Alvo Potter E O Medalhão De Prata escrita por Amanda Rocha


Capítulo 24
A lição de Rosa


Notas iniciais do capítulo

Dedico este capítulo a Jenni Fire e a Elle Valdez que me deram as primeiras recomendações dessa fic! Nunca vou me esquecer de vocês, suas lindas!
Esse capítulo na verdade é um bônus. Eu não quero que a fic acabe tão depressa então esses dias resolvi colocar esse... É bem curtinho! Então dá pra ler bem rapidinho e me deixar um reviewzinho! (Até rimou)



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No dia seguinte, Alvo não queria mais falar com ninguém. Era como se algo apertasse sua garganta e uma coisa gelada espremesse seu coração. Ele estava com tudo aquilo entalado ali dentro. Queria desabafar com alguém. Sentia um misto de medo, ansiedade, e até um pouco de vontade de se provar. Sentia tudo isso, menos o que realmente precisava sentir: coragem. Coragem para provar ao irmão que honrava sua família... Que merecia ser irmão de Tiago Potter... Coragem... Algo que nunca faltara ao irmão mais velho e uma coisa que Alvo invejava nele, mas não sabia realmente como era sentir isso... Sempre teve medo... Medo de coisas bobas, coisas que nem ele sabia o porquê tinha medo, mas tinha... Medo... Uma coisa que sempre o assombrara, e era como se... Se sua coragem estivesse em uma caixinha dentro dele, uma caixinha bem no fundo de seu coração, mas que jamais fora aberta, pois estava chaveada. Agora, Alvo duvidava muito que um dia fosse achar essa chave...

Havia saído da aula de Defesa Contra as Artes das Trevas cheio de deveres. Por sorte, dissera a Draco que estava com dor de cabeça, e este o deixara sair mais cedo. Não era mentira, com tudo que havia escutado nos últimos dias ele realmente não estava se sentindo bem. Fora para a ala hospitalar e Madame Pomfrey lhe dera uma poção que diminuiu a dor, ela até o deixara descansar ali. Ele deitou-se e tirou um cochilo, mas até em seus sonhos Tiago vinha o atormentar dizendo que ele era um medroso. Ele lembrou-se que o pai já tomara uma Poção Para Dormir Sem Sonhar, e teve um impulso de pedi-la à Madame Pomfrey.  Depois que acordou, ele voltou para a Sala Comunal da Grifinória. Estava cheia, as aulas já haviam acabado fazia tempo. Em um cantinho, em uma escrivaninha, achavam-se Carlos e Rosa. Carlos dormia, debruçado em cima de seus deveres, e Rosa lia um livro.

-Oi... –disse ele, sentando-se junto à prima e ao amigo.

-Você está bem? –perguntou Rosa, abaixando o livro.

-Estou melhor. –foi o que ele disse.

Não era verdade. Não sentia diferença alguma desde que deixara à aula, e Rosa parecia saber disso, pois lhe deu um olhar de reprovação.

-Você é um péssimo mentiroso. –disse.

-Estou com medo. –admitiu. –Sei que isso não é nenhuma novidade, você já deve estar cansada de me ouvir dizer isso, mas agora não é apenas uma bronca que eu vou levar da mamãe, ou desapontar o papai, é minha vida que está em risco.

-Você tem sido muito corajoso, Al... –disse Rosa o animando. Alvo riu daquilo. –É verdade! Não é, Carlos? Carlos! Carlos acorda!

-Hã? O quê? –perguntou o garoto assustado, acordando. –Não fui eu! Deve ter sido o Matt...

-Não é verdade que é o Al tem sido muito corajoso? –perguntou Rosa olhando brava para o amigo.

-Ah... Claro! Muito corajoso! –disse Carlos depressa. Alvo também riu daquilo. –Cara, tem um assassino vindo para Hogwarts e quer matar você!

-Ah... Obrigado por me lembrar! –disse Alvo mal-humorado. Não estava nem ligando se estava sendo grosso com Carlos. Não estava ligando para mais nada.

-Olha... –disse Carlos. –Não estou falando só disso... Você sempre foi bem corajoso, Al... Você defendeu a Rosa no trem...

-E se o Tiago não estivesse lá eu provavelmente iria direto para a ala hospitalar! –disse Alvo irritado.

 -OK... –disse Carlos pensando. –Então... Você participou de um duelo! E venceu!

