Meu mundo é você escrita por Karmen Bennett


Capítulo 20
Por caminhos diferentes


Notas iniciais do capítulo

Heeeeei! Como vão? Olha só essa fic, tenho de admitir é muio mais fácil escrever que CS ainda assim atrasei um pouquinho, então desculpem! Queria antes de tudo agradecer a SeddieForever pela recomendação em Conexão Seatle, com essa são onze e eu ainda não me recuperei do estado de euforia! Em fim sei que está demorando para acontecerem cenas "intensas" mas não se preocupem, qd menos esperarem... Em fim, obrigada a todos pelos reviews. Espero que gostem do cap, bjs e boa leitura!



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Havia no teto, uma fenda mínima destinada a ventilação, pela qual ela enxergava os primeiros raios solares, espalhando-se na atmosfera, tingindo o céu de azul. Era o momento em que ela mais gostava de passear, sentindo a brisa fria da manhã, e as gotas de orvalho caindo-lhe sobre os cabelos ao passar por baixo das árvores. Não fosse por um desses passeios matinais, talvez não estivesse na situação em que se encontrava, ao menos não naquele estado emocional.





Ela recordava de como, há exatos oito anos atrás, costumava sair pela manhã antes mesmo dos pais para colher maçãs no bosque, onde podia comer a vontade sem pagar ou sem que brigasse com ela. Geralmente ia sozinha, pois nenhuma outra criança na aldeia arriscava-se a ir onde ela jurava existirem as mais belas maçãs, uma parte densa e escura da floresta, próxima às cavernas dos ursos.

Fora num desses passeios, que Sam encontrara Freddie. Ela estava sentada num galho, devorando as saborosas frutas quando ouviu o som de cascos de cavalo sobre as folhas secas. Instintivamente, ela empunhou uma maçã e tentou não fazer barulho. Aguçando melhor a visão, ela pode ver que se tratava de um garoto cujas vestes, embora sujas, evidenciavam se tratar de alguém importante.

A mãe da garota sempre dizia a ela que não aborrecesse aquele tipo de gente, mas o garoto, seus traços e movimentos exerceu sobre ela um fascínio que ela não soube explicar. Os cabelos cor de cobre, caiam-lhe por sobre a testa, fazendo com que tivesse a necessidade constante de remove-los dos olhos. Se a imagem do garoto não tivesse intrigado-a daquela forma, Sam certamente teria agido menos impulsivamente, e não pularia do galho do modo como o fez, assustando-o.

Um ruído vindo das escadas, a fez sair do transe em que se encontrava, e concentrar-se no que deveria fazer. A pequena masmorra possuía quatro celas, e Sam vira o momento em que os homens que ocupavam uma delas, foram retirados e postos em outra para que ela pudesse ser colocada ali. A mais ou menos a cada duas hora,s um guarda vinha verificar se estava tudo bem, e pela forma como a olhavam, Sam se perguntava se a deixariam em paz se não fosse por Freddie.

Ela pegou um graveto que havia no chão da cela, misturado com outros objetos descartados e sentou-se encostada as grades da cela. A aproximação do guarda, ela fingiu-se de adormecida e esperou até sentir que ele estava próximo o suficiente. Ouviu o barulho da cela abrir, do prato de comida ser posto no chão ao lado do d’água ficou escutando o silêncio. Ele provavelmente a observava, certo de que aquela menina magra não oferecia perigo nenhum. Ela pode sentir a aproximação do homem, observando-a mais de perto e ouvir o som que os sapatos dele produziram quando ele girou os calcanhares. Sam abriu os olhos. Segundos depois, o homem estava no chão desacordado.



Freddie avançava pelo corredor em direção a sala, os retratos de antigos reis a espreita-lo em sua campainhada decidia, rumo a mais um ato de insubordinação, onde mais uma vez arriscaria a própria reputação por uma camponesa que o traíra. Tinha consciência disso o tempo todo, e não deixava de odiá-la nem um instante sequer, mas ainda assim seguia determinado até deparar-se diante da porta aberta da sala, onde apenas o rei se encontrava de pé, diante da janela, com o olhar perdido em meio a paisagem a sua frente.



