Metamorphosis escrita por Lúcia Hill


Capítulo 3
Capítulo - There's a time for Living




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As leves brisas daquela manhã faziam as frágeis folhas das copas das árvores da floresta balançarem. Cass tinha que pegar um pouco de camomila para terminar de limpar os ferimentos do estranho que estava deitado em seu sofá.

Podia ouvir o som dos pássaros ecoando pela colina, um breve sorriso surgiu em seus lábios.

Assim que chegou próxima à horta assustou-se com o que viu deixando a cesta sair no solo úmido. Sua pequena plantação estava completamente destruída, levou uma das mãos sobre a boca e seus olhos observavam o estrago.

–Mas que Droga! – praguejou alto.

Suspirou profundamente. Cass não tinha idéia de quem poderia ser o autor daquela insanidade, imaginou que pudessem ser os ursos talvez ou os lobos selvagens, mas parecia serviço de humanos. Quem faria uma coisa dessas? Não tinha inimigos.

Aproximou-se de uma pedra e sentou-se desolada.

De repente ouviu a voz de Alder chamá-la, levantou desgostosa, havia se esquecido do estranho seminu em seu sofá, caminhou com passos lentos colina abaixo. Assim que se aproximou de Alder, notara a expressão de surpresa da jovem branca feito cera enquanto balançava os óculos de sol em sua mão esquerda.

–Q-Quem é o estranho em seu sofá e por que está pelado? Cass me explique. – questionou- boquiaberta.

Cass segurou um riso nervoso, como iria explicar? Sabia que Alder não iria engolir a verdade.

– Primeiro preciso saber quem destruiu minha horta. – resmungou aflita.

A ruiva se aproximou de Cass com um sorriso esquisito nos lábios, era improvável que os jovens da pequena cidade de Cárpatos iriam perder seu tempo destruindo uma simples horta quase no topo da colina leste da montanha de Gerlachovsky.

–Não mude de assunto, não me informou que estava saindo com o bonitão atlético e pelado que está desmaiado no seu sofá. – insistiu –Deixa o Gordon saber disso, afinal onde achou um homem daquele? Nem seu ex chega aos pés desse.

Cass levou as mãos contra a testa, ela estava mesmo achando que fugira da festa para transar com um estranho. Alder tinha uma imaginação fértil e pervertida.

–Não é uma longa história, irá parecer esquisita, mas real. – murmurou. – Vamos entrar, preciso tomar um chá antes de surtar por causa da minha horta.

A ruiva seguiu-a enquanto tentava arrancar informação sobre o estranho bonitão desmaiado em seu sofá, Cass pegou o bule de chá e derramou o liquido sobre duas xícaras de porcelana chinesa.

–Quando estava voltando da festa,encontrei-o caído próximo a segunda curva na direção da clareira de pedra lisa. Ele estava sem camisa e com um ferimento profundo abaixo do abdômen, daí pensei: que mal teria em ajudá-lo? – pausou para bebericar seu chá e em seguida logo prosseguiu - Peguei o jipe e voltei, mas tenho certeza que vi uma sombra assim que saí de lá.

Alder encarava-a com uma expressão hilária, era como se Cass estivesse contando um conto de terror para uma criança medrosa. A loura balançou a cabeça e soltou uma gargalhada.

–Qual é larga de ser mentirosa garota, não quer admitir que transou com o bonitão? Essas histórias de assombração são passadas e antiquadas, não acha?

Cass tomara um gole de chá, servindo-se de modo distraído de seu quinto biscoito, sabia que Alder não iria acreditar se não visse.

–Venha ver se estou mentindo. – disse a morena levantando.

Antes de sair na direção da sala, Cassandra pegou a maleta de primeiros socorros para fazer novos curativos nas feridas do rapaz, Alder até parecia uma gralha. Assim que chegou à porta da sala, notou que o sofá estava vazio e a coberta caída no chão.

–Ele foi embora sem te dar um beijinho, que anti-social. – palpitou Alder.

Os olhos de Cass pareciam ter dilatado ao se deparar com o rapaz inerte próximo a janela, ele tinha uma bela bunda. Ela balançou a cabeça desfazendo seus pensamentos torpes. Alder não segurou o riso com a cena.