-Graças ao Tiago! –disse ele, quase gritando. –Se ele não estivesse lá eu não estaria tão seguro! Eu só duelei de verdade porque sabia que se algo acontecesse, ele me defenderia! Foi sempre o Tiago! E eu tenho vivido na sombra dele todos esses anos! Ele sempre foi o corajoso! Ele sempre foi o melhor! Eu sempre fui o medroso e ele estava certo quando brigou comigo! Quem iria querer ser o irmão mais velho de um bebê chorão feito eu? Eu sou um medroso!

Carlos e Rosa se entreolharam por um instante e depois fizeram silêncio. Rosa, porém, levantou seu livro e o mostrou a Alvo. Ele pode ver que já estava bem velho.

-Os Contos de Beedle, o Bardo. –esclareceu ela. –Mamãe traduziu há um tempão, estava em Runas Antigas...

-Hum... Fascinante... –disse ele num tom monótono.

-Eu estava lendo agora uma das histórias... –prosseguiu ela. –Chama-se A Fonte da Sorte... Quer ouvir?

Alvo a encarou. Tia Hermione costumava ler esse livro para eles quando eram bem menores. Alvo mal lembrava. Ele a encarou... Não estava interessado naquela história, aliás, não estava interessado em nada. Rosa pareceu considerar aquilo como um “sim”, pois começou a ler.

“No alto de um morro, em um jardim encantado envolto por muros altos e protegido por poderosa magia, jorrava a Fonte da Sorte.

Uma vez por ano, entre o nascer e o pôr-do-sol do dia mais longo do ano, um único infeliz recebia a oportunidade de competir para chegar à fonte, banhar-se em suas águas e ter sorte a vida inteira.

No dia aprazado, centenas de pessoas viajavam de todo o reino para chegar ao jardim antes do alvorecer. Homens e mulheres, ricos e pobres, jovens e velhos, dotados ou não de poderes mágicos reuniam-se no escuro, cada qual na esperança de ser o escolhido para entrar no jardim.

Três bruxas, com seus problemas e preocupações, encontraram-se nas cercanias da multidão, e contaram umas às outras suas tristezas enquanto esperavam o sol nascer.

A primeira, cujo nome era Asha, sofria de uma doença que nenhum curandeiro conseguia eliminar. Ela esperava que a fonte fizesse desaparecer os seus sintomas e lhe concedesse uma vida longa e feliz.

A segunda, cujo nome era Altheda, tivera sua casa, seu ouro e sua varinha roubados por um bruxo malvado. Ela esperava que a fonte a aliviasse de sua fraqueza e pobreza.

A terceira, cujo nome era Amata, fora abandonada por um homem a quem amava profundamente, e acreditava que seu coração partido jamais se recuperaria. Esperava que a fonte aliviasse sua dor e saudade.

Apiedando-se umas das outras, as três mulheres concordaram que, se lhes coubesse a chance, elas se uniriam e tentariam chegar à fonte juntas.

O primeiro raio de sol rasgou o céu, e uma fresta se abriu no muro. A multidão avançou, cada pessoa exigindo, aos gritos, a bênção da fonte. Plantas rastejantes do interior do jardim serpearam pela massa ansiosa e se enrolaram na primeira bruxa, Asha. Ela agarrou o pulso da segunda bruxa, Altheda, que segurou com força as vestes da terceira bruxa, Amata.

E Amata se enredou na armadura de um cavaleiro de triste figura que montava um cavalo esquelético.

As plantas rastejantes puxaram as três bruxas pela fresta do muro, e o cavaleiro foi derrubado do seu ginete atrás delas.

Os gritos furiosos da multidão desapontada se ergueram no ar matinal, e silenciaram quando os muros do jardim se fecharam mais uma vez.

Asha e Altheda se zangaram com Amata, que, acidentalmente, trouxera junto o cavaleiro.

— Apenas um pode se banhar na fonte! Já será bem difícil decidir qual de nós será, sem adicionar mais um!

Ora, o Cavaleiro Azarado, como era conhecido nas terras além-muros, observou que as mulheres eram bruxas e, não sendo ele dotado de magia, nem de grande perícia em torneios e duelos com espadas, nem de nada que o distinguisse como homem não mágico, ficou convencido de que não havia esperança de chegar à fonte antes das três mulheres. Anunciou, portanto, sua intenção de sair do jardim.

Ao ouvir isso, Amata se aborreceu também.

— Medroso! — ela o censurou. — Desembainhe sua espada, Cavaleiro, e nos ajude a atingir a nossa meta.

E, assim, as três bruxas e o infeliz cavaleiro se aventuraram pelo jardim encantado, onde ervas raras, frutos e flores cresciam em abundância à margem de caminhos ensolarados. Eles não encontraram obstáculo algum até alcançar o sopé do morro em que se erguia a fonte.

