One-Shot-O Segredo Da Ilha escrita por Alana Mara Farias


Capítulo 4
Capitulo 4- O Jogo




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Capitulo 4- O
jogo

Não conseguia
acreditar que eu havia conhecido Edward Cullen, o próprio, e que acabei sendo
acorrentada por ele, tornando-me sua comida.



- Fugir não adianta. – disse-me o homem, sorrindo tristemente.

- É eu percebi. – suspirei

- A propósito, eu me chamo William e essa é a minha namorada, Brenda.

- Bella. – falei, olhando-os. Por que eles não pareciam estranhos pra mim? –
Vocês são um casal! – concluí. Eles me olharam como se eu tivesse algum
problema. – Quero dizer, vocês são os turistas que desapareceram na semana
retrasada, não é? Eu vi uma reportagem sobre vocês no jornal.

- E estão procurando por nós? – vi a esperança no olhar de Brenda, mas não
seria eu que a iludiria.

- Infelizmente não. – olhei para baixo, certa de que o mesmo aconteceria comigo
– Todos pensam que estão mortos. E confesso que fiquei surpresa por não
estarem. Edward é um vampiro!

- Vampiro? – a voz de Brenda falhou ao dizer a palavra. – Oh meu Deus! Nós
vamos sangrar até a morte!

- Na verdade, vamos ser drenados até a morte. – corrigi, sentindo-me estranha
por não ficar com medo disso.

- Esse é o nome dele? Que hilário! – William riu sem humor – Agora vampiros têm
nome?

- Como sabe que ele se chama assim? Ele te disse? Conversou com você?

- Quem me dera! – suspirei desanimada – Eu não sei se o conheço realmente.
Talvez já o tenha visto em algum lugar, sei lá.



Não poderia dizer que eu sabia de Edward porque as características dele eram as
mesmas de um personagem de um livro. Eles me chamariam de louca, mesmo eu
estando certa. Ele era o Edward, e eu tinha certeza absoluta disso.



- Como conseguiram sobreviver até agora? Quer dizer, vocês são alimentados,
coisa do tipo?

- Sim. Esse tal Edward vem várias vezes nos oferecer comida. E agora entendo o
porquê dessa generosidade. - disse William.

- Ele não quer vítimas fracas. Quanto mais sadios estivermos, melhor será o
gosto de nosso sangue. – concluí, praticamente sussurrando.



Brenda começou a chorar novamente. Ela parecia desesperada e eu queria dizer alguma
coisa que a fizesse acalmar-se, mas o que eu diria? Não havia nada com a qual a
pudesse confortar.

Nesse instante, Edward apareceu com uma bandeja enorme que continha diversos
pratos. Ali se via frutas, sucos e no centro, parecia ser o prato principal,
pois estava coberto por uma tampa de metal.

Antes de nos servir, ele me encarou intensamente e nesse momento, perguntei-me
se ele poderia ler minha mente. Abaixei o olhar, sentindo-me envergonhada e ele
se aproximou, soltando-nos das correntes para que pudéssemos comer. Fiquei sem
reação quando vi que o prato principal era estrogonofe.



- Como você...

- Coma. – ordenou ele rigidamente.



Decidi obedecer. Sabia que ele não era o cara que eu pensava que deveria ser.
Tentei me convencer que por mais convicção que eu tivesse de que ele era
o Edward, este era diferente. Um vampiro de verdade, que se alimentava de
sangue humano.

Estava morta de fome, então não pensei duas vezes antes de atacar o
estrogonofe. Após terminarmos, ele retirou os pratos e também o restante da
comida que era destinada às vitimas que ainda estavam desacordadas e se foi.



- O que há com eles? – perguntei olhando curiosamente para os homens ao meu
lado.

- Eles estão esgotados. Deixe-me explicar. – disse William quando viu que eu não
estava entendendo. – Depois de sermos aprisionados e alimentados por alguns
dias aqui, o vampiro Edward nos leva para o meio da mata e começa uma espécie
de caçada. Como se fosse um jogo.

- Um jogo? – questionei.

