The Partner escrita por ItsCupcake


Capítulo 6
Somos irmãos?


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos os reviews e eu queria pedir para as minhas leitoras fantasmas aparecerem, pois eu estava fazendo umas estatísticas dos reviews que recebo e da quantidade de leitores dessa fic e percebi que é como se cada leitor só postasse um review em apenas um dos cinco capítulos. Então amores, apareçam... Eu não mordo!



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Jason’s POV

Qual é a dela?

Idai que eu estava transando com a vizinha? A vida sexual é minha e não dela.

E como ela teve a coragem de morder a minha boca? Ela é louca, só pode. Nenhuma garota recusou meus lábios, até mesmo a Jenny quase cedeu uma vez.

Sai do quarto e corri até a geladeira para pegar gelo e um pano. Não podia ficar com a boca machucada, não agora que eu sou o andorinha da missão. Assim que preparei o pano com gelo, me sentei no sofá e mudei o canal da TV que já estava ligada.

Madeline saiu do quarto sem o seu uniforme da Starbucks e virou a cara pra mim indo até a geladeira. Então ela fechou a porta com força e se sentou do meu lado, sem me encarar.

— Consegui um encontro para você com a Christina. — Disse ela.

— Não devia ser eu que ia tomar a iniciativa de chamá-la pra sair?

Agora o assunto era sério. Que se dane que essa garota acabou de morder meu lábio inferior, vou fazer de tudo para conseguir ter sucesso nessa missão. Até aturar uma McPherson estúpida.

— Daniel me convidou para sair e eu pedi para ele levar a Christina. Vai ser um encontro duplo. No sábado, às duas no Starbucks.

— Nossa, muito romântico o lugar onde você trabalha.

— Cala a boca. — Disse ela se levantando do sofá. — Pelo menos eu consegui um grande avanço. E parece que enquanto me esforço, você fica aqui comendo a vizinha.

— Ei, eu também estou me esforçando.

— Claro. — Disse ela revirando os olhos.

Então ela pegou a chave em cima da bancada da cozinha e seguiu em direção a porta.

— Onde você vai? — Perguntei.

— Comer fora. Olhar pra você me dá vontade de vomitar. — E então bateu a porta.

Ótimo. Eu causo ânsia de vômito nela. Perfeito. Pelo menos não corro o risco de ter uma parceira mentirosa. Talvez esse seja a única qualidade dela. A sinceridade.

Voltei ao quarto e peguei meu celular que estava jogado na minha cama que é a do lado esquerdo, perto do guarda-roupa. Enquanto a Madeline ficou com a cama do lado da janela.

Jason, por que está me ligando? Aconteceu alguma coisa ai? — Perguntou Nicholas assim que atendeu.

— Não. A missão está indo bem. — Disse. — Estou te ligando porque eu sei que você sabe tudo que acontece ai. E eu queria te fazer uma pergunta, mas antes quero que jure que vai me contar a verdade toda.

— Tudo bem, eu juro. O que você quer saber?

— Clark Higgins, ele estava estranho no dia em que meus pais foi a sala dele para reclamar da minha parceira.

— Ele é estranho. — Afirmou Nicholas. Como se você também não fosse, né gênio maluco?

— Só que eu senti pelo tom de voz dele, que tinha algo errado. E você sabe o que é.

Ele ficou em silêncio e eu insisti.

— Você prometeu me contar.

— Prometi responder sua pergunta, e não sua afirmação.

Ta, ta. — Disse revirando os olhos. — O que aconteceu de errado no dia da minha Seleção?

— Vou te contar o que posso.

— Você me prometeu contar a verdade toda.

— Mas eu não posso! É sigiloso! — Ele suspirou. — Bom, parece que houve um erro. Justamente com você e a garota McPherson. Não sabemos ao certo quem invadiu nosso sistema, mas o Sr. Higgins está dizendo que foi tudo ideia dele, colocar vocês dois juntos será um grande investimento do FBI. Só que eu sei que nosso sistema foi invadido e duvido muito que tenha sido ideia dele.

— Então você está dizendo que não era para eu e a Madeline sermos uma dupla?

— É, isso mesmo. Mas não conte isso para ela, não conte pra ninguém. Deixe isso quieto, o Sr. Higgins tem razão, vocês serão um grande sucesso para o FBI.

— Claro. — Disse irônico.

