A Marca De Atena escrita por rivaille


Capítulo 23
Entre a vida e a morte


Notas iniciais do capítulo

[antes de tudo, só quero avisar que agora que pegou o quente da história, alguns personagens vão inverter na parte da narração, então não confundir em!]
Os semideuses encontram as portas da morte, sem saber que há algo além disso.



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FRANK


Eu estava paralisado. Não queria que Hazel me visse nesse estado, mas ela não tirava aqueles olhos dourados de mim, curiosa.

– Está bem? – Ela perguntou.

– S-sim. – Menti. As garras da fúria nos apertavam ainda mais. Eu não tinha medo de altura, muito pelo contrário. Mas eu não confiava naquelas criaturas horrendas do mundo inferior.

Era nessas horas que eu negava totalmente do fato de que minha namorada era filha de Plutão.

O teto do mundo inferior parecia tão... Baixo. Agora que íamos para ele, parecia que estávamos voando para o infinito. Era uma sensação horrível, principalmente na situação que eu estava. Queria me transformar e voar sozinho, mas não queria que Hazel visse o quão covarde eu estava me sentindo. E eu não ia deixa-la sozinha. Por Hazel, eu enfrentaria todos os meus medos de uma vez. Mesmo que estivesse sentindo uma incontrolável vontade de vomitar.

– Mas não era melhor nós termos ido pelo barco de Caronte? – Percy perguntou.

– Filho de Poseidon, se quiser que eu lance você daqui até lá, farei isso sem esforço. Só não garanto se irá cair exatamente lá. Pontaria não é uma das minhas milhões de qualidades. – Falou a fúria que carregava Percy e Leo.

– Ahn, não, obrigada. – Disse ele. Consegui soltar uma risadinha, fazendo Hazel parecer um pouco mais aliviada com meu senso de humor.

– O Percy eu não sei, mas eu voo. – Disse Leo, como se alguém tivesse lhe perguntado alguma coisa de extrema importância. – ainda estou melhorando minhas habilidades com o fogo, mas eu sei que posso voar.

– Melhor não, Leo. Acredite. – Falou Hazel.

Continuamos subindo. Era uma altura inacreditável. Olhei para baixo, na tentativa de ver como estava a guerra lá em baixo. Mas tudo parecia apenas um borrão. O que não me deixou mais feliz.

Até que finalmente, chegamos ao ponto máximo de altura. Havia uma deformação no teto, fazendo um piso em frente de uma abertura de duas portas abertas. E elas eram enormes. Como iríamos fechar aquilo, eu não sei. Não dava para ver o que tinha atrás das portas, era como uma névoa. Por mim, tudo bem. Eu não queria mesmo descobrir.

As fúrias nos largaram lá, e foram embora. Achei que elas fossem pelo menos nos dar alguma informação, mas não. Deixe os semideuses assim mesmo. Eles viajaram o tempo todo as cegas, por que não?

– Agora... Fechamos? – Perguntou Piper.

– Não creio que será assim tão fácil. – Disse Hazel. – Eu sinto o que há aí dentro. Almas, pedindo por socorro, almas que não acreditam no que aconteceu, que desconhecem a morte. É... horrível. Sinto-as, e acho que elas também sentem a minha presença. Gritam para mim, implorando para que eu as ajude. As portas não são a única proteção entre a vida e a morte.

– É melhor terminarmos logo com isso. – Falei. – Vamos tentar do nosso jeito.

Fomos chegando mais perto. A sensação era desconfortável, e quando chegávamos perto, era pior do que o Tártaro. Hazel devia estar se sentindo péssima. De qualquer forma, eu também sentia as almas. Era como se eu não tivesse mais escolhas. Minha única opção era guia-las. Elas simplesmente sugavam de mim todos os meus objetivos, me deixando fraco e sem esperanças.

Parei de andar, e percebi que os outros fizeram o mesmo.

– Como vamos fazer isso...? – Perguntou Percy. – É impossível. Não conseguimos nem nos aproximar.

– Hazel? – Chamei. Ela estava logo atrás de nós, e não parecia nada bem.

– Não consigo ficar aqui. Não consigo. – Ela disse, agoniada. Fui para seu lado, e a abracei. Hazel desabou em lágrimas.

– Hazel, você, de todos nós, é a que tem mais chances. É uma filha de Plutão, tem controle sobre o mundo inferior. Não sabe como ajudar? – Eu perguntei, me sentindo estúpido.

– É triste, Frank. Essas almas querem ser libertadas. Essa névoa é o caminho da vida e da morte, e elas simplesmente vagam sós, sem saber qual seguir. Não podem voltar para a vida, pois não sabe quem eles são. Mas não aceitam a morte. – Ela olhou para mim. – São portas, Frank. Não apenas essa, mas a porta da vida. Se deixarmos abertas, não tem porque fecharmos esta. Uma só fecha se a outra fechar, e pra isso, alguém terá que ficar no meio termo. Quando ultrapassada, você esquece quem você é. Quando fechadas, ou você fica preso no nada, ou você morre.

