One-Shot-O Segredo Da Ilha escrita por Alana Mara Farias


Capítulo 7
A historia de Edward


Notas iniciais do capítulo

Adorei esse cap beijos



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Edward sentou-se ao meu lado e segurou minhas mãos, brincando com elas enquanto
começava a contar sua história.

- Vinte de junho de 1780 devia ser mais
um dia que eu passava com meus amigos e meu irmão bebendo e conversando sobre
nossas filosofias, quando um...
- Você tem mais de 200 anos? – eu estava
surpresa. Não esperava que ele fosse tão mais velho que o Edward Cullen da
Stephenie Meyer.
- Na verdade tenho 247 anos, pois fui transformado aos
dezessete anos.

O encarei tentando me convencer de que aquela figura
perfeita à minha frente que aparentava estar na flor da idade, na verdade tinha
nada mais, nada menos que duzentos e quarenta e sete anos. E esses números nada
combinavam com sua beleza e elegância. Talvez a elegância, mas garanto que
nenhuma outra pessoa normal no mundo, que tivesse a idade de Edward, estaria tão
bem conservada e linda como ele.

- Bem, naquela tarde, um sujeito que
era famoso por começar brigas por diversão, sentou-se à mesa onde eu estava com
meus amigos. Nenhum de nós deu importância a ele e continuamos conversando como
se aquele homem não estivesse ali, pois ninguém queria arrumar briga. Não éramos
desse tipo. – explicou ele mergulhando no passado de sua vida humana – Porém,
ele estava determinado a estragar tudo. Primeiramente, o sujeito pegou as
anotações de um de meus amigos, Richard – lembrou ele, franzindo o cenho – e as
rasgou, sorrindo maliciosamente, pois sabia o quanto as escrituras eram
importantes para nós, estudantes de filosofia.
Richard não fez nada.
Continuou ignorando-o como o resto de nós. E o homem continuou a provocar-nos
fazendo suas piadas de mau gosto e destruindo nossas anotações. Até que uma
senhora entrou no bar para comprar um maço de cigarro. Quase que imediatamente a
atenção do sujeito virou-se para a dama, que assim que o viu, assustou-se e saiu
desesperada do recinto. Todas as mulheres temiam àquele sujeito, pois sabiam que
quando eram pegas por ele, nunca mais voltavam a aparecer em público.
- O
que acontecia com elas? – perguntei totalmente imersa na história que me era
contada.
- As pessoas preferiam pensar que elas não eram mais vistas em
público por causa da vergonha e da humilhação sofridas, porém, no fundo todas
sabiam que a verdade, era que as damas que caiam nas mãos daquele rapaz estavam
mortas.
- E ninguém fez nada para impedir?
- Muitos tentaram. Seus
maridos, seus irmãos, seus pais e até mesmo a polícia, obviamente, foi atrás
daquele psicopata para lhe prender, entretanto nem mesmo o poder da autoridade o
afetava. Muitos policiais e parentes das vítimas desapareceram tentando pegar o
sujeito.
- Ele... era um vampiro? – perguntei incrédula, vendo Edward
assentir.
- Bom, voltando à senhora que tentou escapar do sujeito naquela
tarde... Quando o vi seguir a pobre mulher, senti meu sangue ferver e fui atrás
dele, no intuito de impedi-lo. Não deixaria que ele ferisse nenhuma outra
mulher. Isso era ridículo. O segui até a parte mais sossegada da cidade, onde
apenas poucas pessoas transitavam por lá, por ser um local de mendigos e
prostitutas que continham as mais diversas doenças.
O sujeito pareceu me
notar, mas não se pronunciou. Apenas continuou seguindo a mulher que andava
desesperadamente em busca de socorro enquanto eu o seguia. Após um tempo,
percebi que ele não estava seguindo a pobre mulher. Ele estava, na verdade,
induzindo-a a um lugar mais deserto onde ela provavelmente não teria para onde
correr. Mas, eu estava ali e salvaria aquela mulher, nem que custasse a minha
própria vida. O que agora é irônico, pelo fato de ter sido justamente isso o que
me custou. – Edward sorriu sombriamente. Vi seus olhos cor de âmbar brilharem
ainda mais.
- Ele te mordeu? Foi ele que te transformou?
- Sim. Quando o
vi se aproximar da mulher e tocá-la, me joguei em cima dele, gritando para ela
correr enquanto ainda o tinha no controle. Porém, segundos depois, lembro-me de
ter ficado impressionado com a velocidade e com a força que ele usou sobre mim,
jogando-me a uma distância humanamente impossível de se conseguir. E estando ao
meu lado em míseros segundos, quando uma pessoa normal levaria minutos para me
alcançar.
Eu havia batido com as costas num local cheio de madeiras,
perfurando as costelas com as farpas pontiagudas que haviam se partido com o
choque do meu corpo. Minha barriga estava toda ensangüentada e quando o vi me
encarar, seus olhos pareciam raivosos. Pensei que ele me deixaria morrer ali e
sairia correndo para não ser acusado por mais um crime. Mas, em vez disso ele se
aproximou, curvando-se sobre mim e cravando seus dentes em meu pescoço. – vi seu
corpo estremecer com a lembrança e seu rosto se retorcer em raiva – Lembro de
ter sentido muita dor e também muito ódio por morrer de forma tão indigna. Até
que minutos depois ele se afastou, ouvindo o barulho de um carro se aproximando.

