Destino escrita por Eve


Capítulo 1
Capítulo Um


Notas iniciais do capítulo

[Novos leitores: perdão por algumas tolices e erros desses primeiros capítulos, estou lentamente tentando aperfeiçoar tudo. Meu eu de 13 anos que pensava já ser uma ótima escritora quando começou essa fic agradece a compreensão.
Antigos leitores: caso estejam relendo, encontrarão algumas mudanças feitas no intuito de melhorar a qualidade da história, nada drástico, prometo.

Espero que gostem.]



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I

 

 

Poseidon hesitou antes de abrir a porta que dava para o grande salão. Não sentia ânimo o suficiente para fingir ser o filho e herdeiro perfeito naquela noite, enquanto seu pai negociava até suas almas por dinheiro. Bailes não eram eventos raros em Ótris, mas a presença de diversas famílias nobres que desfrutavam de sua hospitalidade pela primeira vez indicava que um dos maiores receios de Poseidon se concretizava: em sua busca por cada vez mais riqueza e poder, Cronos Valence passaria a usar os próprios filhos como moeda de troca para sua ascensão. 

Tentando não pensar muito sobre os planos de seu pai, finalmente entrou no salão. Ninguém poderia dizer que aquele não era um aposento bonito, mas Poseidon estava completamente farto dele. Os encontros diplomáticos de seu pai eram sempre realizados com a maior pompa possível, e no baile de hoje estavam presentes praticamente todas as damas de sangue nobre da região. Para sua conveniência, todos os rapazes também estavam, então ele logo encontrou seu irmão Hades, conversando com Apolo Norwood. Aproximou-se deles, que logo se viraram e o cumprimentaram. Poseidon falou:

— Apolo! Não te vejo há algum tempo, por onde andastes?

— Estive na capital, fui encarregado de trazer de volta minha irmã Atena, que estava morando com nossa tia durante um período.

— Atena? - Poseidon estranhou o nome que não lhe era familiar. - Outra bastarda?

Apolo fez uma careta estranha. Poseidon percebeu então que provavelmente aquele não tinha sido o mais educado dos comentários. O pai de Apolo, Lorde Zeus Norwood, era casado com uma mulher chamada Hera, mas com ela tinha apenas três filhos, Ares, Hebe e Ilitia. Seus outros filhos, Apolo, Ártemis, e essa Atena, que até o presente momento ele nem sabia que existia, eram todos bastardos. Curiosamente, as mães deles estavam todas mortas, portanto eles foram criados com o pai como se fossem filhos legítimos. Poseidon teve o bom senso de dizer:

— Perdão. Não foi minha intenção ofendê-lo.

— Tudo bem. – Apolo respondeu.

— E desde quando seu pai dá liberdade para as mulheres de sua família estudarem? – Hades se intrometeu na conversa.

Poseidon também se perguntava a mesma coisa. Ora, na corte até se viam algumas mulheres estudando. Mas ali, dentro do círculo de nobres mais tradicionais, aquela era uma ideia praticamente impossível. 

— Bem... – Apolo começou a responder. – Atena, bastarda ou não, sempre foi a preferida do meu pai. Há alguns anos, ela resolveu que iria estudar, e convenceu sabe-se lá como nosso pai, que esperou ela completar quinze anos para enviá-la para viver com nossa tia Deméter na capital e servir como dama de companhia de uma das senhoras da Corte.

— Espere aí. – Interveio Poseidon. – Com quinze anos, você disse? Quantos anos ela tem agora?

— Dezessete. – Apolo respondeu, e Poseidon arregalou os olhos. Uma garota de dezessete anos, de família nobre, ainda que bastarda, que já havia estudado na capital? Algo raro de se ver. Geralmente os homens da nobreza apressavam-se para casar suas filhas tão logo elas desabrochavam.

— Não faça essa cara. Atena sempre foi muito independente. – Apolo falou com um sorriso.

— Estou vendo. – Poseidon concordou, e ia falar algo mais quando ouviu o chamarem:

— Poseidon? Preciso falar com você.

— Lorde Cronos. – Apolo falou com uma reverência.

— Pai. – Hades também fez uma reverencia. Poseidon apenas virou-se e perguntou:

— O que desejas?

— Falar contigo. Em particular.— Seu pai frisou.