— Não mexa mais nesse assunto. Pode ser perigoso. Você sabe, o Sr. Higgins nunca vai admitir que o FBI comete erros. E o que aconteceu, foi apenas um pequeno erro.

— Tudo bem. Era só isso. — Disse desligando sem dar tchau.

Erro.

É claro que eu não ia cair com a Madeline McPherson. Somos diferentes, muito distantes um do outro, e nos odiamos. Ela com certeza seria parceira daquele loiro, se eu não fosse seu parceiro. Mas e eu? Quem seria o meu parceiro ou parceira?

Madeline’s POV

Pelo menos ele está com a boca machucada. E isso ainda é pouco. Eu deveria ter quebrado cada parte do seu corpo.

Tive que sair do apartamento, não ia consegui ficar ali por mais alguns minutos com ele lá. Toda vez que o via, senti vontade de vomitar. E se eu não quiser morrer de fome, terei que encontrar um lugar legal para comer.

Andei pelas ruas bem movimentadas. Minha mãe tinha razão quando disse que Los Angeles é mágica à noite. Tudo brilha, até as pessoas andando refletem os brilhos dos outdoors.

Fui até uma lanchonete pequena, perto de um loja de música fechada e entrei. Pedi apenas um hambúrguer e uma lata de coca-cola. Me sentei em uma das mesas pequenas esperando meu pedido. Não demorou muito e já estava pronto. Comi bem devagar tentando enrolar o máximo para não voltar ao apartamento tão cedo. Olhei as horas no meu celular e vi que já eram quase onze horas da noite. Terminei de tomar o restante da coca-cola e sai deixando uma nota de vinte dólares no balcão, quase dez dólares de gorjeta.

Assim que sai na rua, vi que quase todos os comércios estavam fechados. Mas as ruas ainda continuavam iluminadas. Entrei em um beco e então percebi que era o errado, esse não tinha saída. Assim que me virei para sair dali, vi um grupo de garotos vir em minha direção. Dez? Não, doze.

— Olha só o que temos aqui. — Disse um deles olhando para mim da cabeça aos pés e parou em minhas pernas desnudas por estar usando um short jeans.

— Por favor, me deixem passar. Estou com pressa. — Falei firme.

— Pra quê a pressa? Você não vai querer perder a diversão. — Disse o garoto novamente e os outros sorriram maliciosamente para mim.

Três deles se afastaram até a saída do beco, fechando qualquer passagem por ali. O garoto que falou se aproximou de mim e tocou no meu braço, mas eu dei um tapão na mão dele.

— Olha só, a gatinha é agressiva.

— Não toque em mim novamente. — Disse.

O garoto sorriu, e avançou em minha direção assim como o Jason fez antes. Mas ele não era o Jason. Ele com certeza vai tentar fazer algo muito pior do que apenas me estuprar. E assim que ele encostou as mãos na minha cintura, eu dei um soco em seu rosto o fazendo se afastar e quase cair no chão. Os outros vieram na minha direção e eu consegui acertar o rosto de um, dar uma rasteira em outro e um chute no meio das pernas de uns dois. Até que o garoto que tentou me tocar primeiro, se levantou com uma arma estendida na minha direção.

— Agora você não é tão valente, né? — Disse ele com a arma perto da minha testa.

Prendi a respiração. Era a primeira vez que alguém apontava uma arma para mim. Minha mãe já fez isso uma vez no nosso treinamento, mas eu sabia que ela não ia me machucar e que a arma estava sem munição. Mas agora, num beco sem saída e rodeada de garotos que podem também possuir armas, fiquei em choque.

— Me diga. Onde aprendeu a lutar assim? — Perguntou o garoto me puxando pelo braço e me abraçando por trás enquanto a arma continuava na minha testa.

Não respondi.

— Vamos, diga. — Insistiu ele pressionando a arma na minha testa.

— Tive aulas. — Disse.

— Aulas do quê?

— Boxe.

— Boxe? — Ele riu. — O que você fez não é boxe, pode ter certeza.

Ele passou a mão pelo meu braço e foi descendo até a minha barriga levantando minha blusa aos poucos.

— Dá até dó ter que te matar. — Disse. — Mas você parece ser perigosa. Não vou querer correr o risco.

Ele subiu sua mão até o meu sutiã e passou a mão por baixo, tocando no meu seio esquerdo. Senti todo o hambúrguer que comi a pouco tempo atrás voltar junto com a coca-cola. Até que um barulho o faz tirar sua mão de baixo da minha blusa. Ele se virou ainda apontando a arma na minha testa e viu todos os seus amigos desmaiados no chão. Não fiquei olhando muito, pois o que me chamou a atenção, foi o único garoto em pé no final do beco.