Ali, enrolado na base do morro, havia um monstruoso verme branco, inchado e cego. À aproximação do grupo, ele virou uma cara feia e malcheirosa e proferiu as seguintes palavras:

Paguem-me a prova de suas dores.

O Cavaleiro Azarado sacou a espada e tentou matar o bicho, mas a espada se partiu. Então, Altheda atirou pedras no verme, enquanto Asha e Amata experimentaram todos os feitiços que poderiam subjugá-lo ou hipnotizá-lo, mas o poder de suas varinhas não foi mais eficaz do que a pedra da amiga ou a espada do cavaleiro: o verme não quis deixá-los passar.

O sol foi subindo sempre mais alto no céu e Asha, desesperada, começou a chorar.

Então o enorme verme encostou o focinho no rosto dela e bebeu suas lágrimas. Saciada a sede, o verme deslizou para um lado e sumiu por um buraco no chão.

Exultantes com o sumiço do verme, as três bruxas e o cavaleiro começaram a subir o morro, certos de que chegariam à fonte antes do meio-dia.

A meio caminho da subida íngreme, porém, eles encontraram palavras gravadas no chão.

Paguem-me os frutos do seu árduo trabalho.

O Cavaleiro Azarado apanhou sua única moeda e colocou-a na encosta relvada, mas ela rolou para longe e se perdeu. As três bruxas e o cavaleiro continuaram a subir, e, embora tivessem andado durante horas, não avançaram um único passo; o topo continuava distante e a inscrição permanecia no chão diante deles.

Todos se sentiram desanimados quando viram o sol passar sobre suas cabeças e começar a declinar em direção ao longínquo horizonte, mas Altheda andou mais rápido e, empenhando mais esforço do que os demais, estimulava-os a seguir seu exemplo, embora tampouco avançasse na subida do morro encantado.

— Coragem, amigos, não fraquejem! — gritava ela, enxugando o suor do rosto.

À medida que as gotas caíam, cintilantes, na terra, a inscrição que bloqueava o caminho desaparecia, e eles descobriram que podiam prosseguir.

Encantados com a remoção do segundo obstáculo, correram para o alto o mais rápido que puderam, até que, por fim, avistaram a fonte, refulgindo cristalina em meio a árvores e flores.

Antes de alcançá-la, no entanto, encontraram barrando o seu caminho um riacho que circundava o topo do morro. No fundo da água transparente havia uma pedra lisa com as seguintes palavras:

Paguem-me o tesouro do seu passado.

O Cavaleiro Azarado tentou atravessar o curso d’água flutuando sobre seu escudo, mas afundou. As três bruxas o tiraram de dentro do riacho, e tentaram saltar por cima da água, mas o riacho não as deixou atravessar, e todo o tempo o sol ia baixando pelo céu.

Eles começaram, então, a refletir sobre o significado da mensagem na pedra, e Amata foi a primeira a compreendê-la. Apanhando a varinha, apagou da mente doas as lembranças dos momentos felizes que passara com o seu amor desaparecido e deixou-as cair na correnteza. O riacho as levou para longe, deixando aparecer pedras planas e, finalmente, as três bruxas e o cavaleiro puderam atravessar em direção ao topo do morro.

A fonte refulgiu diante dos quatro, emoldurada pelas ervas e flores mais raras e mais belas que jamais tinham visto. O céu coloriu-se de vermelho, e chegou a hora de decidir qual deles iria se banhar.

Antes, porém, que chegassem a uma conclusão, a franzina Asha tombou no chão. Exausta com o esforço da subida, estava à beira da morte.

Seus três amigos a teriam carregado até a fonte, mas Asha, em agonia mortal, lhes pediu que não a tocassem.

Então Altheda se apressou a colher as ervas que julgou mais úteis, misturou-as na cabaça de água do Cavaleiro Azarado e levou a poção à boca de Asha.

Na mesma hora, Asha conseguiu se pôr de pé. Além disso, todos os sintomas de sua terrível enfermidade tinham desaparecido.

— Estou curada! — exclamou ela. — Não preciso da fonte; deixem Altheda se banhar!

Altheda, porém, estava ocupada colhendo mais ervas em seu avental.

— Se fui capaz de curar essa doença, posso ganhar muito ouro! Deixem Amata se banhar!