Ele aproximou-se cautelosamente, observando, a sala, na qual ainda se encontrava, sobre uma mesa, uma xícara vazia e um bule ao lado, evidenciando que o homem passara a noite ali. O silencio era quebrado apenas pela respiração alta e acelerada de Freddie, que aproximava-se lentamente do pai.

–Um belo dia para cavalgar, não é Freddie? -A voz do homem soou distante

–Pai, há um assunto que precisamos conversar. –Respondeu com cautela.

–Se for sobre a prisioneira, é melhor que esqueça.

–Não, não vou esquecer. Precisa deixá-la ir! Eu suplico.

–Seu eu mandar para um exílio. -O homem virou-se lentamente. -Retomaria os eu noivado com sua prima?

Freddie hesitou. Por mais que tentasse lutar contra o que sentia, a ideia de casar com outra lhe parecia absurda. Havia ainda o fato de que os exílios eram os ambientes mais inóspitos para onde se podia mandar uma pessoa. Terras pouco férteis, regimes cruéis e uma hostilidade quase sempre presente entre os habitantes de tais povoados.

–Não. -Ele disse. -Deixe-a partir com a família. É o que lhe proponho.

–Freddie, pense no que está me pedindo. No exílio, ela seria vigiada, solta ela nos oferece perigo.

–Ela não fará nada conosco. Pai, não suportarei vê-la morrer. Nem deixa-la em más condições.

–Eu criei um fraco. -Disse o homem dando alguns passos. -Um homem que se deixa dominar por uma camponesa! –Ele parou de falar, esfregando a testa. –Está bem Freddie. Eu a escoltarei até a fronteira e a deixarei livre.

–Irei junto.

–Faça como quiser. Mas seu casamento será antecipado. Não vou permitir que caia em uma nova armadilha.

–Ser-lhe-ei eternamente grato. –Ele encarou o homem nos olhos–Eu poderia vê-la?

–Está me pedindo demais. –Disse alterando a voz. –Freddie, dois ministros acabaram de sair daqui, relatando problemas que podem desencadear uma revolta. Ha um vilarejo, onde os camponeses alegam não terem dinheiro para pagar os impostos, as prisões não surtem mais efeitos,e agora eles se revoltam contra mim! E você aí preocupado com... –O homem cerrou os dente. –Com a Sam...

–Eu... –Ele baixou a voz. –Gosto dela.

–ISSO É PROBLEMA SEU! -Esbravejou. -Vá trocar essas roupas, vai comigo a reunião,e...

O baque ensurdecedor da porta sendo escancarada interrompeu as palavras do homem. Dois guardas adentraram a sala com um ar alarmado, um deles caminhando com dificuldade pelo recente golpe que recebera. Pararam a alguns metros dos de Freddie e o que se movimentava mais lentamente deu passo a frente

–Vossa majestade. Vossa alteza. Pedimos desculpa pela interrupção, mas a prisioneira fugiu...



O casebre estava completamente destroçado devido ao incêndio provocado pelos guardas, pouco depois da captura de Sam. Nicolau fugira a tempo de impedir sua captura, bem como outros envolvidos na missão, porém Robie, estranhamente, permanecia ali, entre os que lamentavam todo o acontecido, principalmente a prisão de Sam.



Gibby e Isabel, sentados sobre um enorme tronco caído no chão, tentavam, inutilmente, consolar os pais da garota que ainda não conseguiam entender por que aquelas coisas estavam acontecendo. Todos encontravam-se completamente desamparados, e impotentes perante ao caos vivenciados por todo o vilarejo, pois todos ali, encontravam-se ameaçados de serem expulsos conforme o que Sam dissesse durante o interrogatório.

Uma moça alta e esguia aproximou-se do grupo de aproximadamente quinze pessoas que ainda observavam o cabana crepitante da qual emergia uma fumaça escura, tingindo o ar a sua volta, deixando a atmosfera do lugar ainda mais sobrecarregada.

Em baixo de um grande salgueiro cujas folhas caídas, formavam sobre as raízes um tapete verde amarelado, Robie e mais dois rapazes observavam em silêncio toda a comoção. Ele havia ido atrás do duque pouco depois da prisão de Sam, questionando sua ação, mas o homem o olhou desprezo e disse que só não o prendia por piedade. Por que ele era um pobre infeliz que traíra a própria amiga pelo desprezo que ela lhe tinha.

