Uma nova chance ao amor (Shot-FIC) escrita por Anne Black


Capítulo 1
Capitulo 1


Notas iniciais do capítulo

bom é isso a fic é meio curta já tenho ela terminada no PC



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Morte e Honra

O lugar estava lotado de corpos, de homens, em pedaços por conta dos conflitos no Afeganistão. Ali tinha um cheiro de éter misturado com sangue. Sons dos gemidos de milhares de soldados machucados na batalha. Eu também estava ferido mas nem tanto quando o meu amigo Nahuel que agonizava ao meu lado, numa maca, enquanto eu esperava algum atendimento sentado em outra. Naquele estado ele não poderia se esforçar, estava muito debilidado; Um tiro no ombro esquerdo próximo ao peito, uma perna e braço quebrados. Seria um milagre ele resistir, e eu estava me preparando para o pior.

 

— Jak... - ele tentou me chamar, mas sua fraqueza o impedia de impor qualquer força.

— Nahuel fique quieto que logo vem uma enfermeira nos examinar. - olhei ao redor me deparando com uma correria que nem me deu tempo para chamar por alguém. Aproximei-me da sua maca, ajoelhando-me ao seu lado.

— Você precisa me prometer uma coisa, meu amigo... - Sua voz saia inaudível, sem força.

— Do que você tá falando Nahuel? Não faça esforço. - Segurei seu ombro, ele meneou a cabeça insistindo em continuar.

— Me prometa que cuidará do meu filho, diga a Renesmee que eu o pedi para fazer isso, por favor. - falou com muita dificuldade, fechando os olhos em seguida.

— Não se exalte Nahuel, por favor. - supliquei tentando acalma-lo, mas grosseiramente ele pegou meu pulso o apertando.

— Ande, prometa! - vociferou com um resto de força que sobrara, olhando em meu rosto. - Eu não tenho muito tempo... Prometa que cuidará do meu filho... - com a testa franzida ele levou a mão ao peito, como se sentisse uma fisgada no coração.

— Eu prometo. - minha voz saiu embargada, minha vista embaçada. Sabia que o pior aconteceria.

— Co-como seu filho. - num suspiro ele murmurou, derramando uma lágrima de dor.

— Como meu filho. Agora descanse... - exigi percebendo que ele não iria descansar.

— Mas uma coisa... cuida da Renesmee e se possível a ame... - num suspiro mudo ele arfou o peito e desfaleceu de olhos abertos. Passei meus dedos por eles os fechando. Triste, encostei minha cabeça em seu ombro, enquanto apertava a manga de sua camisa. Meu melhor amigo havia morrido, e eu tinha uma promessa a cumprir.

 

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— Nahuel Hales. - Escutei uma voz feminina pronunciar aquele nome e logo identifiquei de quem se tratava.

Sai da sala, devagar por conta da torção do meu pé; estava de muleta. Segui até o encontro da voz. Ela era a única mulher, além da recepcionista, no local. A vi de costas, sua silhueta debruçada sobre a mesa da recepção perguntando informações sobre o marido e meu melhor amigo, Nahuel.

— Senhora, sinto muito mas... - a secretária começou, mas a interrompi. Elas me olharam desentendidas, eu fiz um gesto e Aline entendeu saindo. A mulher a minha frente tinha os cabelos ruivos presos em um rabo de cavalo, olhos expressivos e pouco maquiados. Sua expressão era de espanto sem mesmo saber por que a tinham chamado. Renesmee tinha uma beleza impar, porém não era o momento mais apropriado para admirá-la.

— Quem é você? - ela me olhou de cima a baixo, e fixou os olhos no meu sobrenome escrito no meu uniforme. - Jacob Black - pareceu lembrar-se das duas vezes que nos vimos uma em seu casamento e outra no aniversário do pequeno Seth.

— Sim, o amigo do Nahuel. - falei cordialmente, ela meneou a cabeça impaciente.