Olhei desesperado para os outros, e vi que eles ficaram tão assustados quanto eu. Já não tínhamos ideia do que fazer, e agora, menos ainda. Como iremos fechar uma porta se, quando chegar perto dela, perderemos a memória? E as únicas opções para quem se sacrificasse seria morrer ou... Morrer.

Pensei no meu pedaço minúsculo de madeira. Não restava muito da minha vida naquele toco.

– Eu vou. – Falei.

Todos olharam para mim, sem acreditar. Hazel me apertou mais forte.

– Não! Frank, as almas o agarrarão! Não pode... Não... Ninguém merece isso! – Ela disse.

Coloquei minhas mãos em seu rosto. Lágrimas escorriam sem parar, e eu as enxugava. Senti meus olhos encherem também, mas decidi ignorar.

– Hazel Levesque. – Comecei. – Escute. Toda a minha vida, eu me senti totalmente insignificante. Nunca fui de muita ajuda. Quando reconheci meus poderes, eu... Eu me senti alguém. Mas a minha vida ainda depende de um pedaço de madeira. Hazel, eu sempre quis dizer... Eu te amo. Mesmo. Eu queria muito poder dizer que VOCÊ é a minha vida. – Peguei o pedaço de madeira que restara. – Mas isto. Isto é a minha vida.

Hazel chorava sem parar em meus braços. Eu também já não conseguia mais segurar as lágrimas, que fugiam de meus olhos. Eu sabia que tinha razão. Esse era o meu dever. Soltei Hazel e fui me despedir dos outros, deixando-a parada ali, com sua profunda tristeza. Eu ia me despedir dela por ultimo. A coisa mais importante da minha vida seria a ultima coisa que eu iria tocar.

Segui para Percy, que me olhava com tristeza.

– Foi bom te conhecer. – Falei. Abraçamos-nos. – Já sinto como se fosse meu irmão. Você vai encontrar Annabeth, e será muito feliz com ela.

Percy assentiu, incapaz de responder. Fui para Jason e Piper. Jason também aparentava tristeza, e Piper não parava de chorar. Essas filhas de Vênus...

– Jason. Também não te conheço a muito tempo, mas é como um irmão. Todos vocês são. As pessoas mais corajosas que eu já conheci. Você também, Piper. Não chore... Eu não quero causar tristeza em vocês. Vocês vão vencer essa batalha. – Eu disse, e os abracei.

– Vá com cuidado, Frank. – Disse Piper. Tenho certeza que agora eu tomaria cuidado.

Segui para Leo. Ele parecia devastado.

– Leo. Sério, nunca conheci alguém tão estiloso quanto você. – Eu disse. Ele abriu um meio sorriso. – É brincalhão, mas é uma das pessoas mais inteligentes que eu já conheci. E não estou falando só por falar.

Abracei-o. Eu ia sentir falta das piadas sem graças de Leo. E então, fui para Hazel novamente. Ela olhou para mim, suplicante.

– Não faça isso... – Disse, entre soluços. Eu a abracei.

– Hazel. Eu te amo tanto... Não quero que fique triste. Estou fazendo isso por você. Não merece essa angustia. – Beijei sua testa. – Não sei o que posso te dizer agora. Mas não se esqueça de mim.

– Nunca esquecerei. – Ela respondeu. E nos beijamos, um beijo lento e incrível. Era bom saber que a ultima coisa que fiz na vida foi beijar a garota de quem eu era perdidamente apaixonado.

Quando nos separamos, decidi tomar coragem. Levei comigo aquela madeira, só para me certificar de que minha vida estava mesmo no fim. Acho que o fogo afastaria as almas de mim por um instante. Quando estava a um passo de atravessar, virei-me.

– Eu amo todos vocês. São como irmãos pra mim. Minha família. Não tenho certeza do que vai acontecer. Mas vocês são e para sempre serão as coisas mais importantes que apareceram para mim. A única razão para eu estar aqui.

Eles murmuraram de volta outras falas. Piper foi a frente.

– Não se esqueça de nós. – Falou. É claro, eu não ia esquecer deles. Quer dizer, eu acho. – E mantenha-se vivo.

Queria dizer que podia fazer isso, mas sei que não. Assenti, e atravessei a porta de olhos fechados. Esperei pela perda de tudo que fazia sentido, mas não senti nada. Até que várias mãos agarraram minhas roupas.

As almas. Acendi o pedaço de madeira, e meu plano deu certo. As almas se afastaram imediatamente. Agora eu podia ver a porta da vida, e segui até ela. Toquei um dos fechos; aquilo não seria difícil. Por que estavam abertas? Não sei. Talvez aquelas pobres almas não tinham mesmo nenhum objetivo, e nenhum senso para isso. Fechei a primeira porta com cuidado, e depois a segunda. Estava pronto. Terminei o que devia ter feito.