Não era verdade, Robie tentava se convencer. Apenas queria, uma única vez na vida um pouco de reconhecimento. Mas a culpa e o arrependimento que sentia, indicava que o duque estava certo. Entregara a cabeça da amiga a um completo desconhecido por que estava completamente cego pelo orgulho ferido. E não havia mais como voltar atrás.

–Robie, precisa comer alguma coisa. –Disse um dos rapazes.

–Estou sem fome. –Respondeu ele.

–O que acha que vai acontecer com a Sam?

–Vou tira-la de lá. –Respondeu. –Quando a noite cair, vou até o castelo. Eu a libertarei.

Ainda eram por volta de sete horas, e Freddie presumiu enquanto retornava ao quarto que aquele devia ser o motivo da quietude na qual se encontrava o castelo. Não sabia como se sentir e relação a fuga de Sam, embora estivesse livre, agora ela estava fora do seu alcance, e possivelmente em perigo. Havia sido de fato um feito admirável, mas enchera-o de raiva e preocupação, por isso não se encontrava minimamente disposto a ir a reunião com os ministros.

Freddie lembrava que houve um tempo em que acompanhar o pai as reuniões importantes era uma das coisas que mais gostava de fazer, perdendo apenas para as aulas de física. Depois, acompanhar o pai a tornou-se sua terceira atividade preferida, as aulas de física a segunda e brigar com Sam a primeira. Sim, brigar.

Sozinho dentro do quarto, ele começou a se despir exatamente como tentara fazer na noite anterior, sendo bruscamente interrompido por todos os acontecimentos cuja lembrança lhe causavam um misto de ódio e tristeza. Ele então recordou-se do papel dentro do bolso, e pôs a mão ali retirando o bilhete amassado, desdobrando-o apressadamente.

Ele então recordou-se da letra de Sam, bonita, mas pouco treinada, as duas palavras em que passara os olhos rapidamente e tudo o que se sucedera após ele ter tocado aquele papel. Agora finalmente poderia saber o que o bilhete dizia.

Me desculpe por isso, eu realmente sinto muito, mas o que venho dizer nessa carta é algo que jamais poderia lhe dizer pessoalmente. Tudo o que eu mais queria em minha vida, era viver do seu lado pra sempre, e isso muito antes de você ter sugerido, mas somos de mundos diferentes e eu jamais poderia te fazer feliz. Por isso estou indo embora. Pra sempre. E faço isso por que te amo, mais do que qualquer oura coisa nessa vida, nunca vou te esquecer. Por favor, seja feliz.

Adeus.

Foi como se ele pudesse ouvi-la dizendo aquelas palavras. As lágrimas banhavam a face do garoto enquanto ele amassava o papel entre os dedos, afundando o rosto entre as mãos logo em seguida. Sentia raiva de Sam por ela ter preferido fugir em vez de lhe contar a verdade, uma vez que dizia ama-lo, e ainda ter se despedido daquele jeito.

Não fosse ela ter fugido, e agora se encontrar fora do seu alcance, ele poderia dizer que a prisão dela não fora de todo ruim. Aquilo lhe dava ainda mais ódio, o fato de querê-la por perto fosse ela o que fosse, independente do que já pudesse ter feito, além de não conseguir acreditar na sinceridade daquelas palavras, não depois do que vira na noite anterior.

Ele apresou-se em desabotoar os botos da blusa, e mais ainda em terminar de se trocar, saindo logo em seguida em direção ao celeiro. Sam não poderia ter ido longe, talvez estivesse na clareira, e ninguém melhor que ele poderia saber os caminhos que ela provavelmente tomara. Estava disposto até mesmo a ir a aldeia, a qualquer lugar onde pudesse encontra-la e dizer, olhando-a nos olhos que a desprezava pra sempre, e que depois de deixa-la em segurança, não haveria jamais, nenhum laço entre eles.