Pela primeira vez, fiquei feliz em ver o Jason McCann.

— Quem é você? — Perguntou o garoto sem tirar a arma da minha testa. Ele estava tremendo, senti quando seu braço se apertou ao redor da minha barriga.

— Solta ela. — Jason disse.

— Não se aproxime ou ela morre.

Percebi que ele fitava o Jason com medo, e nem estava tão focado assim em mim. E com seu braço me apertando contra seu corpo, tive a oportunidade perfeita de ergue-lo com as costas e num movimento rápido, derrubá-lo no chão. Com certeza essa deve ter doido, mas antes que eu pudesse parar pra pensar em sentir pena dele, peguei a arma que tinha caído num canto do beco.

Me afastei relutante enquanto alternava a arma entre os garotos caídos no chão. Até que cheguei ao final do beco e abracei o Jason com todas as minhas forças.

Sei que ele é um idiota e que eu o odeio. Mas naquele momento, ele era a única pessoa ali que eu conhecia. O único para abraçar.

— Vamos, antes que eles se levantem. — Disse ele segurando minha mão e tirando a arma da mesma.

Ele tirou todas as balas que tinha e jogou no bueiro mais próximo junto com a arma. Então fez uma coisa que me deixou muito surpresa. Ele tirou seu casaco e colocou sobre meus ombros enquanto me guiava pelas ruas com o braço em volta da minha cintura.

Não disse nada durante o caminho. Ainda estava tentando digerir o que tinha acabado de acontecer. E quanto eu fui estúpida. Fui treinada para lutar com bandidos piores que garotos bêbedos armados. Talvez fosse a falta de experiência no quesito armas de fogo, ou pelo momento inesperado. Não, na verdade, foi o choque por perceber que eu podia morrer ali mesmo sem ter vivido direito. Sem ter tido a chance de ter uma vida como a dos meus pais.

Chegamos ao apartamento e eu segui em direção ao sofá.

— Está tudo bem? — Perguntou Jason se sentando ao meu lado.

— Eu fui uma idiota. — Disse apoiando meus cotovelos nas pernas e chorando com as mãos sobre o rosto.

— Você não foi uma idiota. Ele estava armado.

— Não. Eu fui treinada para acabar com caras piores do que ele. E eu não consegui.

— Você ficou em choque.

— Não. Eu não consegui.

Jason passou seu braço pelas minhas costas e eu o abracei novamente enterrando meu rosto em sua camiseta.

— Se você não tivesse aparecido... — Disse.

— Você ia dar um jeito. Tenho certeza que aquele cara não ia conseguir nada com você.

Não disse mais nada. Sabia que ele ia insistir que não teve todo o mérito naquele beco. Ele ia me contrariar até eu me convencer de que eu conseguiria sair daquele beco sem ajuda.

Mas a verdade era que eu não deveria ter ficado em choque. Deveria ter avançado para cima daquele garoto, mesmo que ele atirasse. Armas de fogo não deveria ser um problema para mim.

E eu pensei que não tinha ponto fraco. Que seria imbatível. Até a hora em que a primeira pessoa apontou uma arma em minha testa.

No quarto, fiquei fitando o teto. Sem conseguir dormir. As cenas do beco ficavam se repetindo em minha mente. E eu procurava um momento que eu tinha errado, o momento certo em que eu poderia ter desarmado aquele garoto.

E então eu senti ânsia de vômito quando me lembrei das mãos sujas dele tocando nos meus seios. Não sei quantas vezes passei o sabonete no meu corpo para me livrar dessa sensação de estar com a sujeira das mãos dele, só sei que a sensação não saía.

Madeline? — Jason perguntou com a voz meio rouca.

Na escuridão do quarto, consegui ver o contorno do seu corpo em baixo da coberta na cama ao lado da minha.

— Sim?

— Você ainda está acordada. Sabe que vai ter que acordar cedo para trabalhar né?

— Sei. — Disse voltando a fitar o teto, mesmo vendo tudo escuro.

— Me desculpa.

Parei de fitar o teto e voltei a olhá-lo.

— Desculpa? Por quê? — Perguntei confusa. Ele me salvou.

