Bright Lights [HIATUS] escrita por Dani


Capítulo 4
Vênus Reed


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, não me mata pelo atraso mas caramba último ano do colegial não é fácil e eu não estava inspirada nem um pouco para o capítulo do Huggo, então decidi pular para um capítulo que eu já tinha escrito faz tempo, e que é de uma personagem mais importante. Me perdoem pela demora amores, eu deletei a fic mas voltei poque recebi algumas MPs e porque não é justo nem com vocês nem com os personagens. Esse capítulo é mais intenso, triste e um pouco confuso. Mas espero que gostem.



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          Acordei e me olhei no espelho com vergonha.

          - Eu a amava. – lembrei-me do tom agonizante em sua voz. – Eu a amava.

          Eu me refiro ao que aconteceu semana passada. Em uma festa, semana passada, traí a única pessoa que talvez me amasse, não como um namorado ama sua namorada, mas como alguém que se importa.

          Lucca e eu nos conhecemos há um tempo e desde então ficamos juntos.  Ele enxergou que toda minha futilidade era uma mascara, e eu enxerguei que ele era mais do que um rosto bonito. Mas nunca realmente me apaixonei por ele, e ele nunca foi realmente meu. Mas era uma sensação boa saber que eu o teria ao meu lado quando precisasse, agora estou novamente tão sozinha quanto antes.

          Eu queria que ele ao menos me perdoasse, mas tem passado horas com a cabeça nos livros, não responde minhas cartas e quando nos vemos não me olha nos olhos. Pergunto-me o porquê dele ter ficado tão magoado se nunca esteve apaixonado por mim.

          Isso que tornava meu laço e o de Lucca tão fortes. Nós escondíamos do mundo quem nós realmente éramos, nós éramos os únicos que sabíamos a verdade, e aceitávamos um ao outro mesmo assim.

          Lucca foi magoado, por alguém, e me jurou que nunca mais se apaixonaria no dia em que nos conhecemos em uma festa na Capital. Eu tinha quatorze anos e estava tentando ficar firme em dentro dos saltos negros e do minúsculo vestido em que eles haviam me colocado.

          - Você parece com frio. – ele disse se aproximando, ainda muito jovem, mesmo que fosse quatro anos mais velho que eu.

          - Odeio as roupas que eles me fazem usar. – contei a ele. – Sinto-me tão vulgar.

          Ele riu.

          - Meu terno brilha no escuro, não é ridículo? – ele me disse e rimos disso.

          Naquele dia sentamos na sacada de um andar vazio do enorme Prédio de Convenções da Capital e ficamos bêbados. Eu já havia bebido antes, era comum lá em casa, meu pai por ser político sempre dava reuniões cheias de álcool, mas Lucca nunca havia bebido antes.

          Ele me contou alguma historia sobre uma paixão de infância dele, ou algo assim, ter partido seu coração.

          - Eu gostaria que meu coração se partisse. – resmunguei.

          Lucca me olhara confuso aquela noite.

          - Eu gostaria de sentir alguma coisa. Sinto-me vazia maior parte do tempo. – admiti.

          Ele mudou os rumos da conversa, sempre mudando quando algo ficava intenso demais, agora entendo isso. Quando as coisas ficam dolorosas Lucca pensa no pai, a maior dor que já sofreu, isso o acompanhava em cada dia ensolarado, a cada anoitecer alegre. Sempre havia algo que o lembrava do pai.

          Agora eu me arrependo. Eu sinto, eu sinto tudo com uma intensidade que eu não sabia que poderia sentir. Eu sinto a dor de magoar um amigo sobre meus ombros, eu sinto que não sou boa o suficiente e no fundo nunca serei. Eu não gosto do meu corpo, ou do meu cabelo, ou dos caras que eu já beijei, das pessoas que fingiam que me amavam e que eu fingi também como resposta.

          Uma existência repleta de vergonha é tudo que eu sinto.

          Encaro meu corpo nu no espelho. E as lagrimas borram a imagem da garota triste que me encara.

          Toc. Toc. Toc.

          - Vee, você tem visitas. – ouço a voz de uma das minhas irmãs menores, não sei diferenciá-las pela voz então respondo que já estou descendo sem citar nomes.

          Limpo a maquiagem borrada da noite passada, visto uma roupa leve, passo mascara nos cílios.

          Estou pronta para descer as escadas quando uma figura loira me para. A pessoa que eu menos queria ver no momento está subindo as escadas.

