João’s POV

Sou corno. Bem, talvez não corno de verdade, por que eu e Annie nunca tivemos um “namoro” sério. Eu pensei que tínhamos, mas então eu a vejo beijando o Jake e todas as minhas esperanças com ela acabaram.

Sim, eu saí do apartamento levando uma quantia mínima de dinheiro e para onde eu fui? Para um bar é claro!

Encontrei o primeiro bar a minha frente e entrei, era daqueles boca de porco, mas tinha um pouco de gente, me sentei e pedi uma cerveja:

- Você tem idade para beber garoto? – o garçom perguntou.

- Apenas me de a droga da cerveja cara – eu disse, meus olhos brilhando de raiva.

Ele estremeceu e foi buscar a cerveja, voltando logo em seguida, tomei ela inteira e pedi algo mais forte, uma garota estava sentada ao meu lado, ela virou-se para mim e disse:

- Vá devagar garotão, é menor de idade não é?

Virei-me para encará-la. Ela era linda, cabelos pretos lisos, olhos azuis, um corpo de dar inveja em qualquer garota. Ela vestia uma regatinha e um shorts jeans.

- Não te interessa garota – respondi e tomei toda a bebida que estava em meu copo, eu estava começando a ficar um pouco zonzo.

- Dia ruim? Namorada? – ela perguntou, pulando para um banquinho ao lado do meu.

- Ex talvez – chamei o garçom e pedi uma vodka com guaraná.

Ela sorriu e me estendeu a mão, para aperta-la.

- Prazer, Gabriella.

Apertei a mão.

- Prazer é meu gatinha, sou o João, seu gostosão – deuses o vodka com guaraná já fazia efeito em meu organismo, eu ficava muito bêbada fácil e dizia coisas sem sentido.

- Pegou ela com outro?

Assenti e pedi outra vodka.

- É, aquele desgraçado, ele pisou nos sentimentos dela e eu até fugi com ela pra cá. Agora ela me trocou. Mas eles vão ver, todos eles vão pagar.

Ela sorriu e ficamos conversando por uma hora, depois de muita, mas muita bebida mesmo eu não conseguia ficar de pé, viu tudo embaçado, vários rostos brotavam na minha frente, mas eu sabia que era imaginação. A garota se ofereceu para me levar em casa, mas eu recusei, ela sorriu maliciosa e disse:

- Eu conheço um lugar bem legal, onde agente pode se divertir muito.

- Estou louco para brincar com você – respondi.

Seguimos para uma rua atrás do bar, era um beco escuro e vazio, ela me prendeu na parede e começou a me beijar loucamente. Se ela era um monstro? Não. Ela era um simples mortal. Sedenta de amor.

Ficamos lá, nos pegando e eu acho que você sabe o que aconteceu depois certo? Eu não to nem aí para a Annie, essa garota me queria e é isso que importava.

Annie’s POV

- Dia difícil?

Virei-me correndo e eu vi uma garota ruiva, de olhos verdes, usando roupas manchadas de canetinhas. Rachel.

- Oi Rachel, é, o dia não foi nada fácil – suspirei.

- Eu já sei o que aconteceu, João, Jake, beijo, briga, sim eu já sei.

Suspirei de novo, Rachel era oráculo já fazia alguns anos, ela sabia mais das coisas do que qualquer um.

- Sou uma idiota certo? – perguntei, ela se acomodou ao meu lado.

- As pessoas cometem erros Annie, você sabe disso – ela respondeu e eu bufei – mas não é sobre isso que eu vim falar, você vai ter que voltar ao acampamento daqui a alguns dias, uma missão será proposta a você e aos garotos, neste caso Jake e João.

- Eles vão acabar se matando – respondi.

Ela riu e levantou.

- Fique atenta, será sua missão não deixar eles se matarem, eu venho te avisar quando tivemos que partir. Adeus Annie. A propósito, melhor você ir buscar João, ele esta a duas quadras daqui, num beco– e ela saiu andando, sem esperar minha resposta.

Saí correndo em direção a um beco que eu tinha passado alguns minutos atrás e o que eu vi não foi agradável, pelo contrário, uma sensação de enjoo e decepção tomou conta de mim. João estava com uma garota, ela estava sem blusa e ele, bem, ele estava completamente nu.

Voltei correndo para fora do beco e fiquei esperando os dois saírem, alguns minutos depois eu vi a garota sair mas nem sinal de João. Resolvi entrar para ver se ele estava bem.

Eu o encontrei no chão, rindo igual a um bêbado, epa, ele tava bêbado, mas vamos continuar, sua blusa cobria sua parte íntima e o resto ele estava nu.

Me aproximei e disse:

- Vamos João, vamos para casa.

- Não vou com você Annie, você me traiu – ele berrou.

Suspirei e o ajudei a levantar.

- Você não esta nada melhor, agora se vista, vou esperar fora do beco.

Alguns minutos depois ele apareceu vestido, sua camiseta estava torta, seu shorts caído e os sapatos trocados.

- Eu não quero ir com você, vai lá com o Jake, não é ele que você escolheu? – ele berrou de novo – onde está a garota?

- Ela foi embora, te deixou João, vamos para a casa.

- Cale a boca feiosa. Eu não quero mais nada com você, não olhe na minha cara – ele disse, debochando.

Foi como se eu tivesse tomado um grande tabefe na cara, feiosa? Essa doeu.

- João, você está fora de si, vamos voltar para casa.

- Você vai ficar com o Jake de novo e eu vou ficar sozinho feiosa – ele riu – você é mesmo filha de Afrodite feiosa? Não pode ser, qualquer uma do acampamento supera você.

Um tabefe e um punhal no coração, mas não parou por aí:

- Sabe porque eu fugi com você? Por que eu tenho dó de você, coitadinha, um patinho feio, eu devia ter deixado Jake te bater aquele dia, ele esmagou seus sentimentos mesmo né?

Senti as lágrimas brotarem em meus olhos, faltava apenas alguns metros para a entrada do prédio.

- Você está fora de si João, não está falando nada com nada – disse melancólica.

- Estou sim, estou dizendo a verdade, coisa que ninguém tem coragem de te dizer – ele berrou – VOCÊ É FEIA GAROTA, FEIA.

Arrastei João para o elevador, agora ele ria igual a uma hiena louca. Entrei no apartamento com muito esforço e o coloquei em seu quarto, não no meu, eu dormia com João, esse não era ele.

Ele desabou na cama e dormiu, eu peguei a chave de sua porta e a tranquei por fora.

Exausta, fui direto pra cama, as palavras de João ecoavam em minha mente: Um patinho feio.