— Eu te agarrei antes e... Isso não foi certo. Eu só estava nervoso com você.

— Tudo bem.

Não tinha pensando nisso. Na verdade, desde o incidente no beco não pensei na tentativa do Jason de me agarrar. Isso pareceu não ter importância.

— Você ainda está pensando naquele garoto?

Não respondi. Não queria que ele soubesse sobre os meus medos. Não deveria ser assim, eu não deveria ficar com a imagem daquela arma na minha testa por quase toda a noite. Não posso temer a uma coisa que aparecerá incontáveis vezes na minha vida. Sou uma McPherson. Os McPherson não temem a nada. É por isso que meus pais conseguem concluir todas as missões. Eles não temem.

Então, do nada, senti algo pesado ao meu lado. Senti a respiração próxima ao meu rosto e percebi que o Jason tinha se deitado ao meu lado.

— Não vou conseguir dormir com você assim. — Ele passou o braço pela minha barriga, exatamente como o garoto fez, e eu me encolhi. — Não vou fazer nada com você. Só quero que saiba... Que... Bom, estou aqui para te proteger... Você é minha parceira. Parceiros até o fim. — Me aconcheguei em seu abraço e sorri.

— Obrigada... Irmão. — Falei e ele riu.

— De nada, irmã.

Nunca tive um irmão. Sempre fui filha única e já fiquei várias vezes imaginando como seria ter um irmão mais velho. Como a Alexis que sempre reclamou que seu irmão é um idiota que espanta seus pretendentes, mas que no fundo ela se sente mais segura com ele. O Jason talvez seja mais velho que eu só alguns meses, mas mesmo assim, me senti em segurança ao dormir com a cabeça sobre o seu peito e saber que ele estava ali para me proteger. Mesmo não gostando de ser parceira dele, ele se mostrou ser um parceiro eficiente ao quesito do Manual das Mil Famílias “Trate seu parceiro como irmão, como alguém da família”.

Jason’s POV

Irmã.

Como a Jaz, só que mais velha.

Ela tem um ponto fraco quanto a armas de fogo. E eu tenho um ponto fraco quanto a pessoas que me importo. Eu me importo com a Madeline. Mesmo não querendo, ela é a minha parceira e vê-la tão vulnerável sem aquela máscara de durona, me fez sentir pena. Eu queria de algum jeito mostrar a ela que podia colocar aquela máscara de durona de volta, eu gosto dela assim. É mais fácil esconder que eu não me importo.

Pequenos feixes da janela deixavam a luz do sol penetrar no quarto, alguns conseguiam alcançar a cama e as vezes eu ficava olhando para onde um deles alcançava. Meu braço sobre a cintura dela.

Ela ainda dormia sobre meu peito e eu planejava dizer que ela estava babando e roncando assim que acordasse. Afinal de contas, ainda nos odiamos certo?

Só que ela não acordou naturalmente, tipo, do nada e se assustou comigo do seu lado. Na verdade, o celular dela começou a tocar uma música super alta fazendo nós dois pularmos da cama de susto. Eu cai no chão e ela caiu por cima de mim.

— Bosta. — Disse ela levantando e erguendo a almofada de sua cama para pegar seu celular e desligar o despertador.

Ela correu para o banheiro depois de pegar suas roupas no guarda-roupa e eu sorri para a porta que acabou de ser fechada.

— Estou bem. Obrigado. — Disse irônico e me levantando do chão com as costas doloridas.

Ajeitei o cabelo e esperei ela sair do banheiro. Assim que ela saiu, passou por mim como um raio e pegou sua bolsa jogando um monte de coisas dentro.

— Por que está tão apressada?

— Esqueceu que eu tenho um emprego além de prestar serviços ao FBI? — Disse ela sarcástica. — E eu estou atrasada.

— Deveria ter colocado o despertador para te acordar mais cedo.

— Eu sempre acordo vinte minutos antes dele tocar.

Então ela saiu do quarto e eu segui para o banheiro para tirar o mau hálito matinal e consegui tirar a minha cara amassada de sono.

(...)

Tudo está indo bem. Ela está na minha.

— Então, você acha que o Daniel tem chance? — Perguntou Christina olhando na direção da Madeline e do Daniel rindo juntos em baixo de uma árvore.

Estávamos num parque próximo ao Starbucks. Parece que Christina não gosta de ficar muito longe dos lugares que ela mais frequenta. Pode ser que tenha pessoas a perseguindo e esses lugares traz segurança?