Dentro da carruagem Humbert seguia e direção ao castelo, quando, em meio árvores que margeavam a estrada, um vulto passou apressadamente, correndo na direção oposta. Ele ordenou que o cocheiro parasse e fosse verificar do que se tratava enquanto observava apreensivo, o ruído das folhas esmagadas sob os pés do desconhecido. Após ser noticiado sobre a fuga de Sam, ele tinha esperanças de encontra-la para que de uma maneira ou de oura pudesse levar a diante seus planos ambiciosos.



Não havia como negar a surpresa diante de toda aquela história, e mais ainda, estava completamente intrigado com o sucesso da moça em conseguir atrair o príncipe que sempre nutrira grande desprezo para com os camponeses. Agora, sozinha e abandonada, não teria como ela não ficar ao seu lado, pensava ele. Antes, poderia ser uma impetuosa e sedutora espiã, mas agora era uma moça sozinha e desprezada, ainda mais perigosa, porém, vulnerável.

Ele viu o cocheiro se aproximar sozinho, abanando a cabeça e soltou um suspiro de frustração.

–Era só um cervo, senhor. Correu para o bosque.

–Nesse caso, vamos embora. Preciso prestar solidariedade a Vossa Majestade.

A carruagem seguia pela estrada, enquanto o homem ainda observava, atentamente, a paisagem a sua volta, que aos poucos foi se transformando. Passaram a surgir, a distancia, alguns povoados, depois voltou a ser predominantemente de árvores e arbustos. Logo a imponente figura do palácio real, surgia no campo de visão do duque, que sentiu-se tomado por um sentimento de frustração por não possuir aquelas terras, aquele castelo, ou a coroa que muito em breve estaria sobre a cabeça de Freddie, a amenos que ele pudesse evitar.

Carly sentiu os batimentos cardíacos acelerarem ao ouvir a voz grave do duque, vindo do andar de baixo, e apressou-se em finalizar o penteado. Assim que o fez, saiu do quarto apressadamente, aparando diante do quaro do irmão, que ainda dormia, com a porta trancada. Suspirou pesadamente, e sentiu o animo diminuir ao recordar da discussão entre os pais mais cedo.

Freddie regressara do passeio por volta das onze horas, e após tomar banho, desceu para almoçar com a família e permaneceu em silencio todo o tempo, regressando logo depois para o quarto de onde não voltou a sair até então. Os pais do garoto passaram algum tempo no quarto, discutindo o que fazer a respeito daquilo, e enquanto a mãe do garoto insistia que ele voltasse a Itália, o pai afirmava que havia muitos problemas a resolver e a presença dele fazia-se necessária.

Mesmo sem conhecê-la, Carly odiava a garota que provocara tudo aquilo.

Ela descia pelas escadas, sem se dar cona de como estava cabisbaixa, e após cumprimentar os convidados, que consistiam no duque e num governador da Polinésia, encaminhou-se a mesa juntamente com os demais, e tomou seu lugar sem dar grandes atenções a ninguém.

–O Freddie não tem passado muito bem. –Explicava o rei. –Mas logo ele estará melhor.

–Espero que sim. –Respondeu o governador. –Vossa alteza ficará feliz em saber que a carta que ele enviou serviu para acalmar os ânimos na ilha.

–Ficará sim. –Assentiu o rei. –Direi a ele assim que acordar.

–Vossa alteza como tem passado? –Perguntou o duque dirigindo-se a Carly que distraída, não respondeu.

–Carly, querida, o duque está falando com você.

–Perdoe-me. –Ela o olhou confusa. –Como?

–Perguntei como tem passado.

–Bem. –Ela disse apressadamente. –E o senhor?

–Perfeitamente. –Ele sorriu fitando-a. Acabara de descobrir como tomaria o trono de Freddie.

O jantar seguiu calmamente, em meio a conversas que fugiam por completo do assunto que de fato ocupava os pensamentos da família real. Sam ridicularizara o príncipe, e achando pouco também o fizera com a o rei e toda a sua guarda. O rei aguardava apenas Freddie recuperar-se do choque para poder silencia-la pra sempre.



Freddie acordou no meio da noite, sentindo a barriga roncar. Levantou, lavou rosto e desceu até a cozinha onde serviu-se de um copo de água e de algumas frutas que encontravam-se sobre a mesa. Não queria chamar ninguém, sabia que devia estar com um ar abatido em função da busca frustrada pela manhã e a última coisa que queria era que alguém o visse assim. Por sorte nenhuma criada apareceu enquanto ele comia, mas ele desconfiou que alguém o vira enquanto descia as escadas, mas não quisera se aproximar.



