Destino escrita por Eve


Capítulo 7
Capítulo Sete




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VII

 

 

Uma vida inteira sob os cuidados de seu pai fora o suficiente para acostumar Poseidon com o seu jeito intimidador e tratamento frio ou demonstrações de desprezo. A gélida personalidade de Lorde Cronos era tão usual para seu primogênito, que era fácil esquecer que as outras pessoas não estavam tão habituadas àquelas situações desconcertantes nem aos maus tratos gratuitos que ele distribuía. 

Entretanto, ao voltar para casa na companhia dos Norwood, foi impossível não notar que Cronos estava agindo de forma particularmente ríspida em relação à sua futura noiva e à família dela. O primeiro contato entre Atena e seu pai, por exemplo, havia sido uma mostra bem clara de como as pessoas ficavam desconfortáveis na presença do Lorde Valence.

Apesar dos tensos momentos iniciais, Atena se saíra melhor do que ele teria imaginado. Lady Reia só tinha elogios para a moça, e mesmo seu pai aparentemente não conseguira apontar um defeito sequer em suas maneiras. Por todo o castelo, o comentário geral entre os servos e até entre os membros de sua família era sobre o quanto a pretendente de Poseidon se mostrava educada, gentil e bela. Ele mesmo não discordava desses louvores.

Agora faltavam somente algumas horas para o baile de noivado, e toda a criadagem parecia mobilizada a fim de deixar aquela noite perfeita. O salão principal estava bem mais iluminado do que de costume, e as cozinhas exalavam um aroma tão delicioso, que parecia a Poseidon que ele nunca havia realmente provado comida boa de verdade.

Poseidon estava sozinho em seus aposentos, mas conseguia ouvir o barulho constante de passos apressados nos corredores. Também, pudera. Moravam inúmeras pessoas no castelo de Ótris. Seu avô, Urano, tivera seis filhos e apenas um tinha seus domínios separados dali. Esse um era o irmão mais velho de Cronos, Lorde Oceano Valence, que tinha seu próprio feudo mais ao norte. Tio Oceano, como Poseidon o chamava, era extremamente velho e não tinha herdeiros. Sua esposa morrera antes mesmo de Poseidon nascer.

Desse modo, seus outros tios Céos, Crios, Hipérion e Jápeto moravam todos ali com suas esposas. Nenhum deles tinha filhos, portanto coube ao caçula Cronos assumir a senhoria do feudo, e assim garantir a linhagem dos Valence no comando daquelas terras, através de seu herdeiro Poseidon, ou em caso de alguma adversidade, do seu outro filho, Hades.

Tão logo havia pensado no irmão, ouviu a voz dele chamando seu nome. Falando no diabo...

— Estou indo. – E adiantou-se para abrir a porta do seu quarto. Hades entrou, mesmo sem ter sido convidado, e sentou-se na cama de Poseidon.

— O que foi? – Poseidon perguntou.

— Nada. Estava apenas entediado.

— Hum. Pensei que você estaria muito ocupado cortejando a senhorita Perséfone. - Ele falou em tom de zombaria. - Quem sabe não anunciaremos dois noivados hoje, hein, irmão?

Hades fingiu rir da sua sugestão.

— Até parece, irmãozinho. Nosso pai nunca aprovaria uma dupla união com os Norwood. Fico surpreso até que ele tenha concedido seu desejo nesse caso, principalmente com sua futura noiva sendo uma bastarda...

— Sua surpresa é desperdiçada. O motivo pelo qual nosso pai autorizou o noivado é óbvio: Zeus foi tão generoso no dote que ele não teve como recusar. Parece que Lorde Norwood conhece bem o ponto fraco de Cronos.

— Eles são velhos inimigos, não se esqueça. 

A recordação daquele não tão pequeno detalhe lançou um silêncio sombrio entre os dois, que todavia não durou muito, pois seu irmão era um irremediável tagarela.

— Está nervoso? - Hades perguntou.

— Pelo quê? - Poseidon fingiu-se de desentendido.

— Ora, pelo quê! Vai oficializar seu pedido hoje, não é mesmo?

— Não, não estou nervoso. - Ele respondeu, sem conseguir conter o sorriso. - Eu diria que estou mais para ansioso.

Hades deu aquela risada irônica em que ele era mestre. Seu próximo comentário foi feito em um tom propositalmente ácido:

— Parece que alguém já está completamente enfeitiçado...

Poseidon reservou-se a não dignar essa insinuação com uma resposta. Seu irmão, mais do que ninguém, conhecia sua fraqueza em relação às mulheres, e seus inúmeros casos de amor mal resolvidos eram um lembrete incômodo de que ele provavelmente estava certo.

— Você é ridículo. – Foi só o que disse para Hades. – E tem que ir se arrumar. Já está anoitecendo.

— Certo, Poseidon. Eu vou fingir que não sei que você já está apaixonado por ela. – Hades falou, e saiu correndo antes que a almofada do irmão o atingisse.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi um presente para a gatíssima Jenny, como agradecimento pela linda recomendação. Você é uma diva, Jenny.