Por milagre ou não, eram meus amigos que tinham me seguido quando fui atrás
daquele demônio, mas assim que me acharam começaram a lamentar por eu ter
morrido. E eu queria dizer que não estava morto, mas pelo que me aconteceu,
imaginei como deveria estar o meu estado para eles pensarem dessa forma. Além de
a minha respiração estar extraordinariamente fraca e o meu corpo igualmente
frágil.
- E o que eles fizeram com você?
- Fizeram o enterro e me
enterraram vivo. Eu estava fraco demais e ao mesmo tempo, alguma coisa dentro de
mim, me dizia que eu não estava morrendo, e sim me transformando. Eu não queria
aquilo, mas o que iria fazer? Sair do caixão e dizer que não morreria, mas me
transformaria numa criatura noturna, bebedora de sangue? Esperei que me levassem
para o cemitério e me enterrassem para que eu pudesse sair. O mais difícil foi
ter de ouvir a dor do meu irmão, se culpando por não ter me impedido de cometer
tamanha loucura. Mas, assim que todos foram embora, saí do meu caixão e caminhei
até onde minhas pernas conseguiram, pois estava morrendo de fome.
Colhi
algumas frutas de umas árvores enquanto achava um lugar seguro para ficar, onde
ninguém me reconhecesse, quando senti o cheiro de sangue. Assustei-me quando vi
meus pés se direcionando para o mendigo que estava à beira da morte a uns 300
metros de mim. Fui até ele lutando internamente, pois não queria matar ninguém.
Não queria ser um assassino. Porém, vi que o mendigo morreria de qualquer forma
e me prendi a essa desculpa para mordê-lo e me satisfazer. A partir desse dia,
saí da cidade e comecei minha nova ‘vida’ longe Minnesota.
- E quanto a sua
família? Nunca mais viu seu irmão? – eu estava com tanta pena de Edward. Era tão
injusto ter a vida terminada de forma tão esdrúxula. Ainda mais quando tiraram a
sua vida por ele apenas querer proteger uma mulher de ser morta. Esse era o
preço que se pagava por tentar salvar alguém?
- Meu irmão... – Edward me
encarou e ponderou por um momento, decidindo se me contava ou não sobre o irmão
dele – ele desapareceu. Tentei encontrá-lo, saber onde estava, mas não cheguei
perto o bastante e também não o encontrei. Tinha medo de não saber me controlar
e matá-lo.
- Foi aí que veio para a ilha?
- Eu não vim para a ilha. –
respondeu ele distraidamente – Quer dizer, não por vontade própria. – disse ele
corrigindo-se. – Tudo aconteceu por volta de 1800, quando fui perseguido até a
fronteira do México. Tentando me esconder fui para terras menos povoadas dos
Estados Unidos e acabei achando Phoenix um lugar calmo para me alojar.
- Mas
por que foi expulso? Ah! Você matou alguém. – respondi à minha própria pergunta
quando Edward me olhou com a resposta óbvia no rosto.
- Matei. E acabaram me
pegando no flagra. – ele deu um meio sorriso, acho que se lembrando do ocorrido
– Aqueles humanos eram tão idiotas! Eu poderia muito bem acabar com todos em
questão de minutos, mas não queria me tornar um assassino a sangue frio, havia
decidido matar somente para minha necessidade, o que se tornava difícil quando
um bando de homens portando pedaços de madeira insistia em me perseguir. Para
não cometer uma chacina os deixei me expulsar. Quando cheguei a Phoenix, me
escondi numa floresta, certo de que ficaria ali por apenas alguns dias. Até
voltar a ficar com fome e ir caçar.
Dias se passaram e eu havia me
programado para ir embora no dia seguinte, quando um grupo de 5 mulheres
adentrou na floresta. Elas ainda estavam longe, há quilômetros de distância, mas
pude ouvi-las dizer que iriam caçar para oferecer comida ao deus que seria
ofertado naquela noite. Pelo sotaque rapidamente soube que eram índias,
entretanto me certifiquei de não cruzar o caminho delas. Pelo menos por aquele
momento.
Para me distrair da presença delas, fui à procura de alguns animais
para caçar, a fim de ter um pouco de luta e diversão. Até que avistei um urso
muito, muito grande. Ele estava de costas pra mim, e vi que assim seria muito
fácil abatê-lo, quando tomei a iniciativa de circundá-lo, o urso grunhiu e
pareceu atacar algo à sua frente. De repente um grito cortou a floresta e vi que
havia uma menina tentando se defender do ataque do animal, ao mesmo tempo em que
tentava atacá-lo. Vi que seu braço, que ela usava como escudo estava sangrando e
rapidamente o cheiro dela me tomou. Não pensei em mais nada a não ser em sua
pulsação e em seu sangue escorrendo em grande quantidade pelo antebraço.
Aproximei-me do urso querendo afastá-lo dela, atirando-o longe com um só golpe.

