Odeio romance. Sempre odiei. Odeio gostar de alguém, e ainda mais uma pessoa que não tinha tanto tempo de vida. Odeio ter que lembrar disso também. Eu queria saber se isso tinha cura ou se isso realmente existia. Eu sei que era verdade, porque a cada dia que passava ela parecia pelo menos um pouco mais velha e menos ingênua, cada vez mais mulher e mais bonita. Desde quando ela era aquele bebê que me dava dor de cabeça e enchia o saco, eu ''admirava'' ela. A coragem, sabe? Apesar de ser um bebê, eu sabia que ela tinha alguma coisa a mais, com certeza. 

- Hey.

- Oi.

- Melhor a gente ir. 

- É. - concordei. 

- Quero conhecer sua mãe antes de morrer.

- Vai começar.

Ela sorriu. E nós fomos tomar café. Comemos e eu me lembrei:

- Parabéns.

Ela sorriu de novo. 

- Alex, não tô bem. 

- Vamo pro médico. - Falei lá levantando e colocando as mochilas nas costas. Ela riu.

- Não assim. É que... tá... calma.

- Fala logo.

- Deixa eu fingir que você não tá aqui. - Ela fechou os olhos e respirou fundo. - Tá, legal. Alex.

- Hum?

- Não era pra falar nada!

- Cara... 

- Alex. Daqui alguns dias, eu vou estar... morta. E agora eu tenho, 17 anos. E... eu não quero te perder. Eu não sou assim, por que você não me ensinou a ser romântica. Mas, eu sei o que eu sinto e eu sei que você praticamente me viu... crescendo. Aliás... você me viu crescendo. E eu não tenho tantas memórias. Pra mim, foram anos, anos do teu lado, e pra você foram... dias.  Um dia você vai esquecer, eu se que você vai, mas eu queria ser normal e ficar do teu lado pra sempre.

Eu respirei fundo, e me debruçei sobre a mesa.

- Não vai ser fácil. 

Ela fechou os olhos bem forte e sem querer uma lágrima caiu. Eu tirei ela daquele lugar, e antes paguei a comida. 

- Cara, eu te amo. A gente bem que podia esquecer essa coisa de você envelhecer e curtir cada segundo, não importa com que idade. A gente precisa curtir e a gente vai curtir todo o segundo. 

- Alex..

- Vamo.

- Curtir como, mano?

- Sei lá, a gente só.. vive.

- Beber de novo?

- Não cara... vamo ficar sóbrio, dá pra curtir assim.