— Onde ele está? Porque me chamaram aqui? - vociferou olhando por cima dos meus ombros na busca por Nahuel.

— Renesmee, eu sinto muito em dizer, mas... - baixei a cabeça sentindo um nó na garganta ao ter que dar aquela noticia. Ao erguê-la me deparei com seus olhos cristalinos, com lágrimas se formando. Seu lábio inferior tremeu e ela parecia prever do que se tratava.

— O que aconteceu com o Nahuel? - angustiada ela indagou, seus olhos saltando das órbitas. E aquilo só tornava as coisas mais difíceis pra mim, imagine pra ela.

— Ele... ele morreu, Renesmee. - murmurei fraco, bruscamente senti um impacto contra meu peito.

Renesmee soluçava baixo contra meu corpo, apertando meu braço numa forma de fuga. Abracei-a, com minha mão livre da muleta, tentando consolar a sua dor e de certa forma aquilo também me fazia bem. Não tinha recebido nenhum abraço desde que ele morrera, e aquilo era um pouco reconfortante. Perdi meu irmão, meu amigo, porém nem se comparava a dor que aquela mulher em meus braços estaria sentindo. Pude ouvir seu choro baixo molhar meu uniforme. Do mesmo jeito que ela se aproximou se afastou, limpando o rosto e respirando fundo. Seus olhos encontraram os meus como se pedisse ajuda, ou desculpa.

A partir daquele dia eu ficaria mais próximo dela e principalmente de seu filho. Era a minha obrigação. Fazia parte da minha promessa.

 

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Depois de todo o velório, os tiros dos soldados e a exaltação ao hino nacional havia chegado um momento que eu nem imaginava, entretanto fazia parte das honras militares.

Jacob carregava, nas mãos, uma bandeira dobrada e sobre ela uma medalha de honra. Pelo pouco que conheço de Jacob sabia que ela faria questão de fazê-lo, tanto por ter sido um dos últimos a conviver com Nahuel, quanto pela sua amizade. Não sei bem o porquê que nós nunca fomos muito próximos, talvez por falta de tempo já que eu nem passava muito tempo com meu marido que dirá com seu amigo.

Ainda de muleta ele, veio de encontro ao meu filho Seth, passando entre duas fileiras de oficiais armados. Em todo seu caminho permaneceu serio, questão de protocolo, suponho. Não me olhou, se dirigindo apenas a Seth que estava na minha frente. Com certa dificuldade ele se abaixou ficando da altura dele e o entregou o que pertenceu a Nahuel.

— Cuide disso, e seu pai sempre estará perto de você. - sussurrou Jacob, apenas eu e Seth pudemos ouvir.

 

Não sabia se realmente Seth entendia o que se passava. Ele tinha recém completado 5 anos, e apesar de ser bastante inteligente parecia ter a ingenuidade de um recém nascido o que me agradou, já que ele não sofreria tanto. Ver seu rostinho de anjo tão triste partia meu coração. Seth era muito novo para já ter perdido o pai da maneira que aconteceu.

Senti uma mão sobre a minha, que estava pousada no ombro de Seth, apoiando-me. Olhei da mão de Jacob aos seus olhos. Sorri fracamente agradecendo por ele estar ali. Entre conhecidos e desconhecidos me sentia bem na sua presença.

 

— Obrigada. - sussurrei inaudível, o obrigando a fazer leitura labial.

 

Escutei um choramingar e quando vi Seth estava agarrado no pescoço de Jacob que o abraçou de modo paternal. Involuntariamente levei a mão ao rosto e só então percebi que também chorava. Vê-los daquela forma me fez recordar Nahuel. Ele era um bom pai, e faria falta na criação de nosso filho.

Tudo estava acontecendo tão intensamente que eu me sentia sozinha, perdida... Não ter mais meu marido era como não ter metade do meu coração. Estava incompleta. Além do mais, a partir dali as coisas ficariam mais difíceis. Criar um garotinho sozinha não seria fácil, entretanto eu tinha que fazer por ele e pelo Nahuel.

