Transtorno De Boderline escrita por Liz03


Capítulo 6
MItomania


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu estou ciente que sumi. Sim, a história está empacada. Sim, pensei em parar de escrevê-la,já que está empacada. Não, não vou fazer isso. Não, não seria legal com quem já leu até aqui. Sim, eu gosto de ficar fazendo isso de sim/não. Não, eu não me canso de ser irritante :D
ps: todos ouvindo a música do capítulo por favor o/



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A mitomania (ou mentira obsessivo compulsiva) é a tendência patológica mais ou menos voluntária e consciente para a mentira.

– A senhora gostaria de ver outros modelos?

Olho para o relógio, ouro branco, fundo preto, números azuis, já posso vê-lo em seu braço, já posso ver seu rosto brilhando de surpresa pelo presente.

– Não, obrigada, vou levar esse

Esse presentinho fechará de maneira brilhante uma noite especial. Comida italiana devidamente encomendada. Vinho devidamente reservado. Lista de músicas devidamente selecionada. E agora presentinho devidamente comprado. Certo, certo, um presentinho de mil e quinhentos reais não tem nada de INHO, mas nada que umas doze vezes no cartÃO não resolvam. Sorrio e mando uma mensagem apaixonada para o celular do Gustavo que responde ansioso.

Mais ansiosa estou eu que sei o que realmente acontecerá. E você pode saber também, porque hoje é o primeiro dia do resto da minha vida, o dia em que pedirei o Gustavo em casamento. Talvez você duvide, implique e até ria e foi por isso que não contei para minha mãe, irmã, Zoe ou Bernardo. As duas primeiras diriam que não é a mulher que deve pedir o homem em casamento, os outros dois diriam que eu deveria esperar mais para ter certeza. Porém, e você deve concordar comigo, quanto tempo é tempo suficiente para ter certeza? Quem diz o período de tempo em que se está, certamente amando alguém? Não há quem diga, não sinceramente.

E quer saber do mais? O meu cotidiano tem muitos exemplos de pessoas que morrem, apenas morrem. A morte e o acaso são amigos muito próximos, agora você está aqui e quem garante que no segundo seguinte estará? Eu tenho certeza do que sinto e do que ele sente por mim, isso me basta.

Chego em casa,olho o relógio 19:00 p.m , marcamos por volta das 20 horas. Tomo banho, passo meu melhor perfume e coloco o vestido preto favorito dele. I don’t wanna miss a thing está tocando e eu danço com a taça de vinho. Cause I'd miss you baby and I don't wanna miss a thing. Penso se fiz mal em esperar por ele para comprarmos as alianças juntos, mas me pareceu adequado. Olho nossas fotos no móvel da sala e aquelas lembranças felizes bailam comigo. Then I kiss your eyes and thank God we're together .20:30 p.m ligo para o celular dele, ocupado, praguejo contra os patrões exploradores que o prendem na loja.

21:00 p.m as músicas começam a se repetir, mando algumas mensagens. Deduzo que ele deve estar conferindo o estoque, provavelmente vai chegar muito cansado e esfomeado. 21:30 p.m começo a ficar preocupada com a falta de notícias, ligo para a loja e também não obtenho sucesso. Ele pode ter desmaiado ou desmaiado e batido a cabeça num móvel, bem, na verdade ele pode estar passando mal agora mesmo. Tiro o salto alto, ponho meu all star e ligo o carro, acelero já certa de que algo de grave aconteceu.

21:30 p.m chego na loja, a porta está fechada. Meu coração começa a acelerar, olho em volta e vejo um carro preto na esquina. Tudo começa a ficar assustadoramente claro, a loja estava sendo assaltada e Gustavo feito refém.

–É da polícia?

– Sim, qual a emergência?