- Sim. Ele mesmo disse que assim é mais divertido. Bem, as vitimas são deixadas
no meio da floresta e ele nos manda correr. Daí ele vai à nossa procura e
quando nos acha...

- Entendi. Você já participou disso?

- Sim. Junto com eles. – William apontou para os caras desacordados. – Mas,
conseguimos sobreviver. O... Edward – vi que ele tinha dificuldades para dizer
o nome do vampiro – não caça todos ao mesmo tempo. Como falei, para ele é como
uma diversão, caçando apenas o essencial para sua sobrevivência.

- Ele nos torna prisioneiros a fim de ter uma espécie de dispensa. – concluí.

- Que é abastecida regularmente. – completou Brenda, saindo de seu silêncio.

- Acham que eles vão ficar bem?



Ninguém respondeu. Nós já não estávamos bem. Éramos prisioneiros de um
vampiro que a qualquer momento poderia decidir começar com o joguinho dele
novamente. Só que dessa vez, eu estaria nele, e não tinha dúvidas de que eu não
sobreviveria.

“Só tenho de ficar junto deles”, pensei. Se William e Brenda já foram à caçada
e sobreviveram, eles certamente haviam encontrado um esconderijo ou coisa do
tipo. Claro que também foram ajudados pela sorte, mas não quero pensar que esta
pode resolver não me ajudar.



Mais tarde o fogo das tochas diminuiu até apagarem, nos deixando numa completa
escuridão. Meu coração disparou, parecendo que a qualquer momento iria
explodir. Fiquei prestando atenção nos barulhos que eu ouvia.



- Hoje ele virá.



Não precisei perguntar o que William queria dizer com aquelas três palavras,
porque eu sabia que hoje teria um joguinho não muito divertido para nós, porém
muito satisfatório e saciável para Edward.



- OMG! Ele está vindo! – anunciou Brenda, começando a chorar.



Porém, eu não ouvia nada. Como ela tinha certeza de que Edward estava a
caminho? Lembrei que tanto vampiros quanto lobisomens e qualquer outra criatura
mística são conhecidos por sua habilidade de serem extremamente silenciosos.
Criaturas que se rastejam pela noite como cobras peçonhentas sem serem notados
por suas vítimas indefesas.



- Fique calma. Vai dar tudo certo. – murmurei mesmo com a dúvida estando clara
em minha voz.



De repente, as tochas foram acesas e lá estava ele. Seu rosto assustadoramente
convidativo e traiçoeiro.

Vi Brenda engolir o choro e William o encarar com certa determinação nos olhos.
Vendo-o tão disposto a lutar com Edward, senti pena dele, pois sabia quem seria
o vencedor numa luta que mal existiria. Tentei controlar a respiração e o medo
que se apossava lentamente do meu corpo.



Edward não disse nada. Apenas soltou William e Brenda e também os homens que
ainda não haviam acordado.



- Bella! – chamou Brenda quando eu fiquei para trás, ainda acorrentada,
enquanto ela era levada para fora dali.



“Se acalme”, pensei. “Ele não vai te fazer mal. Edward quer apenas conversar”.
Olhei fixamente para o lugar de onde ele sairia, esperando por vários minutos.
Até que, num piscar de olhos, lá estava ele, parado a centímetros de mim.

Não consegui dizer uma palavra, nem mesmo gritar, nada. A beleza dele era
tamanha, que eu me esquecia de tudo, até mesmo do fato dele não ser um vampiro
vegetariano.



- O q-que está fazendo? – perguntei quando ele me soltou, puxando-me
rapidamente para fora da caverna. – O-onde estamos indo? – concentrei-me a fim
de parar de gaguejar. Odiava me sentir uma vítima idiota e tola. Ele não
precisava saber que eu estava com medo. – Ah! – exclamei.



Alguém havia gritado. Olhei para trás, na esperança de conseguir ver algo ou
alguém, mas era impossível naquela escuridão. “Eles estão bem. Por enquanto. O
Edward está comigo. Tenho de distraí-lo”, pensei. Porém, a única distração que
eu conseguiria era a minha morte, e mesmo assim ele levaria apenas míseros
minutos para me matar. Do nada, paramos de caminhar e Edward me soltou,
olhando-me fixamente. Eu o encarei. Qualquer minuto a mais comigo, significava
mais tempo para William, Brenda e para os homens que estavam fracos demais,
tornando-se as principais vítimas.