Renesmee OF

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Jacob On

Primeiro Passo

Como eu contaria a Renesmee que tinha que cuidar dela e do pequeno Seth? Ela aceitaria fácil? Qual seria sua reação? Preferi não arriscar. Omitiria aquilo o máximo que pudesse, até que conseguisse comunica-la. Eu tinha que ficar por perto mais não sabia como. Pedir abrigo seria desespero da minha parte, além do mais ela estranharia. Entretanto eu não tinha escolha, já que fazia 3 anos que estava com o regimento de Nahuel e depois daquela missão tiraria férias por alguns meses, obrigado também pelo meu estado de saúde.

 

— Obrigada de novo, Jacob. - Renesmee rompeu meus pensamentos.

— Que é isso. Pode me chamar quando quiser, se precisar. - disse casualmente o mais amigável possível. Estávamos na varanda de sua casa, ela quase dentro da sala e eu na soleira da porta.

— Você vai ficar bem? - perguntou apontando para minha perna.

— Não foi nada de mais, só uma torção no pé. - dei de ombros, sem importar muito com as fisgadas que sentia. Ela me olhou como se perguntasse se eu ficaria ali. Tratei de mudar de assunto. - Ele era um bom homem, um irmão que não tive. - falei cabisbaixo, encarando o chão.

— Eu sei disso. - pareceu pensar ou lembrar-se de algo, enquanto cruzava os braços no peito. Olhava distante daquele tempo, pensativa.

— O Seth vai ficar bem? - apontei pra dentro e pela porta aberta pude ver que ele brincava na escada.

— Sim, espero que sim. Ele é novinho para entender, acredito que será o que menos vai sofrer, afinal. - encontrei seus olhos fundos e pesados. Estampava uma máscara de fortaleza que não me enganava.

— Ele é tão parecido com o pai. - indiquei com o queixo pra onde ele estava, Renesmee olhou assentindo. Mesma cor de cabelo, castanho dourado e olhos claros. Seu pai em miniatura.

— Éhr... - senti uma dor na sua voz, tive vontade de abraça-la, mas me contive.

— Se precisar de alguma coisa, qualquer coisa que esteja faltando, algo que o Seth queira, não hesite em pedir. Estou aqui pra isso. - falei determinado e ela me olhava com uma expressão de confusão somada a recente fúria. Sua testa franzida, com os olhos semicerrados pareciam me recriminar.

— Não precisamos de nada. Você já fez muito. - disse me dando as costas, mas antes agarrei seu antebraço a fazendo ficar.

— Renesmee, é serio, o que quiser eu posso fazer. - falei tentando ajudar. Vi em seu rosto se formar um sorriso irônico, enquanto ela se soltava.

— Hey, você não percebeu? Eu não quero um militar perto de mim e do meu filho. - cuspiu as palavras que ficaram pesadas em meus ouvidos. Aquela mudança me atingiu em cheio, como uma bala de canhão.

— Mas, Renesmee... - pulei num pé só para tentar contê-la, em vão.

— Mas nada. Quem eu quero você não tem o poder de trazer de volta. Vá embora! Cuide da sua vida. - Bradou aos ventos, chorosa, batendo a porta na minha cara. Esmurrei-a por simples reação.

A culpa me arruinava. Tinha sido precipitado em oferecer mundos e fundos pra ela sem ao menos conhecê-la melhor, sem ao menos esperar sarar sua ferida recente. Comecei errado, tampouco desistiria. Como eu não tinha escolha fiquei na varanda mesmo, num confortável "sofá" que tinha ali. O cansaço tinha me pegado junto com as dores no meu pé que aumentaram pelo esforço que havia feito durante o dia. Ou seja, não tinha condições físicas de andar até um hotel, já que casa eu não tinha.

