A História De Uma Avox escrita por Liv


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Voltei o/
Aproveitem o primeiro e único pov de...



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Pov Simon

Deitei-me. Na verdade, eu não fazia nada além de deitar, comer e dormir. E claro, assistir os malditos Jogos. A televisão não desligava uma hora sequer. Não havia ninguém em casa, e eu realmente não sabia se isso era bom ou ruim. Meus patrões estão no trabalho essa época, e Kaethe...

Não conseguia me acostumar com o silêncio dessa casa. Ela nunca estivera tão silenciosa. Os gritos de alegria, conversas amistosas e até as discussões me faziam falta.

Levantei. Na verdade, já era a terceira ou quarta vez que eu me levantava e deitava, levantava e deitava... Não conseguia manter-me quieto. Nem dormir.

Dormir me trazia sonhos ruins... Ou, o que era pior, sonhos bons. Quando eu não sonhava com minha tortura e essas coisas, sonhava com minha casa... Meu irmão saindo cedo para trabalhar, minha mãe sadia penteando meus cabelos e rindo de minhas piadas bobas... Meus amigos no colégio correndo pelo pátio e brincando de várias coisas diferentes, e ela...

Ah, Alyssa, minha pequena Alyssa... Em meus sonhos ainda podia vê-la, sentir seu corpo quente dentro de um abraço forte, e ao mesmo tempo suave, seus lábios sobre os meus... Mesmo que eu a reencontrasse não poderia beijá-la como fiz só uma vez...

Flashback on~

- Simon! - A voz doce de Alyssa me fez tremer. - Simon, olhe o que acabei de achar!! - Eu virei e dei de cara com uma cesta cheia de morangos.

- Onde você achou isso? - Perguntei, com água na boca. A tempos que eu não comia um morango, e não me lembrava de ter visto morango tão vermelhos em qualquer loja.

- Perto do lago que fica perto de nossa casa - respondeu a menina, excitada. - Estava passeando por ali e os vi. Resolvi colhê-los, afinal, não estão na plantação. Não seria roubo, não é? - E riu, enquanto colocava dois morangos na boca. Mastigou-os vagarosamente, saboreando cada mordida.

Eu observei-a. Ela usava um vestido branco com flores vermelhas, que combinavam com sua cesta de morangos e dava um lindo contraste com sua pele escura. Estava realmente linda. Os cabelos castanhos cacheados brilhavam levemente à luz do sol e seus olhos também brilhavam, de alegria.

- Tome, pegue! - Disse ela, enquanto colocava um punhado de morangos em minhas mãos. - Ande, coma! Antes que alguém veja!

- Aly...

- Hum? - respondeu ela, mastigando.

- Você sabe que, mesmo tendo pego isto fora da plantação, podem te acusar, certo? Não quero... Não quero que te matem.

- Pare de besteira, Simon! Ande, coma logo, antes que alguém veja! - Disse ela, decidida. Mas por um momento, um pequeno momento, eu pude ver um brilho de medo em seus olhos.

Sentamos e comemos mais alguns morangos. A hora passava rápido... Observei a sombra das árvores. Já devia estar tarde... Tinha de ir pra casa me arrumar.

- Aly... Já deve estar tarde, melhor irmos. Você vai pra...

Não terminei de falar, pois uma moita começou a balançar. Era uma moita suficientemente grande para esconder uma pessoa. Alyssa deu um gritinho assustado e se jogou em mim. Seus braços me envolveram e me apertaram.

- Eu não quero morrer - gemeu ela - eu... eu não roubei nada...!

- Aly, calma, não é nada!

- Mas... mas... - No momento que ela ia argumentar, um coelho saiu da moita. Ela olhou pra minha cara e corou. Abaixou o olhar.

- Eu não disse que não era nada? - Mas também tinha ficado assustado.

Ela começou a me observar atentamente. Ainda tremia um pouco por causa do susto.

Hesitante, levou sua mão até meu rosto. Seu olhar não largava o meu. Ela passou a mão em meu cabelo, depois em minha testa. Contornou meus olhos, nariz e por fim a boca. Fechei os olhos, seu toque me fazendo esquecer de tudo, de todos os problemas de uma só vez.

Senti que ela se aproximava. Senti sua respiração batendo em meu rosto. Continuei de olhos fechados. Eu sentia como se estivesse voando, meu coração estava acelerado, suando um pouco. Lembrei-me, por um momento, das palavras de meu irmão. "Seu coração bate rápido, não é? Você está nervoso. Está apaixonado." De início eu não acreditara muito nisso. Dizia que era apenas besteira. Mas quando seus lábios roçaram nos meus, me senti leve. Estávamos só eu e ela, e isso era o suficiente.

Depois de um tempo, ela se separo de mim. Sorriu e disse, corada

- Minha mãe me espera... Eu disse que só sairia por um instante. - Ela deu uma risadinha, tímida. - Vejo... Vejo você depois? - Perguntou, mas não esperou a resposta. Deu um beijo rápido em minha bochecha, virou e desatou a correr de volta para a vila. Me deixando lá com cara de pamonha.

Sentei, vagarosamente, pensando no que acabada de acontecer.

~Flashback off

Não a vi mais depois desse dia. Poucos dias depois minha mãe foi morta e eu fugi.

Me arrependi amargamente disso. Fora um erro imperdoável. Talvez, se eu tivesse ficado... Meu irmão não teria sido sorteado... Eu ficaria com ela, eu suportaria a dor... Acabei tendo que lidar com ela de uma forma muito pior. Mas sempre repetia - e ainda repito - as palavras de minha mãe. "O que passou, passou. Já que não mudar o passado, tratarei de viver o presente."

E incrivelmente, foram essas as palavras que me manteram em pé quando eu mais precisei.

- x - x - x - x - x - x -

Crack. Levantei-me da cama. O que foi isso?

Corri para fora a fim de olhar a casa. Não havia sons nessa casa a tanto tempo. Como poderia haver agora? Fiquei extremamente assustado, mas continuei a correr.

Entrei nos quartos. Vazios. Olhei na cozinha e em todos os banheiros. Vazios. Desci as escadas com os olhos bem abertos.

Ao chegar a sala, a primeira coisa que eu vi foi o vidro quebrado. Da janela.

Parei e peguei a primeira coisa que vi. Um abajour, acho. E esperei. Fiquei atrás da porta, apenas observando. E nada. Era como se nada tivesse acontecido.

Foi então que virei a cabeça para o lado. Um par de olhos negros arregalados me observavam. E, do nada, sairam do meu campo de vista.

Quando percebi que o invasor estava fugindo, taquei o abajour. Ele passou inutilmente a vários centímetros da cabeça desse invasor.

Olhei-o. Vestia-se de preto, totalmente. Apenas parte de seu rosto estava de fora. Mas isso não me ajudaria. Tentei correr e agarrá-lo, mas assim que me movi ele (ou ela) lançou-me mais um olhar penetrante e atravessou a janela quebrada. Fui até ela, com a insana intenção de persegui-lo, mas desisti. Ao colocar a cabeça pra fora, nada via. Não havia ninguém.

Cogitei em ligar para a polícia, mas quem acreditaria em mim? E... Seria impossível ligar, claro. Sem língua e pá.

Tratei de consertar o vidro quebrado. Isso enquanto pensava... Quem seria essa pessoa? E o que faria ali?

Estaria observando?


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Notas finais do capítulo

To postando escondida rs... Então falo oq deveria falar no prox cap e.e
See ya!
Não esqueçam dos reviews *-*



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