- O que você quer? Por que me trouxe aqui?

- Quero que fique aqui. Não se mexa. E se tentar fugir, eu virei atrás de você.
Então acho melhor me obedecer se não quiser ser a primeira a morrer. – ameaçou
ele.



Meus olhos estavam arregalados. Praticamente pulando para fora, por conta da
surpresa. Nunca poderia imaginá-lo tão perigoso e ameaçador.



- Você me ouviu? – sua voz era fria e muito séria. Porém, quando olhei em seus
olhos, vi que algo o estava incomodando. Como se algo o estivesse machucando.



Respirei fundo umas três vezes antes de responder, certa de que minha voz não
falharia.



- Sim.



Assim que respondi, ele desapareceu silenciosamente. Fiquei tentada a ir à
procura de meus recentes amigos, mas eu sabia que a ameaça de Edward era
verdadeira e também mortal. Sentei numa pedra que havia naquela espécie de
campina decidida a esperar por ele. Estava imaginando o porquê de ter sido
trazida para cá, longe de todos, porém não havia nada que pudesse me dar alguma
resposta coerente.

Estava ali cerca de uma hora quando ouvi o grito desesperado de Brenda. Só
podia ser dela, eu tinha certeza. Não podia ficar sentada enquanto ela e talvez
William, estivessem em perigo. Sem ao menos pensar nas consequências, comecei a
correr na direção que eu ouvira o grito, caindo algumas vezes por conta da
falta de luz. Rezei para que estivesse no caminho certo.



- NÃO! POR FAVOR! – gritou Brenda e dessa vez, mais perto.



Parei de correr e comecei a andar lenta e cuidadosamente tentando não fazer
nenhum barulho, entretanto, algo me agarrou por trás e antes que eu pudesse
gritar, mãos frias taparam minha boca.



- Eu não mandei você ficar lá? – sua voz transbordava raiva, muita raiva.



Arregalei os olhos e soltei gritos abafados em sua mão quando o olhei. A boca
de Edward estava ensanguentada, com o líquido vermelho escorrendo pelos cantos
de seus lábios. Ele percebeu e rapidamente limpou o local com a manga da
camisa.

Novamente fui levada para a campina, onde estivera há minutos atrás. Ele me
colocou de frente para ele, assim que paramos de caminhar, olhando-me nos
olhos.



- Peço que, por favor, não grite quando lhe soltar. – disse ele retirando sua
mão lentamente da minha boca.

- POR QUE V-

- Eu falei para não gritar! – sussurrou ele, calando-me novamente. – Será que
pode falar como uma pessoa normal? – perguntou, olhando a floresta à nossa
volta atentamente.

- Tudo bem. – tentei me acalmar quando ele me soltou – Por que está fazendo
isso? Por que tem de matar aquelas pessoas?

- Para sobreviver, obviamente. Para que mais eu os traria para cá? – sua voz
tinha um tom amargo.

- Edward você não pode fazer isso. Você não é assim!

- Pare de achar que me conhece! – ordenou ele, encarando-me – Você não sabe
nada sobre mim.

- É verdade. Não conheço o monstro que você se tornou. – mordi meu lábio assim
que disse isso, arrependendo-me.



Por um momento vi a surpresa e também a tristeza passar pelo rosto dele.



- Desculpe. – disse, me aproximando, porém ele se afastou. – É só que você é
muito parecido com alguém que eu conheço. – franzi as sobrancelhas com a
confusão em minha mente.

- Tenho que ir. E se não quiser morrer é melhor que me obedeça. – ele se
aproximou ao dizer isso e me olhou ferozmente. Senti um arrepio percorrer minha
coluna e meu coração disparar.

- Tu-Tudo bem.



O olhei desaparecer entre as árvores e me abracei com o vento frio que soprava
em minha direção. Meu casaco estava na mochila que eu deixara na caverna e
agora eu não poderia voltar para pegar. A não ser que quisesse morrer, o que
não era o caso. Eu tinha que descobrir o porquê eu tinha tanta certeza de que
ele era o Edward se nunca o vira antes. Apenas li sobre suas características
num livro que mostra um ambiente diferente para os vampiros e nisso, Edward não
se parecia nem um pouco com seu personagem.

