Bifurcados - O Apocalipse Zumbi escrita por Cadu


Capítulo 6
Sem Dosagem


Notas iniciais do capítulo

Com menos de uma semana de fic consegui quase 30 reviews! Muito obrigado a cada um que comentou. Acabei de escrever esse capítulo, espero que gostem.



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Bifurcados - O Apocalipse Zumbi

Capítulo Cinco - "Sem Dosagem"

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Clarissa acorda debaixo de dois edredons gelados. Era perceptível que aquela cama macia não era a sua e um aroma forte de velas invadia todos os cômodos. Seus olhos doíam e sua visão embaçada conseguia ver a silhueta dos prédios, agora abandonados, de São Paulo pela grande janela do quarto. Levantou-se lentamente sentindo sua garganta seca pedir água, ajeitou suas roupas – um calção jeans, camiseta e um sweater – e tentou lembrar-se se tudo aquilo que acontecera era um sonho. A tentativa fora em vão.

Abriu a porta e a penumbra permanecia a não ser por velas distribuídas uniformemente na sala de jantar e na sala de estar do apartamento de Heitor. E o próprio estava sentado com as duas mãos na face, chorando melancolicamente.

Heitor? — Clarissa citou seu nome lentamente aproximando-se — Você está bem?

O silêncio intensifica o ambiente por alguns segundos. Ele desgruda as palmas dos olhos – os quais estão completamente inchados e avermelhados - e fita Clarissa.

— Não. Não sei mais o que fazer. — A menina senta-se em seu lado.

— O que aconteceu? Me conta.

— Minha namorada — Clarissa acanhou-se lembrando da frase de efeito que acabou com o clima romântico do momento da outra noite — falei com ela alguma horas atrás. Não sei o que aconteceu. Ela tava gritando, disse que o pai estava doente... Não sei mais o que fazer.

Não sabendo o que dizer ou fazer, tomou a mesma atitude que achava que Heitor faria: abraçou-o o mais forte que podia. Após alguns minutos com os peitos grudados, ela pergunta como foi parar em sua cama.

— Depois que você se jogou do prédio, como eu fiz, desmaiou completamente. Só acordou agora.

— Ainda estou um pouco confusa com o que aconteceu no telhado... — olhou em sua volta — Porque estamos iluminados por velas?

— A luz acabou faz quatro horas. Não gosto de ficar no escuro, tanto porque não consigo dormir.

— Eu vou para casa. Obrigada por tudo mesmo, de novo. Você vai ficar bem? — Clarissa levanta-se do sofá e vai em direção à porta.

— Espera — Heitor impede-a de ir e antes olha pelo olho mágico para o corredor escuro. Consegue ouvir o grunhido de um errante por ali e faz sinal para Clarissa ficar quieta e sussurra — Um deles está aqui no corredor.

— E agora?

Puta que o pariu! — Heitor acaricia sua barba rala — É melhor você ficar aqui essa noite. A gente dá um jeito amanhã quando o sol iluminar melhor o corredor. — Heitor afastou-se da porta e continuou — Quer comer algo? Você deve estar faminta.

— Posso comer qualquer coisa. Qualquer bolacha, o que tiver.

— Pode ir à cozinha, coma o que quiser. Vou ter que ir dormir, estou... Estou... — Não conseguiu completar a frase e subiu as escadas.

Na cozinha Clarissa demorou a encontrar alguma coisa para comer. Tantas facas, tantas panelas que era possível se perder por algumas horas naquele ambiente prateado. Todos os equipamentos eram parecidos com os de sua mãe na casa de Minas Gerais. Ela sentia um vazio no peito por não ter eles por perto, mas tinha que superar as dificuldades que esse novo mundo propunha para os sobreviventes.

Um barulho estrondoso no andar de cima fez a menina se assustar. Apanhou uma faca e lentamente subiu as escadas. Ao banheiro o corpo de Heitor estava jogado no piso. De joelhos Clarissa tenta reanimá-lo, mas a tentativa fora em vão. Um frasco de remédios para dormir encontrava-se encima da pia. Puxa ele com toda sua força de garota ingênua para a banheira branca de mármore e coloca a cabeça mole apoiada na beirada.

Seus dois dedos eretos são colocados no fundo de sua garganta até Heitor vomitar todo o conteúdo já esmagado das pílulas. Ele tosse várias vezes e Clarissa não sente nojo. Era acostumada com isso já que sua irmã mais velha era hipocondríaca. Aquela cena era comum na rotina da vida da família Bittencourt.

Heitor tosse sangue e agora acorda lentamente ainda em estado grogue.

— Porque você fez isso? Vamos dormir, vamos. — Clarissa levanta-o e lava sua boca na pia do banheiro. Quando chega ao quarto, ele cai na cama.

Clarissa desce e vai dormir no sofá, cobre-se com uma manta que cobria o sofá. O frio que a noite proporcionava era imensurável, e o medo da praga causava uma sensação agonizante. Decide subir as escadas e deita em um canto da grande cama em que Heitor está. O sono chega rápido decapitando sua mente, levando-na para um distante mundo onde apenas sonhos existem.



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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Posto o próximo com 5 reviews.