Jacob OF

—-----

 

A noite havia chegado rápido para um dia tão longo como aquele. Depois do jantar fui ver se alguém ainda estava onde não deveria. Espiei pela janela e vi Jacob dormindo sentado. Revirei os olhos por sua insistência de ficar ali.

Sua presença me trazia segurança e ao mesmo tempo não poderia querê-lo por perto. Ele me trazia lembranças claras do meu marido e aquilo doía tanto, doía na alma. Perguntei-me se não estaria sendo muito mal educada o deixando fora, mas eu não poderia colocar um desconhecido dentro de casa. Está bem, ele não era tão desconhecido assim... E pensando melhor acredito que Nahuel gostaria que eu o abrigasse em casa.

Mas por que diabos, ele teimava em ficar ali? Ele não tinha casa, família?

 

— Mamãe? - Senti Seth puxar minha saia. Olhei pra baixo e me agachei da sua altura segurando seus ombros.

— Você deveria estar dormindo, querido. - Afaguei seus cabelos vendo sua carinha amassada de sono.

— Deixa o tio entrar? - Apontou pra fora da janela, voltando logo a bocejar e esfregar os olhos.

— Vá dormir, está bem? Eu resolvo isso. - Beijei o topo de sua cabeça enquanto guiava-o de volta as escadas fazendo-o subi-las.

Dei meia volta. Suspirei derrotada. Não faria aquilo por piedade, ou por que Seth havia pedido, faria porque era preciso. Senti que era preciso. Meu coração dizia que eu deveria fazer. Saí para a varanda batendo a porta com força. Aquilo fez Jacob se remexer, sem acordar. Aproximei-me dele sentando ao seu lado, vendo que dormia feito pedra.

— Sei que vou me arrepender disso. - Reclamei frustrada com minha própria ideia. Sem mais demora puxei um de seus braços tentando erguê-lo para ficar de pé. Minha força não era suficiente pra levantar um corpo de um homem duas vezes maior que eu. Impaciente bati em seu rosto.

— Vamos me ajude. - Meio assustado ele abriu um olho, sem falar nada se levantou me tendo como apoio.

 

Seu braço foi sobre meus ombros e com a outra mão ele se apoiava na muleta. Meu braço ficou atrás de suas costas. Por um momento me peguei olhando seu rosto tão próximo ao meu, e como um imã meus olhos fixaram-se na sua boca vendo-a semiaberta. Levantei meus olhos encontrando os dele, desviei rapidamente. Aquilo revirou algo em mim. Não soube dizer o que.

Passamos pela porta com certa dificuldade, primeiro ele depois eu. Conseguimos chegar somente até o sofá, pois eu não sabia o que Jacob tinha. Parecia doente, cansado, exausto. Logo ele se deitou acomodando-se em todo o sofá parecendo ficar bem confortável.

Quando ia sair para buscar um cobertor senti sua mão em meu pulso me fazendo ficar e mirá-lo. Outra vez ele não disse nada. Desceu a mão até a minha levando-a de encontro aos seus lábios depositando um beijo ligeiro nela, como se agradecesse o que eu tinha feito. Aquilo me pegou desprevenida e a sensação me surpreendeu. Saber que ele estava ali me transmitia algo bom, uma paz, segurança. Sorri em agradecimento e sem dizer nada sai.

Meu coração acelerou a medida que voltava aproximando-me com o cobertor em mãos. Me agachei ao seu lado percebendo que ele já dormia. Agradeci mentalmente e o cobri, voltando rápido para meu quarto onde não dormi.

 

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Coração Partido

Outra vez uma noite longa. Não consegui dormir bem por ter ficado a pensar em tudo. Desde a morte do meu marido, como seria agora com Seth e o novo hospede, Jacob. Não era certo ele ficar aqui, mesmo depois do que eu fiz. O que eu não queria era um oficial enfurnado na minha casa, sendo exemplo pro meu filho seguir. Aquilo tinha passado do limite e eu tinha que tomar o controle. Cedo deixei Seth na escolinha, sem esperar o ônibus que o levava, e quando voltei Jacob ainda dormia. Tomava meu café, tranquila, quando escutei uns passos atrás de mim. Virei-me vendo que Jacob tinha acordado.