Enquanto o urso se recuperava do choque pela surpresa, eu me aproximei da
menina e me curvei sobre ela, segurando em seu ferimento. Ela me olhou parecendo
agradecida e disse uma palavra numa língua indígena, imaginei, e depois sorriu.
Eu não conseguia pensar em nada a não ser no sangue dela que parecia ser tão
doce e quente que, sem pensar, alisei seu pescoço, retirando seus fios de
cabelos intensamente pretos e lisos. A menina continuou me olhando sem entender
nada, porém não se afastou, deixando-me livre para mordê-la. Quando, de repente,
meus lábios subitamente a centímetros de seu pescoço, fui cercado pelos homens
daquela tribo. Eles apontavam suas flechas para mim, enquanto eu ria de escárnio
de tamanha petulância e ingenuidade.
Vi o que parecia ser o chefe da tribo
abraçar a menina de forma protetora e logo percebi que eram pai e filha. Ele a
olhou fundo nos olhos e os dois pareceram conversar apenas com a simples troca
de olhar. Os olhos do chefe se voltaram para mim e ele se aproximou com as
palmas das mãos viradas em minha direção, iniciando uma seqüência de palavras
ininteligíveis que de certa forma me afetaram.
Eu não queria sair dali. Na
verdade, queria matar a todos pelo atrevimento de tentarem me impedir de beber o
sangue daquela menina que era tão chamativo para mim. Contudo, as palavras que
me eram ditas, me fizeram sair correndo daquele lugar como um cachorro assustado
e arrependido por entrar em territórios alheios. Aquilo me intrigara tanto! Eu
jamais fui domado por humanos após ter me transformado.
- Foi por isso que
te amaldiçoaram? Por ter invadido suas terras e tentado matar a filha do chefe
da tribo? – eu estava tão imersa em sua história. Tão chocada pelos
acontecimentos que até agora, me eram tão assustadores e perigosos. Assustadores
e perigosos pra mim, que imaginava o que eu faria se tal coisa tivesse
acontecido comigo.

Edward negou com a cabeça e se moveu, pela primeira
vez desde que sentara ao meu lado, soltando as minhas mãos.