Eu estava congelando literalmente. Nunca pensei que uma ilha num lugar onde
fazia sol na maior parte dos dias do ano, pudesse ser tão fria à noite.
Sentei-me perto de uma pedra e me encolhi, abraçando os joelhos, até que algo
se mexeu entre as árvores. Rapidamente me levantei e olhei fixamente para o
lugar onde as folhas se mexiam. Minha vista já se acostumara com a pouca luz.



- Edward? É você? – continuei olhando para o lugar onde eu ouvira o barulho e
de repente, uma figura apareceu na minha frente, andando lentamente em minha
direção e parando a uns 5 metros.

- S-So – ele estendeu uma de suas mãos pra mim e se aproximou.

- William! – o segurei antes que caísse – Você está bem?



Tateei seu rosto e seu tronco e senti algo líquido e denso em minhas mãos.
Aquilo era sangue. Deitei William, colocando a cabeça dele em meus joelhos,
pensando no que faria com ele.



- M-me aju-ju...

- Shh! Não fale nada. Fique calmo, você vai ficar bem.



Examinei seu pulso e estava fraco. William havia perdido muito sangue. O que eu
não entendia era como ele conseguiu escapar.



- Ok. – respirei fundo – Vou te fazer umas perguntas e você apenas dizem ‘sim’
ou ‘não’ com a cabeça, está bem? – ele afirmou – Você foi mordido? – ao mesmo
tempo em que perguntei, o examinei a procura de uma mordida. Fiquei receosa com
a resposta, porém ele negou.



Mas, se ele não foi mordido, porque estava sangrando tanto? De repente me
lembrei que, na caverna, vi em seus olhos que se tivesse oportunidade, William
lutaria com Edward. E um vampiro nunca perde uma boa briga, mesmo esta não
sendo uma luta justa.



- Você tentou lutar com ele? – perguntei enquanto rasgava um pedaço da minha
camisa para tentar estancar o sangue de seu braço.

- S-Sim. – sussurrou ele, respirando com muita dificuldade e cuspindo uma
grande quantidade de sangue.

- Você não deveria ter feito isso.



E quando encontrei seu olhar vi que ele foi muito corajoso, que na verdade, ele
não tinha medo. William sabia que iria morrer. Que cedo ou tarde, ele seria a
vítima que Edward escolheria para caçar. Então por que não morrer lutando?
William não queria ser vencido por um monstro apenas por uma mordida. Ele
queria perecer de forma mais justificável, mais justa, já que a morte era
inevitável.

Olhando para ele agora, pude reconhecer o homem corajoso e determinado que ele
era. E me senti uma inútil por não poder fazer nada para salvar sua vida, para
protegê-lo.



- E Brenda? Onde está? – o grito agoniado dela ainda ecoava em minha mente.



Ele não respondeu. Apenas me devolveu um triste olhar.



- Ela está... morta? – ele assentiu, arquejando de dor por tê-la perdido.



Foi aí que entendi o motivo da luta entre Edward e William. Quando Brenda viu a
briga, resolveu interceder com a sua vida, a fim de salvar seu namorado.
Distraindo o vampiro para que William fugisse.



- Ah William! Eu sinto tanto! – o abracei, deixando que uma lágrima
escorregasse por meu rosto.



Vi que sua respiração acelerou e ele começou a ter dificuldades para respirar,
tentando puxar um ar que não havia em seu pulmão. Afastei-me para olhar seu
rosto e logo percebi que ele morreria em poucos minutos, mas não deixaria isso
acontecer. Eu tinha que fazer alguma coisa. Eu tinha que servir para alguma
coisa. Deitei sua cabeça no chão e tentei fazer massagem em seu coração ao
mesmo tempo em que chorava, me desesperando por ver a morte de uma pessoa tão
boa e tão inocente quanto as outras vítimas que foram trazidas para esta ilha.


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Notas finais do capítulo

Iai gostaram reviesw