O Cavaleiro Azarado se inclinou e, com um gesto, indicou a fonte a Amata, mas ela sacudiu a cabeça. O riacho tinha lavado todos os seus desapontamentos de amor, e ela percebia agora que o antigo amado fora insensível e infiel, e que era uma grande felicidade ter se livrado dele.

— Bom cavaleiro, o senhor deve se banhar, em recompensa por toda a sua nobreza! — disse ela ao Cavaleiro Azarado.

Então ele avançou a armadura tinindo aos últimos raios do sol poente e se banhou na Fonte da Sorte, admirado por ter sido o escolhido entre centenas de outros e atordoado com a sua inacreditável fortuna.

Quando o sol se pôs no horizonte, o Cavaleiro Azarado se ergueu das águas sentindo-se glorioso com o seu triunfo, e se atirou, ainda vestindo a armadura enferrujada, aos pés de Amata, a mulher mais bondosa e bela que ele já contemplara. Alvoroçado com o sucesso, pediu sua mão e seu coração, e Amata, não menos feliz, percebeu que encontrara um homem que merecia os dois.

As três bruxas e o cavaleiro desceram o morro juntos, de braços dados, e os quatro levaram vidas longas e venturosas, sem jamais saber nem suspeitar de que as águas da fonte não possuíam encanto algum.”

Ela terminou a leitura e Alvo ficou pensando. Aquela história lhe trouxe um ar familiar... Ele não sabia por quê... Mas estava estressado demais para pensar naquilo.

-E então? –perguntou ele, esperando uma explicação de Rosa para ela ter lido esta história.

-Não te lembrou nada? –perguntou ela. –O Cavaleiro Azarado não parece com alguém?

Ele pensou, depois respondeu:

-Comigo. Estou tendo um grande azar ultimamente, aliás, acho que sempre tive.

-Hum... –disse Rosa. –O que quero dizer é que... Bem, veja isso como uma metáfora... Você é o Cavaleiro Azarado, e a Fonte da Sorte é o Tiago. O Cavaleiro Azarado terá sorte para o resto da vida, mas não porque se banhou nas águas da fonte, e sim porque acreditou. Não é diferente de você com o Tiago. Você só foi bom no duelo porque acreditou que o Tiago te defenderia, mas no fim, foi você. Foi sempre você. Tiago não fez mais do que dar sua presença e talvez te passar segurança, mas isso só mostrou o quanto você é capaz. Tem coragem tanto quanto o Tiago, ou o Matt ou o Carlos... Sempre foi você, Al...

Ele parou e pensou mais um pouco. Talvez ela estivesse certa... Talvez não. É, ela não estava certa... Ele não seria nada sem o irmão... Nunca fora...

-É só um conto para bruxos... –disse. –Não é real...

-Ah, você quer fatos? –perguntou Rosa, um quê de impaciência em sua voz. –Ótimo, tenho um para você! Quando estava no sexto ano, meu pai estava nervoso para um jogo de quadribol, mas tio Harry havia pingado Felix Felicis em seu suco de abóbora. Sabe o que é isso? É uma poção. Um gole e obterá sucesso em tudo o que fizer. E meu pai bebeu o suco de abóbora e foi um grande jogo! Grifinória ganhou. Mas sabe de uma coisa, Al? Minha mãe me disse que o tio Harry não havia pingado nada no copo dele, e que ele fora bom porque pensou que estava sobre o efeito da poção. Resumindo, ele acreditou que ia bem e foi! Com você é a mesma coisa! Você acredita que vai bem porque está com o Tiago, mas no fim é você!

Ela parou de falar e Alvo ficou congelado. Isso sim o convenceu. Talvez ela realmente estivesse certa... Talvez ele tivesse potencial para fazer o que quisesse, não importa o que fosse.

E pela primeira vez na vida, Alvo sentiu-se confiante em sim mesmo.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?? É uma das minhas histórias favoritas de Beedle, o Bardo. Vou colocar uma meta pra postar, ok? Temos 206 reviews, então... 215 e eu posto o outro na sexta. Por favor, gente! A história já está emocionante! O Próximo capítulo será: A PASSAGEM NA ÁRVORE
É quando eles entram no túnel!!! Não tá valendo bem mais que 215 reviews? Tá! Estou sendo piedosa ainda... E estou aceitando recomendações, viu? A proposta ainda está de pé, quem recomendar eu dedico o capítulo, mas só tem TRÊS CAPÍTULOS!!! É! TRÊS! Então se agilizem e deixem muitos reviews e muitas recomendações! Por favor, pessoinhas do meu coração!
Bjs,
Amandinha Weasley *-*
Até sexta, se chegarmos à meta...