– Ele tá pelado mesmo. – grunhiu Alder boquiaberta.

Ele se virou de forma lenta e ao notar os olhares curiosos em si, de forma ágil se enrolou na grossa cortina.

–Desculpa, mas quem são vocês?- questionou.

Alder sentiu sua garganta coçar novamente, mas dessa vez segurou o riso, Cassandra tomou fôlego e se aproximou do estranho.

–Sou Cassandra e essa é minha amiga Alder, esta é minha casa eu por acaso te encontrei machucado próximo a estrada. – disse confusa.

Era evidente que o rapaz estava sem memória devido as pancadas que teria recebido em uma luta corporal, que ao ver fora violenta devido aos machucados.

–Preciso terminar de cuidar de seus ferimentos. – anunciou.

De repente um sorriso aflorou nos lábios sensuais daquele estranho que sem pudor se livrou da cortina e caminhou na direção de Cass, os olhos de Alder se fixaram no belo corpo atlético do rapaz e no vantajoso membro.

Será que aquele homem estaria vagando naquela parte esquecida e assombrada da Romênia?

–Alder pegue no meu armário um short, rápido!

Alder até tentou protestar para continuar admirando a nudez daquele rapaz, Cassandra fulminou-a com o olhar, que sem demoras obedecera a relutante.

– Você conhece os antigos moradores de Lang Park?- questionou-a.

Lang Park! Ele só poderia estar caçoando dela, esse lugar era fictício, sua bisavó contara a respeito do lugar. Era patético alguém realmente acreditar que ele existisse.

– Você está bem? Deve ser a febre. Esse lugar é inventado, ou você acredita em vampiros e homens lobos? – respondeu de forma nervosa.

Antes que ele pudesse dizer algo, a jovem Alder adentrou a sala segurando o short. A ruiva estendeu a peça na direção do bonitão.

–Sei que devia estar laáagora, mas acho que fui atacado. – murmurou enquanto vestia o short.

Era notável que ele era maior que Cass e Alder, a ruiva olhou curiosa na direção de Cassandra.

–Lang Park não existe, você está em um estado febril. – rebateu Cass.

Alder encarou-a incrédula, eles estavam falando do antigo lugar de reencontro dos antigos lobisomens no lado oeste da enorme montanha Gerlachovsky, os moradores velhos temiam que seus descendentes descobrissem o caminho que levava ao local.

– Você é louco, cara?. – perguntou Alder franzindo a testa.

Ele olhou para elas como se falassem outra língua, o moreno franziu o cenho confuso. Então seus olhos escuros voltaram a se fixar em Cassandra que estava ao seu lado.

Mas o som de batidas na porta de madeira atraiu as atenções para ela, Cass levantou para abri-la. Assustou ao ver um policial parado ali.

–Senhora Cassandra Velkan? – perguntou.

Cass sentiu sua garganta secar.

–Sim?

Ele observou o local com precaução como se estivesse procurando algo, mas seus olhos se voltaram na direção da jovem inerte a sua frente.

–Conhecia o engenheiro Laszlo Vendelstein, tinha envolvimento com ele?

Conhecia! Como assim? É claro que o conhece, mas o modo que ele colocara a palavra fez com que um calafrio percorre sua espinha.

–C-Claro, era meu ex-namorado, por quê? – quis saber.

O policial encarou-a profundamente como se estivesse escondendo algo.

– O corpo dele foi encontrado próximo a curva da pedra lisa e algumas pessoas o avistaram seguindo-a.

O chão praticamente abriu debaixo dos pés de Cassandra, não tinha palavras naquele momento. Estava com raiva de Laszlo, mas seria incapaz de machucá-lo muito menos matá-lo. Ele solicitou que os acompanhasse para reconhecer o corpo, que para seu desespero estava da mesma forma que encontrara o estranho.

Cass não segurou o choro, naquele momento estava sendo a principal suspeita de um homicídio, mesmo sendo visivelmente improvável por causa de sua estatura, mas quem acreditaria? Teria que depor.


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Notas finais do capítulo

Boa Leitura!