O medo estava impregnado em suas córneas. Ela tremia, suas veias palpitavam, andava rápido fazendo seus pés quebrarem as folhas já secas daquela parte da floresta. Estava perdida? Não sabia. Apenas tinha medo deles, olhava para trás obcecadamente com medo de algum dos errantes atacar, como antes fizeram com seus pais e seu cachorro. Poderia parecer um pouco desnaturado, mas sentia mais falta de seu animal de estimação do que de seus pais. O tratamento que sempre deram para ela sempre fora muito rígido e um trauma muito grande fazia um buraco em seu peito - mesmo já tendo vinte e três anos. 

Leila corria rapidamente, até encontrar um monte. Era como se fosse uma pequena montanha, e era facilmente possível subir nele. Pela lateral, escalou rapidamente enquanto, de trás de uma árvore, um zumbi aparece. Tentou atacá-la, mas com uma pistola deu um tiro em sua perna, fazendo explodir um músculo que o fez cair. Não o matou, mas o impediu de continuar sua busca incansável de carne. O zumbi que antes estava no chão continuava se arrastando, em busca de Leila.

Quando seu corpo cansado virou para continuar a subir o monte, um lobo selvagem apareceu em sua frente. Ele babava por suas entranhas e grunhiu quando viu a presa. Leila assustou-se dando um grito, e começou a chorar. Seus joelhos falharam e ela caiu no chão daquele jeito, esperando a morte bater em sua porta. Pela primeira vez em sua vida ela cederia. 

O lobo aproximava-se lentamente, admirando sua presa sem compaixão, até que uma força incontrolável tomou seu corpo. Leila levantou-se em um momento rápido, surpreendendo até ao animal, arrancou a pistola de seu cinto e atirou. De raspão, a perna do animal fora atingida. Mesmo assim ele continuou se aproximar da presa, agora raivosamente e com um ritmo mais rápido que o de anterior.

Em um momento súbito ele pulou em cima da loira, fazendo-na cair. O lobo estava apoiado em seu corpo, com sua boca aberta rangendo seus dentes. Algumas gotas de baba encontraram sua face. Os braços fortes de Leial fizeram segurar o animal longe de seu corpo por alguns segundos, até conseguir tirar de sua calça novamente a pistola. Leila aponta-a para seu peito e um grito estridente do animal invade seus ouvidos.

Ela nojentamente tira o pesado animal de seu corpo, e quando levanta-se limpando suas roupas, mais doze ou treze lobos estão em cima do monte. Leila, com uma ótima consciência, consegue ver que não vai conseguir matá-los. Até que quando ela acha que vão atacá-la até a morte, eles cedem à mulher. Alguns grunhem lentamente, mostrando que agora ela é quem manda. Leila observa o corpo fétido do lobo já morto, e rapidamente corta sua cabeça com uma faca que ficava em sua mochila grande. Tirando seu cérebro e todos os músculos da parte superior de sua cabeça, ela veste em seu cabelo. Os fios banham-se de sangue - que deslizam por sua face. A partir daquele momento, Leila não era mais uma mera e estúpida humana, mas sim A Menina-mulher-lobo.