— Não sei. — Disse.

— Você é irmão dela. Deveria saber. — Então ela sorriu e me puxou pela mão em direção a uma mesa de pedra. — Daniel disse que precisava de mim para ter um encontro com sua irmã. — Ela sorriu maliciosamente.

— Bom, parece que não foi só seu amigo que saiu ganhando. — Disse dando uma piscada e ela riu.

— Gosto desse seu jeito convencido. Traz uma aura de confiança. E ser confiante é essencial.

— Concordo plenamente. — Sorri.

— E adoro o seu jeito de sorrir. É sexy e diz “Sou um badboy dude”.

— Sou um badboy dude? — Perguntei rindo e ela riu junto. — Ok. Agora é a minha vez. — Falei olhando-a. — Gosto do seu cabelo loiro. — Na verdade, prefiro as morenas, mas não deveria acrescentar isso. — Seus olhos são lindos quando refletem a luz do sol e o jeito como você fala a palavra sexy deixa você tão...

— Sexy? — Completou ela sorrindo.

— É, sexy. — Concordei.

Ficamos algum tempo em silêncio, e eu sabia muito bem que ela me observava. Isso significa que ela está afim, até por que quando as garotas te observam com uma mecha do cabelo entre os dedos, isso significa que você é O Cara. E Christina estava exatamente assim.

— O que você gosta de fazer? — Perguntou do nada.

— Às vezes eu gosto de tocar violão. — Disse. E dessa vez não estava inventando, eu e Michael Johnson temos esse hobby em comum.

— Legal. Sabe, eu e o Daniel temos uma banda — É claro que eu sabia. — Não é nada demais, somos aquela banda de garagem. Mas quem sabe você não queira ir em um dos ensaios?

— Será um prazer. — Disse sorrindo.

— Você mora aqui perto?

— Sim. Eu e minha irmã alugamos um apartamento à três quadras daqui.

— Ótimo. A casa do Daniel é apenas duas quadras de distancia do Starbucks. É na garagem dele que ensaiamos. E o resto do pessoal vai adorar conhecê-lo.

Pronto. Ela me convidou para um de seus afazeres. Isso significa confiança, e olha que nem nos beijamos ainda.

Madeline’s POV

Um encontro duplo no parque. Bom, Jason e Christina sumiu e eu nem quero pensar no que o Jason está fazendo com ela. Se bem que eu conversei com ele antes de virmos. Nada de tentar agarrá-la. Nada de falar sobre sexo. Nada de olhar para os seios ou a bunda dela. Nada de ser o Jason McCann.

Era só isso. Fácil.

Eu estava me divertindo muito com o Daniel. Mesmo ele não tendo nada haver com a missão, ele meio que está nos ajudando com a Christina, se não fosse esse encontro que ele sugeriu não teria Jason e Christina agora sozinhos no parque.

— Por que você trabalha no Starbucks? Você não me parece ser aquelas adolescentes que não estudaram e por isso sonham em trabalhar a vida inteira em uma cafeteria onde ganha frappuccino de graça.

— Na verdade, é apenas para pagar o aluguel do apartamento enquanto o Jason não arranja um emprego. E como não temos tanto dinheiro assim, estou guardando parte do salário para algum curso.

— Nunca tentou conseguir uma bolsa?

Eu não preciso. Sou um prodígio do FBI. Sou mais inteligente que toda sua família junta.

— Não consegui. — Menti.

— Você tentou Harvard né? — Disse ele rindo.

— Na verdade, eu pensei. — Falei. Na verdade, eu passei sem errar uma! — Yale também. Mas eu prefiro continuar tentando algum curso para depois seguir a faculdade... E você?

— Bem, não sei se quero ir para a faculdade. Meu pai diz que eu tenho que ser alguém na vida. Minha mãe diz que eu já sou grande o suficiente para fazer minhas escolhas. Bom, tenho certeza que não vou conseguir dinheiro tocando numa banda de garagem, mas venho pensando em trabalhar no Starbucks, soube que eles tem uma funcionária nova que é linda.

— Sério? — Perguntei rindo e me encostando na árvore atrás da gente. — Aposto que já foi um garoto lá para pedir o numero dela.

— É. E ele deve ter conseguido, porque ele não é de se jogar fora.

Começamos a rir que nem bocós. Até que ele tirou um saco de balas do bolso e o abriu.

