Monarchy Of Roses escrita por cakew


Capítulo 3
Recomeço.


Notas iniciais do capítulo

Não, eu não abandonei a fanfic, nem pretendo abandonar. Diante do escândalo envolvendo pessoas diretamente ligadas a Branca de Neve e o Caçador, fiquei completamente bloqueada com a escrita. Com a carreira de uma pessoa que amo e admiro (assim como o futuro da série) em jogo, não sabia se seria correto continuar escrevendo. Mas pensei: que se dane. Amo a Kristen acima de qualquer obstáculo que apareça, sou fã de SWATH, e estou extremamente envolvida na escrita dessa fanfic, portanto não irei parar. :)



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            - Bom dia, Majestade. – o comprimento veio acompanhado de um clarão quente. Snow White acordou sem compreender porque havia tanto sol em seu pequeno espaço na torre, e só se deu conta de que estava no aposento que anteriormente pertenceu aos seus pais quando abriu os olhos. Ela ainda estava acostumada a permanecer no escuro e no frio em tempo integral. – Sei que teve poucas horas de sono, mas vim acordá-la já que me pediu que o fizesse antes que o sol ficasse a pino.

            - Bom dia. – Snow bocejou, espreguiçou-se rapidamente e se espantou ao ver que seu corpo não doía por conta da cama. – Espero que tenha tido tempo suficiente para descansar, Greta.

            - Oh, sim Majestade. – Greta pegou o vestido que havia deixado posicionado sobre a poltrona do aposento no dia anterior. Era dourado com diversas camadas de tecido na parte inferior para que o efeito de volume fosse criado. – Separei-lhe esse para que usasse hoje.

            Desanimada, Snow White alternou seu olhar entre todas aquelas camadas de tecido e o sol que se exibia do lado de fora.

            - É um belo vestido, Greta. – disse Snow com sinceridade e um pequeno sorriso nos lábios – Mas está tão quente que sairia apenas de camisola se ninguém se importasse.

            Greta corou e riu. Ela colocou o vestido novamente sobre a poltrona e abriu o armário.

            - Não se preocupe, Majestade, você ganhou tantos vestidos ontem, que certamente algum irá lhe agradar.

            Snow White levantou-se da cama curiosa. Foi para perto de Greta e olhou-a com olhos de criança.

            - Ganhei vestidos? – perguntou para certificar-se de que havia escutado corretamente.

            - Oh, sim. Vários vestidos! Parece que todos os tecelões e alfaiates deste reino e de outros quiseram lhe presentear.

            Snow White olhou para dentro do guarda roupas que estava abarrotado de vestidos de todas as cores, texturas e estampas. Maravilhada, ela passou o dedo indicador pelas camadas de roupas. Agora o guarda roupas se parecia com o que uma vez sua mãe teve. Quando era criança, gostava de ver todas aquelas cores que a lembravam do arco íris. Certa vez ela perguntou à sua mãe se algum dia poderia usar qualquer um daqueles vestidos; sua mãe sorriu, afagou seu rosto e disse que ela teria um guarda roupa inteiro só para ela. E agora ela tinha.

            - Vamos Greta, me ajude a encontrar algum vestido que seja fresco.

            As duas começaram a vasculhar o móvel. Só o que Snow White via eram camadas e tecidos belos, porém pesados. Perguntou-se se os alfaiates haviam se acostumado com as exigências dos modelos de Ravenna, que deveriam custar uma fortuna para serem produzidos.

            - Greta, como estes alfaiates bondosos sabiam minhas medidas?

            - Acredito que usaram as de sua mãe. – Greta analisou um vestido por um tempo, mas continuou sua procura no canto direito do guarda roupas (Snow White buscava no esquerdo). – Estes vestidos devem ter sido produzidos ao longo do reinado de Ravenna... Talvez os alfaiates tivessem o desejo e a esperança de que algo mudaria, e graças a Deus suas preces foram ouvidas.

            Greta puxou um vestido e o segurou ao longo de seu corpo.

            - Veja esse. – ela disse sorrindo para Snow. – Verde como seus olhos.