Meu pedaço de madeira chegara ao final. Senti algo dentro de mim, como o fogo, como a chama que se apagara. Fiquei parado ali, esperando. Não sei por que não me aconteceu nada, eu estava totalmente ciente de mim mesmo. A madeira se esgotou. Pensei em teletransporte para a fila da morte ou um apagão, mas eu continuava ali. Não entendi. A minha vida acabou.

Mas eu não estava vivo. Não depois que atravessei o portal.

Porém eu não estava morto. Estava no meio dos dois caminhos, esperando pelo pior.

Deuses, alguém poderia me explicar o que estava acontecendo?

De repente, lembrei-me de uma antiga fala que a deusa Juno me disse: “O fogo da vida está dentro de você, e não em um pedaço de madeira”.

Então era isso? Eu enganara a minha própria maldição? Ou teria outra explicação?

Arrisquei um passo. Certo, eu andava normal. Pretendia atravessar a outra porta, e ver o que ia acontecer. Uma voz atravessou minha mente.

“Acha que será fácil, Frank Zhang? Não teria tanta certeza. Você saindo, libertará todos os espíritos eu comandara para destruir você e aqueles semideuses. Eles agora estão derrotados, sem preparação. Chorando pela perda. Quem diria que uma filha de Afrodite poderia te dar uma benção. Mas não importa, você perdeu. Se ficar, ficará preso, se sair, morrerá, levando todos aqueles semideuses. Uma guerra agora não faria nada bem.”

Gaia. Ela estava tentando me manipular. Mas... Piper? Me abençoou? “Mantenha-se vivo” ela disse. Isso! Como eu não pensei nisso antes?

Só havia um problema. Eu não queria arriscar outra batalha.

...

Mas eu também não ia abandonar Hazel quando eu posso ficar ao lado dela.

Corri em disparada para as portas da morte. Eu não sabia se sairia vivo ou morto dali, mas não ia deixar de tentar. Rezei para que a benção de Piper ainda resistisse. As mãos das almas me agarravam, tentando me fazer permanecer ali. Eu lutava, fugindo.

Quando atravessei, foi um choque. Não consigo explicar o que senti, mas sei que foram varias coisas ao mesmo tempo. Não era uma sensação boa, isso eu garanto, mas pelo que vi, continuava vivo. Perdi a visão por alguns segundos, alias todos os sentidos. Quando acordei, senti mãos me tocando novamente, mas era um toque diferente. Meus amigos estavam me segurando, sem acreditar. Hazel chorava, Piper tinha um sorriso imenso na cara e os outros estavam totalmente perplexos.

– C-como isso... – Hazel ia dizendo.

– Piper. – Eu disse, com a voz fraca.

Hazel me abraçou com força, e depois me largou, abraçando Piper. Claro, eu acabara de quase morrer e ela abraçava a PIPER. Se bem que ela fora um dos motivos de eu estar vivo.

– Piper, eu não sei como... Obrigado. Muito obrigado. – Falei.

– Espera, eu não entendi. – Disse Leo.

O barco de Caronte se aproximou de onde estávamos, o que me deixou surpreso e aflito. Percy virou-se, agarrando contracorrente. Por sorte, Luke estava no comando, trazendo com ele várias pessoas.

– Percy, não vamos aguentar! A guerra lá em baixo é impossível. Escute, Annabeth me contou. Annabeth me contou onde estavam as portas! São duas! – Ele gritava.

– Sim, e uma já esta fechada, mas Annabeth... o que? Como ela fez isso? – Perguntou Percy, como se temesse a resposta.

– Ela não quer que eu te fale. Mas... – Luke arregalou os olhos.

A profecia estava se completando. Inimigos as portas da morte, afinal.

Eles não pareciam tão fáceis de derrotar quanto os que estavam lá em baixo. Levantei-me. Todos ficaram parados, aguardando. Um dos monstros foi a frente.

– Preparem-se, semideuses. E agradeçam, pois vocês morrerão logo. Depois disso, o mundo sentirá a fúria de Gaia. – Ele disse.

Eles atacaram, então, e antes que algum chegasse em mim, agarrei o pulso de Hazel, me lembrando de um detalhe.

– O que houve? – Ela perguntou.

– Eu só queria te contar. – Falei, abrindo um sorriso. – Hazel Levesque, agora você É a minha vida.

Ela sorriu, e, assim, partimos contra os inimigos que avançavam.



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Notas finais do capítulo

Bem, alguns devem ter visto que, na pressa, não tinha postado nada aqui. Mas um cap sem meu comentário pessoal não é um cap completo -q HSUHUAHUSHAU ok, parei.
De novo, a ordem dos narradores pode inverter, sendo que o cap final será provavelmente do Leo, mas se algo der errado, é com a annabeth. todo mundo deve estar tipo 'what?' mas é, a fic termina no leo, e depois que eu postar os agradecimentos e avisos especiais vou esclarecer o porque.
No próximo capítulo, eles lutam novamente no mundo inferior, com a intenção de fechar as portas da morte. Uma parte já está completa, e só falta outra. O que eles não sabem é que pessoas que eles nunca imaginariam se juntar a batalha e irão lutar ao lado dos semideuses.



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