Paralelos a Kayle e Anelize e a Brandom e Samantha estavam Kassandra e Brian.

Ao contrario das outras meninas Kassandra não ofereceu resistência ao entrar no carro. Talvez por indiferença ou talvez por ter visto a “maneira carinhosa” com a qual as outras duas meninas foram conduzidas aos respectivos carros.

Ela apenas limitou-se a cruzar os braços e fazer um bico bastante infantil_e bonitinho_na opinião de Brian e seguir para o carro.

Brian fez o mesmo caminho que ela e não interrompeu o silencio nenhuma vez.

Eles fizeram o caminho até em casa sem trocar nenhuma só palavra. Ambos estavam envoltos em seus próprios monólogos interiores.

“Que bela gratidão a sua Haines... venho te busca, pago de motorista e ainda tenho que aturar seu voto de silencio. Sem contar com essa cara de criança minada com um bico de dois metros e esse nariz empinado pra fingir que é superior...”

Esses eram os pensamentos de Brian em relação à Kassandra. Mal sabia ele que estava agindo igualzinho. Quem encontrasse os dois jovens com certeza não acreditaria na cena. Ambos estavam vestidos como se tivessem acabo de sair de um livro de contos de fada infantis. Ela ainda trajava o longo vestido de festa e ele vestia-se com o terno, mas sem o paletó de cima, com as mangas da camisa branca dobradas dando um chame a mais no rapaz que a essa altura também já estava com os fios de cabelo um tanto desgrenhados.

“Lindo” Era o pensamento de Kassandra. Ela não falava nada simplesmente para não dar a ele o gostinho de ouvi-la dizer que ele fora o motivo para que ela abandonasse a própria festa e aceitasse a proposta “nada decente” de suas primas. Outra coisa que ela pontuava mentalmente era de se lembrar de matar todas as primas loucas que convenceram ela e as outras meninas a irem até um lugar como aquele. “Que vergonha... assim o Bry vai achar que estou desesperada”.

Não demorou até que chegassem em casa.

Kassandra rapidamente se direcionou pelas escadas em direção ao primeiro quarto que se encontrasse com as portas abertas. Mas Brian não pensava como ela. Ele havia dado a chance para ela tomar a iniciativa de se explicar, mas ela nem ao menos se pronunciou. E ele queria mesmo uma explicação da garota. E ele teria essa explicação.

–Não tão rápido mocinha..._ Brian segurou a porta do quarto que Kassandra entrou e passou pela fresta que ficou aberta entrando no quarto em que ela estava.

–O que você quer Brian?_Ela perguntou com a mesma cara emburrada que ficou a maior parte da noite.

–Oras o que eu quero... Quero primeiramente que desfaça essa cara de emburrada e depois quero saber por que e como vocês foram para naquele lugar._Ele disparou tudo em um fôlego só.

–Pode saber que vou explicar tudo. Assim que você me disser quando você o seu irmão e o meu irmão começaram com essa “vida noturna”._Ela disse lançando um olhar de afronta para ele.

–Não mude o foco dessa conversa Kassandra. Não fui eu que terminei a noite do meu baile de quinze anos na platéia de um show de Stripers._Exasperou-se Brian._e não adianta dizer que eu também estava lá por que só pra você saber nós não estávamos “em serviço” essa noite, e fomos até lá apenas para buscar vocês. Você faz Idea de como ficamos preocupados?_Ele disse tudo em um fôlego só aproximando-se a cada palavra um passo até Kassandra.

A menina estava sem reação. Perdeu-se na intensidade das palavras e no turbilhão de emoções presentes nos olhos do rapaz a sua frente. Eles estavam muito próximos. Isso dificultava ainda mais a concentração da menina, que tentava sem muito sucesso formular uma frase coerente.

–Tecnicamente... a noite... ainda...não acabou._ Ela disse sussurrando enquanto afundava o rosto no peito de Brian que a aconchegou em seus braços._Obrigado por cuidar de mim.

As palavras de Kassandra deixaram Brian sem reação. Ele não tinha uma palavra para responde – lá. Ele poderia ter dito um simples “não tem de que”. Mas essa não foi a opção que chegou a mente dele. Então ele fez o que achou que fosse certo.

Vagarosamente tomou o rosto da garota entre suas mãos e afastou-a um pouco de si a fim de poder olhar em seus olhos. Eles travavam uma batalha fixa com os olhares e nenhum deles estava a fim de quebrar o contato tão intenso. Aos poucos foram se aproximando mais e mais e veio de Brian a iniciativa de selar os lábios dos dois, mas foi de Kassandra a iniciativa de entreabrir os lábios e afundar as mãos no cabelo do rapaz dando a ele vazão para aprofundar o beijo. Sem resistir ele cedeu ao desejo da garota.

Logo eles travavam uma dança magnífica, com um beijo que mais parecia a realização de todos os desejos reprimidos dos dois.

Afastaram-se depois de algum tempo. Fitaram-se por longos segundos e sentados no chão do quarto continuaram trocando beijos e carinhos. Aos poucos o silencio tomou conta dos dois que optaram por não dizer mais nada. O silencio falava por si só.

Ambos sabiam que aquilo era errado. Mas sabiam também que naquele momento nada parecia mais certo.

Kassandra adormeceu ainda encostada entre os braços de Brian. Ele levantou-se e foi em direção a cama onde a depositou carinhosamente e estava prestes a beijar-lhe a testa como um “boa noite” quando a voz pesada de sono dela apenas sussurra para ele.

–Fica comigo._Ela disse e logo voltou a dormir.

Ele sorriu. Tirou os sapatos e as camisas que faziam parte do terno, com as quais ainda estava vestido, ficando apenas com as calças sociais. Ajeitou-se ao lado dela na cama a enlaçando pela cintura. No mesmo momento ela se alinhou a ele como um gatinho e ambos dormiram com a mesma sensação.

Aquilo era tão errado. E ao mesmo tampo tão certo.

Erroneamente certo.

Essa era a sensação.