Após alguns minutos, ele retornou ao quarto, onde sentou-se sobre a cama, e percebeu que o papel que deixara ali havia sumido. Num sobressalto, ele levantou e se pôs a procurar pelo bilhete, a última lembrança deixada pela amiga, mas não obteve êxito. Ao invés disso, ouviu uma voz chama-lo num sussurro, causando-lhe arrepios na espinha.

Assustado, ele levantou-se, caindo pra trás diante da visão de Sam, que provavelmente estivera no outro lado do quarto, mas não conseguira vê-la por causa da escuridão, e também por que se encontrava distraído. Ele levantou-se lentamente, se perguntando se aquilo não era uma visão, e constatou que não o era quando ela lhe sorriu pesarosamente. Vestia um vestido azul claro de mangas compridas, menos volumoso que de costume, o que lhe desenhava mais os quadris, e tinha os cabelos presos num rabo de cavalo alto.

–Oi. –disse ela num tom mais alto.

–O que está fazendo aqui? –Perguntou enquanto se levantava. –Como entrou aqui?

–Entro e saio onde quero e quando quero. –Ela disse aproximando-se. –Como você está?

Ele ficou fitando-a em silêncio, incapaz de dizer qualquer coisa.

–Eu não podia partir antes de vir me desculpar. –Continuou ela com voz branda. –Juro que queria te poupar de tudo isso.

–Poupar a mim ou a você? –Perguntou num tom hostil.

–A você.

–Então por que não me contou antes?

–Não tive coragem. Mas dizem que a verdade sempre vem a tona não é?

–Como você pôde? –Perguntou coma voz furiosa. –Mentir pra mim esse tempo todo, me fazer de bobo!

–Não era tudo mentira! Eu...

–E ainda me escreve aquela carta! –Interrompeu-a abruptamente. –Tentando se vitimizar, numa ridícula tentativa de continuar manipulando-me!

–Você tem o direito de pensar o que quiser de mim. Mas eu me sinto na obrigação de lhe contar a verdade.

–Você nem deve saber o que é isso. –Ele a olhou magoado. –Ontem a noite, olhou em meus olhos, fingiu que não me conhecia...

–Não era apenas minha vida que estava em jogo, Freddie a da minha família também.

–Jogo. Foi isso que eu sempre fui pra você, não é mesmo?

–Não. –Respondeu impaciente. –E agora, por favor, deixe-me falar! Acredite ou não, jamais lhe faria mal algum o único intuito do meu povo era desfazer a farsa da espada criada por sua família, que atirou muitos de nós na miséria! Ainda assim, eu não podia te contar, você me odiaria, eu não queria isso. Eu fui impelida a entrar nisso quando criança, e chequei a desisti depois que nos tornamos amigos... Mas...

–Mas?

–Eu precisava do dinheiro...

–O dinheiro era mais importante que a nossa amizade?

–Não. -Ela adquiriu um ar insolente. – Mas meu povoado sofre bastante em função da tirania da sua família, pra não falar de tantos outros vilarejos na fronteira, onde o exército do seu pai cosuma mostrar o poder que tem.

–Belo discurso. Mas é tanta mentira que você mesma se contradiz. Nem sabe se entrou nisso por dinheiro ou por princípios. È realmente lamentável.

–O dinheiro não é nada alem de moeda de troca. O que se pretende fazer com ele realmente importa, e sim foi tanto por princípios quanto pela necessidade. –Ela fez uma pausa buscando as palavras. –Achei que não lhe atingiria, você estava fora, noivo, feliz entre pessoas como você, cercado de amigos e admiradores...

Ela parou de falar em meio a um soluço alto, procedido de outros, ao mesmo tempo em que as lágrimas começavam a cair pala face alva, em que era possível ver dor e ódio. Dor por tudo o que estava acontecendo e ódio per estar deixando transparecer, diante de Freddie todo o sofrimento pelo qual ela passara durante todos os anos em que ele esteve ausente, vivendo uma vida na qual jamais haveria espaço para uma amiga pobre e sem classe, que ele provavelmente esqueceria em pouco tempo,enquanto ela, não conseguia nem por um único dia, por mais cheio que fosse deixar de pensar nele.

