Jake’s PVO

Depois de meses dormindo em chãos imundos, calçadas duras, bancos de praças, dormindo com alguns mendigos e até telhados de padarias dormir em uma cama macia é a melhor sensação do mundo.

Lá estava eu, na minha cama dormindo tranquilamente quando sou acordado por um barulho infernal vindo do lado direito da minha parede, do quarto que deveria ser do João, fui até a porta devagar e realmente o som vinha da porta dele, que gritava:

– ANNIE, ME TIRA DAQUI AGORA! ANNIE! – ele esmurrava a porta.

Eu ia saindo já, até perceber que eu só usava uma cueca Box, voltei correndo pro quarto e coloquei um shorts, mas continuei sem camisa.

Uma vez for do quarto eu caminhei até uma mesinha onde eu via uma chave, ela era igual a chave do meu quarto, ou seja, podia ser a chave do quarto do João também.

Peguei a chave e destranquei a porta, três segundos depois eu estava prensado contra a parede, com um braço no meu pescoço e um punho pronto para me dar um soco.

– Onde está a Annie? Não me diz que vocês... – ele desviou o olhar e eu comecei a rir.

– Se ela está comigo? Se dormimos agarradinhos? Minha resposta é não.

Eu o ouvi suspirar.

– Eu estou aqui, agora João, solte o Jake – Annie apareceu do outro lado do corredor.

Ela usava um shorts curto, uma blusa infantil (estranho, eu sei) e um all star, seu cabelo estava preso para trás, ela tinha uma pequena mochilinha nas costas, mas o que mais chamava atenção nela era seus olhos, ele estavam vermelhos, o que dava indícios que estivera chorando, mas ele também brilhava de ódio.

– Você não manda em mim Annie – João disse. Oba, vai ter briga.

– Não mesmo, e dou Graças a Zeus por isso – soltei um risinho – eu estou de saída, não me sigam, não se matem, por que se vocês se matarem eu vou até o Hades e mato vocês de novo, entenderam?

Eu assenti com medo, Annie era muito feroz para uma filha de Afrodite, ela deu meia volta e saiu pela porta. Encarei João e bufei.

– É melhor não termos brigas, boa noite cara – voltei para meu quarto, tranquei-o e me lancei na cama, pronto para dormir de novo.

Annie’s PVO

Eu fui muito humilhada ontem a noite e absolutamente não vou deixar isso acontecer de novo, ninguém vai me chamar de patinho feio, ninguém vai me chamar ridícula, todos eles vão engolir as próprias palavras.

Eu andava pelas ruas de Manhattan, indo a um lugar que eu duvidava que me deixassem entrar, mas tentar não custa nada.

Continuei perdida em meus pensamentos até perceber que já havia chegado ao meu destino, eu estava parada na porta do Empire State Building, olhei para cima, era um lugar realmente muito alto, me deu vertigem só de olhar.

– Não estamos abertos hoje garota – foi o que o cara da recepção me falou quando eu encostei no balcão, ele nem ao menos se deu o trabalho de tirar os olhos do livro de capa amarelada que estava lendo.

– Para mim estão, eu quero falar com Afrodite – eu respondi indiferente.

Ele levantou os olhos me encarando, depois abaixou os olhos novamente.

– Não tem ninguém aqui com esse nome.

– Ah tem sim, ela está lá encima, no Olimpo, ela é deusa do amor e da beleza e também é minha mãe.

Ele me olhou abismado e soltou uma gargalhada dizendo:

– Filha de Afrodite? Você? Pode ser de qualquer deus, mas de Afrodite não.

A raiva me invadiu e eu gritei:

– Não te pedi a opinião querido mortal, olhe aqui – mostrei meu cordão do Acampamento Meio-Sangue – eu tenho muito tempo de treinamento, agora por favor me deixe passar antes que eu traga monstros para a sua querida recepção aí eu quero ver você se virar.

Ele me olhou de novo amedrontado e me entregou uma chave e apontou o elevador.

Sussurrei um obrigado com raiva e caminhei ao elevador, entrei e coloquei a chavinha e um botão com o número 600 apareceu, eu o apertei e esperei.

As músicas de elevador são realmente horríveis, me pergunto até hoje por que Percy não pediu músicas melhores quando ele salvou o mundo pela primeira vez.

A porta se abriu e meu queixo caiu. Nota mental: Parabenizar Annabeth pelo trabalho perfeito que ela fez restaurando o Olimpo, estava completamente perfeito, caminhei boquiaberta até a sala dos tronos e eu a vi sentada em seu trono, com cinco metros de altura.

– Oi mãe – eu disse parando na frente dele.

– Olá querida, o que lhe trás aqui? – ela perguntou.

Minha mãe era a pessoa mais bonita que eu havia visto na minha vida, uma hora era morena, outra era loira, mas linda, completamente linda.

– Vou ser bem direta para não tomar seu tempo – eu disse ríspida – por que eu não tenho a beleza de Silena? E por que a senhora deixou Jake e João me tratarem assim?

Ela sorriu.

– A meu bem, não posso me intrometer na vida de meus filhos, posso me intrometer na de todos, menos nas deles, eles tem que encontrar o próprio caminho, e você é linda sim, só tem que encontrar essa beleza.

– Como eu encontro ela? Por que você não me dá uma benção boa também? – eu disse ressentida.

– Você tem minha benção, tem muita benção, só tem que explorar ele, talvez comprar umas roupas melhores, um pouquinho de maquiagem, uma boa ida ao cabeleireiro, mas o mais importante é Annie: Você tem um coração bom, e é isso que importa – ela me deu um sorriso e eu tive vontade de sorrir também, mas me contive.

– E o caso de João e Jake? Em quem eu confio? – perguntei.

– Siga seu coração querida, isso é o que importa. Agora vá, você vai encontrar pessoas agora que te consolarão, pode confiar naqueles dois – e sumiu em névoa rosa com cheiro de perfume da Carolina Herrera.

De que dois ela estava falando? Bem, eu não tive muito tempo para pensar, sai já indo em direção ao elevador novamente, desci escutando as músicas horríveis de novo e entreguei a chavinha para o homem da portaria, que mal me olhou.

Continuei andando por Manhattan, até parar na frente de um beco, o mesmo beco da noite passada, não sei o que me deu mas decidi entrar no beco, ele estava vazio sentei-me no chão no final do beco e chorei mais um pouco, acho que acabei cochilando lá, pois acordei com uma mão em meu ombro.

Levantei o olhar havia dois garotos parados a minha frente, não Jake e João, eu tinha impressão que aqueles rostos eram familiares, mas de onde?

– Oi, ta tudo bem? – o garoto da esquerda disse, ele era bonito, tinha os olhos azuis - Eu sou Logan Lerman e esse é Josh Hutcherson, muito prazer.