          - Feliz em me ver? – Mist pergunta-me. Meu pai está subindo ao seu lado as escadas e me olha como se quisesse saber se estou bem com a presença dela ali. A verdade é que não estou, mas infelizmente sei que precisamos conversar.

          - Claro. – digo abrindo a porta do meu quarto para que Mist De La Snow entre.

          Fecho a porta e a tranco por instinto. Sempre me tranco em meu quarto, meu terapeuta diz que tenho problemas de privacidade, não confio em quase ninguém e quando confio, confio nas pessoas erradas.

          - Noite passada foi... interessante. – ela diz me provocando ao sentar-se na minha cama.

          - Mist, eu não queria... - comecei a tentar me explicar mas ela apenas levantou a mão em sinal de pausa para que eu me calasse.

          - Eu sei o que você queria, Lucca também sabe. Mas talvez seu pai não saiba. – ela diz.

          - Não, Mist, por favor. – me ajoelho não chão aveludado do meu enorme e luxuoso quarto. Trocaria todas as minhas coisas luxuosas por uma vida simples e normal.

          - Sem choramingar. – ela me cala. – Eu quero que você faça algo. E então ninguém saberá.

          - Lucca sabe. – digo a ela.

          - Sim, mas você e Lucca precisam de mim. – ela diz olhando as unhas pontudas pintadas de preto.  - Se você não colaborar toda a Panem saberá do seu segredinho e bem, talvez meu irmão queira cuidar do Odair. – ela diz fingindo se preocupar. – Sabe qual foi o desejo do meu irmão em nosso ultimo aniversario? Tirar a vida daquela cria de carreirista.

          Levo as mãos aos lábios. Não, não, não. A vida de Lucca em risco. Malditos sejam os Snow. Cada dia os odeio mais, ainda não sei como fui capaz de fazer o que fiz noite passada.

          - O que você quiser. – digo em um sussurro.

          Mist solta uma risada que me lembra a do seu maldito irmão, Mett.

          - Você irá a viajem por Panem. Você descobrirá tudo que pode sobre a Filha do Tordo, você cuidará para que ela chegue inteira a Capital, sem nenhum casinho com ninguém, sem nada que a afete... Não deixe ninguém se aproximar demais dela.

          - Mas a viajem já começou. – digo.

          - Isso não importa. Você entrará nela amanhã, eles estão passando pelo 10. O maldito Distrito dos Cowboys. – ela dá um sorrisinho forçado. – Segundo as revistas você e Lucca ainda estão juntos. E sua amiguinha de longa data estará lá.

          - Lori? – pergunto e coloco a mão na têmpora quando ela diz que sim. Lori tem uma paixão platônica por Lucca desde que conheço os dois, e me odeia desde o minuto que colocou o olho em mim. Talvez isso signifique que ela tem bons instintos.

          - E todos já te odeiam do jeitinho que você é então, como posso dizer isso, seja você mesma. – ela faz sinal positivo com os dois polegares magrelos. Eu gostaria de ser magra como ela.

          - Mett não pode simplesmente matar Lucca. – digo.

          - Mas pode destruir a vida dele lentamente. Começando pela maluquinha da mãe dele.

          Pessoas da raça da Mist e de seu irmãozinho, por mais que sejam abençoados pela beleza estonteante deles, sabem ser cruéis. E eu odiava o fato de ter crescido com eles, e me odeio ainda mais pelo que fiz noite passada.

          - Porque você agiu daquela forma, noite passada? – perguntei derrotada.

          - Porque Mett disse que nós duas éramos parecidas. Então provei a ele o quanto você é fraca. Antigamente diziam que mulheres são o sexo frágil. – ela disse pensando. – Então você pelo menos tem uma suposta característica feminina.

          Mist me deixa no meu quarto, choro um pouco, arrumo as malas, me despeço de minha família, dizendo que preciso ver Lucca e preciso ver todos meus amigos que estão na viajem. O único problema é que Lucca me odeia e não tenho amigos, como Mist me lembrou, ninguém gosta de mim.

          Fui em um aerodeslizador até o Distrito em que o trem estava e lembrei-me de quando eu e Lucca decidimos que ficaríamos juntos.

          - Como é nunca ter se apaixonado? – ele me perguntou um ano depois de termos nos conhecido.

