Existem dias em que você acorda e nota que magicamente tudo parece mais mágico, se é que me entende. O sol que te irrita com sua luz logo pela manhã, agora parece ser algo magnifico de se ver e aquele passarinho chato que canta todo dia na sua janela parece ser a criatura mais fofa do universo.

E ainda dizem que a vingança faz mal.

Levantei-me rapidamente saindo com perfeição da cama sem causar nenhum dano ao ambiente ou ao meu corpo. Não sabia que tinha a capacidade de fazer isso queria ter descoberto antes, isso teria salvado a vida de muitas canetas inocentes que ficam perdidas vagando pelo chão.

Desci as escadas pulando alguns degraus e entrei sorridente na cozinha onde encontrei uma perfeita, sorridente e animada Grace tomando sua xicara de chá e usando um belo conjuntinho verde vomite-purpurina-e-essa-é-a-cor.

- Bom dia Grace – beijei seu rosto.

- Bom dia mi niña, por que está tão animada logo pela manhã?

- Minha mãe está boa, meu irmão se dá bem comigo e eu não pisei em nenhuma caneta. Hoje o dia está ótimo – me sentei á mesa e peguei um misto quente da bandeja.

- Que graça querida – sorriu – É bom vê-la assim tão animada pela manhã.

- É bom estar animada pela manhã, ableita.

Continuamos a comer como em um comercial de margarina quando meu irmão entrou na cozinha e, incrivelmente, ele NÃO estava bonito.

- Bom dia Lucca – disse Grace normalmente como se fosse comum Lucca estar tão acabado.

Lucca disse algo incompreensível, acredito que tenha sido um ‘Bom Dia’, e se sentou á mesa conosco.

Ao redor de seus olhos havia grandes círculos escuros o que denunciava sua noite mal dormida. Seu cabelo estava mais bagunçado que o meu nos meus piores dias e ele estava pálido e abatido.

- Aconteceu algo com você? – perguntei.

- Não – respondeu serio sem tirar os olhos da faca com manteiga.

Olhei para Grace em busca de uma dica do que pode ter acontecido com ele e ela apenas deu os ombros e bebeu mais um gole de seu, sem graça nenhuma, chá.

Resolvi perguntar depois sobre o que tinha acontecido a ele.

Lembrete: As coisas mudam quando você menos espera.

Depois de me alimentar devidamente, fui de volta ao meu quarto onde arrumei todos os meus livros e mangás por ordem alfabética. Depois disso organizei meus games e por último, mas nem um pouco menos importante, joguei finalmente aquela montanha de roupas, que servia de Puff/cama e ficava no chão do quarto, na máquina de lavar.

- NÃO ACREDITO QUE A MINHA BLUSA DA BARBIE TA AQUI – disse olhando pra peça – Eu te perdi quando tinha 6 anos!

Lógico que a blusa não servia mais em mim. Lógico também que eu tentei vesti-la só pra confirmar se isso é verdade e descobrir que ela não cobre nem meus seios direito hoje em dia.

Admirei meu incrível trabalho por um tempo. Nem consigo acreditar que existia tanto espaço nesse quarto sendo ocupado por aquela pilha de roupa!

Liguei meu computador. Entrei no KATSU! e fui falar com o Frank que estava online.

Ann: EAÊ TRAFICANTE DE JUJUBA

Frankstein19: Olá pequena ‘Ann’, vi no jornal o que aconteceu com o avião da sua mãe.. Ela está bem?

Ann: Sim, sim. Já está melhor. Como você sabe que ela estava no avião que caiu?

Frankstein19: A moça do jornal falou. A sua mãe foi mais citada nos telejornais que o avião.

Ann: Ela é bem famosa

Frankstein19: É, mas disso você já sabe.

Ann: Como andam as coisas ai?

Frankstein19: A Mary e o Marco terminaram o namoro dois dias depois da sua vista.

Ann: Sério?

Frankstein19: Sim, aparentemente ele a enlouqueceu falando sobre você. Hilário, não?

Ann: Demais.

Frankstein19: E as coisas ai como vão?

Ann: Estou planejando me vingar de uma garota que me humilhou.

Frankstein19: Como vai fazer isso?

Ann: Ainda não sei, mas ela vai me pagar.

Continuamos conversando por mais algum tempo. Frank me deu ótimas ideias para me vingar da vaca. Ai credo ofendi as vacas. Desculpa vacas.

Escrevi o meu plano numa folha de caderno e mostrei tudo ao Lucca que aprovou o plano.

- Está realmente bom.

- Obrigada – me senti orgulhosa – Aconteceu algo com você? – ele suspirou – Huum.. Devo entender isso como um sim? – arrisquei.

- É só meio confuso...

- Ei pode falar pra mim, sou sua prima ou irmã... Sou sua parenta.

- Esse é o problema.

- Eu ser sua parenta?

- Você não sabe das coisas pequenas – bagunçou meu cabelo.

- Não me chama de pequena! – disse brava – Eu devo ter quase 1,70 de altura!

- Ainda é pequena – sorriu.

Autora

Noite do dia anterior, Casa da Jullie.

Lucca estava deitado no sofá assistindo pela milionésima vez seu filme favorito. Ele adorava a sensação de assistir filmes de terror quando está tudo escuro no lado de fora. Um certo médico entrou cansado se jogando no sofá livre.

- Boa noite – disse o homem de aparência seria e cansada.

- Boa noite.

Lucca sempre foi observador e não conseguiu parar de se perguntar de que dia seria aquela marca de café na camisa de seu tio. Ele não ia até sua casa há algum tempo, ou pelo menos não ia quando Lucca estava acordado.

- Como as coisas vão?

O garoto suspirou sem vontade alguma de dar um dos ‘relatórios’ ao tio/pai. Sentou-se numa posição mais correta e menos confortável e limpou a garganta.

- Bem, Grace está cuidando muito bem de mim e da Jullie. Ela até está nos alimentando melhor. Os empregados também estão gostando da companhia dela. Na escola tudo está normal.

- Não sobre isso – disse rispidamente – Quero saber sobre você e minha filha. Como as coisas estão indo?

- Boas.

- Boas?

- É boa.

- Isso quer dizer que ela largou o garoto Foster por você?

- Ela e Andrew são bons amigos. Arriscaria dizer que são melhores amigos.

- Então tire esse posto dele.

- Não acho que seja tão fácil assim, senhor-suspirou.

- Não estou vendo nenhuma dificuldade. Você só tem que separa-los.

- Isso não seria justo com eles!

- A vida não é justa, meu caro.

O homem caminhou lentamente até o andar superior enquanto Lucca ficou como uma estatua na mesma posição.

Ele ficou assim pelo que pareceu uma eternidade até ver que o céu começava a clarear.

Subiu as escadas e parou ao ver Grace parada na soleira da porta do quarto de seus tios.

- Sabe que não deve interferir na vida deles.

- Você não deveria se interferir nas minhas decisões, Grace.

- Acho que deveria, eles são meus netos.

- Ela é sua neta, ele é meu sobrinho.

- Foram criados como irmãos!

- E daí? O que é mais importante à criação ou o patrimônio?

- Você é realmente um filho da pu..

- Não ouse usar essa palavra na minha casa.

Lucca suspirou cansado e sentou encostado na parede. Esperou ate que a luz do quarto fosse apagada e então seguiu para seu próprio aposento onde passou o resto da madrugada em claro pensando no que faria quando o dia nascesse de vez e ele tivesse que encara-lo.