- Depois do
que acontecera, eu estava determinado a ver aquela menina novamente. Não
deixaria de beber o sangue que só pelo cheiro parecia mais que delicioso. Sentir
apenas o odor foi algo como ver uma refeição completa depois de passar anos a
pão e água. – falou ele, tentando me explicar o que sentira em relação ao sangue
da menina Alcaiate. – Passei dias esperando para que o mesmo grupo de mulheres
aparecesse na floresta, mas elas não mais chegaram sequer perto de lá. Até que
um dia, já sedento por sangue, esperei anoitecer para ir atrás da menina. Fui
diretamente à tribo, onde todos estavam em suas ocas, dormindo. Respirei
profundamente, concentrando-me para distinguir o cheiro que eu queria dos
demais. O que foi extremamente fácil, por já ter tido contato com seu sangue.

Coincidência ou não, quando me preparei para entrar em sua oca, ela saiu. Eu
me escondi para observá-la, esperando o melhor momento para atracar. Ela parecia
estar com dificuldades de pegar no sono, pois se sentou a beira do mar e fechou
os olhos, respirando calmamente. Sorrateiramente me aproximei até estar de
frente para ela, de forma que logicamente ela estava de costas pra mim. Dei mais
um passo em sua direção, quando ela virou seu corpo para mim e sorriu. Aquilo me
pegou totalmente desprevenido e em vez de atacar, fiquei parado olhando-a com
confusão.
A menina estendeu sua mão para que eu me sentasse junto a ela e
foi o que fiz. Estava tão chocado que por um momento me esqueci da sede que
sentia por seu sangue e encarei seu rosto sereno e sorridente. Ela me olhou
calmamente e disse que sabia o que eu era, mas isso não a assustava, dizendo as
palavras com um pouco de dificuldade no meu idioma. A menina falou sobre sua
vida na tribo e que em dias se casaria com um homem arrogante e asqueroso que
também era Alcaiate, mas que faria de tudo para não comparecer ao casamento.

Aproveitando a brecha eu me ofereci, para ajudá-la e desaparecer da tribo
sem mesmo deixar pistas, e disse que teria de fugir comigo naquela noite,
naquele momento. Ela aceitou imediatamente, então a puxei em direção a água,
dizendo a todo o momento que confiasse em mim, que eu a livraria de todo o
sofrimento que ela poderia ter com aquele casamento a contra gosto.
Imediatamente a trouxe para cá, para a ilha, no intuito de não deixar pistas de
seu desaparecimento. Aproximei-me dela, dizendo que estava tudo bem e que eu não
a faria sofrer. Sem saber da ambigüidade de minhas palavras, ela disse que
confiava em mim e que não tinha medo de se entregar.
No momento em que ela
fechou os olhos, pensando que eu a beijaria, sem mais hesitar, mordi seu
pescoço, provando finalmente, o sangue mais delicioso que eu havia bebido em
toda minha existência. Ela se debateu e gritou até que suas pernas falharam e
ela caiu deitada em meus braços enquanto me alimentava de seu sangue. Já estava
praticamente satisfeito quando o chefe da tribo e também o pai da minha vitima
apareceu, vendo-me com a boca ensangüentada e com sua filha nas mãos.

Larguei o corpo e me levantei a fim de enfrentá-lo, porém, mais uma vez
aquele homem começou a falar numa língua estranha. No mesmo momento me senti
ficar fraco, mesmo tendo acabado de me alimentar. E pela primeira vez, meu corpo
se curvou diante de um humano que claramente exercia algum poder sobre mim. Foi
quando o ouvi dizer em minha língua que meu castigo seria ficar preso nesta ilha
por toda a minha existência e que jamais conseguiria sair daqui a não ser morto.

- Nossa. – foi tudo o que consegui dizer.
- Acho que o resto você já
sabe. – Edward sorriu, porém seus olhos eram duros e frios.
- Você não se
arrepende de ter deixado a fome pelo sangue daquela menina te apoderar de tal
forma que o tornou prisioneiro de sua própria sede? – o olhei querendo alisar
seu rosto, dizer que tudo estava bem, mas a verdade é que não estava. Edward
vivia naquela ilha há dois séculos sem poder sequer andar por mais de alguns
quilômetros por aquele pequeno pedaço de terra que lhe foi concedido.
- Não
sabe como me arrependo por deixá-lo cometer tamanho erro. – ele suspirou
distraidamente enquanto eu me sentia confusa quanto ao que acabara de ouvir.