            A rainha sorriu e aproximou-se do vestido. Seu tecido era fino e de aparência leve. Possuía apenas duas camadas, uma verde e outra branca, certamente era o vestido mais simples de todo o guarda roupas.

            - É lindo Greta. Obrigada. – ela sorriu em agradecimento, em seguida tirou sua camisola para que Greta colocasse nela o vestido. A dama fez o laço final, pegou um sapato para Snow White, que gentilmente o calçou, e em seguida perguntou o que a rainha gostaria de fazer nos cabelos.

            - Ficarei feliz se apenas penteá-lo, Greta. – ela sorriu, Greta o fez, colocou a coroa sobre a cabeça da rainha e as duas desceram a escadaria. Andaram por muito tempo até chegarem à sala de jantar do castelo. Os anões estavam todos sentados a grande mesa de jantar do local, deliciando-se com um enorme desjejum.

            - A rainha está aqui. – Anunciou Muir sorrindo. Beith se levantou e pigarreou para que os outros fizessem o mesmo.

            - Não, não é necessário. – disse Snow White rindo. – Sente-se Beith. Não quero interromper o desjejum de vocês.

            - Junte-se a nós, Majestade. – Convidou Muir.

            Snow White se sentou na ponta da mesa e Greta próxima a Muir. Havia uma incrível variedade de comidas sobre a mesa, Snow não sabia nomear ao certo a maioria delas. Pegou a fatia de um bolo e o saboreou discretamente, era sem dúvidas a melhor refeição que consumia nos últimos dez anos. Greta contentou-se com uma maçã e uma xícara de chá. Ao terminar sua fatia de bolo, Snow White serviu-se uma xícara de chá com leite e perguntou:

            - Alguém saberia me informar onde está Eric?

            Os anões se entreolharam e repetiram a pergunta entre si. Snow White riu, pois todos os anões, com a exceção de Muir, agiam como se ela fosse alguém completamente diferente agora que era a rainha. Ela permaneceu em silêncio quanto a isso, pois sabia que logo perceberiam que uma coroa em sua cabeça não seria capaz de alterar sua essência.

            - Ainda não o vimos, Majestade. – Muir respondeu enquanto os outros tentavam descobrir onde estava Eric.

            - Ele deve estar dormindo ainda. – concluiu Snow - Como passaram a noite? – a rainha perguntou curiosa.

            Os anões se entreolharam novamente, e após um incompreensível momento de silêncio, Coll respondeu:

            - Muito bem, Majestade. Nossas camas são... – ele parecia procurar a palavra correta para descrever.

            - Indescritivelmente confortáveis. – Duir concluiu a frase para Coll.

            Snow White sorriu feliz ao saber que o início da vida no castelo estava sendo agradável para os anões. Todos ficaram em silencio enquanto saboreavam o desjejum. Todos os anões, com a exceção de Muir, fizeram questão de experimentar cada alimento que a mesa oferecia, já a rainha se limitou ao bolo e ao chá. Greta preferiu experimentar as frutas, que eram doces como ela nunca havia saboreado antes. A fartura nunca lhe atingiu, portanto seu estômago havia se acostumado com pequenas quantidades e com o néctar das frutas.

            Snow White tomava lentamente um gole do chá quente, tomando cuidado para não queimar os lábios ou a língua quando ouviu ruídos vindos do corredor que havia levado-a até aquela sala. Olhou para a porta imaginando quem ou o que poderia ser o autor daqueles sons. Tudo o que viu foi um grande e alto vulto caminhando para os fundos do castelo.

            - Caso me permitam, - disse Snow White enquanto delicadamente deixava sua xícara de chá sobre a mesa e levantava-se de seu lugar na ponta da grande mesa, Greta lançou-lhe um olhar de confusão, sem saber se deveria acompanhar a rainha – começarei a tratar de meus assuntos reais. Não se preocupe, Greta. Termine seu desjejum e aguarde por mim no salão do trono. – ela sorriu e rapidamente saiu da sala.