 

— Você não tem parentes por aqui? - falei sem expressão alguma, fria enquanto remexia no meu café.

— Não. Meu pais moram no México e minha irmã cuida deles. Sou independente. Mas porque pergunta? - ele sentou-se na cadeira a minha frente, fitando-me confuso.

— Pra saber quando você vai embora. Olha, eu não quero parecer grosseira, mas eu não quero que você fique aqui. - Me levantei sem olha-lo, outra vez fria. Senti algo ruim, má sensação. Sentia-me desmotivada em estar fazendo aquilo, porém era preciso. Não queria Jacob por perto.

— Renesmee, o meu único interesse aqui é o Seth. Ajudá-lo a crescer como eu disse que... - Ele pareceu frear as próprias palavras, mas deixou escapar algo tarde demais. Virei-me, o encontrando olhando diretamente pra mim.

— O que quer dizer com isso? Você não tem direito nenhum. - Bradei enfurecida, falando o óbvio. Quem ele pensava que era?

— Mas o Nahuel me deu esse direito antes de morrer. - Disse sem receios, ao que parecia tudo estava sendo esclarecido.

— Como é? Do que você está falando? - Gesticulei alterada.

— No leito de morte o Nahuel me faz prometer que cuidaria do Seth e... - Interrompi negando a acreditar o que ele dizia.

— Você está maluco! Isso é um absurdo! - Ri de nervosismo, andando de um lado pro outro com a mão na cintura assimilando o que ele dizia.

— Isso mesmo, Renesmee. Agora minha vida está aqui. Eu tenho que cuidar de vocês em nome do meu amigo. E é o que eu vou fazer. - Disse determinado e eu gargalhei irônica. Aquilo não poderia ser verdade.

— Só pode estar brincando. Nahuel não pode ter pedido isso. - Pensei com as mãos nas têmporas, desesperada. Agora essa, quando eu queria um militar longe de mim era quando ele queria ficar perto.

— Não foi um pedido, foi uma promessa. E algo que eu aprendi no exército é nunca desistir de uma causa, ser honrado a ela em todos os momentos difíceis. E assim eu farei com vocês. - Terminou o que parecia um discurso e eu o olhava sem acreditar em suas palavras mesmo elas me soando a pura verdade.

— Pois eu dispenso, como mulher dele eu tenho esse direito. Pronto! Você está livre da sua promessa. Vá viver a sua vida! - Gritei exaltada, gesticulei indicando a porta da rua pra ele.

— Você não entende. - Ele meneou a cabeça em negação.

— Não! É você que não está me entendendo. O que eu mais quero é ter uma vida nova longe de alguém que possa influenciar meu filho a ser algo que foi a causa da morte de seu pai. - Despejei as palavras junto com as lágrimas quentes que estavam ansiosas pela fuga.

— Mas eu não posso deixar o comando... - Coçou a cabeça, com falsa paciência.

— Ótimo, então vá viver a sua vida longe daqui. - Supliquei em prantos, enquanto escondia meu rosto entre minhas mãos. A dor tomou conta do meu ser. Sentia-me acabada e sabia que o estava ferindo também.

 

Depois só ouvi um bater de porta que me assustou. Virei-me e percebi que ele tinha ido embora como eu pedira. E o que deveria ter me deixado descansada tornou-se uma armadilha. Agora entendi porque chorava. Porque eu não queria que ele fosse. Não queria que me deixasse sozinha, sangrando por dentro. Despedaçada.

 

—-----

 

Sem Disfarce

Foi verdade que eu gostei da sua companhia. Saber que ele esteve aqui a noite toda foi reconfortante, mas eu precisava que ele fosse embora. O meu trauma pela perda do meu marido ficou e Jacob me trazia tudo à tona mais forte e eu não queria aquilo, apesar de sentir que meu coração não gostava daquela decisão.