- De quem está falando Edward? – ele me encarou percebendo somente agora,
que dissera algo errado.
- De mim. Não quer saber o motivo pelo qual pude
entrar no mar com você dias atrás mesmo tendo limites na ilha? – sua pergunta me
fez esquecer o questionamento que estava preparando quando o ouvi falar de si
mesmo na terceira pessoa. Se é que Edward havia falado dele mesmo.
- Quero.
– falei rapidamente. – Não entendi essa coisa de limites de terra.
- Entenda
que o lado Sul da ilha que para você agora é o Norte, habita milhares de pessoas
com bastante sangue no corpo. Então para evitar que eu usufruísse desse pequeno
detalhe para chamar a atenção dos humanos naquela parte da ilha, sou impedido de
ultrapassar as terras do lado Sul.
- Ainda não entendo. Se não pode nem
sequer chegar perto dessa tal parte, como consegue trazer comida para mim? –
perguntei lembrando-me do dia que ele me trouxera estrogonofe, quando meus
amigos William e Brenda ainda eram vivos.
-

Bella você já sabe demais. Não quero que se envolva mais do que já está
envolvida. – Edward se levantou e me ofereceu a mão.
- Tudo bem. Mas tenho
uma última pergunta. – falei não muito confiante que ele fosse me dar a
resposta.
- Diga.
- Você disse que o sangue daquela menina Alcaiate é o
melhor que você já provou. – afirmei olhando-o. – Então por que ainda não me
mordeu, quer dizer, meu sangue é puro e mesmo assim você não me matou e se
controla muito bem perto de mim.
- Eu tenho que me controlar, mas não pense
que é fácil.
- Mas por que me mantém viva? – insisti.
- Porque se eu
morder você eu morro. Literalmente. – disse ele alisando as minhas mãos.
-
Morre? Como assim? Pensei que vampiros só morriam quando eram desmembrados e
queimados.
- Você não está de todo errada. Porém, quando o chefe Alcaiate me
amaldiçoou nesta ilha, também me tornou prisioneiro da minha própria sede. Ele
sabia que o sangue Alcaiate era o meu ponto fraco, por isso, disse que se um dia
eu bebesse o sangue de um Alcaiate novamente eu morreria.
- E como isso
funciona? Meu sangue é venenoso ou algo do tipo?
- Seu sangue puro é
inofensivo. Contudo, quando meus dentes perfuram a pele da minha vítima, eu
solto um veneno para paralisá-la, para que ela não consiga se soltar e fugir. E
esse veneno junto com o seu sangue é mortal pra mim... e também pra você. –
Edward me olhou de forma tão triste, tão melancólica. Por um minuto senti que
ele tinha medo de me perder, de não conseguir se controlar e matar a nós dois.

- Quer dizer que se você me morder nós dois morremos? – imediatamente me
lembrei do sonho que tive de Edward me mordendo, mas ali, a única que morria era
eu.
- Exatamente. Por isso tenho de me controlar, porque uma coisa é matar a
mim mesmo e outra muito diferente, é levar você comigo. E isso eu não farei
nunca. – ele me envolveu em seus braços e eu fechei meus olhos, sentindo seu
aroma inebriante.
- Mas, isso só acontece com quem é Alcaiate, certo? E se
por acaso você morder uma pessoa comum com o intuito de transformá-la, como
funciona?
- Simplesmente não funciona. Para um amaldiçoado como eu, é
impossível transformar alguém. Meu veneno no corpo de qualquer humano ou
criatura seja ela um vampiro, bruxa ou lobisomem – ele revirou os olhos rindo –
é mortal. No caso de um Alcaiate é mortal para ambos.
- Humm... espera.
Tenho mais uma pergunta. – falei, jogando a cabeça pra trás para poder olhar em
seus olhos.
- Da última vez que disse que tinha uma única pergunta, vieram
trezentas. – Edward sorriu, me beijando rapidamente.
- Seu veneno só entra
na corrente sanguínea da vítima quando você perfura a pele dela, não é? – ele
afirmou – Isso significa que, por exemplo, se eu me machucar e você apenas
sugar meu sangue sem perfurar minha pele, seu veneno não irá se espalhar.
O que de certa forma, não seria mortal nem pra mim e muito menos pra você. Estou
certa?
- Sim. Mas não entendo o motivo real dessa pergunta. – Edward franziu
o cenho, envolvido numa confusão óbvia.
- Foi apenas uma curiosidade minha.
Nada demais. – dei de ombros, tentando disfarçar que eu tinha algo em mente.