–Tem uma loja sendo assaltada e meu noivo está lá dentro feito de refém – quando termino a frase percebo que estou chorando desesperadamente

– OK, senhora fique calma e diga o endereço, mantenha-se em um local seguro e espere a chegada da polícia

No início cogitei fazer o que fui orientada. Esperar calmamente. Mas já se passavam 15 minutos e nem sinal da polícia chegar, penso no que pode ter acontecido com o Gustavo lá dentro e de repente não tenho mais medo. Ele precisa de mim lá, se estiver machucado eu cuidarei dele. Corro até a lateral da loja, subo num tonel de lixo virado ao contrário e tento observar algo pelo buraco onde deveria haver um ar condicionado, a loja está escura e silenciosa. Pelos meus cálculos minha silhueta não passava pelo tal buraco, mas mesmo assim me penduro e começo a entrar, tudo ia bem até chegar no quadril.

Certo minha missão de resgate estava limitada ao meu quadril preso, isso não pode ser um impedimento para salvar a vida do Gustavo, então me inclino o máximo que consigo para baixo tentando passar por ali, começa a doer, mas não paro, até que a estrutura velha cede e eu caio numa mesa (que aliás estava sendo vendida por R$599,90). Ninguém por ali. Decido procurar o estoque então sigo correndo até o fundo da loja, atravesso uma porta restrita a funcionários. Meu coração está a ponto de sair do meu corpo, olho para os lados desesperada sem saber se seria pior não ver o Gustavo ali ou vê-lo ,em caso de estar ferido. Ouço um grunhido mais a direita, volto a correr, mas paro subitamente, eu preciso de algo para me defender, não posso chegar lá sem nada para acertar na cabeça dos assaltantes. Passo os olhos rapidamente pelo local, vários produtos nas prateleiras e em caixas, pego uma caixa de som de um home theater. E sigo com minha corrida desesperada munida de uma caixa de som. Percebo que depois de uma estante há uma luz ligada, percorro o caminho em segundos e chego para resgatá-lo...

GUSTAVO

No fundo, no fundo eu sabia que esse dia chegaria. Sério. Mas nunca passou pela minha cabeça que fosse ocorrer desse modo. Provavelmente, eu devesse me sentir muito culpado, é talvez devesse mesmo, infelizmente, foi engraçado de mais para ser levado a sério. Imagine a cena, a Pan (com aquele jeito dela todo desastrado) chegando desesperada e com um pedaço de home theater na mão enquanto eu e a Priscila nos divertíamos na cama box king size do estoque. Primeiro, ela começou perguntando onde eles estavam, os assaltantes, mas quando ela se deu conta do que estava rolando começou a chorar e a querer bater na gente com a caixa de som. Falou também um monte de coisas melosas como, “como você pôde fazer isso?”, “eu não merecia”, “a gente ia casar”....coitada, sempre foi meio lerdinha mesmo,e justamente por isso pensei que já tinha ficado subentendido que eu tinha que ter umas filiais por aí, se é que você me entende....Porque juro por Deus se a Pan não fosse cirurgiã com um salário do caramba eu já tinha enfiado um pé na bunda dela há muito tempo. Que mulherzinha chata. Cha-ta. Chata. Uma conversinha irritante, um jeitinho irritante, tudo nela é irritante, se fosse mais bonitinha pelo menos....

É, agora eu vou ter que passar um tempo sem ir em bons restaurantes, sem ganhar bons presentes, mas é assim mesmo. Só a cena bizarra dela choramingando com uma caixa de som na mão já tinha sido o bastante, mas depois que a polícia chegou eu tive que me controlar muito para não gargalhar. Acabou que ela falou com os policiais, e tenho certeza que eles morreram de vontade de rir também, e saiu correndo da loja, depois de alguns segundos voltou a entrar na loja para devolver o pedaço de home theater e então sair correndo em definitivo.

É, perdi meu patrocínio, mas pelo menos tenho uma boa história pra contar.


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Notas finais do capítulo

OK, comentem e digam como está, ok? Bjunda.



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