Nunca conseguira se afeiçoar, o mínimo que fosse por nenhum dos rapazes que lhe bateram a porta, o que a impelira cada vez mais a missão, pois era ciente de que os pais não poderiam sustentá-la a vida toda, e como tornou-se avessa ao casamento, decidiu que teria seu próprio dinheiro. Mas não algumas moedas por semana, mas o suficiente para quando não pudesse mais trabalhar. Para poder ajudar os outros, e um dia, poder deixar a França, lugar onde em breve, o príncipe desembarcaria casado, e feliz.

Ela enxugou as lágrimas com determinação e o encarou enquanto se aproximava dele. A expressão do garoto havia se convertido num misto de raiva, desconfiança e enternecimento, até que ela encurtou a distancia que havia entre eles, abraçando-o. Freddie fechou os olhos, hesitando antes de passar os braços em volta da cintura dela, extasiando-se ao sentir o calor do corpo dela junto ao seu.

–Não disse que te perdoou. –Disse ele comprimindo-a contra o corpo, odiando-se pela própria fraqueza.

–Obrigada por ter me feito tão feliz. –Ela respondeu. –Espero que um dia possa me perdoar. Seja feliz, Freddie.

Ela se afastou, e andando apressadamente, deixou o quarto, ignorando os chamados do garoto, que mesmo seguindo-a, não conseguiu ver que rumo ela tomara após descer as escadas. Sozinho na sala escura, Freddie sentiu-se invadido por um súbito desespero, como se tivesse perdido algo muito importante, que não poderia mais ser recuperado.

Do lado de fora do castelo, com as lágrimas a cair pela face, e os cabelos sendo jogados furiosamente para o lado pelos ventos frios, Sam caminhava a passos largos em direção a estrada. Sentia que a cada passo que dava, a distancia entre ela e Freddie aumentava como de um mundo a ouro, como talvez sempre tenha sido de fato.


Num ponto distante, ela conseguia vislumbrar, com dificuldade em função da escuridão, um rapaz agachado, que acenou ao vê-la. Ao alcançar o jovem, ela lançou um breve olhar ao castelo e respirou fundo. Entristecia-se por ter de deixar Freddie, e também por mais uma vez, se ver obrigada e se voltar contra ele, pois estava certa de que, como inimiga pessoal do rei que havia acabado de se tornar, teria de se defender.


–Sam, isso foi loucura. –Sussurrou Lucas.

–Deixei algo muito importante no palácio. –Respondeu.

–Conseguiu recuperar?

–Não me pertence, eu apenas queria ver pela última vez.

–Todo esse risco pra... Ver um objeto? Sam, por favor, não faça mais isso, tive que dar toda a carne aos cães!

–Não se preocupe. –Ela sorriu divertida. –Agora vamos andando, temos de partir antes do amanhecer.

–O que faremos? –Perguntou pondo-se a andar.

Sam observava, num ponto distante da estrada, uma carroça velha, aparentando estar abandonada, mas sabia que os cavalos e Nicolau não deviam estar distantes, o homem apenas tentava não chamar atenção. Ela respirou fundo e apressou a caminhada, não antes de responder a pergunta de Lucas.

–Vamos fazer o que nos foi designado.




FIM DA SEGUNDA PARTE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 





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Notas finais do capítulo

Gente essa formatação estranhamente espaçada não é culpa minha, talvez vcs nem estejam vendo mas aqui está horrível já tentei endireitar mas não estou conseguindo depois vejo o que faço... Totalizando essa fic tem cinco partes, entretanto as sinalizações (Fim de tal parte) acabam por aqui, e as duas últimas partes só terão um cap cada. Qd chegar lá vcs entenderão. Isso nada é além de muita frescura da autora querendo impactar e tbm uma forma de indicar passagem de tempo, e reviravoltas. Em fim, peço q vcs comentem, podem fazer criticas, sugestões, em fim, deixem a opinião de vcs ta bem?Até breve, em setembro eu volto pra atualizar CS. KKK Brincadeira, vou ver o que faço aqui e logo to de volta! Bjos!