          - É como sexo, ou ficar bêbado, antes de fazer você não sabe como é a sensação em si. Se você é virgem não pode explicar como é ser virgem.

          Ele sorriu e bebeu um pouco de sua bebida. Sempre nos escondíamos em algum andar vazio nos prédios da Capital, era assustador quanto andares cada prédio capitalesco tinha, estávamos no septuagésimo andar do prédio e nem era o ultimo andar.

          - Você tiraria minha virgindade? – perguntei a ele.

          Ele me olhou e ergueu uma das sobrancelhas.

          - Você fará isso na hora certa com alguém que goste de você e você goste de volta da mesma forma. Nós somos apenas amigos. – ele me lembrou.

          - Eu não me sinto atraída por eles.

          - Por eles? – ele me perguntou.

          - Por garotos. – disse a ele, ele instintivamente deitou minha cabeça em seu ombro, acariciou meu ombro e me deu um beijo tímido da testa.

           No outro dia ele não tocou no assunto. Lucca sempre soube afinal de contas, e sempre me protegeu. Ele esperou que tudo acontecesse no momento certo. Mas não sei se realmente há momento certo para aceitar que você é diferente da maioria e que você será julgado por isso.

          Quando cheguei ao trem todos pareciam felizes, mas seus sorrisos diminuíram ao me ver. E havia alguém que eu não conhecia, dona de olhos azuis intensos e cabelos negros.

          Era muito bela, mas não tão bela quanto a nova viajante, que entrou na viajem um dia depois de mim.

          Quando vi a loira alta de cabelos bagunçados eu percebi que o que senti por Mist não era um fato irrelevante. Eu estava sentindo novamente.

          Eu nunca me perdoarei por trair Lucca com Mist, nunca me perdoarei por não ter falado com ele antes, ele entenderia, ele continuaria tentando me proteger. Mas ninguém parecia ser capaz de me proteger de mim mesma.

          Eu percebi isso quando eu e Annelys conversamos pela primeira vez e meu corpo todo tremeu. Seus lábios pareciam tão beijáveis. Ela sempre sorria com seus olhos arregalados, sempre tinha algo a dizer. Eu me apaixonei por Annelys Rainbow e finalmente meu coração foi partido quando ouvi ela contando a Primrose que gostava de um Cavaleiro.

          Um dia cansei de todo o ódio que todos pareciam sentir por mim e corri pelo trem. Corri até que li um nome em uma porta e me enfiei em um quarto. Eu sabia que ela não iria querer me ver, mas ninguém queria, e ela era a única que não fugia de mim assim que me via.

          Vou para meu quarto decidi mentalmente, mas então a porta do quarto se abriu, e sua dona entrou no cômodo.

          Eu estava prestes a avisá-la de minha presença quando ela começou a se despir dançando, parecia tão feliz e tão... bela. As curvas de seu corpo angelical, seus lábios cantarolantes, seus cabelos cacheados e, claro, seu perfume. Era a mistura do perfume de Lucca com o cheiro de lírios, rosas e morangos.

          Eu queria ficar nua e dançar com ela. Mas fiquei sentada no canto do quarto olhando-a, perdendo-me em suas formas, no jeito desajeitado que ela pulava.

          Então ela soltou um grito quando me viu.

          Contei a ela uma porção de coisas, coisas que eu não devia contar, mas ela parecia preocupada. As pessoas não costumavam ser atenciosas assim comigo.

          Quando chegamos a Capital tudo era a mesma coisa. Bailes, festas, reuniões. Bebidas, comidas, pessoas superficiais. Num desses bailes me sentei sozinha e no fim da noite Dean e eu conversamos pela primeira vez. Ele amava Primrose, e Primose amava Lucca. E eu amava uma garota de cabelos loiros que ria do Cavaleiro que tinha os braços ao redor de seus ombros esguios. Mas também estava encantada pela doçura daquela maldita Everdeen-Mellark.

          No fim da noite percebi o quanto Dean era doce, mas meu coração nunca pertenceria a ele. Ou a nenhum outro garoto.


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Notas finais do capítulo

Não sei se alguém vai ler, mas se ler por favor comente, está muito dificil continuar postando mas eu vou tentar finalizar a fic, mas claro, se houverem reviews. Ah, e uma novidade agora eu sou uma das moderadoras do PD, ou seja, vocês tb podem me encontrar por lá *-* http://www.perfect-design-pd.com/ --- Por hoje é só isso. Milhões de Mellarkisses ♥