— Quer tentar acertar a minha boca? — Perguntou estendendo uma bala para mim.

— Não sou boa de mira. — Na verdade, consegui ser melhor que minha mãe no dardo, tiro ao alvo, arco e flecha e por ai vai.

— Que isso, você só joga e eu pego.

Peguei a bala da mão dele e mirei em sua boca, na verdade eu iria errar, se ele não se move-se para o lado e conseguisse pegar a bala com a boca.

— Parabéns. — Disse batendo palmas e rindo.

— Agora é a minha vez de jogar. — Ele pegou uma bala do pacote e fez o gesto para jogar.

Me movi para o lado para pegar a bala e não consegui. Não quis acertar de primeira. Ele riu e jogou novamente e bateu no meu queixo.

— Agora eu consigo. — Disse.

— É bom mesmo, esse pacote de bala custou muito caro pra ser desperdiçado — Ele riu e voltou a jogar e dessa vez consegui pegar a bala. — Muito bem. — Ele bateu palmas.

Ficamos um bom tempo conversando. Falamos sobre tudo, e em apenas um encontro eu consegui falar com ele mais do que eu falei com o Jason durante a missão aqui na Califórnia. Ele me contou que é o tecladista da banda, e a Christina toca guitarra e as vezes substitui o baixo, o amigo dele Dean Collins é o vocalista.

— Deve ser legal ter uma banda de garagem. — Disse. Nunca pensei em ter uma, mas já pensei em ser cantora, na verdade, acho que todas as garotas já pensaram em serem cantoras.

— É. Isso nos distrai um pouco das complicações da vida, mas é só um hobby, nada muito sério.

— Nada na vida é por acaso. Claro que é sério, se não vocês já teriam desistido disso no primeiro dia. — Falei e ele sorriu.

E que sorriso!

— Você tem razão.

(...)

Chegamos no apartamento depois das seis hora da tarde. Jason correu para a geladeira e tirou uma pizza congelada.

— Você sabe cozinhar? — Perguntou assim que me sentei no sofá e liguei a TV.

— Sei. — Respondi.

— Bem, eu agradeceria se você preparasse alguma coisa. Faz tempo que não como comida caseira.

Olhei para ele através do sofá e ele ainda teve a cara de pau de fazer um auréola em cima da cabeça sorrindo.

— O que tem ai? — Perguntei me levantando do sofá e indo até a cozinha.

Ele tinha ganhado. Até porque eu também estava com vontade de comer comida caseira. Pizzas congeladas e doces do Starbucks estavam enjoando.

— Muito obrigado. — Disse ele sorrindo e dando um beijo na minha bochecha enquanto procurava algo no armário.

Parecia uma criança de cinco anos que acabou de receber um sim para ir na casa do amiguinho brincar.

No fim, acabei preparando uma macarronada. O balcão da cozinha era a nossa mesa. E estava perfeito, éramos apenas duas pessoas e ainda sobrava muito espaço.

— Christina me convidou para o ensaio da banda. Creio que o convite se estende a você já que o Daniel faz parte.

— Que horas?

— Às oito da noite. Os pais do Daniel não vão estar em casa nesse final de semana e a noite todos vão poder ir.

Eu estremeci. À noite?

Jason percebeu e parou de enrolar o macarrão no seu garfo.

— Eu vou estar do seu lado. Aquele garoto não vai aparecer.

— É. Não vai. — Repeti tentando parecer confiante.

— Vamos fazer o seguinte. Amanhã, vou procurar um depósito vazio bem longe da cidade enquanto você estiver trabalhando.

— Pra quê?

— Para te ajudar com esse seu medo. — Disse como se fosse algo normal. — Vou comprar um carro, porque eu não aguento mais andar por ai. Então, quando você chegar do trabalho podemos ir treinar com arma de fogo lá.

— Você sabe que tem que tomar cuidado com as coisas que compra né?

— Pra que você acha que existe o Nicholas? Ele quebra o meu galho. Um carro simples não vai chamar a atenção. E pode ter certeza que ele vai fazer questão de equipar o carro.

Sorri para ele e voltei a comer minha macarronada. Ele também.

É estranho pensar que estou começando aceitar essa minha parceria com o Jason. Parece que ele está me permitindo conhecê-lo melhor, conhecer o verdadeiro Jason por baixo do sobrenome McCann. E ele tem me tratado como uma irmã, como nossas lendas Michael e Isabel Johnson são.


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