            No corredor escuro e úmido, vislumbrou o vulto virando à direita. Ela se lembrava exatamente onde aquele caminho resultava. Virou mais duas esquerdas, e lá estava a grande porta dupla de madeira maciça que mirava o jardim dos fundos, o que sua mãe tanto amava. Ele possuía uma enorme variedade de flores. Certa vez, quando era criança, convocou William para ajudá-la a contar quantas espécies de flores haviam naquele jardim, mas ele logo se entediou, e em seguida se distraiu com seu arco de brinquedo, o que acabou levando os dois a irem brincar de caça na pastagem. Ela detestava brincar de caça, mas William era sua única companhia, então teve de aceitar, do contrário ficaria contando flores sozinha, e para ela, era pior ficar sozinha do que ir brincar de caça.

            Quando chegou ao jardim, ouviu barulhos discretos de regurgitações. Seguiu o som e encontrou Eric. Ele viu que ela se aproximava e alertou:

            - Não chegue perto. Você não precisa ver isso, Majestade. – e sua ânsia protestou novamente.

            - Não me importo. Posso assegurar a você que já vi cenas piores. – disse ela retorcendo o nariz e tentando alterar a rota de sua respiração para a boca.

            Eric mal havia conseguido descer os degraus. Seu plano inicial era mirar em uma planta escondida do jardim, mas o tempo fora mal calculado. Ele estava no último degrau de um lance de cinco. Snow White desamarrou uma tira de couro que guardava em seu tornozelo, e tentou entregá-la para Eric, mas ele parecia não vê-la. Ou a via, mas tentava se esconder para que ela não o visse. Ela suspirou e levou suas pequenas e delicadas mãos até os longos e emaranhados cabelos de Eric que caiam sobre seu rosto. Fez de seus dedos os dentes de um pente, puxou os cabelos loiros de Eric para trás e prendeu-os em um curto rabo de cavalo com o pedaço de couro. Alguns fios rebeldes teimaram e retornaram para seu rosto, mas estavam em segurança longe da boca dele. Enquanto prendia os cabelos de Eric, sentiu o corpo dele se enrijecer, mas ignorou o fato, pois não havia a necessidade de tanto constrangimento da parte dele no momento, ela queria apenas ajudá-lo.

            Snow White sentou-se no quinto degrau da pequena escada para aguardar Eric se recompor.

            - Pensei que seu estômago estivesse mais forte e habituado à bebida, caçador. – ela disse séria.

            - Meu nome é Eric. – ele limpou seus lábios grosseiramente com as costas da mão e se virou para ela. – E acredito que meu estômago se desacostumou com a bebida.

            - Não quero intervir em suas decisões pessoais, mas talvez fosse prudente não acostumá-lo novamente com suas quantidades exageradas de álcool. – ela disse enquanto ele se virava para ela tentando não encará-la e focalizando seu olhar em pequenos detalhes de uma das colunas de pedra que estavam por perto, mas ele na verdade não enxergava nada a não ser o vislumbre verde do tecido que compunha o vestido dela. – Certa vez meu pai me disse que excessos fazem mal. Podem encurtar a vida que já não é muito longa. – disse ela se lembrando do tom de voz do pai ao lhe dizer isso. Mal se recordava da circunstância.

            - Já não tenho muitos motivos pelos quais me manter vivo, majestade. – ele afirmou e subiu as escadas sem olhar para ela.

            Intrigada, curiosa e confusa, Snow White o seguiu. Como ele era capaz de depreciar sua existência a esse ponto? Chegava a ser doloroso ver um homem neste estado.

            - Eric, o que há de errado com você? – seus passos eram curtos, porém apressados. Ela tentava acompanhar o ritmo dele por entre os corredores de pedra do castelo. – Sei que não está em seu melhor estado de humor hoje, mas não vê a vitória que conquistamos para este reino?

            - A vitória não é minha. É sua. – ele murmurou sem olhar para trás.

            - É nossa! – ela quase gritou tentando fazê-lo compreender o que dizia. – Céus! Nunca te vi tão feliz como ontem, por que não está hoje também? Nossa vitória não foi de apenas um dia, mas será daqui em diante. – Snow White comprimiu os lábios. Eric se dirigiu para uma escada, e a rainha continuou a segui-lo. – Alguma coisa assombra sua alma. Percebo isso. Por que não me conta o que é? Quero ajudá-lo. Como rainha, o meu dever é garantir o bem estar do meu povo.

