Justin saiu dirigindo loucamente pela cidade até o hospital mais próximo. Ele estacionou e abriu a porta do carro, rapidamente. Com gentileza, ele pegou-me no colo e me levou até o pronto socorro. Logo vários médicos vieram me atender e me levaram até um quarto. Eles me deixaram lá sozinha quando levaram Justin para fora do quarto. Ele já havia ligado pra minha mãe e ela vinha rapidamente para o hospital. Assim que ela chegou, os médicos puderam dar início á conversa.

- Não temos muito tempo. Teremos que fazer uma cirurgia no pé de sua filha, que foi atingido, e para retirar a bala, ela terá que passar por uma longa cirurgia. –Ele disse calmo e delicado. Eu ouvia tudo por trás da porta. Pude ouvir o choro de minha mãe. Aquilo partiu o meu coração. Eu sabia que ficaria bem. Justin em seguida entrou no quarto e sentou na cadeira de visitantes.

- É... –Ele se enrolou com as palavras enquanto eu encarava a parede. Eu não estou com medo. Eu nunca tive medo. Eu já fiz uma cirurgia, e ainda por cima sem estrutura pelo SUS. E ocorreu tudo bem. Agora que eu tenho dinheiro para financiar, eles iriam me matar? Não se colocassem dinheiro na mão deles.

- Eu ouvi tudo Justin. –Falei calma e soltei o ar pelo nariz. Ele veio em minha direção e me deu um abraço. Senti uma lágrima cair de seu olho ao me abraçar e escorrer pelo o meu rosto. –Justin, não chora! Eu já fiz uma cirurgia e ocorreu tudo bem. Eu não estou com medo. –Falei acalmando ele. Ele me abraçou mais uma vez fortemente e voltou-se a sentar na cadeira.

Minha mãe entrou no quarto em seguida e cochichou baixinho no ouvido do Justin, impedindo que eu ouvisse. Ela deve estar com mais medo do que eu. Porém, eu não conheço minha mãe muito bem.

- Mãe... Mantenha a calma. –Olhar pra ela e ver que ela estava mal por mim, me deixava de coração partido. –Esta tudo bem comigo, e vai continuar. Os médicos já devem estar chegando para a cirurgia e eu quero que me ouça. –Ela assentiu com a cabeça. –Independente do que acontecer, saiba que eu sempre lutei para te encontrar, não foi fácil viver sem você e eu te amo mais que tudo nesse mundo. E não irá acontecer nada comigo. Eles iram apenas remover uma bala de meu pé. Eu não terei que amputá-lo ou coisa alguma. Acalme-se e não chore. Reze e tenha fé. É tudo o que você precisa agora. Deus está do seu lado. –Falei fazendo com que ela por impulso viesse me abraçar. Ela limpou as lágrimas e se retirou do quarto me dando um beijo e me desejando boa sorte. Ela disse que deixaria a mim e a Justin sozinhos.

- Justin... –Antes que eu pudesse terminar a fala ele se aproximou de mim e me beijou. Um beijo calmo, delicado, tudo o que eu precisava naquele momento. Respirei fundo e olhei em seus belos olhos cor-de-mel. –Siga o exemplo de minha mãe. Eu vou voltar pra você logo, e vai ser andando, normalmente, e quando eu chegar lá, vou te abraçar e te beijar. –Eu disse fazendo ele rir. Eu dei-o um beijo e os médicos logo apareceram e Justin se retirou do quarto.

[...]

Semicerrei os olhos tentando identificar aonde estava. Percebi que ainda estava meio grogue pelo fato da anestesia que tomei. Olhei para o lado e Justin estava com a cabeça abaixada. Ele parecia triste. –Eu não disse que voltava? –Disse fazendo ele olhar para cima rapidamente. Ele se aproximou de mim colando nossos corpos e me dando um beijo calmo. Eu sorri para ele e perguntei por que ele estava tão triste.

- O médico havia dito que estava tudo bem, e que a cirurgia foi um sucesso! Você só irá precisar de ficar mais alguns dias para observação e... –Ele falou bastante animado no início, mas no final, ele paralisou como se não quisesse falar.

- E o que Justin? Me diz logo. –Falei rápido e já um pouco nervosa com ele. Ele se sentou ao meu lado e respirou fundo respondendo :

- Você ficou desacordada por 3 dias. Você teve uma parada respiratória e ficou aí respirando por aparelhos. Quando foi hoje de manhã, quando iria completar 4 dias respirando por aparelhos, você voltou a respirar normal e eles o removeram. Eles disseram que você acordaria logo quando você saiu da cirurgia... Mas não... E ainda por cima piorou. Por isso eu estava ali, quietinho em meu canto, rezando. –Ele abaixou a cabeça e segurou minha mão.

- Está tudo bem Justin. Só não entendo como um problema no pé foi me dar uma parada respiratória. E á onde está minha mãe? –Perguntei um pouco incrédula.

- Você tem asma, e não agüentou ficar respirando esse ar abafado do hospital. Foi isso o que aconteceu, minha princesa. Sua mãe foi tomar um calmante. Ela ainda está realmente nervosa. –Quando ele disse aquilo ela entrou pelo quarto, correndo em minha direção e me abraçando. Retribui da mesma forma e dei-a um beijo.

[...]

Depois de dois longos dias no hospital, estava o deixando. Finalmente! Eu realmente detestava aquele hospital, e o quarto era realmente abafado. Minha mãe pegou seu carro e levou-nos para casa. No caminho todo fiquei apenas abraçada em Justin. Eu queria ele só pra mim. Eu realmente o amo, mas infelizmente até hoje eu não consegui passar mais que um dia namorando ele. Subimos até meu quarto e eu fechei a porta gentilmente. Eu me sentei na cama e ele ficou me encarando. Com o tempo, começou a me dar vontade de rir. –O que foi? –Perguntei gargalhando. Ele ria de minha gargalhada. –Para! –Ele pulou em cima de mim me fazendo cócegas. –Justin... JUSTIN. –Gritei aos prantos. Eu já não agüentava mais de tanto rir. –MINHAS BOCHECHAS. –Ele veio pra cima de mim e as mordeu. –AI, SEU FILHO DA... –Ele tapou minha boca. Eu tentava falar mas não conseguia.

- Quietinha, agora você é minha! –Ele me olhou nos olhos e eu tentei recuar. Ele parecia sério, e isso estava me deixando comigo. Minha respiração estava ofegante, e isso era visível. Ele me pegou no colo e começou a correr pelo quarto ainda tapando a minha boca. Ele acabou tropeçando no meu tapete me jogando em cima da cama e caindo no chão.

- Belo plano. –Disse. Ele se levantou bravo e ficou encarando o reflexo do espelho, que dava pra me ver deitada na cama. –O que foi? –Perguntei e ele se virou para mim.

- Toda a vez que a gente começa a namorar... –Ele deu início a frase.

- A gente termina... –Continuei.

- Então eu estava pensando... Por que não somos apenas “ficantes” –Ele me encarou malicioso.

- Ficantes? –Fitei-o enquanto me levantava da cama.

- É, por que aí a gente não vai estar namorando... Mas a gente vai continuar junto do mesmo jeito. Aí ninguém vai jogar praga. –Ele disse pegando em minha cintura.

- É... Ficantes! Gostei disso. –Ele me puxou selando os nossos lábios em um beijo intenso.

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