Pov Liam.

Pensa Liam, seu covarde, pensa!

Eu andava de um lado para o outro no apartamento, obviamente nervoso. Revirei tudo naquele lugar em busca de algum vestígio no qual pudesse servir de pista para aonde ela houvesse levado Candice, mais não encontrei nada.

Me joguei no sofá e passei a mão sobre os cabelos, não me importando nenhum pouco em bagunça-los, enquanto lembrava das últimas cenas de Candice sendo rastejada do apartamento gritando meu nome. Eu me sentia culpado, culpado por simplesmente permitir tudo isso, por ter apagado e deixado Candice de bandeja para Victoria. Eu já imaginava que ela planejaria algo para tira-la do caminho, ela joga sujo, e isso é algo que hoje me faz ter nojo dela.

A preocupação não tinha limites dentro de mim, eu estava desesperado, me sentindo um verdadeiro inútil, pois talvez era isso que eu era, um inútil! Me levantei e comecei a andar de um lado para outro, mais minha mente estava tão carregada que eu mal conseguia raciocinar. Adentrei o quarto de Victoria, e revirei mais algumas gavetas, não encontrando nada de eficiente.

Me sentei na cama, e quando estava quase me punindo por não conseguir descobrir nada, avistei uma foto caída ao pé da cama, e logo eu a peguei parando uns segundos para observa-la. Na foto havia a casa que de vez enquanto eu e Victoria frequentávamos, quando resolvíamos tirar “férias”. Um flashback veio a tona, como se fosse um filme passando á minha frente.

Estávamos na sala, acomodados no sofá conversando, ás vezes dar um tempo de Londres era até bom.

- Excelente ideia ter arrumado essa casa – eu disse para Victoria.

- Eu sei, esse silêncio é maravilhoso – ela disse enquanto fechava os olhos, como se estivesse apreciando algo.

- Um lugar digno de férias – eu sorri.

- Lógico. Um lugar perfeito também para um sequestro – ela sorriu maliciosamente.

- Um sequestro? – franzi o cenho, sem entender.

- É, pense bem. Se algum dia fossemos armar um sequestro, este seria o lugar perfeito. Um lugar no qual ninguém jamais localizaria, um lugar silencioso, sem ninguém – ela explicou e eu assenti.

- É verdade, mais não creio que precisaríamos armar nenhum tipo de sequestro – eu afirmei e ela deu uma risadinha.

- Nunca se sabe – ela finalizou.

Balancei minha cabeça voltando para realidade. É claro! Como fui tão burro? Lógico que ela levou Candice para lá. Me levantei rapidamente, e sai do apartamento batendo a porta com tanta força que não sei como não quebrou.

Desci as escadas em segundos, e logo já estava no primeiro andar.

- Hãn, sr. Liam? – A voz do porteiro soou aos meus ouvidos, quando eu já estava quase deixando o prédio – Reclamaram de alguns barulhos no andar da srta. Candice, está tudo bem por lá?

- Sim, está tudo ótimo – eu respondi após uma pequena pausa e ele assentiu com a cabeça – A proposito, você viu ela sair daqui?

- Sim, ela estava acompanhada com a nova moradora, se eu não me enganado seu nome é Victoria. Ela parecia estranha, mais afirmou que estava tudo bem, então elas foram para fora e entraram em um carro – ele dizia como se estivesse desconfiado de algo.

- Ah sim, obrigado. Boa noite... – sorri fraco, saindo do prédio e entrando rapidamente no meu carro que estava estacionado ali em frente. Tentei relaxar ao máximo mais era impossível, devido aos pensamentos negativos que se passavam em minha mente. E devido principalmente a preocupação, e até mesmo medo.

Medo do que ela pretende fazer, medo do que poderia ter feito com Candice. Medo de tudo que Victoria seria capaz de fazer para ter o que queria. Eu a conheço bem o suficiente para dizer que ela é muito persistente. Era injusto tudo isso acontecer com Candice, já que o problema era comigo. Eu ia me recordando do caminho para aquela casa aos poucos, afinal, já fazia anos que eu não ia mais lá. Para ser mais claro, desde de que Victoria me deixou.

Tentava ao máximo me concentrar na estrada, e não cometer nenhuma imprudência, mais a tensão me dominada de uma forma incontrolável. Algumas lembranças vieram me atormentar, quando eu já estava próximo.

Me lembrava perfeitamente de todas as vezes que nós íamos para lá. Inclusive foi lá que nós tivemos nossa primeira... noite de amor. Amor? Hilário, por que só foi “amor” pra mim, por que pra ela foi apenas mais uma transa. Ela me iludia, e depois me pisava, mas eu que era um babacão apaixonado permitia isso.

A viajem foi longa, mais suspirei de alivio ao avistar aquela casa obviamente abandonada próxima. Vi dois carros estacionados em frente, e por um momento fiquei curioso pra saber quem mais estaria lá dentro. Estacionei meu carro e sai, e mesmo sabendo que poderia ser arriscado adentrei rapidamente a casa. A sala empeirada estava vazia, com apenas algumas velas acesas. Me aproximei mais um pouco, e pude sentir o cheiro de Candice, de Victoria e outros desconhecidos.

- Tá legal Victoria, pode parar de brincar de pique-esconde – eu alterei um pouco minha voz.

Levou alguns segundos, até ela aparecer sorridente na sala, caminhando lentamente, como se estivesse se divertindo com tudo aquilo.

- Eu sabia que viria – ela disse.

- Cadê ela? – perguntei.

- Ela está bem, não se preocupe – ela afirmou, ainda com o sorrisinho no rosto.

- Por que está fazendo isso? Ela não tem nada a ver com as MINHAS decisões, deixa ela fora disso! – eu disse com a voz ainda um pouco alterada.

- Eu sei, mais logo você não se importará com ela, e voltaremos a ser unidos, como nos velhos tempos! – ela sorriu, e eu franzi o cenho.

- Do que você tá falan... – antes que eu pudesse completar, senti uma presença atrás de mim e logo me virei, a tempo de segurar o punho de um outro vampiro que estava com um pedaço de madeira na mão, pronto para me acertar. Começamos a lutar, e ele era realmente forte, e muito habilidoso, até mais do que eu, admito. Eu quase não conseguia acertar ele, já que ele se desviava com facilidade, porém ele conseguiu me acertar algumas vezes. Senti algo no meu pescoço e logo pude perceber que eram as mãos de Victoria, antes que eu pudesse revidar, ela o virou com toda força, me fazendo sentir uma leve dor, e tudo ficou escuro novamente. E lá estava eu, indo para o mundo dos sonhos. Eu até gostava de lá, me sentia aliviado, me sentia despreocupado... E então mais uma vez não desejei acordar.