho que você já me disse algo sobre isso, bem e melhor nos entrarmos. Disse dando um sorriso se lábios antes de se virar e sair andando, seguimos pelo corredor e pude ver que Bianca olhava para Victor acho que procurando algo para dizer.

___Então você está gostando da cidade? Perguntou um tanto insegura, Victor ergueu os olhos, aparentemente não esperava que ela falasse com ele e após um segundo começou.

___Estou gostando bastante. Respondeu apenas, mas isso já foi o suficiente para motivar Bia que começou a falar sobre vários lugares que ela recomendava que ele fosse.

Quando chegamos à sala, Lucas e Victor foram na direção da mesma carteira.

___Aqui é o meu lugar. Disse Lucas colocando sua mochila sobre a mesa e olhando para Victor

___Ontem como você não veio ao colégio eu pedi para que Victor se sentasse aqui. Expliquei, mas Lucas ainda encarrou Victor por alguns segundos de uma forma que considerei hostil.

____Obrigado por me substituir ontem, mas agora pode voltar para o seu lugar. Disse com um sorriso, sentando se mas eu não gostei do seu tom que parecia um tanto rude, Victor permaneceu em pé e o encarrando.

___Victor. Chamei e instintivamente segurei seu braço que tremia um pouco ele encarrou Lucas por mais alguns segundos antes de virar o rosto olhar para mim rapidamente soltar minha mão de seu braço e sair da sala.

Lancei um olhar de indignação para Lucas realmente não entendi porque ele havia agido daquele modo, e sai atrás de Victor enquanto meus amigos permaneciam sem ação e sem entender oque estava acontecendo.

Dei algumas voltas pela escola, mas não o encontrei, o sinal tocou anunciando o inicio das aulas, e todos os alunos que ainda estavam no pátio se dirigiram para suas salas, mas eu não conseguia encontrar Victor fui até as quadras cobertas quando o vi sentado em uma das arquibancadas, ele estava com os joelhos fletidos e com a cabeça apoiada sobre eles me aproximei e sentei-me ao seu lado.

___Aqui é um bom lugar para pensar não é. Disse, ele levantou a cabeça e olhou para mim então lhe dei um sorriso tentando anima-lo.

____O sinal já soou e melhor você ir para sala ou vai ter problemas. Disse de uma forma seria e com o rosto quase sem expressão.

___Não se preocupe com a aula, eu nem gosto de filosofia é muito melhor ficar aqui. Brinquei tentando anima-lo, mas ele não demostrou nem um tipo de reação então continuei após um suspiro___... Não liga para o Lucas ele deve estar de mau humor, por isso não fique triste.

___Não estou triste com a atitude dele estou triste comigo mesmo, eu não me perdoaria se me descontrolasse e machucasse alguém que você gosta. Disse em tom tristonho, sentia meu coração apertado por velo assim.

___Não pense nessas coisas e não se preocupe vou brigar com Lucas e fazer com que se desculpe pela grosseria. Disse pondo a mão sobre seu ombro e sorrindo lhe

___Não quero que brigue com seus amigos por minha causa... Começou mas eu o interrompi.

____Ele é meu amigo, mas você também é e se ele estava errado e claro que vou te defender assim como faria se fosse o contrario. Disse, e ele pensou por alguns segundos antes de dar um suspiro e dizer ainda em tom triste.

____Desculpe se eu fosse normal você não teria que passar por isso

___Você não precisa se desculpar por nada Disse olhando para seu rosto antes de continuar ____... bom agora vamos parar com essa tristeza, e já que estamos aqui fora  eu conheço um lugar ótimo para isso. Disse puxando o para que ficasse de pé

____Você pretende cabular aula? Perguntou um tanto surpreso, pondo se de pé.

____É isso mesmo, e não precisa ficar surpreso não é como se fosse a primeira vez que eu faço isso Disse confiante, mas ele me lançou um olhar um tanto incrédulo___... tá eu nunca fiz isso mais existe primeira vez para tudo. Admiti, e ele deu um pequeno sorriso o puxei para que saíssemos pela parte de traz da quadra, onde havia um muro mais baixo Victor subiu o muro e pulou para o outro lado sem dificuldade, eu escorreguei na hora de descer porem Victor me segurou como se segurasse a coisa mais leve no mundo e me pousou no chão com meu corpo muito próximo ao seu e pude ver que ele sorriu enquanto me segurava.