Dois dias se passaram desde que ele se foi. Não sei bem o porquê, mas o vazio que ficou só aumentava a cada hora. Vê-lo me dava uma paz, como se tudo se curasse e ao mesmo tempo acelerava meu coração. Seth não gostou de saber que Jacob havia ido embora comparando aquilo até como a perda de seu pai.

Quando estávamos saindo para esperar o ônibus que o levaria para a escola, tivemos uma surpresa. Jacob estava no jardim caminhando lentamente com sua muleta, uma mala e um sorriso murcho nos lábios. Talvez por timidez, ou pela persistência que demonstrou ter voltando depois de tudo o que eu disse.

 

— Tio! - Seth ao vê-lo correu e Jacob o abraçou soltando a muleta no chão. Mais uma vez o vi como pai. Ele parecia gostar tanto do Seth e ao mesmo tempo parecia seu pai...

Minhas mãos gelaram, meu coração acelerou, acredito que meu rosto ruborizou quando senti seus olhos sobre mim.

— Mamãe o ônibus chegou. - Disse tristonho, me voltei para ele beijando seu rosto. Ele se despediu de Jacob e subiu no ônibus, que logo se foi.

Ao perceber eu já estava bem na sua frente. Algo inexplicável inundou meus sentimentos ao cruzar meu olhar com o seu. Meu estômago revirou, senti borboletas impacientes quererem sair dali. Ficamos a trocar olhares intensos como se sentíssemos saudade, o que não era mentira.

— Renesmee, eu queria conversar... - Impulsivamente abracei-o apertado, me pendurei em seu pescoço. Suspirei aliviada, de olhos fechados, por tê-lo de volta.

 

Senti suas mãos tomarem minhas costas em resposta e aquilo me causou um arrepio em todo o corpo. Seus braços eram fortes, quentes e macios, dando-me o calor que eu necessitava naquele frio. Meu coração falhou junto com minhas pernas ao sentir ele me apertar mais como se também esperasse por aquele momento tanto quanto eu.

De repente eu me afastei totalmente desnorteada. O que estava fazendo? O que eu estava sentindo? Num gesto inesperado ele tocou meu queixo erguendo meu rosto me obrigando a olha-lo. Estávamos tão próximos que pude sentir sua respiração calma e quente contra a minha. Seus olhos cor de oceano eram fascinantes e vistos de tão perto tinham um brilho hipnótico.

Pela proximidade reparei que ele tinha uma pequena cicatriz na sobrancelha e me perguntei em qual batalha ele a tinha conseguido. Era tão bom estar daquela forma. Perto dele eu me sentia segura. Meu coração palpitava nervoso.

 

— Sei que começamos com o pé esquerdo e quero te dizer que eu pensei muito e vi que se era da vontade do Nahuel que você me ajudasse a cuidar do Seth, eu fico de acordo. - Murmurei voltando a ficar de cabeça baixa, envergonhada e ao mesmo tempo certa do que dizia.

— Nossa, Renesmee. Eu só tenho que te agradecer por isso, é verdade. Farei de tudo pra te ajudar a tornar o Seth um garoto melhor do que ele já é, sem influenciá-lo a seguir os passos do pai. - Ergui o rosto e percebi o quanto ele estava contente mais ao mesmo tempo limitado. Tive a impressão que ele queria me agradecer com um abraço, mas se policiou ficando petrificado no chão. Atitude de militar, rígido?

— Então vamos entrar, e eu te mostro seu quarto de hóspede. - Nervosa coloquei a mão na nuca.

— Renesmee, eu prometo que vou embora assim que receber o que me devem lá do Regimento e te deixo em paz. - Me garantiu com falsa vontade.

— Não se preocupe. Fique e depois conversamos. - Sorri amigável e ele permaneceu serio, tenso.

 


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Notas finais do capítulo

é isso os capítulos serão grandes assim mesmo quem sabem ate maior não? kkkk