Então Poseidon o seguiu até uma antessala, surpreendendo-se ao encontrar sua mãe já sentada ali, a sua espera. Cronos trancou a pesada porta atrás de si e falou:

 — Você provavelmente já imagina qual é o tema desta conversa. Há alguns meses foi o seu vigésimo terceiro aniversário, e depois de muito refletirmos, eu e sua mãe chegamos à conclusão de que o tempo para delírios e aventuras juvenis chegou ao fim. Até agora, demos suporte a todas as suas empreitadas, mas chegou o momento de você repousar e começar a preparar-se para no futuro, assumir o comando destas terras e deste castelo. E para isso, é essencial que você tenha uma esposa.

Poseidon esperou em silêncio, e sua mãe completou:

— Por isso convidamos hoje todas as famílias que possuem jovens aptas e adequadas a um matrimônio desta importância. - O baile, obviamente, era um ardil, conforme sua intuição antecipara. Lady Valence continuou - Escolha a que mais lhe agradar, e cuidaremos de iniciar os arranjos necessários para uma união. Com seu nome e suas posses, a mulher que tiver a seu lado será irrelevante, desde que bem-nascida e apta a gerar herdeiros.

— Sua escolha, contudo, ainda estará sujeita a nossa aprovação. - Seu pai interviu, como se já soubesse que o filho devaneava acerca de maneiras de boicotar o ultimato que recebera.

— E caso não aprovem?

— Então nós garantiremos que você se case com uma que aprovamos. Vamos, Reia. - E com isso saiu, deixando um Poseidon irritado e um tanto quanto estarrecido para trás. 

Graças a essa notícia tão desagradável, não estava mais com disposição para baile algum, então seguiu para os jardins. Sentou-se de qualquer maneira em um dos bancos mais afastados. Ele ficava atrás das roseiras, de modo que ele tinha visão privilegiada de todo o jardim, mas ninguém poderia ver ele dali. Refletiu sobre a ordem que havia acabado de receber, e já estava deitado e olhando para o céu, perdido em pensamentos, quando ouviu leves passos vindo na sua direção.

Levantou-se rapidamente, mas manteve-se ali, escondido, para quem quer que estivesse vindo não o visse. Pensou que seria seu pai ou Hades atrás dele, mas se enganou. Não conhecia a pessoa que caminhava rapidamente através do jardim. Era uma mulher, muito bela, por sinal. Não muito alta, tinha cabelos longos, que passavam da cintura, loiros e ondulados. Usava um penteado simples, apenas a parte da frente do cabelo puxada cuidadosamente para trás, o que permitia que ele tivesse uma visão límpida de seu rosto. A pele era pálida e lisa, sem nenhuma mancha ou imperfeição. Sobrancelhas bem delineadas, olhos grandes e expressivos, nariz arrebitado e lábios volumosos. O corpo era pequeno e delicado, mas já maduro, portanto não se tratava mesmo de uma garota. Poseidon observou fascinado o modo que ela se sentava, e reparou pela primeira vez que ela tinha um livro em mãos. Ela o abriu e pôs-se a ler, e ele passou um tempo que não soube definir apenas observando-a. Quem era aquela mulher? Nunca a havia visto antes, ou sem dúvidas se recordaria.

Seus devaneios foram interrompidos quando ela fechou o livro e levantou-se, caminhando novamente a passos rápidos mas dessa vez para dentro do salão. Foi então que ele percebeu que já estava ali há muito tempo. Levantou-se e também retornou para a celebração. Uma ideia se formava na sua mente. Procurou por Hermes, o mensageiro oficial do palácio de seu pai. Quando finalmente o encontrou, falou:

— Hermes, preciso conversar com você em particular.

O jovem o seguiu para um canto mais afastado do salão, e Poseidon falou, apontando para um ponto atrás dele:

— Está vendo aquela garota?

— Qual delas?

— A loira, de vestido azul claro.

— Ah, sim.

— Eu preciso que você faça um favor para mim.

— Claro.

— Descubra qual é a família dela, e entregue uma carta minha para o seu pai.

— Poseidon... O que você pretende fazer?

Poseidon sorriu de forma travessa antes de responder:

— Apenas a vontade de meus pais.


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Notas finais do capítulo

[Opiniões dos novos (e dos antigos) leitores ainda são mais que bem-vindas, não se acanhem! Estou lentamente voltando à ativa e espero que nem todos vocês tenham desistido da nossa história.]