___É melhor a gente ir. Disse me afastando um pouco e sentindo meu rosto pegar fogo.

Caminhamos alguns quarteirões até que ele perguntou

____Onde estamos indo?

____ Vou te levar ao lugar que eu mais gosto no mundo todo, então sinta se muito honrado porque eu nunca levei ninguém lá. Respondi dando lhe um sorriso, que ele retribuiu. Seguimos mais um pouco até pararmos na frente do antigo prédio do teatro, entramos e seguimos pelos corredores por de traz do palco até chegarmos a ele onde puxei Victor até seu centro.

___Tudo bem estarmos aqui? Perguntou

___O teatro esta desativado, mas, meu tio é amigo do vigia e ele sempre me deixa entrar... Respondi antes de continuar___...bonito não? Perguntei enquanto ele olhava as fileiras e mais fileiras de cadeiras vermelhas revestidas de veludo os camarotes e pilastras de madeira esculpida e envernizada e o teto de formato arredondada com adornos e esculturas douradas.

___É lindo. Respondeu olhando para mim.

____Sabe minha mãe era professora de teatro, ela deu aula para vários atores que se apresentaram aqui e até mesmo atuou em algumas peças... Disse e olhei para Victor que me fitava interessado então continuei___... sua filosofia e islogam da escola de teatro dela era “no palco você escolhe quem quer ser”, minha tia me contou todas essas coisas e é estranho porque mesmo que eu não me lembre da minha mãe nem tenha tido tempo de conhecê-la, eu sempre senti  muito a falta dela... Respirei fundo por um momento então continuei___... então desde criança sempre que me sentia triste, sozinha, que não era normal ou estava a ponto de desistir vinha para cá, nesse palco onde um dia ela esteve ,e seguia suas palavras eu podia escolher quem eu queria nesse palco, eu mão precisava ser a Rachel triste nem a Rachel com medo eu podia ser quem quisesse, pode parecer estranho mas de alguma forma isso e esse lugar me animavam e se quiser eu posso dividir ele com você, e aqui em cima como esta agora você não precisa ser oque os outros dizem ou pensam que é, pode ser oque você quiser ser. Disse e só ai percebi que estava chorando, Victor se aproximou de mim enquanto eu tentava enxugar minhas lagrimas que teimavam em continuar , ele parou a minha frente e secou gentilmente com os dedos uma delas que descia por meu rosto.

___Olha só eu te trouxe aqui para te animar e acabo chorando. Disse erguendo o rosto para olhar para ele tentando sorrir, mas ele não disse nada apenas continuou me olhando e tirou gentilmente uma mecha de cabelo do meu rosto, nossos olhos estavam fixos um no do outro, ele devagar escorregou a mão para de trás da minha nuca, me trazendo delicadamente para mais perto de si enquanto se inclinava, meus olhos já estavam fechados quando senti seus lábios quentes encostarem-se aos meus, meu coração martelava acelerado como se pudesse explodir a qualquer momento, o beijo não durou mais que alguns segundos, mas foi um beijo terno e doce e assim que nossos lábios se separaram ele me segurou fortemente em um abraço apoiando sua cabeça em meu ombro, minhas mãos estavam contra seu peito e podia sentir seu coração bater tão quanto ou ainda mais forte e acelerado que o meu, escorreguei meus braços por seu peito até suas costas e retribui o abraço e ele disse ao meu ouvido tão baixo quanto o possível audível.

___Obrigado.

_E naquele momento quaisquer duvidas que eu ainda tivesse caíram por terra, pois naquele instante tive certeza que estava apaixonada por Victor.

                   


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Simplesmente Elementar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.