Ele me encarou por um momento, procurando por algo que eu certamente
estava escondendo, e nessa hora, fiquei feliz por ele não ser um leitor de
mentes. Fomos para a minha habitual caverna e me dei conta de que Edward sempre
me deixava ali e ia embora.

- Para onde você vai depois que me deixa
aqui? – perguntei enquanto tirava meu cobertor da mochila.
- Sinceramente
não vou a lugar nenhum. Fico sentado na entrada da caverna, vigiando você.
-
Vigiando? Do que? A única coisa perigosa aqui é você e eu não tenho medo. Não
mais. – falei, achando surreal que Edward passasse a noite tomando conta de mim.

- Quer dizer que você não tem medo de mim? – Edward se aproximou, me
encostando contra a parede.
- Não, não tenho. Você é inofensivo. – falei,
rindo da expressão brincalhona que ele fazia. Porém, de repente, seu rosto se
transformou numa expressão amedrontadora. Edward me olhava seriamente e parecia
que ele estava prestes a me matar. – E-edward. – ele se aproximou de meu pescoço
e o senti abrir a boca. Sua respiração fria me fez tremer ferozmente quando se
chocou contra minha pele. – Edward o que está fazendo? – tentei afastá-lo quando
seus dentes tocaram minha garganta.
- Humm... Se eu apenas desse uma pequena
mordida... – sua língua lambeu todo o meu pescoço para depois seus dentes
voltarem à minha garganta.
- Edward não...

Sua risada abafada em meu
pescoço me fez querer socá-lo. Edward se afastou ainda rindo, quer dizer,
gargalhando, enquanto eu colocava a mão no coração, tentando acalmar minha
respiração e o nível de adrenalina em meu corpo.

- Isso foi
interessante. – analisou ele, divertindo-se.
- Nunca mais faça isso. Você me
assustou. – falei sem conseguir deixar de ficar séria. Eu realmente estava
assustada. Não tinha como saber quando ele brincava ou quando falava a sério.

- Desculpe. Mas não pude acreditar que não sentia medo de mim. – fiz uma
careta e não resisti e dei língua pra ele. – Não está chateada está?


Edward se aproximou novamente, segurando firme em minha cintura e me
colando ao seu corpo incrivelmente gelado e estonteante. Seus lábios tocaram
levemente meu pescoço e sua língua passeou pelo lóbulo da minha orelha me
deixando louca. Segurei firme em sua nuca, emaranhando meus dedos ao seu cabelo
e trouxe seus lábios para os meus.
Nossas línguas se encontraram dando
intensidade ao beijo de forma que Edward me empurrou contra a parede e me
pressionou contra ele enquanto suas mãos alisavam todo o meu corpo, me
arrepiando completamente. Meu corpo todo tremeu e vi Edward se afastar, rindo da
minha reação ao seu toque.

- Acho que isso responde a minha pergunta. –
disse ele me puxando para seus braços e depositando um beijo em minha testa. –
Vá dormir. Deve estar muito cansada do dia que teve.

E eu realmente
estava. Edward havia me contado tanta coisa, tantas histórias tão absurdamente
inacreditáveis que se eu não o conhecesse diria que eram besteiras que um idiota
inventou para colocar medo em alguém.
Ele segurou meu rosto e beijou o canto
da minha boca, desaparecendo em seguida.

- Da próxima vez você não me
escapa. – falei certa de que ele ouviria minha ameaça.

Deitei-me na
minha ‘cama-totalmente-improvisada’ e tentei não pensar nos últimos minutos
porque eu teria um ataque. Eu havia estado tão perto de Edward por tantas vezes
que eu queria ir mais além. Já não agüentava ser torturada por ele e depois agir
como se nada tivesse acontecido. Meu corpo inteiro doía quando ele se aproximava
demais, porém não o bastante para me satisfazer.
Nunca pensei que um homem –
porque de fato Edward é um homem – fosse me deixar tão louca como Edward faz
comigo. Sacudi a cabeça, afastando esses pensamentos que só me faziam querê-lo
ainda mais e tentei dormir. O que não foi uma tarefa difícil.



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Notas finais do capítulo

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