Contar tudo aos Cullen tantas vezes me fez perceber o quanto eles eram pessoas maravilhosas. Sim, pessoas. Eu não tinha outro nome para eles. Eles não eram humanos, mas eram pessoas, e maravilhosas. Principalmente o Dr. Carlisle. Sempre que contamos a mesma história para eles, eles nos dão crédito e nunca se recusam a ajudar. E isso nos fez estimá-los ainda mais.

Após dizermos quem éramos, o que fazíamos ali e as razões de ali estarmos, eles ponderaram sobre o assunto. Principalmente sobre os casos de morte recentes e... Mike Newton.

"Definitivamente, este é um caso de outro vampiro." disse Dr. Carlisle. "Nós, como vocês já sabem, temos um acordo de não caçarmos nessas terras. Além do mais, só caçamos animais."

"Nós já sabemos, doutor. É por isso que estamos aqui, pois contra outro vampiro nós não temos chance. Somos humanas, e só outros vampiros para resolver esta situação."

"É estranho..." começou Jasper. "Alice teve uma visão de um grupo de nômades, vindo para cá... mas a visão não dizia que viriam para Forks, exatamente. Era como se eles só passassem pela circunvizinhança e depois seguissem rumo ao leste."

Olhei para Mary Poppins, com cuidado de não exprimir totalmente meus pensamentos. Edward estava na sala, e não queríamos causar mais interferências. Ela parece ter compreendido no ato, e Edward continuava imóvel, sem mudança de expressão.

"Mas agora" completou Alice "eu não vejo nada. Nenhum outro vampiro! Nada! O que é estranho, pois não é como se nada fosse acontecer, mas sim como se alguém estivesse mudando o tempo inteiro de decisão."

Compreendi no ato. O vampiro que estava fazendo isso conhecia Alice e seu poder. Por isso mudava de decisão. Da mesma forma que Victoria faria no terceiro livro da série. Mas aquela não era Victoria, pois ela nem sequer conhecia a família Cullen ainda.

Não pude evitar esse pensamento, e Edward o captou.

"Você conhece estes nômades?" ele disse. "Reconheci os rostos que você pensou da visão de Alice. Você os conhece?"

Suspirei. "Sim. Como eu havia dito anteriormente, eu e Sra. Poppins somos uma espécie de viajantes do tempo. Nós os conhecemos, sim. Mas não podemos dizer mais que isso, espero que compreendam."

"Sim, sim, claro" disse Carlisle. "Mas, se esse vampiro conhece Alice e seus dons, e a está evitando, quem é ele e por que está fazendo isso?"

"Eu tenho uma idéia sobre ele." Mary Poppins falou.

"Ou ela." eu disse.

Alice continuava a me observar. Eu olhei diretamente para Jasper.

"Ela é um recém-nascido." eu falei, olhando para ele. "Creio que entendes que tipos de problemas um recém-nascido poderá trazer a Forks, Jasper."

Ele ficou surpreso, mas assentiu, educadamente.

"As conseqüências seriam desastrosas." disse Mary Poppins. "Ou melhor: já estão sendo."

"Temos que pará-lo." falou Jasper, por fim.

"Não só pará-lo, Jasper." eu falei. "Temos que impedi-lo de ser criado. Temos que descobrir quem foi o responsável por sua transformação, voltar ao passado e impedir que ela se encontre com ele. Só então  poderemos enviá-la de volta ao seu mundo."

"E como faremos isso?" Jasper falou. Carlisle se aproximou, curioso.

"Bem, eu não sei como receberão isso, mas vocês já fizeram isso antes. Vamos levá-los, um por um, ao meu mundo. Então, voltaremos a este mundo, no passado, quando ela chegou aqui. E trazê-la de volta. Não acredito que sejam necessários tantos de vocês. Ela ainda será uma humana. Mas preciso de um dos Cullen. Não quero que ela fuja. Precisamos de certa... hum... velocidade e força."

"Eu poderei fazer isso." Edward se ofereceu.

"Será que você suportará seus pensamentos em direção a você?" perguntei.

"Como assim? Oh!" A compreensão veio a sua mente. Ele viu balançar em meus pensamentos os longos cabelos loiros quase brancos. "É ela?"

Assenti com a cabeça. "Naquele momento, ela ainda era uma humana. Depois daquele dia, ela nunca mais apareceu. E então, surgiram as notícias das mortes."

"Ela deve ter procurado os nômades que passavam. Ela sabia da existência deles, tanto quanto nós. E então, deve ter pedido para ser transformada."

"Ela arriscou muito a vida, fazendo isso." disse Carlisle. "A maioria dos vampiros não tem controle para transformar alguém. O frenesi toma conta e a razão se perde."

"Nos tornamos monstros." disse Edward, com pesar.

Olhei para ele. "Edward..." eu chamei em pensamento. Ele olhou para mim. "Tem certeza de que quer fazer isso? Não sei quem ela é, nem exatamente o que ela pensa, mas sei que isso te incomoda."

Ele respondeu audivelmente. "Você não tem idéia do que seja um incômodo para mim, Lisa. Irei com vocês."

"Obrigada, Edward. Obrigada a todos."

Esme sorriu, um sorriso terno e amável.