            Eric parou e olhou para ela sobre o ombro.

            - Nem mesmo sua boa vontade ou sua riqueza podem me ajudar agora, majestade. Nada poderá me ajudar. – ele prosseguiu seu caminho escada acima, mas desta vez a rainha não o seguiu.

            Snow White se sentia derrotada. Questionou-se se algum dia ele permitiria que ela o ajudasse, e, caso isso jamais acontecesse, ela decidiu que teria de arrumar uma forma de salvar a alma e a mente de Eric sem que ele percebesse. Não sabia se isso seria possível, mas estava disposta a tentar. Seria doloroso demais vê-lo perder uma luta contra si próprio.

            - Majestade? – um chamado feminino e abafado ecoou pelos corredores.

            Ela estava decidida. Faria o que fosse necessário. Sorriu em aprovação à sua atitude.

            - Majestade? - a voz estava nitidamente mais próxima. Snow White percebeu que alguém procurava por ela. Estava presa em seus devaneios e acabou se esquecendo do que acontecia fora de seu universo particular.

            - Sim? – ela respondeu com a voz rouca, descendo os degraus que havia subido daquela escada para poder procurar por quem a chamava. Viu Greta vindo apressada ao seu encontro.

            - Majestade, - greta arfava – o duque Hammond está no salão do trono a sua espera.

            Snow White assentiu e as duas se dirigiram para o local onde o duque aguardava. Para a decepção de Snow, o filho dele não o acompanhava.

            - Bom dia, majestade. – cumprimentou o duque com uma reverencia. – Que bela festa promoveu ontem. Nunca vi tanta animação em toda minha vida.

            Snow White sorriu.

            - Obrigada, fico feliz que tenha gostado e aproveitado. – ela olhou em volta, e aparentemente ele fez a viagem sozinho – Bem, a que devo a honra de sua presença?

            - Fiz um excelente planejamento do dia de hoje para vossa majestade. – ele retirou um pedaço de papel dobrado do bolso de sua blusa e o entregou a ela. – os aldeões mal podem esperar para vê-la.

            Snow White abriu o papel, e lá estavam escritos horários e nomes de vilas do reino. A caligrafia do Duque Hammond cobria toda a página amarelada.

            - Visitaremos sete vilas, e em seguida iremos para o meu castelo, onde passará a noite. Você poderá levar acompanhantes, se preferir assim.

            Snow White encarou o duque. Era seu segundo dia como rainha, e seus afazeres começavam de fato agora. Ela se perguntou se ele o ajudaria com as atividades reais, já que obviamente tinha melhor experiência com deveres governamentais do que ela.

            - Será necessário que eu passe a noite em seu castelo? – ela perguntou hesitante – É minha segunda noite neste castelo como rainha, não sei se é o certo a ser feito.

            - A decisão é completamente sua. Estou lhe convidando, pois estamos preparando um incrível jantar. William não irá nos acompanhar nos desfiles de hoje, pois se prontificou a caçar um animal para servirmos aos nossos convidados hoje à noite. – Duque Hammond sorriu com expectativa – Suponho que meu filho também está bastante ansioso para lhe mostrar algumas técnicas de arco e flecha em nosso castelo. Ele me contou de seu novo interesse por lutas e defesa pessoal, majestade.

            Snow White enrubesceu com a idéia de que William casualmente comentava com as pessoas a seu respeito. E assim sentiu-se na necessidade de vê-lo. Brincar de arco e flecha não era muito divertido, mas ela sentia que atirar uma flecha de verdade seria certamente emocionante.

            - Certo. – ela sorriu concordando com o cronograma de desfiles e discursos feito pelo duque. Ela se virou para Greta, que estava de prontidão ao seu lado – Greta, por favor, mande preparar três carruagens, em seguida diga aos anões para que coloquem suas melhores roupas e aguardem por mim na porta de entrada do castelo. Enquanto isso me ocuparei da árdua tarefa de convencer Eric a se juntar a nós.


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